• Nenhum resultado encontrado

Indicadores de poluição orgânica encontrados no micro e mesozooplâncton do

Keratella americana e K. cochlearis foram registradas no estuário do rio Goiana por

Moura (2000). São indicadoras conhecidas de poluição orgânica (KOSTE, 1978). No presente estudo estas foram pouco freqüentes e não alcançaram grande densidade, são indicadoras de poluição orgânica, importante para este trabalho, porém ressaltando a sua pouca representatividade.

Da ordem Tintinnina, Favella ehrenbergii é citada por Sant’anna (1993) como muito freqüente no estuário da Bacia do Pina. A diversidade da ordem Tintinnina aumenta em direção à região oceânica (PARANAGUÁ et al. 2004). Foi muito freqüente, par a o microzooplâncton, espécie indicando tolerância em alta concentração de matéria orgânica.

A ocorrência de Nematoda (Mín. 39 org. m-³ e Máx. 1231 org. m-³) e larvas de Polychaeta (mín. 77 org. m-³ e máx. 20724 org. m-³) em elevadas densidades mostra que existe na área certo grau de poluição orgânica no rio Goiana (MOURA, 2000). O grupo Nematoda geralmente ocorre em altas densidades em sedimentos finos e em quantidade significativa de matéria orgânica. Ainda, se registra nos levantamentos faunísticos os organismos ticoplanctônicos, chegam a totalizar até 5% da comunidade capturada com rede de plâncton em águas costeiras (PARANAGUÁ et al. 2004). A ocorrência de organismos ticoplanctônicos como Nematoda indica forte turbulência associada a pouca profundidade (NEUMANN-LEITÃO, 1994), o que de fato pôde ser comprovado nas amostras do presente estudo.

Lucas (2006) encontrou no estuário do rio Siriji (Litoral norte de Pernambuco),

Pseudodiaptomus acutus, Temora turbinata, Acartia lilljeborgi e Oikopleura dioica como

sendo freqüentes. Estas espécies são também, em geral, freqüentes e abundantes em outros estuários de Pernambuco (LUCAS, 2006; VIEIRA et al., 2003; BJORNBERG, 1981; SILVA

et al., 2004; ESKINAZI-SANT’ANNA e TUNDISI, 1996). Souza-Pereira et al. (2004)

concluíram que o esgoto orgânico modifica as características físicas e químicas da água, que passa a possuiu maior concentração de nutrientes, maior quantidade de material em suspensão e menor concentração de oxigênio. Isto pode explicar a baixa freqüência e abundância dos copepodas P. acutus, T. turbinata e A. lilljeborgi e de outros encontrados neste estudo, que não foram tolerantes a alta concentração de matéria orgânica. Segundo Vieira et al. (2003), copépodos estuarinos tipicamente alcançam densidades muito altas e tendem a dominar a fauna de estuários, até mesmo só parte do ano e encontrou Euterpina acutifrons, Oithona

nana dentre outros como mais abundantes no estuário Mondego – Portugal.

Pseudodiaptomus acutus é considerado abundante em águas estuarinas de baixa

salinidade, característica de águas interiores na costa brasileira (BJORNBERG, 1981). Este conceito sobre P. acutus foi confirmado pelo presente trabalho, convergindo com os dados encontrados por outros estudos, presente tanto durante período chuvoso como seco.

Pseudodiaptomus trihamatusé um espécie típica de águas doces, salobras e marinhas

na China e no sul do Japão, sendo considerada como espécie exótica no Brasil, introduzida com o cultivo de camarão (SHEN e LEE, 1963; WALTER, 1986; OKA et al., 1991). Esta espécie também foi encontrada em águas hipersalinas (>70UPS) (MEDEIROS et al., 2006), evidenciando seu caráter eurialino e seu alto potencial invasivo. Foi pouco freqüente, sendo registrado sua primeira ocorrência para o estado de Pernambuco. P. trihamatus tolera locais eutrofizados e impactados por ações antrópicas, sendo assim um possível bioindicador de áreas com alto teor de nutrientes, visto os lugares em que foi encontrada esta espécie (Andrade dos Santos et al., in prep.)

Parvocalanus crassirostris (previamente conhecido como Paracalanus crassirostris) é

uma espécie comumente presente em águas costeiras e estuarinas (BJORNBERG, 1981; 1999). Embora seja normalmente comum e freqüente nos estuários, não foi representativo neste estudo, sendo considerado raro durante todo o período, provavelmente devido às condições ambientais desfavoráveis na área. Pela sua baixa freqüência e densidade no presente estudo, pode se considerado bioindicador de águas costeiras e estuarinas e de impacto antrópico moderado ou baixo.

Paracalanus denudatus, ocorreu de forma peculiar, em poucas amostras e com

baixa densidade, possivelmente no momento de coleta foi arrastado uma “mancha” destes, tendo sido em maré de sizígia apenas no período seco. Esta espécie é considerada Epilágica, encontrado em águas oceânicas, e em baixas abundâncias (BOLTOVSKOY, 1999).

Temora turbinata é uma espécie epipelágica, costeira e oceânica, com distribuição em

águas tropicais e subtropicais, com ampla distribuição no globo (BOLTOVSKOY, 1999) e esteve representado por poucos organismos, sendo pouco freqüentes, fato que não permite associá-la a qualquer evento nas condições do meio, ou pode mostrar que esta espécie não manteve-se com tais condições, desfavoráveis a sua sobrevivência neste local.

