CAPÍTULO 4. METODOLOGIA
4.2 Indicadores de Cobenefícios do MDL em Aterros Sanitários
Indicadores são usados para medir a extensão com que um objetivo específico tem sido atingido, podendo ser quantitativo e/ou qualitativo e permitindo uma variada comparação de resultados. O uso dos indicadores um importante instrumento de gestão, uma vez que permitem mensurar o progresso atingido. No caso específico dos indicadores de sustentabilidade, estes são essenciais para a avaliação do progresso em relação a um desenvolvimento sustentável (GALLOPIN, 2003), uma vez que a característica mais importante de um indicador é o seu uso para a tomada de decisão.
Gallopín (2003) e Bellen (2006) apontam duas características basais relacionadas à construção de indicadores: que sejam compreensíveis e a participação social em sua formulação. Dado que os indicadores são meios de comunicação, devem ser, portanto, de fácil entendimento para todos os participantes do processo. E a participação das partes interessadas Figura 6: mapeamento dos representantes das associações das comunidades do entorno dos aterros
constitui-se um elemento fundamental na utilização de sistemas de indicadores, reforçando sua legitimidade, construção do conhecimento e tomada de consciência sobre o cenário local.
Para a construção dos indicadores de resultados sociais e ambientais provenientes dos projetos do mercado de carbono em aterros sanitários, primeiramente, necessitou-se determinar o referencial considerado: o padrão SOCIALCARBON.
Cumprida esta etapa, é realizado o desenvolvimento e posterior validação dos indicadores por meio da técnica Delphi, largamente empregada para apoiar temas que envolvem múltiplos atores, como ocorre com a construção dos indicadores propostos pela pesquisa. Na etapa de desenvolvimento dos indicadores, primeiramente, foi necessário realizar um vasto levantamento de documentos, sobre avaliação de cobenefícios, da UNFCCC, da AND brasileira e do mercado voluntário de carbono no mercado de carbono e também na literatura nacional e internacional sobre projetos de redução de GEE, conforme mostrado no Capítulo 1 (o capítulo sobre Mercado de carbono).
A seleção do padrão do mercado voluntário de carbono considerado como referencial para a elaboração dos indicadores na pesquisa dos seguintes critérios: padrão desenvolvido no Brasil; a classificação como padrão de avaliação de cobenefícios; e a existência de uma base de dados pública. Assim, com base nesses critérios é considerado como referencial SOCIALCARBON (co-benefit/ add-on standard).
O SOCIALCARBON Standard define recursos a partir dos parâmetros de desenvolvimento sustentável considerados por Scoones (1998), originalmente apontado como “meio de vida sustentável”, que consiste no acesso à capacidade, a bens (materiais e sociais) e atividades requeridos para a sobrevivência de um indivíduo. O autor argumenta que a habilidade de possuir diferentes meios de vida depende dos bens materiais e sociais que as pessoas possuem, definindo assim cinco diferentes tipologias de bens, que foram denominados como “recursos”: o capital natural, o econômico ou financeiro, o humano, o social e o físico.
O standard considera os cinco recursos definidos por Scoones, incorporando dois novos: biodiversidade e carbono (Quadro 17).
Quadro 17: Recursos da Metodologia do SOCIALCARBON Standard
Recurso Descrição
Recurso Tecnológico
Avalia as condições de acesso a bens tecnológicos, incluindo inovação de equipamentos e processos com foco na sua contribuição para o desenvolvimento econômico, social e
ambiental
Recurso Biodiversidade51
Representa o conjunto das espécies, ecossistemas e genes que formam a diversidade biológica. É o equilíbrio do meio físico natural
Recurso Natural Relação existente entre o empreendimento e o estoque de recursos naturais e serviços
ambientais de onde derivam os recursos para gerar um meio de vida
Recurso Financeiro É o capital básico e outros bens econômicos disponíveis ou potenciais para as pessoas.
Também são as estruturas físicas e tecnológicas que possibilitam o giro financeiro.
