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Fase 4 Análise e interpretação dos resultados obtidos – foram realizadas à luz da abordagem da análise bibliométrica que permite: a) obter indicadores

4. INDICADORES BIBLIOMÉTRICOS DA REVISTA EDUCAÇÃO ESPECIAL

4.1 Análise bibliométrica dos artigos

4.1.8 Indicadores das temáticas dos artigos

Para identificar a temática dos artigos publicados na Revista Educação Especial no período 2000-2006, utilizamos as palavras-chaves atribuídas pelos autores. De

acordo com as normas de publicação deste periódico, para cada artigo os autores devem atribuir três palavras-chave. Conforme assinalam Brandau, Monteiro e Braille (2005, p.VIII):

É importante ressaltar a diferença entre palavra-chave e descritor. A primeira não obedece a nenhuma estrutura, é aleatória e retirada de textos de linguagem livre. Para uma palavra-chave tornar-se um descritor ela tem que passar por um rígido controle de sinônimos, significado e importância na árvore de um determinado assunto. Já os descritores são organizados em estruturas hierárquicas, facilitando a pesquisa e a posterior recuperação do artigo.

Estes autores ainda assinalam a importância que os autores devem dar na atribuição das palavras-chave ou descritores quando da submissão de um trabalho para publicação, uma vez que tais termos são de grande valor para a indexação.

No Brasil, na área de saúde existem os descritores de ciência da saúde (DECs) elaborados pela BIREME – Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde.

O DeCS - Descritores em Ciências da Saúde é um vocabulário estruturado e trilingüe e foi criado pela BIREME para uso na indexação de artigos de revistas científicas, livros, anais de congressos, relatórios técnicos, e outros tipos de materiais, assim como para ser usado na pesquisa e recuperação de assuntos da literatura científica nas bases de dados LILACS, MEDLINE e outras.

Desta perspectiva os descritores delimitam um campo da ciência, e como referem Brandau, Monteiro e Braille (2005, p.VII), muitos pesquisadores utilizam tais termos para realizar buscas de informações sobre assuntos específicos de sua área ou mesmo para escrever um trabalho e no caso destes termos não estarem de acordo com a nomenclatura das bases de dados, o artigo correrá o risco de não ser encontrado e, portanto, nem citado. Na visão destes autores:

Assim, a informação fica perdida. Isso traz um prejuízo grande, visto que quanto maior o número de citações, mais valorizada é a revista e, por conseqüência, aqueles que têm seus artigos nas suas páginas. É o que chamamos de “fator de impacto”, que á a relação entre o número de vezes que os artigos de uma revista são citados e o número total de artigos publicados a cada ano. Assim, quanto maior é o fator de impacto, maior é a importância da revista junto aos seus pares, às agências de fomento à pesquisa e aos órgãos governamentais como a CAPES. O autor também perde, pois um maior número de citações agrega reconhecimento do valor da pesquisa relatada e de seus resultados. (BRANDAU, MONTEIRO e BRAILE, 2005, p.VII).

Dos 147 artigos publicados na Revista Educação Especial analisados nesta dissertação, 38 não tiveram palavras-chave atribuídas. Aos restantes 109 artigos foram atribuídas 225 palavras-chave, totalizando 355 temáticas. Além disto, também é importante assinalar que a mesma palavra-chave pode ter sido utilizada em diferentes artigos. As temáticas abordadas pelos autores dos artigos da Revista Educação Especial podem ser vistas na Tabela 6 que fornece uma lista dos descritores (palavras-chave) atribuídos pelos autores aos seus artigos.

Tabela 6 – Distribuição das temáticas dos artigos

Descritores (palavras-chave) Freqüência

do descritor Total de temáticas % Inclusão 1 23 6,5 Educação Especial 1 17 4,8 Educação 1 16 4,5 Superdotação 1 9 2,5 Deficiência 1 9 2,5 Educação inclusiva 1 6 1,7 Outras 183 descritores 183 183 51,5

Arte; Burnout; Criatividade; Deficiência Mental; Desenvolvimento; Diferença; Dificuldade de Aprendizagem; Dinâmica de Grupo; Educadores; Ensino; História; Inclusão Escolar; Inserção Social; Interação; Legislação; Necessidades Educacionais Especiais; Portadores de Necessidades Especiais; Representações Sociais; Sala de Aula; Surdez; Trabalho; Vygotski, Alunos com Necessidades Especiais, Integração

24 48 13,5

Conhecimento, Ensino Superior, Escola, Necessidades Especiais, Professor, Surdos, Ensino Regular

7 21 6,0

Aprendizagem, Formação de Professores 2 8 2,2

Altas habilidades, Escola inclusiva, Família 3 15 4,2

Total 225 355 100

Com base nos dados da Tabela 6, notamos que a temática Inclusão – representada pelas palavras-chave “Inclusão” (23) “Inclusão Escolar” (2), “Inserção Social” (2), “Integração (2), “Inclusão Digital/Social”(1); “Inclusão/Exclusão” (1) e “Integração/Exclusão” (1) – foi a mais abordada nos artigos publicados, obtendo um percentual de 9% do total. Este dado permite inferir que a recorrência desta temática é um reflexo das mudanças ocorridas após a constituição de 1988 que em seu artigo 208 atribui ao Estado assumir a responsabilidade de garantir o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência preferencialmente na rede regular de ensino, bem como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Dentre as temáticas mais abordadas, aparece em segundo lugar, “Educação

Especial” (4,8%). Observa-se que esta freqüência poderia ser maior por se tratar de uma

revista com a temática Educação Especial bem definida.

