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Alargamento da história - Codificar quando a criança não conclui a história no momento em que tal seria de esperar, prolongando-a para além do razoável. As crianças com representações de vinculação seguras representam habitualmente sequências claras e coerentes. Codificar também quando a criança integra na história pessoas que não estavam previstas e que não apresentam uma relação coerente com o que é narrado. Nota: É importante avaliar, à partida, se o alargamento da história partiu espontaneamente da criança, ou se foi desencadeado meramente por perguntas adicionais formuladas pelo entrevistador. Neste último caso, este critério não deverá ser cotado. Não codificar alargamento da história também quando a criança relata uma história coerente com muita fantasia, prosseguindo extensamente com a narrativa depois de ter abordado confortavelmente o tema de vinculação, ou quando se pode identificar, claramente, que os materiais disponíveis estimulam a intensidade da dramatização. Podem surgir diferentes formas de alargamento da história:

1. A criança não parece ser capaz de se desprender do tema de vinculação, exagerando, de forma desproporcional, as emoções emergentes. No final da narrativa o seu discurso pode perder-se em banalidades. No entanto, o tema de vinculação continua a ser conservado. (Índice de uma representação de vinculação C)

2. O alargamento da história assume narrativamente um tom evasivo, parecendo ter como objectivo o desviar da atenção do tema de vinculação. O que é narrado já não apresenta uma relação lógica com o começo da história, incluindo antes uma descrição exaustiva de eventos quotidianos e ausência total de emoções relacionadas com a vinculação. (Índice de uma representação de vinculação A)

3. O alargamento da história assume um carácter crescentemente destrutivo. (Índice de uma representação de vinculação D)

Bloqueio emocional / Rigidez - Codificar quando a criança se nega, por completo, a iniciar a narrativa, adoptando uma atitude rígida ou bloqueada, o que sugere que o tema de vinculação poderá estar a activar sentimentos de medo intenso, possivelmente provocados pela recordação de experiências traumáticas. Por exemplo, o olhar fica fixo e estático, podendo a criança dirigir o olhar para a parede durante muito tempo (comportamento semelhante ao “freezing” das crianças pequenas perante situações desconhecidas). Isto, também ocorrer em determinados momentos da história. Nota: Esta situação deverá ser diferenciada de uma evitação extrema (i.e. a criança não sabe o que fazer, ou nega-se intencionalmente a participar na tarefa), uma vez que não se trata de um evitamento intencional e controlado do tema de vinculação, mas sim de uma situação momentânea de desmoronamento do sistema defensivo, podendo, em casos extremos, a criança entrar por breves instantes, inclusivamente, num estado dissociativo. (Índice de representação de vinculação D)

Cólera / Reprovação das pessoas responsáveis pela educação - Codificar quando as pessoas responsáveis pela educação (pais ou vizinha) se aborrecem seriamente com a figura protagonista, ou quando a repreendem verbalmente, de forma inusitada, de alguma maneira.

Cólera da criança - Codificar quando a figura protagonista demonstra, de forma verbal, zanga intensa, revoltando-se contra os pais ou outras personagens. Não codificar quando a figura da criança é fisicamente agressiva. Esta situação codifica-se, em função da gravidade, como Evento Negativo ou Evento Fortemente Negativo.

Contradição - Codificar em casos de contradição no decurso lógico da história, isto é, quando a criança ao longo da história formula duas descrições/explicações, ou acções, contraditórias. (e.g., Foi

servido outro sumo ao João; mais tarde, já não foi servido mais sumo ao João; A figura protagonista diz que lhe dói o joelho, mas, no entanto, é também dito que esta está bem; Levam a Susana a casa, no entanto, a família está no parque a pular.) Codificar, também, quando a criança dá como resposta a

uma mesma pergunta duas versões diferentes do desenvolvimento da história. Neste caso, é importante confirmar que a criança não está consciente das diferentes versões que está a relatar. (Índice de representação de vinculação C). Nota: Não codificar quando a criança diz: “Não, foi de outra

maneira” mudando conscientemente de decisão e apresentando um novo desenlace para a história.