Recurso Humano
São as habilidades, conhecimentos e a capacidade para o trabalho e para a vida que as pessoas possuem, além de boa saúde. São itens fundamentais para garantir a
operacionalização do empreendimento.
Recurso Social
Abrangem ações de responsabilidade social, além de rede de trabalho, reivindicações sociais, relações sociais, relacionamentos com a comunidade, associações e organizações
sociais.
Recurso Carbono Referente ao tipo de projeto de carbono desenvolvido, abrangendo as metodologias
utilizadas, o desempenho do projeto e o envolvimento das partes interessadas. Fonte: Cruz (2012)
O SOCIALCARBON Standard possui indicadores para Aterros Sanitários voltados a diagnosticar as condições socioambientais das comunidades do entorno de projetos em aterros sanitários (SOCIALCARBON, 2007a; SOCIALCARBON, 2007b). Ressalta-se que esta versão de indicadores não será a utilizada pela presente pesquisa, devido ao foco desta incidir na questão da inovação em serviços públicos por meio dos projetos de MDL e não somente nas comunidades afetadas pela implantação e operação de aterros sanitários envolvidos em projetos de redução de emissões de gases de efeito estufa (CRUZ, 2012).
A adaptação da Metodologia do SOCIALCARBON Standard para a análise proposta, os recursos social e natural passam a ser mais amplos em relação à concepção proposta pelo standard, passando a representar a agregação de dois ou mais recursos, conforme ilustrado no Quadro 18:
51O recurso Biodiversidade é substituído pelo Tecnológico quando este é considerado um fator essencial para a sustentabilidade do projeto.
Quadro 18: Adaptações da Metodologia do SOCIALCARBON Standard para a análise proposta
Recurso Social
Recurso Social: Recurso adotado, porém, de modo mais amplo, integrando-o ao recurso humano.
Recurso Humano: optou-se por integrá-lo ao recurso social, visto que os aspectos analisados estão intrinsecamente atrelados
Recurso Ambiental
Recurso Natural: Recurso adotado, porém, de modo mais amplo, integrando-o a outros recursos (tecnológico, biodiversidade e carbono)
Recurso Tecnológico/ Biodiversidade: São analisados com base no monitoramento dos parâmetros técnicos dos aterros e cumprimento de metas e normas ambientais. Recurso Carbono: As questões referentes à geração de RCE são tratadas sob a vertente da
eficiência de captação de biogás dos projetos analisados, com base na análise dos parâmetros gerenciais dos aterros e comparação entre as RCE dos documentos de concepção
dos projetos e relatórios de monitoramento.
Recurso Financeiro: Optou-se por não utilizar o recurso financeiro, visto que o foco de análise incide nas transformações socioambientais que podem ser provocadas pelos projetos de MDL em aterros
sanitários no setor de RSU Fonte: Cruz (2012).
Após análise e levantamento de documentos52 relacionados aos cobenefícios no mercado de carbono e também na literatura nacional e internacional sobre projetos de redução de GEE, cada Recurso (Social e Ambiental) foi detalhado em seis temas mais específicos: monitoramento da qualidade ambiental; monitoramento dos gases; uso futuro/ ocupação futura da área do aterro; acesso aos projetos de MDL eparticipação; articulação; e contribuição dos recursos dos projetos de MDL para a GRSU.
52Referenciais sobre cobenefícios em projetos de MDL: aspectos do Anexo III da resolução nº1 da CIMGC; Critérios UNFCCC (ar, água, terra, recursos naturais, emprego, saúde e segurança, educação, bem-estar, energía e tecnología); indicadores Gold Standard (qualidade de emprego, acesso a energia renovável, capacitação humana e institucional, geração de renda, ganhos financeiros e investimentos, transferência de tecnologia, qualidade do ar, qualidade e disponibilidade de água, condições do solo, outros poluentes e biodiversidade). Referenciais sobre Participação dos stakeholders no mercado de carbono, baseado em: Monzoni (2004); CDM Watch (2010); Subbarao e Lloyd (2011) e UNFCCC (2011). Requisitos da PNRS: educação ambiental; logística reversa; inclusão de cooperativas; redução; reutilização; reciclagem; disposição adequada dos rejeitos; difusão de tecnologias limpas; recuperação energética; responsabilidade compartilhada. E referenciais baseados em estudos sobre indicadores de sustentabilidade para RSU, baseado em Polaz e Teixeira (2009); Besen (2011); Santiago e Dias (2012).
