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INFLUÊNCIAS EXTERNAS E POLÍTICAS CORRELACIONADAS

4.2 INDICADORES E COLETA DOS DADOS

Foram utilizados os seguintes indicadores de saúde no estudo: cobertura com ESF, proporção/taxa de ICSAPS, cobertura de vacinação tetra/pentavalente para menores de um ano, proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas pré- natal, coeficientes de natimortalidade, mortalidade perinatal, neonatal / precoce / tardia, pós-neonatal, infantil, materna e materna tardia. O quadro 1 apresenta para cada indicador selecionado, a referência teórica e os resultados esperados após o PDAPS nos municípios mineiros.

Os dados para elaboração dos indicadores de saúde foram coletados no sítio do Departamento de Informática do SUS (DATASUS) e do DAB. Por isso, o estudo não foi submetido ao Comitê de Ética por se tratar de dados secundários, disponíveis nas plataformas on line para qualquer usuário. O quadro 2 especifica a fonte dos dados para cada indicador.

É importante esclarecer que dados pertencentes ao estado de Minas Gerais sem especificação do município foram ignorados, por isso não fizeram parte do banco de dados das unidades ecológicas formadas para este estudo.

Quadro 1 – Indicadores selecionados, referencial teórico e efeitos esperados com a implantação do PDAPS em Minas Gerais, 2016

Indicadores Referência Teórica Resultados após PDAPS

Proporção de ICSAPS Objetivo síntese do

PDAPS (27) Diminuição da proporção de ICSAPS

Taxa de ICSAPS - Redução da taxa de ICSAPS

Cobertura com ESF

Resolução SESMG Nº 1935, de 08 de julho de

2009 (30)

Aumento da cobertura com ESF Cobertura com

vacinação tetra/pentavalente para

menores de um ano

Cobertura com vacinação tetra/pentavalente para menores de um ano superior a 95%

Proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas de pré-natal

Aumento da proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas pré-natal

Quadro 2 – Indicadores selecionados e fonte para obtenção dos dados após a implantação do PDAPS em Minas Gerais, 2016

Indicador Fonte dos dados

Numerador Denominador

Cobertura com ESF Site do DAB do Ministério da Saúde

Proporção de ICSAPS Site DATASUS – Sistema de Informação Hospitalar (SIH-SUS) Taxa de ICSAPS Site DATASUS – SIH-SUS Site DATASUS – IBGE Cobertura de vacinação

tetra/pentavalente para menores de um ano

Site DATASUS – Sistema de

Informação do Programa Nacional de Imunizações (SI-

PNI)

Site DATASUS – Sistema de

Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) Proporção de nascidos vivos

com sete ou mais consultas pré-natal

Site DATASUS – Sistema de

Informação sobre Nascidos Vivos (SINASC) Coeficiente de natimortalidade

Site DATASUS – Sistema de

Informação sobre Mortalidade (SIM) Coeficiente de mortalidade perinatal Coeficiente de mortalidade neonatal Coeficiente de mortalidade neonatal precoce Coeficiente de mortalidade neonatal tardia Coeficiente de mortalidade pós-neonatal

Coeficiente mortalidade infantil Coeficiente de mortalidade

materna

Coeficiente de mortalidade materna tardia

Com relação à cobertura populacional com ESF, considerou-se o atendimento de 3.450 pessoas por equipe. O numerador foi calculado multiplicando-se o número de equipes da ESF em cada município por 3.450. O valor do numerador foi dividido pela população estimada pelo IBGE para o TCU anualmente. A porcentagem de cobertura com ESF foi obtida pela multiplicação do resultado final por 100. Esse indicador foi disponibilizado mensalmente para cada município de Minas Gerais pelo

site do DAB com cálculos já realizados. Assim, para se obter o valor de cobertura

anual de cada município com a ESF, calculou-se a média dos valores mensais. Quanto às ICSAPS, buscou-se utilizar as mesmas fórmulas, códigos da Classificação Internacional da Doenças, 10ª versão (CID-10) e critérios adotados pela SESMG na ocasião do planejamento do PDAPS (26,128).

O cálculo anual da proporção de ICSAPS foi realizado pela divisão do número de ICSAPS pelo número total de internações, subtraído do número de partos (ou seja, partos normal, cesariano, normal ou cesariano em gestação de alto risco, cesariano com laqueadura tubária). O quociente obtido foi multiplicado por 100.

A taxa anual de ICSAPS foi calculada dividindo o número de ICSAPS pela população estimada pelo IBGE para o TCU nos anos avaliados, com exceção do ano de 2010, em que se utilizaram os dados provenientes do censo demográfico. O resultado dessa divisão foi multiplicado por 10.000.

Em todos os cálculos relacionados às internações, considerou-se o município de residência da pessoa internada, que é o local em que a pessoa internada deveria ter recebido a prestação dos serviços e ações da APS.

Como os usuários poderiam dirigir-se às unidades de saúde fora do estado de Minas Gerais para internação, pesquisamos as internações de residentes em Minas Gerais nos estados que fazem divisa territorial com Minas Gerais: Bahia, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, e também com o Distrito Federal, devido à proximidade com áreas do noroeste do estado. Este critério foi adotado pela SESMG no período de implantação do PDAPS para o cálculo do indicador, por isso tal decisão foi mantida para avaliação dos resultados da política.

Os arquivos com dados de internação foram baixados do site do DATASUS e processados no programa Tabwin versão 3.5.

