• Nenhum resultado encontrado

Indicadores do índice de qualidade de vida dos trabalhadores da indústria de

6 INDICADORES E ÍNDICES

6.1 Indicadores do índice de qualidade de vida dos trabalhadores da indústria de

6.1.1 Moradia e saneamento

Em se tratando das condições de moradia, 93,9% dos trabalhadores moravam em casas de alvenaria (a maioria própria) e 6,1% em casas de taipa (a maioria própria). Noventa e nove por cento das residências possuíam energia elétrica e 72,2% recebiam água encanada; o restante, 25,7%, captava água de poço profundo ou cacimba e 2,1%, água de açude. O tratamento que a água recebia se dava por meio de cloração e filtração (96,9%) e 3,1% não realizam nenhum tipo de tratamento na água.

Os dejetos eram destinados para fossa séptica (87,6%), rede de esgoto (9,3%), fossa negra (2,1%) e jogado a céu aberto (1%).

96

Os indicadores de moradia e acesso ao serviço de saneamento básico possibilitam aos trabalhadores menores níveis de incidência de doenças, sobretudo, aquelas veiculadas pela água; desta maneira, favorecem melhores condições de vida.

6.1.2 Econômico

Renda

A renda dos trabalhadores era, em geral, proveniente da indústria cerâmica. Com efeito, 93% dos entrevistados tinham o emprego na indústria de cerâmica como sua única fonte de renda; 7%, além da indústria, trabalhavam no comércio, em outros tipos de indústrias e com vendas e informática; eram funcionários públicos e faziam bicos (consertos elétricos, hidráulicos; construção civil). A renda das famílias dos trabalhadores variava de R$ 545,00 (um salário mínimo) a R$ 3.000,00. Este último representa 1% das famílias.

Dos entrevistados, 100% consideraram o setor cerâmico responsável por ensejar emprego e renda para as comunidades.

Acesso a bens duráveis

As atividades da indústria cerâmica proporcionaram aumento no poder de compra dos seus trabalhadores, representado pelos bens duráveis adquiridos após inserção nesse setor industrial.

O emprego favoreceu às pessoas maiores possibilidades de adquirir, dentre outras coisas, bens duráveis e não duráveis. Além do emprego, no entanto, a aquisição dos bens representados na tabela 4, pode estar relacionada à facilidade do crediário (parcelamento de compras).

Tabela 4 – Distribuição relativa dos trabalhadores, segundo a posse de bens duráveis adquiridos após ingresso na indústria cerâmica de Crato-CE (2010)

Bens adquiridos Distribuição relativa dos trabalhadores Televisor 54 Telefone celular 54 Geladeira 49 Fogão a gás 51 Aparelho de DVD 52 Aparelho de som 48 Liquidificador 45 Bicicleta 39 Rádio 34 Moto ou carro 28

97

A maioria dos bens duráveis adquiridos após ingresso na indústria cerâmica é representada por eletrodomésticos e equipamentos eletrônicos. O televisor aparece como um dos dois bens mais possuídos, o que reforça ser este equipamento a principal fonte de lazer dos trabalhadores.

6.1.3 Lazer

As atividades consideradas por 41,2% dos trabalhadores como de lazer oferecidas pelos empresários foram: confraternização natalina, passeio para o SESI (no dia do trabalhador) e copa e torneio de futebol - o último ocorre com frequência.

Os momentos de lazer coletivos favorecem a aproximação e convivência entre as pessoas, além de prevenir e/ou diminuir a fadiga e o estresse, muitas vezes, decorrentes da sobrecarga de trabalho. A promoção da saúde vai além de um estilo de vida saudável, ela segue na busca de um bem-estar global, individual e coletivo. O paradigma da saúde como qualidade de vida requer uma ação abrangente, que extrapola o setor saúde como único responsável (HARADA et al.,[?]).

Quanto à principal fonte de lazer pessoal, 28% dos entrevistados indicaram a televisão como seu principal lazer; 19% utilizam o tempo de lazer ouvindo música, 18% passeando, 14% jogando bola, 14% frequentando balneários e 7% em festas.

6.1.4 Saúde

Considerando as informações da investigação de campo, as doenças mais frequentes entre os trabalhadores das cerâmicas em Crato estão relacionadas ao aparelho respiratório, ocorrendo a 50% (rinite, sinusite, alergia respiratória e pneumonia). Em seguida a enxaqueca, com 27% e alergia de pele com 23%.

Verificou-se que 39% dos trabalhadores consideraram as causas das doenças ora citadas as atividades cerâmicas, sendo estas a emissão de poeira e fumaça no ambiente de trabalho, a falta do uso de máscara nesse ambiente (embora ofertada pelas empresas), a temperatura dos fornos e o estresse decorrente do trabalho. Segundo 61% dos entrevistados, as demais causas das doenças não tinham relação com a indústria, porquanto relacionadas ao crescimento e variação da temperatura do ambiente natural, ao uso de cigarro, problema na visão, ingestão de alimentos indevidos e ao contato com animais e palha de arroz, que desencadeiam alergias na pele.

98

Portanto, embora a comunidade e os trabalhadores tenham associado as causas das doenças às cerâmicas, se pode perceber que a maioria apontou como causa os fatores alheios às atividades dessa indústria. Com base nas observações in loco, mesmo adotadas as medidas de prevenção da poluição atmosférica, foi possível perceber a existência de poeira nos pátios e galpões das fábricas (inerente a essa atividade) e a falta do uso de máscaras, que segundo as empresas e os empregados são disponibilizados, mas há uma resistência por parte dos trabalhadores em fazer uso. Essa falta de prevenção pode ter levado ao acometimento dessas doenças respiratórias e de pele e, que por algum motivo não foram associadas a essa atividade. Tal fato pode estar vinculado à relação deles com os donos das cerâmicas, com a necessidade de emprego oferecido pela indústria ou ao desconhecimento sobre as patologias decorrentes deste tipo de exposição.

Os trabalhadores relataram não possuir plano de saúde pago pelas empresas, e que, ao se afastarem das atividades por motivo de doença, pelo período de até 15 dias, recebiam da empresa os vencimentos correspondentes aos dias de afastamento. Havendo necessidade de um período superior a 15 dias, os trabalhadores recorriam à Previdência Social, segundo amparado pela Legislação.

6.1.5 Incômodos causados pelas atividades do setor de cerâmica vermelha

Os fatores que causavam incômodos aos trabalhadores entrevistados eram a poeira (27%), a fumaça (26%), a modificação da paisagem natural (21%), que segundo a percepção dos mesmos significa a retirada da cobertura vegetal e do solo que descaracteriza o ambiente; o barulho dos equipamentos das fábricas (15%) e o barulho dos veículos transportadores de matéria-prima e produtos (11%).

Nesse sentido Ganime (1993) ressalta que o ruído industrial existe em todas as indústrias em detrimento do funcionamento de várias máquinas dos mais variados tipos, algumas máquinas principalmente as dotadas de menos tecnologia produzem ruídos excessivos, acima do tolerável. Este tipo de ruído está em conflito com as condições de vida humana e contrapõe- se ao aumento da produtividade do trabalho e qualidade da saúde do trabalhador, ou seja, se o empregado é obrigado a trabalhar em ambientes ruidosos diminui sua produtividade por efeitos psico-fisiológicos, que vão desde a simples irritação até a perda de audição.

99

6.2 Contribuições dos indicadores na composição do índice de qualidade

Documentos relacionados