Quadro 19: Definição dos temas para a elaboração de indicadores
Recurso Descrição Temas
Ambiental
Refere-se a questões relacionadas ao cumprimento do monitoramento dos parâmetros dos aterros, emissões de
gases, bem como o cumprimento de metas e normas ambientais. Entendendo que a implantação de um projeto
de MDL pode vir a potencializar o cumprimento destes requisitos
Monitoramento da qualidade ambiental Monitoramento dos
gases
Uso futuro/ Ocupação futura da área do
aterro
Social
Refere-se a questões relacionadas à capacitação, atividades de educação ambiental, bem como à analise da articulação
e integração entre as partes interessadas vinculadas aos projetos
Participação e Acesso aos projetos de MDL
Articulação Contribuição dos recursos dos projetos de MDL para a GRSU Fonte: elaboração própria.
Os temas dos Recursos Ambiental e Social deram origem a 23 indicadores. Tais indicadores foram elaborados de modo participativo, uma vez que o processo de construção contou com uma consulta a atores-chave (empresas, prefeitura, associações do entorno dos aterros).
Esta etapa de construção dos indicadores, com a consulta aos agentes, foi iniciada no trabalho de mestrado (CRUZ, 2012)53, considerando somente os aterros Bandeirantes e São João, aterros que possuem projeto de MDL há mais tempo na região metropolitana de São Paulo e que apresentam um conjunto de atores-chave completo e que englobam o setor público de um modo particular: são aterros públicos e 50% da receita dos créditos de carbono são destinados à prefeitura de São Paulo. E, na presente tese de doutorado, os indicadores foram reestruturados, refinados e calibrados por meio da validação junto aos especialistas.
Em suma, o Recurso Ambiental, de acordo com o recorte da pesquisa, visa fornecer dados sobre a contribuição dos projetos de MDL para a redução de impactos negativos relacionados aos aterros sanitários ou para a redução de impactos ambientais no ambiente físico ocupado pelos aterros sanitários.
Já no Recurso Social os dados gerados a partir da aplicação dos indicadores propostos visam, fundamentalmente, evidenciar o acesso aos projetos de MDL e a
53
CRUZ, S. R; Mercado de carbono em aterros sanitários como instrumento para a inovação em serviços públicos, dissertação de mestrado, Programa de Pós-graduação em Política Científica e Tecnológica, Instituto de Geociências, Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, 192p. 2012.
participação das partes interessadas, em particular, das comunidades do entorno e catadores de material reciclável a benefícios relacionados ao desenvolvimento dos projetos de MDL.
Conforme ressaltado no Capítulo 1, a participação dos stakeholders deve ocorrer em todo o processo de desenvolvimento dos projetos. No entanto, o processo ainda é considerado deficitário, no que tange à contemplação dos atores e à mensuração dessa participação no decorrer do ciclo do projeto.
Assim, com o intuito de contribuir para sanar estas lacunas, o delineamento dos indicadores do tema Participação e Acesso aos projetos de MDL teve como referencial adicional trabalhos desenvolvidos em torno da questão da participação dos stakeholders no mercado de carbono, que são: Monzoni (2004); CDM Watch (2010); Subbarao e Lloyd (2011) e UNFCCC (2011).