Apesar de existir uma lista brasileira de CSAPS publicada em 2008 pelo Ministério da Saúde, e que tem sido amplamente utilizada nos estudos científicos no país, este estudo adotou como referência a lista elaborada pela SESMG publicada na

resolução estadual nº 1093, de 29 de dezembro de 2006 (147). A preferência por essa lista deve-se ao fato de o PDAPS a ter considerado no cálculo das ICSAPS, sendo inclusive publicada em um de seus manuais (26,128).

Essa lista diferiu-se da nacional por incluir as internações por saúde mental, pois era uma preocupação da SESMG monitorá-las perante a política de desospitalização e os poucos serviços implantados para apoio aos portadores de sofrimento mental, além de abertura de Autorização de Internação Hospitalar (AIH) para hospitais gerais, o que poderia aumentar as internações por esse grupo de causas.

A tabela 6 apresenta as internações consideradas como sensíveis à APS neste estudo, conforme o grupo de diagnóstico e código do CID-10.

Tabela 6 – Grupos de diagnóstico e códigos do CID-10 para cálculo das internações por condições sensíveis à APS

Grupos de diagnóstico Código CID-10

Doenças preveníveis por imunização e condições evitáveis

A15-A19, A33-A37, A50-A53, B05, G00.0, I00-I02

Gastroenterites infecciosas e complicações A00.0-A02.0, A02.9, A03, A04.8-A04.9, A05, A06.0, A06.9, A07.1, A08, A09, E86

Anemias nutricionais D50-D53

Desnutrição e outras deficiências nutricionais E40-E46, E50-E55 Infecções do ouvido, nariz e garganta H66, J00-J03, J06, J31

Pneumonias bacterianas J13-J14, J15.3-J15.4, J15.8-J15.9, J18

Asma J45-J46

Doenças das vias aéreas inferiores J20-J21, J40-J44, J47

Hipertensão I10-I11

Angina pectoris I20

Insuficiência cardíaca I50, J81

Diabetes mellitus com complicações E10.0-E10.8, E11.0-E11.8, E12.0-E12.8, E13.0-E13.8, E14.0-E14.8

Diabetes mellitus sem complicações E10.9, E11.9, E12.9, E13.9, E14.9

Hipoglicemia E16.1, E16.2

Gastroenterites não infecciosas K50-K52

Convulsões R56

Convulsão por epilepsias G40

Hipertensão relacionada à gravidez, parto e

puerpério O10-O11, O13-O16

Infecção no rim e trato urinário N10-N12, N15.9, N39.0 Infecção de pele e tecido subcutâneo L01-L08

Doença inflamatória de órgãos pélvicos femininos N70-N73, N75-N76

Saúde mental F10-F25, F28-F34, F38-F39

A cobertura da 3ª dose da vacina tetra/pentavalente para menores de um ano foi calculada pela divisão do número de terceiras doses aplicadas da vacina, pelo número de crianças nascidas vivas no ano em cada município de Minas Gerais.

Ademais, foi calculada a proporção de municípios que atingiram a meta de 95% de cobertura com a 3ª dose da vacina tetra/pentavalente, isto é, a homogeneidade de cobertura vacinal entre os municípios, que deveria ser obtida por no mínimo 70% deles em cada unidade ecológica analisada, conforme parâmetro proposto pelo Ministério da Saúde (148). O cálculo foi realizado dividindo-se o número de municípios cuja cobertura vacinal tetra/pentavalente foi superior a 95% pelo número de municípios em cada estrato. O resultado da divisão foi multiplicado por 100, para se obter a porcentagem de municípios que alcançou a cobertura superior a 95% de vacinação tetra/pentavalente.

A proporção de nascidos vivos com sete ou mais consultas de pré-natal foi calculada pela divisão do número de nascidos vivos com sete ou mais consultas de pré-natal pelo número de nascidos vivos. O resultado da divisão foi multiplicado por 100.

Para os coeficientes de mortalidade utilizados para crianças menores de um ano, dividiu-se o número de óbitos conforme período de ocorrência (quadro 3) pelo número de nascidos vivos no ano. O quociente encontrado foi multiplicado por 1.000. O coeficiente de mortalidade materna foi calculado pela divisão do número de óbitos maternos, ou seja, ocorrido na gestação ou até 42 dias após a concepção, dividido pelo número de nascidos vivos no ano. O resultado dessa divisão foi multiplicado por 100.000. Os óbitos maternos abrangeram a faixa etária de 10 a 49 anos em que a causa da morte esteve ligada a problemas relacionados à gravidez, ao parto ou puerpério (149).

O coeficiente de mortalidade materna tardia foi calculado da mesma forma que o da mortalidade materna, contudo foram considerados os óbitos decorrentes de causa obstétrica, ocorrida após 42 dias e menos de um ano depois do parto ou por sequela de causa obstétrica direta, ocorrida um ano ou mais após o parto (149).

Quadro 3 – Período de ocorrência dos óbitos conforme os coeficientes de mortalidade

Coeficientes Período de ocorrência dos óbitos

Natimortalidade 22 a 42 ou mais semanas de gestação Mortalidade Perinatal 22 a 42 ou mais semanas de gestação e de 0 a 6 dias

Mortalidade Neonatal 0 a 27 dias

Mortalidade Neonatal Precoce 0 a 6 dias

Mortalidade Neonatal Tardia 7 a 27 dias

Mortalidade Pós-neonatal 28 a 364 dias