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A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO IFRN: AÇÕES E POSSIBILIDADES

3 PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES POLÍTICAS DESTINADOS AO ACESSO À EDUCAÇÃO PROFISSIONAL PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

4 A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL NO IFRN: AÇÕES E POSSIBILIDADES

Nesta seção, discutiremos as políticas de Educação Profissional e as políticas de inclusão de pessoas com deficiência, com foco no IFRN. Faremos também uma sucinta reflexão sobre a política de Educação Profissional no período estudado. Neste estudo, defendemos a possibilidade do fomento da educação politécnica aliada à política de expansão na estruturação das Instituições Federais no Estado do Rio Grande do Norte (IFRN). Isso colabora para entendermos a Ação TEC NEP nos novos campi do IFRN, tendo em vista o fato de que:

Esse processo de interiorização da educação profissional e tecnológica contribui para o combate às desigualdades estruturais de diversas ordens, proporcionando o desenvolvimento social por meio da formação humana integral dos sujeitos atendidos. Propicia, ainda, o desenvolvimento econômico, a partir da articulação das ofertas educacionais e das ações de pesquisa e de extensão. Tal articulação vincula-se aos arranjos produtivos sociais e culturais, com possibilidades de permanência e de emancipação dos cidadãos assim como de desenvolvimento das diversas regiões do Rio Grande do Norte (DANTAS; LIMA, 2012, p. 28).

O Projeto Político Pedagógico (PPP) do IFRN, na sessão que trata sobre as Políticas e Ações Institucionais, possui um tópico destinado à Política de Educação Inclusiva, que ressalta a concepção de educação da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da educação inclusiva, os princípios orientadores da educação inclusiva, as diretrizes e os indicadores metodológicos da educação inclusiva. A Política de Educação Inclusiva do IFRN evidencia também o início da política TEC NEP nos anos 2002.

O Núcleo de Inclusão foi criado no campus Natal -Central, por meio da Portaria 204/2002- DG/CEFET-RN (CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICADO RIO GRANDE DO NORTE, 2002). Os Núcleos de Inclusão originam-se com o propósito de redirecionar as ações de inclusão nos CEFETs de todo o Brasil, por intermédio do Programa de Educação, Tecnologia e Profissionalização para Pessoas com Necessidades Especiais (TECNEP). Tais Núcleos eram atrelados à Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério de Educação (SETC/MEC), em parceria com a Secretaria de Educação Especial (SEESP). No contexto do IFRN, foram redimensionados, incorporando, inclusive, os Núcleos de Atendimento às Pessoas com Necessidades Educacionais Específicas (NAPNE). Os NAPNE são responsáveis pela coordenação das atividades ligadas à inclusão de pessoas com necessidades específicas (DANTAS; LIMA, 2012, p. 192).

A política de expansão tornou o IFRN uma instituição multicampi e não levou de forma imediata, dentro de sua estrutura organizacional, a política pública de acesso, permanência e saída com êxito da pessoa com deficiência TEC NEP. Embora este seja bastante atuante quando se trata de inserção educativa vinculada às desigualdades sociais, quando comparamos o período de implantação da política no então CEFET-RN e o ano de funcionamento dos novos campi, observamos que o atendimento à pessoa com deficiência não foi instituído como política institucional. Dessa forma, a Ação TEC NEP não acompanhou de modo estruturante a expansão do IFRN, que, nos dias atuais, possui 21 campi e uma Reitoria. Em pesquisa realizada por Soares (2016), com os coordenadores dos NAPNE do IFRN, vimos que:

No IFRN, houve um aumento significativo no número de núcleos no ano de 2012, fato que ocorreu devido à publicação da Portaria n. 1533, de 21 de maio de 2012, que institucionalizou o NAPNE no IFRN, em todos os seus campi e na Reitoria [...]. Acredita-se que esse desconhecimento ocorria em virtude das mudanças constantes dos coordenadores, propiciadas pelo remanejamento interno dos servidores, bem como pela falta de experiência com relação à prática inclusiva, o que gera o desconhecimento das diretrizes propostas pelo Programa TEC NEP. Cabe ressaltar que, embora os campi tenham o núcleo instituído, isso não é garantia de que possuam um setor específico, em termos de estrutura física, e estejam atuando efetivamente para promover o atendimento aos alunos com NEE ou que façam parte do organograma do instituto. (SOARES, 2016, p. 65).