Evento incoerente inapropriado - Codificar quando partes da história incluem um conteúdo estranho, inapropriado e/ou atípico, que não parece ter uma relação lógica com o contexto geral da história. Estes conteúdos aparecem de forma brusca e imprevista, podendo dizer respeito a sequências muito breves (e.g., não se podem recolher os copos da mesa porque estão colados; O João esticou o

cabelo e disfarçou-se de menina) (Índice de uma representação de vinculação D). Muitas vezes, nestes

casos, abordam-se temas de doença ou morte, o que se codifica, adicionalmente, como Evento Negativo (e.g., Os meninos queimam a avó e a polícia que a queria ajudar. Depois, ambos são

devorados.) (Índice de representação de uma vinculação D)

Eventos Negativos: codificar quando a história inclui situações irresolutas de perigo, violência, doença ou morte. Nota: Não codificar como evento negativo se, depois de um evento negativo sem consequências fatais, se encontra uma solução construtiva para esse evento e se a solução foi fornecida por um dos adultos. No final, a família volta a estar reunida numa situação de segurança. Este tipo de histórias rege-se segundo o esquema de perigo/solução/salvação e remetem para representações de vinculação segura. (e.g., A casa arde depois da separação dos pais, mas o incêndio é circunscrito.

Ninguém fica ferido e a avó, os pais e a criança vão morar numa casa nova). O evento negativo

classifica-se em função da intensidade: Evento negativo - Agressão leve, perigos quotidianos, acidentes sem consequências graves, ameaça. (Exemplo – O pai do João dá-lhe uma bofetada. A

Susana cai e faz um galo na cabeça. O carro afunda-se, mas os pais não estão lá dentro.) Evento

fortemente negativo - Morte, doença, perigo ou violência fatais. (e.g., O João briga com o pai. O pai

cai da cadeira, morto, porque a cerveja estava envenenada; A mãe foi atropelada.).

Evitamento acentuado / Palavras evasivas - Codificar quando a criança evita falar sobre temas relacionados com a vinculação, ignorando-os e não respondendo às perguntas específicas que o investigador faz sobre estes mesmos temas. Nestes casos, as respostas típicas são “não sei”, podendo a criança mover os ombros demonstrando indiferença, mudar de assunto, ou, simplesmente, ignorar as perguntas. Codificar, também, quando os sentimentos negativos são negados activamente (e.g., quando na história da partida, lhe é perguntado como é que a figura protagonista se sente quando os pais se vão embora, a criança responde: “Já se esqueceu”, ou “É-lhe indiferente”.

Linguagem inapropriada, pouco clara - Codificar quando a criança, no decorrer da narrativa, adopta uma linguagem inapropriada. Pode tratar-se de um discurso “abebezado”, de maneirismos verbais, ou da inclusão de expressões absurdas. Também se codifica quando a criança, de uma forma exagerada, inicia reiteradamente o seu discurso com sons estereotipados, como uuuiii, ohooo, ou inclui neste frases excessivamente exclamativas (e.g.: “Ohhhh, gosto tanto de ti”).

Maximização - Codificar quando a criança acentua, dramatizando excessivamente, o tema de vinculação e as emoções a este associadas, sendo reforçados aspectos negativos. Esta estratégia possivelmente constitui uma tentativa da criança para receber mais atenção e carinho, indiciando vivências internas de desamparo e de vulnerabilidade. Pode manifestar-se em cada uma das histórias de diferentes maneiras.

Sumo Entornado: O sumo é derramado várias vezes; ou é derramado por várias pessoas. Joelho Magoado: A ferida no joelho agrava-se de forma desproporcionada ao longo da narrativa ou alastra-se a outras partes do corpo; ou o processo de cura mostra-se excessivamente complicado. Neste caso é indiferente se, no final da história, a ferida está curada por completo ou não. Codificar, também, se outros membros da família se ferem.

Monstro no quarto: Surgem vários monstros, ou o monstro reaparece (possivelmente adoptando outra forma).

Partida: quando os pais se vão embora, a figura protagonista zanga-se de forma desproporcionada e não se deixa tranquilizar. (Índice de representação de vinculação C)

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