Em Monzoni (2004) os seguintes elementos relacionados à consulta pública e abertura e transparência de informação são selecionados para embasar a elaboração dos indicadores com foco na participação dos stakeholders:
Quadro 20: Elementos selecionados em relação à participação
Tópicos Consulta pública Abertura e transparência de
informação
Elementos
Qualidade e abrangência das ferramentas de comunicação entre o proponente do projeto e os
stakeholders (audiências públicas, pesquisas, questionários, workshops, visitas, paineis, entre outras); Qualidade e abrangência da publicidade
necessária para alcançar todos os públicos; Frequência e periodicidade; Prazo de Consulta;
Local e Horário escolhidos
Antecedência da divulgação; Meios de divulgação; Acessibilidade da linguagem e
idioma utilizado
Fonte: baseado em Monzoni (2004) e CDM Watch54 (2010).
Apresentados os elementos que embasaram a concepção dos temas e respectivos indicadores, a seguir, é exposto o procedimento de validação.
No intuito de validar os indicadores de avaliação de cobenefícios sociais e ambientais propostos para projetos do mercado de carbono em aterros sanitários, o método
54 O CDM Watch é uma organização criada em 2009 com o intuito de fiscalizar as ações realizadas no âmbito do MDL, sobretudo, visando fortalecer os processos participativos da sociedade civil.
Delphi foi escolhido devido à sua reputação como um método amplamente adotado para gerar previsões/ validações por meio de consulta a especialistas (BESEN, 2011; RISTOLA, 2012; SANTIAGO; DIAS, 2012; VARHO; TAPIO, 2013; TUOMINEN et al, 2014; WRIGHT; GIOVINAZZO, 2000). A Figura 7 sistematiza o passo a passo dessa etapa dos procedimentos metodológicos:
Fonte: elaboração própria
A partir de um processo interativo e repetido algumas vezes, a técnica Delphi objetiva alcançar o consenso em meio a diversidade de opiniões dos especialistas, refinando os indicadores e minimizando possíveis vieses individuais, ou até mesmo, minimizando possíveis vieses de indicadores que abordem assuntos que fogem ao conhecimento do especialista.
Por meio de visões complementares e/ ou diferenciadas, busca-se somar e agregar qualidade nos indicadores propostos, levando-se em conta as diferentes áreas do conhecimento de cada um dos participantes do Delphi, colocando-se também em prática a
questão da interdisciplinaridade, inerente ao tema tratado (BESEN, 2011; RISTOLA, 2012; SANTIAGO; DIAS, 2012; VARHO; TAPIO, 2013; TUOMINEN et al, 2014; WRIGHT; GIOVINAZZO, 2000).
Assim, em meio a gama de métodos de prospecção/ validação que explora a experiência coletiva de especialistas em um processo interativo e estruturado (reuniões/painéis, focus group, avaliação individual, entre outros), o “webdelphi” é adotado; ou seja, a ferramenta para a validação em grupo, por meio da internet (CGEE, 2004).
Os primeiros trabalhos que aplicaram essa técnica, no início dos anos 60 (LINSTONE; TUROFF, 1975; LINSTONE; GRUPP, 1999), objetivaram aprimorar o emprego da opinião de especialistas na prospecção tecnológica (LINSTONE; TUROFF, 1975; WRIGHT; GIOVINAZZO, 2000).
O método Delphi é também considerado “simples”, uma vez que se trata de um formulário interativo, que transita pelo grupo de especialistas. A sua aplicação possibilita e facilita a promoção do debate em meio aos especialistas considerados relevantes para abordar o tema tratado, possibilitando a geração de novas informações e elementos acerca do objeto estudado a partir de um conjunto de questões previamente semiestruturadas. O formulário, no entanto, é considerado bastante elaborado, abordando com profundidade o tema que se pretende tratar. A técnica pode ser utilizada por meio de reuniões/painéis ou por meio de survey com os especialistas (CGEE, 2004; RISTOLA, 2012).
De acordo com Wright e Giovinazzo (2000) quando não há interação entre os indivíduos reduz-se a influência de fatores psicológicos, tais como: “... os efeitos da capacidade de persuasão, a relutância em abandonar posições assumidas e a dominância de grupos majoritários em relação a opiniões minoritárias” (p.55).
