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INDICAÇÕES, CONTRAINDICAÇÕES E COMPLICAÇÕES DURANTE O TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR

3 REVISÃO DE LITERATURA

3.5 INDICAÇÕES, CONTRAINDICAÇÕES E COMPLICAÇÕES DURANTE O TRANSPORTE INTRA-HOSPITALAR

A indicação do TIH se baseia na mudança do prognóstico e quando os recursos necessários não estão disponíveis a beira leito. É importante ressaltar o fato de que podem ocorrer mudanças na conduta terapêutica do paciente atendido após os resultados dos exames. Isso acontece em torno de 25% dos casos e pode chegar a70% deles, o que mostra que os benefícios do TIH superam os riscos, evidentemente se o transporte for planejado adequadamente (WAYDHAS, 1999). No entan- to, para os casos nos quais não resultam mudanças de prognóstico ou de conduta no encaminhamento do paciente, o TIH deve ser postergado ou o exame deve ser cancelado (JAPIASSÚ, 2005). Por isso, as contraindi- cações do TIH são mais amplas e incluem instabilidade hemodinâmica, taxa de frequência inspiratória de oxigênio (FiO2) maior 60%, pressão

expiratória final (PEEP) maior 10 cmH2O, incapacidade em manter

oxigenação e ventilação adequadas, presença de sangramento ativo de qualquer origem; pós-parada cardiorrespiratória recente inferior a 12 horas, em método dialítico, paciente não reanimável, incapacidade em manter oxigenação e ventilação adequadas durante o transporte ou no setor de destino, pessoal não capacitado para o transporte, escassez de pessoal para realizar o transporte, equipamento não confiável para trans- portar, oxigênio insuficiente, ambiente despreparado ou sem estrutura para receber o paciente, falta de material, impossibilidade de prover oxigenação adequada, seja por meio de ventilador mecânico portátil ou manual (SANTOS, 2011; LIMA, 2009; BORGES et al., 2004).

Geralmente, o deslocamento do paciente para o CC, para a UTI, para a Emergência, para os serviços de imaginologia é uma atividade programada, o que não impede o surgimento de situações de emergên- cia. Uma preocupação por parte dos profissionais são as instabilidades hemodinâmicas. Pope (2003) encontrou alterações em 17% dos pacien- tes transportados e desse número 3% estão relacionados a alterações que foram consideradas graves. Lahner et al. (2007) encontraram uma taxa de 4,2% de complicações relacionadas ao TIH, 30% de alterações fisio- lógicas nos transportes de pacientes adultos e 60% em pacientes pediá- tricos. Ainda de acordo com esses mesmos autores, existe um risco mai- or de alterações fisiológicas e incidentes graves em pacientes em uso contínuo de drogas vasoativas e em ventilação mecânica, especialmente

aqueles com PEEP maior que 5 cmH2O. Por isso, um cuidado planejado

é imprescindível para o sucesso no transporte.

O número e a gravidade de complicações associadas ao transporte são diretamente proporcionais ao tempo de trânsito e à falta de preparo adequado dos profissionais e são inversamente proporcionais à vigilân- cia e monitorização durante o transporte (JAPIASSÚ, 2005).

As complicações advindas das alterações fisiológicas mais fre- quentes são: hipotensão, hipertensão, parada cardiorrespiratória, arritmi- as cardíacas, sangramentos por perda de cateteres centrais, obstrução das vias aéreas, queda da saturação de oxigênio, alterações do nível de cons- ciência, hipoglicemia ou hiperglicemia, hipercapnia, hipocapnia, hipo- termia, agitação, broncoespasmo, vômito, dor, aumento da pressão in- tracraniana (NOA HERNANDEZ, 2011; ZUCHELO E CHIAVONE, 2009; LIMA, 2009; GILMANN et al., 2006; MCLENON, 2004).

As complicações técnicas envolvem falhas de equipamentos, de comunicação e preparo da equipe, sendo que parte dos eventos técnicos pode ser antecipada. Entre os mais citados estão extubação acidental ou quase extubação, perda de acessos venosos, perda ou falha da monitori- zação, mau funcionamento do ventilador mecânico, falta de suplementa- ção de oxigênio, aumento de secreções sem aparelho para aspirar, perda ou desposicionamento de sondas e drenos, atraso no setor de destino, falha de comunicação entre equipes, defeito na maca de transporte, falha das baterias, obstrução do tubo traqueal, desconexão do tubo traqueal (WINTER, 2010; LIMA, 2009; JAPIASSÚ, 2005; NOGUEIRA, 2003; WAYDHAS, 1999).

Em um estudo prospectivo, observacional, com 262 TIH de paci- entes em ventilação mecânica internados em uma UTI, foram observa- dos 120 (45,8%) EAs, durante os quais houve ocorrência de 68 (26%) EAs relacionados aos pacientes, sendo que em 44 casos (16,8%) os EAs foram considerados graves para os pacientes (PARMENTIER- DECRUCQ et al., 2013). Kue et al. (2011), em uma revisão retrospecti- va, durante seis meses de estudo, identificaram 1,7% de EAs (59 even- tos). Já o estudo de Lima-Júnior et al. (2012) revelou alterações gasomé- tricas em pacientes submetidos a cirurgias cardíacas sob ventilação em ventilador de transporte e Ressuscitador Manual Auto Inflável (RMA) e mostrou diferenças em relação ao PH, PACO2, PAO2, SatO2 ( LIMA-

JUNIOR et al., 2012).

Além disso, existem circunstâncias ao transportar o paciente, principalmente para a realização de exames diagnósticos, que aumentam os riscos para a ocorrência de EAs. Situações como a necessidade de sedação durante o exame para diminuir a agitação ou para a realização

de procedimentos; a transferência do paciente do seu leito para a maca, ou de seu próprio leito para a mesa onde o exame será realizado, e o movimento inadvertido colocam em risco o aparecimento de complica- ções associadas à mobilização do paciente, tais como, obstruções ou perdas de cateteres, perdas de drenos, extubações acidentais, risco para quedas. Outro problema enfrentado são os exames nos quais a equipe permanece em uma antessala durante a realização, como é o caso da tomografia computadorizada e da ressonância magnética. Nesses casos, o paciente não é facilmente visualizado, o que torna mais difícil o a- companhamento (OTT, HOFFMAN, HRAVNAK, 2011; LIMA, 2004).

Os desfechos desses atendimentos podem ser fatais principalmen- te se o paciente for dependente de drogas vasoativas e de ventilação mecânica. Os estudos existentes apontam para uma variedade de com- plicações que podem surgir durante o TIH e alguns desses transportes podem ser previsíveis desde que se faça um planejamento adequado e se respeite todas as fases do TIH. Para isso, a equipe responsável deve dispor de todos os recursos necessários para a continuidade da assistên- cia prestada no setor de origem.

3.6 RECOMENDAÇÕES PARA A SEGURANÇA NO TRANSPORTE