Por sua vez, as temáticas “Educação” (4,5%), “Deficiência” (2,5%), “Educação

inclusiva” (1,7%), “Escola inclusiva” (1,4%), “Família” (1,4%) e “Aprendizagem”

(1,1%), reforçam a forte tendência da abordagem da temática “Inclusão” e aos temas pertinentes que corroboram a pesquisas nesta temática.

No caso dos descritores “Superdotação” (2,5%) e “Altas Habilidades” (1,4%), talvez estes figurem entre os mais utilizados por estarem relacionados à importância da criatividade no desenvolvimento de Altas Habilidades/Superdotação, desmistificando a superdotação como sinônimo de QI alto, e mesmo no diagnóstico de um indivíduo superdotado, aspecto que vem sendo bastante explorado pelos pesquisadores nos estudos da Educação Especial.

Dentre o total de palavras-chave obtidas, verificou-se que 183 com apenas 1 atribuição totalizando 51,5% de temáticas abordadas. Tal índice demonstra a diversificação de temas abordados nos artigos, reforçando a opinião de que a Educação Especial é uma área ou campo de conhecimento multidisciplinar.

Esta ocorrência também pode demonstrar que os autores ao atribuírem as palavras-chaves aos seus artigos, talvez por não conhecerem ou não utilizarem um vocabulário controlado da área, limitem o percentual de “freqüência única” caso este fosse um critério pré-estabelecido pela Revista Educação Especial.

Além disto, este alto índice (51,5%) de palavras-chave poderia induzir que pensássemos se tratar de temas “menos estudados” da área.

Também identificamos que em 38 artigos o campo “palavras-chave” não foi preenchido. Isso caracteriza o total de aproximadamente 25,9 % do número total de artigos que não atendem a um dos critérios importantes de um periódico científico, que é a presença de no mínimo 3 palavras-chave.

Por sua vez, algumas palavras-chave remetem não só à temática abordada no artigo, mas também à população-alvo estudada, ou a metodologia utilizada na pesquisa, por exemplo, “deficiente físico”, “surdo”, “grupos de irmãos”, “análise do discurso”, entre outras.

Na Tabela 6, encontramos “Vygotsky” como palavra-chave, porém trata-se de um autor, o que não caracteriza uma palavra-chave, unitermo ou descritor. No entanto, Silva (2004) relata, no estudo bibliométrico que realizou sobre a produção científica do

corpo docente do PPGEEs, ter encontrado a palavra-chave “Carolina Bori” e pondera que:

[...] embora não seja usual a associação de um nome próprio à palavra-chave, há casos em que se justifica a sua atribuição [....] considerando-se a sua representatividade na área. (SILVA, 2004, p.125).

Também foram atribuídas as seguintes palavras-chaves atribuídas aos artigos da

Revista Educação Especial: uma sigla (“CEDET”) e uma instituição (“Faculdade Interamericana de Educação”), o que não é usual.

Assim, esta constatação se aproxima das observações realizadas por Brandau, Monteiro e Braille (2005, p.IX) sobre a importância da atribuição das palavras-chave ou descritores em um artigo científico:

A aplicação destes descritores não se resume apenas na busca de artigos que possam embasar a redação de artigos científicos ou possam ser usados na sustentação de opiniões. Muito pelo contrário, eles têm uma aplicação muito mais ampla e devem ser incorporados à prática clínica diária. O processo de encontrar resposta apropriada a uma dúvida surgida durante o atendimento ao paciente depende de como estruturamos a pergunta. Alguns grupos têm adotado a metodologia proposta pela Universidade de Oxford onde toda a pergunta é estruturada com base nos descritores. Esta metodologia pode ser sintetizada pelo acrônimo P.I.C.O., onde o P corresponde ao paciente ou população, I de intervenção, C de comparação ou controle e O de “outcome” ou desfecho clínico. A partir da pergunta estruturada, são identificados os descritores que irão constituir a base de busca da evidência nas diversas bases de dados, descrevendo cada um dos quatro aspectos em questão. Sem uma questão bem estruturada e com a escolha de descritores inadequados, a pesquisa nas bases de dados costuma resultar em ausência de informação ou em quantidade muito grande de informação, muitas vezes não relacionada diretamente ao interesse.

Em relação ao estudo bibliométrico realizado na Revista Brasileira de Educação

Especial (RBEE) foi constatado que a temática mais estudada foi “Educação e Ensino”

e enquanto que a temática “Integração/Inclusão” ficou em segundo lugar (MANZINI, 2003). Ao comparar estes achados com os de nosso estudo, nota-se que houve apenas uma inversão das temáticas, pois encontramos “Inclusão” como sendo a mais estudada e dentre os temas mais citados temos a “Educação”, “Aprendizagem”, “Formação de