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5.1 Os resíduos de Saúde e seu gerenciamento

5.1.5 Indicadores do plano de gerenciamento

Os indicadores são instrumentos utilizados para avaliar e controlar os resultados alcançados por meio de ações previstas no Plano da instituição. Segundo o PGRSS do HUSM, a avaliação deve ser contínua, possibilitando a análise crítica do processo e a tomada de decisões (HUSM, 2013b). A RDC n˚ 306/04 corrobora afirmando que os indicadores devem ser produzidos no momento da implantação do PGRSS e posteriormente com frequência anual. O HUSM possui os seguintes indicadores:

a) Acidentes com perfurocortante: Relacionado a acidentes de trabalho analisando

relatórios e documentos do SHL do HUSM se infere uma redução significativa no número de acidentes com perfurocortante após a implantação do PGRSS, que em 2009, ano em que foi implantado o PGRSS era de 12% pelos funcionários terceirizados e 1,6% pelos servidores e alunos. Em 2011 esses valores baixaram para 4,6% entre os trabalhadores terceirizados e 0,4% entre servidores e alunos. Esses dados comprovam a relevância do PGRSS. Entretanto, esse número vem aumentando e um dado que merece destaque é que a maioria dos acidentes com perfurocortante acontece com funcionários da lavanderia e limpeza do hospital, sugerindo assim um possível descuido dos profissionais da enfermagem em relação à segregação dos RSS, comprovado através de uma auditoria realizada pelo SHL no início do ano de 2013. Segundo informações encaminhadas às unidades do HUSM, entre os meses de setembro a outubro do ano de 2012, ocorreram 07 acidentes de trabalho com material perfurocortante segregado inadequadamente nos diversos setores do hospital. Desses trabalhadores, 04 necessitaram o uso de

medicação (antirretrovirais) e posteriormente poderão acarretar em possíveis processos judiciais envolvendo o nome da Instituição (HUSM, 2013b).

Dados do PGRSS do ano de 2013 demonstram que entre os 253 servidores da instituição, ocorreram 07 acidentes com perfurocortante, uma taxa de 2,76%. Já entre os 529 colaboradores terceirizados foram 17 acidentes, taxa de 3,21%. Entretanto, analisando a taxa de acidentes considerando apenas a equipe de 180 pessoas do SHL, encontram-se 9,44% dos acidentes notificados (HUSM, 2013b). O HUSM segue as recomendações da NR 32 em relação à coleta de resíduo perfurocortante. Segundo a NR 32 os trabalhadores que utilizarem objetos perfurocortante devem ser os responsáveis pelo seu descarte (BRASIL, 2005a). Por outro lado, essa mesma norma refere que a responsabilidade é solidária entre contratante e contratado quanto ao cumprimento da mesma e que a conscientização e colaboração de todos são fatores importantes para prevenção de acidentes na área da saúde. Uma medida importante e com embasamento na NR 32 adotada pelo hospital são as licitações de compras dos materiais perfurocortantes como agulhas e abocath possuindo um mecanismo de proteção da parte perfurocortante, visando minimizar o risco de acidentes, e possibilitando também a separação entre agulha e seringa após a utilização, colaborando no processo de segregação adequada dos RSS. No entanto, algumas vezes a falta de treinamento adequado dos profissionais da enfermagem sobre o manuseio do material diferenciado pode causar acidentes. Cabe ressaltar que a segurança das atividades laborais dos enfermeiros e funcionários também é afetada pela qualidade do processo de segregação, e só será plena com o comprometimento em conjunto das chefias e dos trabalhadores da instituição, ou seja, com a responsabilização de todos os envolvidos no ambiente de trabalho.

A responsável pelo SHL esclarece que ao ocorrer o acidente, o trabalhador necessita atendimento imediato, realização de exames de sangue e algumas vezes, quando a fonte é desconhecida, é necessário o uso de medicação (antirretrovirais), medicação esta que normalmente gera desconforto (efeitos colaterais). Nesse sentido, destaca-se que o acidente afeta a parte física e emocional do trabalhador, pois gera uma incerteza quanto à possibilidade de uma contaminação, que poderá afetar sua vida profissional e pessoal. Diante desse cenário:

O colaborador se sente desvalorizado porque entende que com a segregação inadequada não existe a preocupação com sua segurança durante suas atividades laborais. Uma consciência de segurança é o comprometimento em conjunto, de ambas as chefias e dos trabalhadores da instituição e dos terceirizados. Uma consciência de segurança é responsabilidade de todos envolvidos no ambiente de trabalho. (HUSM, 2013c, p. 3).

Diante desse contexto apresentado é imprescindível que ações de sensibilização e educação sejam oferecidas a todas as pessoas que direta ou indiretamente estejam envolvidas nesse processo, incluindo os gestores e demais profissionais.

b) Pesagens dos resíduos: A realização da pesagem dos RSS é uma ação importante

para a gestão do processo. Por meio dela obtém-se a quantidade total de RSS e ainda realiza-se a quantificação diária dos resíduos de acordo com o grupo ao qual pertencem sendo assim um importante indicador para a elaboração de ações educativas, e outras pertinentes. Segundo a responsável pelo gerenciamento dos RSS do HUSM antes da existência do plano as pesagens eram realizadas a cada três meses, sendo repetidas durante três dias. Com a implantação do plano as mesmas passaram a ocorrer mensalmente e a partir do ano de 2012, diariamente. Além disso, encontra-se em processo de elaboração na instituição um projeto para que as pesagens sejam realizadas identificando cada setor específico do hospital. Analisando dados das pesagens de RSS do HUSM denota-se que a quantidade de RSS é significativa. No ano de 2013, o total dos RSS pesados no hospital foi de 453.923,4 kg. Desse número os RSS classificados como comuns foi de 203.745 kg, e como resíduo infectante 117.211,9 kg (HUSM, 2013b). Nesse sentido, considera- se que a implantação de um programa de educação continuada e práticas de segregação adequada dos resíduos pela enfermagem são cruciais para a redução dos resíduos classificados como infectantes, minimizando assim os custos com tratamento. Na Tabela 1 estão apresentados os resultados das pesagens, demonstrando que a média total de resíduos gerados por paciente diariamente no HUSM corresponde a 4,27 kg.

Tabela 1 – Resíduos gerados por paciente diariamente

Resíduos Comum Infectante Reciclável Papelão Perfurocortante Químico Sobras

alimentares

Kg/unidade

pcte/dia 1,92 1,10 0,36 0,25 0,09 0,09 0,44

Fonte: HUSM (2013b).