No Quadro 4, elencamos os campi criados com a política de expansão do IFRN. Exibimos sua estrutura mais antiga, formada apenas por um campus e sua unidade descentralizada, antes da Lei nº 11.892 de 29 de dezembro de 2008. Era o então CEFET-RN, localizado na cidade de Natal capital do Rio Grande do Norte e sua Unidade de Ensino Descentralizada (UNED), na cidade de Mossoró, considerada a segunda cidade mais importante do Estado. No Quadro 04, fazemos também uma comparação com o ano de criação de novos campi e o ano de implementação do NAPNE em cada um de deles.

Ressalta-se que a UNED-Mossoró, nos dias atuais, IFRN/Campus Mossoró, fazia parte estrutural do próprio CEFET-RN, que era, em 2002, o Centro Federal responsável pela organização da implementação da política pública de inclusão de pessoas com deficiência em todo Nordeste. A UNED-Mossoró era, no período, o centro gestor regional do Programa/Ação TEC NEP. Curiosamente, o termo NAPNE

só foi implantado em sua organização dez anos depois. Isso nos leva a refletir sobre o fato de que a política TEC NEP, apesar do seu tempo de existência, não foi prioridade e não se tornou efetiva e consolidada no âmbito do IFRN. A criação dos centros gestores do Programa/Ação TEC NEP tiveram como objetivo:

Descentralizar a gestão do processo de expansão da oferta de oportunidades de educação profissional às Pessoas com Necessidades Educacionais Especiais através da Rede Federal de Educação Tecnológica, foram definidos 05 (cinco) Pólos, com Gestores Regionais, conforme segue: Região Norte: CEFET/PA; Região Nordeste: CEFET/RN; Região Centro-Oeste: CEFET/MT; Região Sudeste: CEFET/MG e Região Sul: CEFET/SC (BRASIL, 2010, p. 19-20).

No que concerne à implementação do TEC NEP na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, embora o IFRN possua em seu Projeto Político Pedagógico (PPP), diretrizes e princípios que norteiam a política inclusiva para pessoas com deficiência, ressalta Cunha (2015) que:

A proposta do TEC NEP se propõe a garantir o acesso, a permanência, a conclusão com êxito dos alunos com deficiências que conseguem ingressar na RFEPCT e ainda assegurar a sua inserção no mundo do trabalho. Contudo, nas análises realizadas nos documentos e relatórios do Programa, não identificamos estratégias e ações sistematizadas, voltadas para a garantia do acesso, da permanência e da conclusão, ou seja, da concretização da formação profissional dessas pessoas. Os Institutos não avançaram, ao longo dos anos do Programa, em propostas pedagógicas, que pudessem ser revertidas em um Projeto Político-Pedagógico com uma proposição de educação capaz de incluir esses alunos pelos inúmeros desafios constatados ao longo deste estudo. Compreendemos que a RFEPCT precisa avançar nas questões em torno do acesso, com processos seletivos adaptados, a contratação de intérpretes e profissionais especializados, para que se promovam as condições para um processo seletivo que garanta o acesso aos estudantes com necessidades educacionais especiais e que supere a histórica exclusão social; garantindo- lhes a necessária formação para o ingresso no mundo do trabalho (CUNHA, 2015, p. 159, grifo nosso).

No Quadro 4, evidenciamos o ano de implantação dos NAPNE, confrontando- o com o ano de criação dos campi do IFRN nos municípios elencados. Desse modo, ratificamos que o TEC NEP, por meio da implantação desses Núcleos, não acompanha a estrutura administrativa e pedagógica do Instituto, como o exemplo da UNED-Mossoró, que tem seu NAPNE efetivado apenas em 2012.

Quadro 4 - Expansão do IFRN e política de inclusão TEC NEP N IFRN Política de Expansão Ano de Implantação do Napne 1. CEFET-RN – IFRN Natal

Central

IFRN – Natal Central 2002

2. UNED –Mossoró IFRN – Mossoró 2012

3. Currais Novos 2006 – I FASE 2012

4. Ipanguaçu 2006 – I FASE 2012