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3 O II PLANO NACIONAL DE REFORMA AGRÁRIA: A INSERÇÃO DAS

3.1 A POLÍTICA REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DE ILHAS E VÁRZEA DA SPU E O

3.1.2 O INCRA-SR01: O PAE em ilhas

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) é uma autarquia federal vinculada ao Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA), foi criado pelo Decreto-Lei Nº 1110, de 9 de julho de 1970. Tem entre suas atribuições

57 Anteriormente descriminado. no item 3.1 A Política Regularização Fundiária de Ilhas e Várzea da

promover e executar a reforma agrária, visando à melhor distribuição da terra mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social por meio de projetos de assentamento sustentáveis; e aplicar as medidas necessárias à discriminação e à arrecadação de terras devolutas federais e a sua destinação, visando incorporá-las ao processo produtivo.

A Superintendência Regional do INCRA no Pará (SR01) tem sede em Belém- PA, e envolve 78 municípios localizados na região do Nordeste Paraense, Baixo Tocantins; região Metropolitana de Belém e Arquipélago do Marajó, conforme demonstrado no Mapa 2.

A Política de Reforma Agrária adotada pelo INCRA-SR01 nas comunidades ribeirinhas é predominantemente instrumentalizada no PAE, expandida a partir de 2005 devido ao convênio firmado com a SPU, que possibilitou a arrecadação das áreas ocupadas pelas famílias ribeirinhas.

Com a cessão das terras ribeirinhas ao INCRA e a concessão de autorização de uso por parte da SPU, começam a desaparecer os chamados “coronéis de barranco” e em seus lugares surgem comunidades organizadas e emancipadas, beneficiadas por assentamentos onde a identidade cultural ribeirinha está conciliada com o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente (BRASIL, 2008, p.4).

De acordo com o documento “Ação da Superintendência Regional do INCRA no Pará 2003-2008”, a Superintendência Regional do INCRA no Pará (SR01) assentou 67.864 famílias no meio rural e ribeirinho, por meio de projetos, em 78 municípios de sua jurisdição, localizados nas regiões do Nordeste Paraense, Baixo Tocantins, Metropolitana de Belém e o Arquipélago do Marajó. Entre os anos de 2003 e 2008, com o Termo de Cooperação assinado entre o INCRA e a SPU foram criados 180 Projetos de Assentamentos Agroextrativistas (PAE) nas ilhas estuarinas sob sua jurisdição. Somente na Ilha do Marajó, até dezembro de 2008, foram criados 103 PAE, beneficiando 15.373 famílias.

A Tabela 4 demonstra atuação da SR01 no período 2003 a 2008 em relação à crescente quantidade de famílias assentadas, sempre acima do programado.

Tabela 4 - Assentamentos de Família de Trabalhadores-Incra/Sr01 - Nº de Famílias

ANO PROGRAMADAS REALIZADAS %

DO PROGRAMADO 2003 0 3.846 2004 6.400 7.421 116,6% 2005 6.400 14.838 231,8% 2006 16.900 20.072 118,8% 2007 5.300 6.413 119,9% 2008 13.841 15.274 110,4% TOTAL 48.891 67.864 138,8%

Fonte: Relatório de Gestão da SR01 (2003-2007) e monitoramento (2008).

A Tabela 5 é uma demonstração do quantitativo de assentamentos realizados no período 2003-2008, conforme o domínio de terras. O que possibilita perceber que

grande parte dos assentamentos foi realizada em terras públicas, provavelmente nas ilhas estuarinas da União, regularizados pela SPU. Os dados desta tabela sinalizam a importância da inserção das populações ribeirinhas nos programas de reforma agrária para promover a atuação da Superintendência Regional do INCRA (SR01) nos municípios sob sua jurisdição.