Labidocera fluviatilis é uma espécie eurialina, comum em águas estuarinas e de baixa

salinidade (BJORNBERG, 1981). L. fluviatilis não foi muito representativa neste estudo, de forma que não há subsídios para esta espécie convergir com os objetivos esperados ou para este período de estudo. Esta espécie pode não ter encontrado condições satisfatórias para sua permanência.

Assim como P. denudatus, as espécies Acartia centrura, Undinula vulgaris,

Clausocalanus furcatus, Oncaea venusta, Temora stylifera e Oithona nana, Canalopia americana, Longipedia sp, Corycaeus (onychocorycaeus) giesbretchti e Harpacticoida outros,

ocorreram raramente, não podendo ser diretamente relacionado às condições locais do ambiente de estudo, devido à sua pouca representatividade.

Estes organismos são comuns, mas durante período de coletas, não representaram dominância para a comunidade encontrada. Outras espécies, como U. vulgaris, são tipicamente oceânica (Gusmão, 2000, NEUMANN-LEITÃO et al., 1999) e provavelmente sua presença ocasional nas amostras coletadas no Parque dos Manguezais deve-se a entrada deste organismo, presente nas águas costeiras, durante a preamar.

Oithona hebes é uma espécie comum em águas estuarinas, onde ocorre

freqüentemente associada a O. oswaldocruzi. (SANT’ANNA, 1993). Estas duas espécies foram mais representativas no microzooplâncton, Porém, na rede de 300 µm, O. oswaldocruzi foi melhor representado.

Euterpina acutifrons é considerada por Bjornberg (1981) como muito freqüente em

águas estuarinas e interiores. Em estudo realizado por Sant’anna (1993) E. acutifrons, não apresentou um padrão de variação significativo para a Bacia do Pina. Confirmando este resultado, esta espécie foi pouco representativa para este estudo. Não podendo ser no momento apontada como indicadora de algum desequilíbrio ou condição do ambiente, é provável que E. acutifrons, por ser muito comum em outros de estuários pernambucanos

menos impactados, seja um possível bioindicador de águas costeiras e estuarinas de impacto antrópico moderado ou baixo. Embora, E. acutifrons tem sido reportado por Boltovoskoy (1981) como indicador de ambientes eutrofizados.

Para estudo do zooplâncton realizado por Gusmão (2000) a distribuição horizontal das larvas é semelhante como na grande maioria dos zooplânctontes marinhos, condicionada pelas características hidrológicas das águas que habitam.

As larvas de Polychaeta encontradas para o micro e mesozooplâncton apresentaram - se freqüentes, fato possivelmente ligado à quantidade de sedimento carreados nas amostras.

Gastropoda (velígeres e juvenis) foram comuns a todas as amostras, isso indica que a reprodução de gastropoda na área de estudo, apesar dos distúrbios antrópicos foi regular e constante durante período chuvoso e seco.

Os náuplios de Cirripedia apresentaram correlação positiva entre sua densidade e a salinidade, também entre o fator fase lunar (Q/S), para o microzooplâncton. Já para o mesozooplâncton, foi marginalmente não significativa com a concentração do DBO, com a densidade desses organismos mais elevada no período chuvoso, na preamar e na quadratura. Foram pouco freqüentes, para o microzooplâncton, com maior representatividade, para o mesozooplâncton.

O que pode explicar a ocorrência durante todo o estudo, é o número de adultos visualizados durantes todas as coletas e a reprodução destes ser sincronizada, a exportacao rápida e desenvolvimento em águas costeiras (e geralmente ocorre nas sizígias), ou seja, em sua maioria as cracas se utilizam destas marés para lançarem suas larvas ao mesmo tempo e serem logo exportadas para águas costeiras. Mecanismo muito comum no meroplâncton (SCHWAMBORN, 1997 e SCHWAMBORN et al. 1999).

Cípris de Cirripedia (Balanus sp.) mostraram menores densidades em elevada concentração de DBO, tanto para o meso quanto para o microzooplâncton, mostrando preferência por águas com menores concentrações de matéria orgânica em suspensão. A sua presença pode ser atribuída a exportacao rápida e desenvolvimento em águas costeiras. Portanto, segundo os resultados deste trabalho, são indicadores de águas costeiras com poluição orgânica de baixa a moderada. Não se registrou alta abundância, proveniente talvez da alta concentração de matéria orgânica na área de coleta.

Eutintinus sp. foi pouco freqüente nas amostras, mas, com densidades altas (média

120,49 Org.m-³), predominante nas sizígias e apenas durante período chuvoso. Parecendo apresentar resposta a alguma alteração do meio.

As larvas de Bivalvia (véligeres e juvenis) foram freqüentes. Isto indica que a reprodução de Bivalvia na área de estudo, apesar dos distúrbios antrópicos é regular. Observada em altas densidades durante as campanhas.

Náuplios de Crustácea foram muito freqüentes para o micro e freqüentes para o mesozooplâncton durante o período de estudo, apresentando maiores densidades apenas para o micro. Apesar das condições adversas do meio, há evidencias da não alteração do ciclo reprodutivo dos náuplios.

4.6 OUTROS ORGANISMOS ENCONTRADOS NO MICRO- E

Documentos relacionados