Na literatura sobre o Delphi é apontado claramente que são somente os especialistas (técnicos) que participam do processo, podendo incluir também tomadores de decisão e outros atores que sejam relevantes para obter informações a respeito do que será abordado no Delphi. Ainda, a heterogeneidade dos participantes deve ser preservada de modo a assegurar a validade dos resultados (LINSTONE; TUROFF, 1975; RISTOLA, 2012, VARHO; TAPIO, 2013; TUOMINEN et al, 2014).
A heterogeneidade dos especialistas também possui relação direta ao tema que será abordado. No caso, estudos que envolvem questões complexas, como, por exemplo, as
questões ambientais, necessita-se de uma compreensão mais abrangente do termo “especialista” (VARHO; TAPIO, 2013; TUOMINEN et al, 2014).
Para a seleção dos especialistas convidados foram consultadas: Plataforma Lattes (CNPq) (utilizando as palavras-chave: resíduos sólidos urbanos, mercado de carbono, aterro, biogás, metano); Lista de participantes do evento “Waste to Energy Brazil 201255”; Documentos de concepção dos projetos de MDL; Minutas de audiências públicas; e Relatórios anuais municipais de fiscalização. Buscou-se identificar, em particular, especialistas relacionados aos temas pesquisados (mercado de carbono e resíduos sólidos) e ao contexto considerado (Região Metropolitana de São Paulo).
De modo a contemplar os especialistas no contexto pesquisado para além do aspecto quantitativo, a seleção incidiu sobre o aspecto de conhecimentos sobre o cenário pesquisado. Dos 10 especialistas: a) Considerando o campo de trabalho: 4 são pesquisadores acadêmicos, 1 servidor de órgão ambiental público, 5 especialistas de empresas concessionárias e/ou de empresas de consultoria no desenvolvimento de projetos de MDL. B) Considerando a formação acadêmica: 5 especialistas são da área de engenharia, 2 de ciências biológicas, 3 da área de conhecimento das ciências sociais aplicadas. C) Considerando a área de especialização do conhecimento: 4 estão relacionados à área resíduos sólidos urbanos, e 4 ao campo de conhecimento do mercado de carbono, 2 tem experiência em ambos os campos.
A participação da Autoridade Nacional Designada (AND) é considerada de modo indireto, a partir da análise de dados secundários (documentos de concepção dos projetos e documentos desenvolvidos com base nos aspectos definidos no Anexo III da Resolução nº1 de 2003) que devem passar pelo crivo da AND para serem aprovados.
Embora o número de especialistas selecionados seja relativamente restrito (considerando painéis no contexto dos estudos de Delphi), não foram considerados mais participantes porque todas as expectativas foram contempladas a partir dos membros selecionados na análise, considerando a experiência e o conhecimento dos mesmos sobre o tema e o contexto pesquisado.
55
O evento reuniu nos dias 05 e 06 de novembro de 2012, mais de 115 especialistas no tema aproveitamento energético dos resíduos no contexto brasileiro. O relatório do evento foi elaborado por Silvia Stuchi Cruz. Para mais informações: http://www.hiria.com.br/agenda-de-eventos/energy-waste/agenda/default.aspx
O questionário Delphi para validação dos indicadores foi preparado para aplicação por meio de interface eletrônica, pela internet (Webdelphi). Cada respondente (especialistas selecionados) recebeu o hiperlink de acesso ao questionário na Internet. E o período estipulado para resposta foi de 30 dias.
Na presente pesquisa, participaram 10 especialistas na 1ª rodada (Novembro de 2014) e 9 especialistas na 2ª rodada (Janeiro de 2015) de diversas áreas e setores, atuantes nos temas:
Pesquisadores acadêmicos;
Funcionários de órgãos ambientais municipais e das subprefeituras;
Funcionários de órgãos municipais e das subprefeituras responsáveis pelo setor de resíduos sólidos urbanos;
Engenheiros e especialistas das empresas proprietárias e concessionárias dos aterros; e
Funcionários das empresas de consultoria especializadas no desenvolvimento de projetos de mercado de carbono.