Tabela 5 - Assentamentos de Família de Trabalhadores-Incra/Sr01 - Conforme o Domínio

das Terras

ANO DESAPROPRIADAS TERRAS PÚBLICAS TERRAS TOTAL DE FAMÍLIAS

2003 2.430 1.416 3.846 2004 3.146 4.275 7.421 2005 1.293 13.545 14.838 2006 2.544 17.528 20.072 2007 882 5.531 6.413 2008 299 14.975 15.274 TOTAL 10.594 57.270 67.864.

Fonte: Relatório de Gestão da SR01. (2003-/2007) e monitoramento (2008).

Gráfico 1 - Áreas Destinadas a Reforma Agrária (Incra Sr-01)

Fonte: Relatório de Gestão da SR01 (2003-2007) e monitoramento (2008).

O PAE em ilhas tornou-se uma realidade em 178 ilhas espalhadas pelos municípios paraenses na área de atuação da SR01PA, demonstrada no mapa 3:

Mapa 3 - Projetos de Assentamentos Agroextrativista em Ilhas no Pará

Nas ilhas, nos municípios sob a jurisdição da Superintendência Regional do INCRA no Pará (SR-01), percebemos que no período de 2003 a 2007, a política de reforma agrária havia atingindo metas nunca antes alcançadas em tão curto tempo. Esta política tem um caráter distributivo ao conceder o financiamento para a construção de casas e compra de incrementos para as atividades agroextrativistas. Além da insuficiência de recursos financeiros e manipulações políticas em escala nacional, os parlamentares e grupos de interesses exercem sua influência na aprovação de emendas de caráter clientelistas, para desvio de recursos, para atender interesses locais, neutralizar o controle social e isentar de punição quem comete irregularidades (SILVA, 2000), podendo comprometer a sustentabilidade do projeto em todas as suas dimensões. A sua vulnerabilidade diante da teia do clientelismo, da troca de benefícios públicos por votos ou apoio público se configura como efeito principal da política.

Outros dados contribuem como demonstração do impacto que o PAE em ilhas exerceu para o trabalho bem sucedido da SR-01/PA, em termos de numéricos de assentamentos e não chegando ainda no mérito de sua qualidade. De acordo com a Tabela denominada: Área Incorporada ao Programa de Reforma Agrária, cuja Fonte é DT/Gab.Monitoria-SIPRA, 02/06/200958, entre os anos de 2003 e 2008 a SR-01/PA

realizou 224 assentamentos, superando a SR-27/MB (Superintendência Regional do INCRA-SR-27, Sede MARABÁ), que no mesmo período realizou apenas 139, e a SR-30/SM (Superintendência Regional do INCRA-SR-30, Sede SANTARÉM) fez 152 assentamentos, ver Gráfico 2. Pelos dados citados no período de 2003 a 2008 ocorreram no Pará 515 assentamentos.

No ano de 2007, o gráfico é decrescente devido à mudança de governo do Estado do Pará e às negociações com o ITERPA59 sobre a definição das ilhas

estuarinas em rios federais e estaduais, que impediram o andamento progressivo dos assentamentos. Mas, vendo um panorama geral, percebemos que o ano de 2007 foi um período de decrescimento dos programas de reforma agrária em quase todos os Estados60, devido às eleições federais e estaduais que provocaram

mudanças no Congresso Nacional, Assembleias Legislativas e Governadores.

58 INCRA.

59 Conforme as informações dadas pelo Chefe da Divisão de Obtenção de Terras da SR01/PA, a

Engª. Agrª. Édila Ferreira Duarte Monteiro, em 12 de Junho de 2009 e pelo chefe de Assentamento Raimundo Juarez de Oliveira, em 09 de Junho de 2009.

Em busca de analisar a regularização fundiária e reforma agrária na jurisdição de SR-01/PA, podemos concluir pelo MAPA 3 e pelo gráfico abaixo, que a grande maioria dos assentamentos na área de abrangência desta pesquisa são da modalidade PAE, provenientes da Política de Regularização Fundiária da Amazônia realizada pela SPU nos territórios ribeirinhos, priorizada no Pará.

Gráfico 2 - Assentamentos das Superintendências Regionais do Pará

Fonte: DT/Gab-Monitoria-Sipra (2009).