Indicadores de sustentabilidade

Os indicadores de sustentabilidade empresarial são fundamentais quando se procura examinar de modo mais aprofundado as práticas a serem consideradas como “sustentáveis”. Januzzi (2001) define do seguinte modo o conceito de indicador:

“...uma medida em geral quantitativa dotada de significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito abstrato, de interesse teórico (para pesquisa acadêmica) ou programático (para formulação de políticas). É um recurso metodológico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudanças que estão se processando na mesma”. (JANNUZZI, 2001, p.15).

Para Weterings e Pschoor (1993) o indicador é um parâmetro ou valor derivado de parâmetros, fornecedor de informações sobre o estado do fenômeno, meio ou área com uma significância estendida maior à obtida diretamente pela observação das propriedades.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico - OECD (1993) define indicador como um parâmetro (propriedade medida ou observada) ou valor derivado de parâmetros fornecedores de informações sobre determinado fenômeno.

Tunstall (1994) defende as principais funções dos indicadores se referirem a: avaliar condições e tendências; comparar lugares e situações; avaliar condições e tendências em relação às metas e aos objetivos; prover informações de advertência; antecipar futuras condições e tendências.

Beaver e Bellof (2000) defendem que os indicadores de sustentabilidade devem ser simples de usar e fáceis de ser entendidos; robustos; fáceis à reprodução; complementares a programas de acompanhamento legais existentes; fáceis de coletar e custo viável; úteis como ferramenta de gestão; e possíveis de proteger os dados da empresa.

Coral (2002) expressa na Figura 5 alguns indicadores considerados no exame da sustentabilidade possíveis de ser aplicados em empresas atuantes em variados ramos organizacionais.

Figura 5 – Indicadores de sustentabilidade empresarial

Fonte: Coral (2002, p. 129).

Nota-se, na figura 5 idealizada por Coral (2002), a relação de um conjunto de indicadores de sustentabilidade econômica, ambiental e social. Nota-se que um desafio constante de avaliação da sustentabilidade sempre será a enumeração dos indicadores a serem avaliados.

Entre os indicadores utilizados para estabelecer um benchmarking entre organizações, encontra-se o Dow Jones Sustainability Index, com o propósito de avaliar as dimensões: 1) desempenho financeiro; 2) fatores econômicos; 3) fatores sociais e ambientais; 4) estratégia das empresas: riscos e oportunidades. A empresa é avaliada em relação a uma série de questões: 1) dimensões: econômica, ambiental e social. São 28 temas e 84 itens de avaliação (DOWN JONES INDEXES, 2012).

Outro indicador pertinente é o Genuine Progress Indicator (GPI), criado em 1995, pela Redefining Progress, organização de políticas públicas sem fins lucrativos a apresentar soluções para auxiliar pessoas, proteger o meio ambiente e desenvolver a economia. De acordo com o Compêndio de Indicadores (2012), o GPI é uma forma de medir o crescimento econômico de um país atrelado ao aumento do bem-estar de seus habitantes. O índice propõe uma comparação com o PIB, buscando mostrar em que medida o crescimento econômico tradicional está comprometendo o futuro da vida no planeta. O indicador utiliza a mesma metodologia de cálculo do PIB, mas, diferentemente deste, subtrai custos decorrentes de fatores como criminalidade, poluição, degradação ambiental e comprometimento dos recursos

e sistemas naturais, como fornecimento de água, por exemplo. Por outro lado, acresce ao cálculo itens como trabalho doméstico e voluntário.

Já o Human Development Index (HDI), mais conhecido no Brasil como Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), foi criado por HAQ (1976, 1996) e incorporado pela UNDP (1990) como uma forma de avaliar os diferentes estágios de desenvolvimento das sociedades referente à qualidade de vida. A estatística é composta a partir de dados de expectativa de vida ao nascer, educação e do Produto Interno Bruto (PIB) per capita (como um indicador do padrão de vida). Essa metodologia é mais aplicada por governos e não empresas.

Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial (RSE)representam o esforço do Instituto Ethos para oferecer às empresas uma ferramenta para auxiliar no processo de incorporação da responsabilidade social na sua gestão, fortalecendo o movimento de responsabilidade social empresarial. A revisão anual permite manter essa ferramenta de gestão sempre atualizada e sintonizada com as questões mais relevantes de RSE no país e no mundo.