Formulação do questionário
Foram elaborados 2 Blocos de perguntas para compor o questionário online: Bloco 1: Informações sobre os especialistas
O Bloco 1 contempla: nome, e-mail para contato, nível de formação e instituição/ empresa que atua. Caso o especialista seja da área acadêmica, deve-se especificar a linha de pesquisa atual.
Bloco 2: Validação dos indicadores
O Bloco 2 contempla à validação dos indicadores formulados das Dimensões Social e Ambiental, respectivamente. Os 23 indicadores se apoiam em seis temas: participação e acesso aos projetos de MDL; articulação; contribuição dos recursos dos projetos de MDL para a GRSU monitoramento da qualidade ambiental; monitoramento dos gases; e uso futuro/ ocupação futura da área do aterro.
As instruções para a avaliação dos indicadores foram descritas nas próprias questões, que são, basicamente: a) analisar a descrição do indicador; e b) avaliar o grau de importância do indicador.
A escala de importância baseia-se na escala Likert (DeVELLIS, 2003), que permite obter os níveis de opinião a partir de respostas que variam de um extremo a outro. Geralmente, nas escalas do tipo Likert, utilizam-se números ímpares nas alternativas (5 ou 7 opções) (DeVELLIS, 2003). A escala Likert é uma relevante ferramenta para auxiliar a tornar mais objetivas opiniões acerca de questões complexas como as relacionadas ao contexto estudado. E vem sendo utilizada para definir e mensurar a “sustentabilidade” nos projetos de MDL (HUGÉ et al, 2010; PARNPHUMEESUP; KERR, 2011).
No caso estudado, a escala adotada possui 5 opções: muito baixa; baixa; regular; alta; e muito alta. Para atingir esses objetivos (a) analisar a descrição e (b) avaliar o grau de importância dos indicadores, utilizou- se o seguinte formato de questão:
a) "Analise a descrição do indicador <nome do indicador> e avalie seu grau de importância, conforme indicado a seguir: Descrição: <descrição do indicador>. Deseja incluir comentários sobre a descrição do indicador? ( ) Não / ( ) Sim {Se sim:abrir janela para comentários sobre a descrição do indicador}”
Assim, quando os especialistas tiverem algo a comentar em relação à descrição do indicador, acrescentou-se um espaço destinado a esses comentários para cada questão. As contribuições qualitativas (opiniões) acerca da descrição do indicador serão analisadas visando o refinamento da descrição dos indicadores.
b) Avalie o grau de importância do indicador <indicador> ( ) Muito baixa
( ) Baixa ( ) Regular ( ) Alta ( ) Muito alta
As respostas obtidas na avaliação do grau de importância dos indicadores têm como principal objetivo refletir sobre a pertinência dos indicadores propostos. Os indicadores avaliados por mais de 50% dos especialistas como “muito baixa”, significa que aquele indicador deve ser descartado.
Em meio à ampla gama de opções de ferramentas de pesquisa online, para a finalidade da pesquisa, levaram-se em consideração, sobretudo, os seguintes requisitos:
1) software livre e gratuito para coleta online de dados para pesquisas (questionários);
2) com coleta ilimitada de respostas;
3) com a opção salvar e continuar o preenchimento da pesquisa em outro momento; e
4) que permita a importação e exportação dos dados (Figura 8).
Um dos grandes entraves encontrados foi que as versões gratuitas de ferramentas de pesquisa online são geralmente limitadas em relação à opção de salvar o questionário e responder ao longo do tempo estabelecido (30 dias).
Esse recurso é essencial para a presente pesquisa, uma vez que, por se tratar de um assunto complexo, demanda tempo e o respondente precisar justificar cada resposta.
Levando-se em consideração todos esses aspectos, a ferramenta online selecionada para o desenvolvimento do questionário foi o Limesurvey®56, que contempla os