• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II REVISÃO TEÓRICA

MATRIZ DO GERENCIAMENTO DAS

2.3 Indicadores de sustentabilidade – Modelo P E R.

No desenvolvimento do presente trabalho, sob o paradigma do desenvolvimento sus- tentável, utilizamos, na elaboração dos questionários, os indicadores de sustentabilidade apon- tados pela Fundação Getúlio Vargas (2000) em “Indicadores de Sustentabilidade para a Ges- tão dos Recursos Hídricos no Brasil”8, de forma a adequar esses indicadores9 em um Modelo de Questionário, elaborado segundo a categoria (saneamento básico, agricultura, indústria, geração de energia, pesca, etc.) e a realidade de cada uso da água existentes na área de estudo. O termo indicador denota um dado estatístico ou uma medição que possui um valor informativo específico e pode relatar a condição, mudança da qualidade ou mudança no esta- do de algum valor. É essencialmente uma descrição simplificada de uma realidade posta, ou seja, o indicador é um descritor do estado e da tendência de um processo, integrado por distin- tas variáveis e dados, que tem como objetivo, facilitar a tomada de decisões (OECD, 2005).

Tal termo “indicador” é utilizado por várias ciências como termo técnico. Nas ciên- cias ambientais, indicador significa um organismo, uma comunidade biológica ou outro parâ- metro (físico, químico, social) que serve como medida das condições de um fator ambiental, ou um ecossistema. O indicador é visto como um parâmetro que indica, fornece informação ou descreve um fenômeno, a qualidade ambiental ou uma área, significando, porém mais do que aquilo que se associa diretamente ao referido valor (OECD apud ABRAHAN, 2003, p. 45).

Os indicadores, contudo, são mais do que uma estatística, eles são variáveis, pois po- de apresentar valores, que nem sempre são percebidos de maneira imediata. Nesse sentido, os indicadores podem ser entendidos como variáveis, uma representação particular na concepção e interpretação de um determinado fenômeno.

Os indicadores de sustentabilidade apresentam o modelo PER – Pressão-Estado- Resposta, ou seja assenta-se sobre a noção de causalidade das pressões que as atividades hu- manas exercem sobre o meio ambiente, modificando a qualidade e a quantidade dos recursos naturais (o estado do meio ambiente). Frente a tais mudanças a sociedade responde, adotando medidas de políticas de meio ambiente, econômicas e setoriais.

8

Em anexo encontram-se os “Indicadores de Sustentabilidade para o Monitoramento e a Gestão dos Recursos Hídricos” para os usos das águas investigados na área de estudo. (FGV, 2000).

9 Indicadores são parâmetros ou valores que dão a indicação sobre ou descrevem o estado de um fenômeno, de meio ambiente ou de uma zona geográfica, de um porte superior de informações diretamente ligadas ao valor de um parâmetro. (FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS, 2000).

Parte-se do pressuposto de que os recursos naturais, por serem em grande parte de natureza pública, de livre acesso e sem uma adequada regulação, fazem com que uma grande parte da população e das atividades econômicas acreditem que os recursos estão ali para se- rem utilizados da maneira mais proveitosa, algo que, quase sempre, conduz a uma forma in- consciente e indiscriminada. Assim, muitos agentes no uso dos recursos naturais não interna- lizam que sua ação pode estar gerando custos sociais e/ou ambientais. (MAIA, 2002).

Frente ao aumento crescente das preocupações acerca da escassez dos recursos ambi- entais e a emergência de uma discussão ambiental sobre o desenvolvimento sustentável, quan- tificar e qualificar os recursos ambientais é uma condição necessária para a sustentabilidade, vez que torna possível elaborar uma série de dados capazes de fornecer informações sobre a relação entre o desenvolvimento econômico e o uso dos recursos naturais, dando um diagnós- tico de degradação do meio ambiente. Trata-se de uma maneira de descrever a interação das atividades humanas e o meio ambiente, podendo referenciar políticas de preservação, de aná- lise de danos à natureza, ou mesmo de métodos de inserção de contas ambientais sob o princí- pio do “poluidor – pagador”.

Os indicadores de sustentabilidade são capazes de descrever, de maneira dinâmica, como as diferentes formas de apropriação, uso e manejo de determinado recurso ambiental pode pressionar, quantitativa e qualitativamente, os recursos naturais causando prejuízos am- bientais e sociais. A figura abaixo demonstra o Modelo Pressão, Estado e Resposta (P.E.R.), utilizado na aplicação dos indicadores de sustentabilidade no processo de gestão ambiental.

Figura 10 – Modelo Pressão – Estado – Resposta.

Fonte: FGV (2000).

Na análise dos conflitos sócio-ambientais, ou seja, do rompimento de um possível equilíbrio existente, de uso múltiplo das águas dentre os vários atores sociais, tomaremos de Nascimento e Drummond (2001), citado Theodoro et. all. (2004), os elementos que, segundo os autores, são centrais na análise de um conflito, sendo eles: os atores: indivíduos, grupos, organizações ou Estados que têm identidade própria, reconhecimento social e capacidade de modificar seu contexto, não esquecendo que estes são movidos por interesses, valores e per- cepções que são próprias a cada um; a natureza: os conflitos têm natureza diferente, por isso eles podem ser de natureza econômica, política, ambiental, doméstica, internacional ou psí- quica, entre outras; os objetos: sempre escassos ou vistos como tais, podem ser material ou simbólico, profano ou sagrado, público ou privado, e assim por diante; e as dinâmicas: cada conflito, segundo a natureza, tem uma história própria, uma forma de evoluir, conhecendo períodos mais ou menos intensos, mais ou menos rápido.

Nesse sentido, destaca-se a importância de eficazes instrumentos na gestão dos recur- sos hídricos, que dêem conta de abarcar a realidade de apropriação das águas, além da exis- tência de conflitos de uso entre os usuários e geração de conflitos, emergentes dos processos de apropriação, ou até mesmo do próprio processo de gestão em si.