Os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) compreendem uma ferramenta de uso essencialmente interno para permitir a avaliação da gestão relacionada à incorporação de práticas de responsabilidade social, além do planejamento de estratégias e do monitoramento do desempenho geral da empresa. Os indicadores abrangem os temas Valores, Transparência e Governança, Público Interno, Meio Ambiente, Fornecedores, Consumidores e Clientes, Comunidade e Governo e Sociedade (INSTITUTO ETHOS, 2009).

O Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA) tem como objetivo central comparar a habilidade de países na proteção do seu meio ambiente não apenas no tempo presente, mas também para as próximas décadas. A busca por sustentabilidade direciona o índice para se preocupar não apenas com a situação atual, mas também com as ações necessárias para a melhoria acontecer. A cada ano, o ISA sofre algumas alterações, sempre com o objetivo de refletir melhor os aspectos envolvidos na construção de um desenvolvimento baseado na qualidade de vida do homem e do meio ambiente (COLUMBIA UNIVERSITY, YALE UNIVERSITY, 2012; MARTINS; FERRAZ; COSTA, 2006). A representação sobre como o

Figura 6 - Construção do Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA)

Fonte: Columbia University e Yale University (2012).

Pode-se afirmar que o ISA foi desenvolvido como um instrumento de auxílio aos tomadores de decisão relacionado à questão ambiental para o âmbito nacional ou regional. Os indicadores considerados no ISA constam do Quadro 3.

Quadro 3 - Componentes e Indicadores do Índice de Sustentabilidade Ambiental

Indicadores Número de

Variáveis

Sistemas Ambientais Qualidade do Ar 4

Biodiversidade 5

Solo 2

Qualidade da Água 4

Quantidade de Água 2

Redução da Poluição Ambiental Redução da Poluição do Ar 5 Redução da Poluição do Ecossistema 2

Redução da Pressão Demográfica 2

Redução do Desperdício e Consumo 3

Redução da Poluição da Água 4

Gestão dos Recursos Naturais 5

Redução da Vulnerabilidade Humana

Saúde Ambiental 3

Subsistência Básica 2

Exposição aos Desastres Naturais 2

Capacidade Socioinstitucional Governança Ambiental 12

Ecoeficiência 2

Capacidade de Resposta da Iniciativa Privada 5

Ciência e Tecnologia 5

Responsabilidade Global Participação Internacional em Esforços Colaborativos 3 Emissão de Gases de Efeito Estufa 2

Redução de “Transbordamentos” 2

Total de Variáveis 76

Os componentes e Indicadores do Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA) mostram-se bastante completos e abrangentes, servindo seus indicadores de importantes referências a serem consideradas no momento de promoção de práticas de sustentabilidade ambiental.

Já o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) foi criado para avaliar a performance das empresas listadas na BOVESPA com relação aos aspectos de sustentabilidade. O conselho coordenador responsável pela avaliação contratou o Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (CES-FGV) para a construção do índice. De acordo com a BMF (2012), o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) mede o retorno total de uma carteira teórica composta por ações de empresas com reconhecido comprometimento com a responsabilidade social e a sustentabilidade empresarial (no máximo 40). Tais ações são selecionadas entre as mais negociadas na BOVESPA, em termos de liquidez, e são ponderadas na carteira pelo valor de mercado das ações disponíveis à negociação.

O Painel de Sustentabilidade ou Dashboard of Sustainability (DS) foi desenvolvido pelo Consultative Group on Sustainable Development Indicators (CGSDI) sob a coordenação do International Institute for Sustainable Development (IISD). Para Hardi (2000), o Painel de Sustentabilidade considera em seu modelo de indicadores o meio ambiente, sociedade, economia e instituições – para calcular um índice final de sustentabilidade. Tendo em vista essa visão sistêmica, Krama (2008) e Hardi (2000) afirmam que o método considera um diferencial perante outras metodologias de indicadores. Segundo Hardi (2000), o Dashboard

of Sustainability foi projetado para informar aos tomadores de decisão, à mídia e ao público

em geral a situação de desenvolvimento de um determinado sistema, público ou privado, de pequena ou grande escala, nacional, regional, local ou setorial, em relação à sua sustentabilidade.

Toda essa exposição refere-se a apresentar fundamentos, ferramentas e orientações necessárias ao exame para se compreender como se apresenta na prática das organizações o seu modelo gerencial referente à sustentabilidade social, ambiental e econômica. Uma maior descrição referente a esse tema é fundamentada no próximo tópico.