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4.2 Índice avaliação do gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos (IGU)

4.2.1 Composição do IGU

4.2.1.1 Indicadores a serem utilizados no IGU

Com base na revisão bibliográfica, definiram-se os indicadores utilizados nesta pesquisa, priorizando aqueles que oferecem uma resposta significativa em relação ao alcance ou não de mudanças obtidas com a implantação dos programas no município e com a população local.

Dessa forma, os indicadores escolhidos buscam traduzir a realidade, o mais próximo possível; contribuir para orientar novas ações, identificar possíveis distorções das políticas públicas e, por fim de servir de instrumento para a tomada de decisões.

Todovia, há que se reconhecer as limitações impostas a uma avaliação totalizante da gerenciamento dos RSU, às vezes, pela falta de um conjunto necessário de informações, ou ainda, pela dificuldade em estabelecer variáveis que incorporem a lógica política, cujos fatores interferem muitas vezes na consecução de melhores resultados avaliativos (VIEIRA, 2006).

A definição iniciou-se a partir da relação de indicadores apresentadas pelo SNIS (2011). Esta relação apresenta 6 (seis) grupos (aqui chamados de indicadores). São eles: Indicadores Gerais; Indicadores sobre Coleta de: Resíduos Sólidos Domiciliares (RDO) e Resíduos Sólidos Públicos (RPU); Indicadores sobre Coleta Seletiva e Triagem; Indicadores sobre Coleta de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde; Indicadores sobre Serviços de Varrição; Indicadores sobre Serviços de Capina e Roçada.

Em função de diversas dificuldades para retratar o gerenciamento de resíduos sólidos urbanos e por delinear o serviço de limpeza pública nos municipios brasileiros, optou-se por trabalhar apenas com o indicador de serviço de coleta de: resíduos sólidos domiciliares (RDO) e resíduos sólidos públicos (RPU); indicador de serviços de varrição; indicador de serviços de capina e roçada (SNIS, 2011). Associado a estes, agregou-se o indicador de planejamento de limpeza.

Dessa forma, selecionaram-se os indicadores para compor o Índice de Avaliação do Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (IGU).

O indicador de Serviço de Coleta, apresentado na Tabela 8, é formado por 9 (nove) subindicadores, selecionados a partir dos 15 indicadores elencados pelo SNIS 2011. Estes retratam de forma geral, os seguintes aspectos:

1. A cobertura do serviço de coleta de RDO em relação a população total e em relação a população urbana; De acordo com a Abrelpe (2013), os índices indicam um aumento crescente na cobertura do serviço de coleta. Sobressaindo a cobertura da zona urbana sobre a zona rural.

2. Número de empregados envolvidos na coleta: produtividade média dos empregados e taxa de empregados em relação a população urbana. A Funasa

(2006) relata que para coletar 16 m³ são necessário três garis em um período de quatro horas. Estimando-se a relação de 4,30 a 6,8 casa/minuto/gari, com velocidade média de coleta de 6,5 km/h.

3. Custo do serviço de coleta: custo unitário para coleta de resíduos (RDO+RPU) e a incidência de serviço de coleta em relação ao manejo de RSU, estabelece a relação econômica para a prestação desse serviço ao município. Segundo a Funasa (2006), o custo com a coleta de RSU está entre U$ 15 a 45 por tonelada, o que corresponde a aproximadamente, de R$ 38 a 113 por tonelada, tomando como base julho de 2014. Quantidade de resíduos coletados: relação entre RPU e RDO e, a relação da soma (RDO+RPU) em função da população atendida. Esse controle se faz necessário a fim de caracterizar os resíduos sólidos do município.

Tabela 8 - Subindicadores que compõem o Subíndice de Serviço de Coleta (SSC)

Itens Código Indicadores do Subíndice de Serviço de Coleta (ISC) Fórmulas Unidade

01 SSC-01 Taxa de cobertura do serviço de coleta de RDO em relação à população total (urbana + rural) do municipio População total atendida declarada x 100/ população total do município % 02 SSC-02 Taxa de cobertura do serviço de coleta de RDO em relação à população urbana do município População total atendida declarada x 100/ população urbana %

03 SSC-03

Produtividade média dos empregados (coletadores + motoristas) envolvidos na coleta de (RDO+RPU)

em relação à massa coletada

Quantidade de resíduos (RDO + RPU) coletado x 1000 /quantidade total de empregados envolvidos na coleta (coletadores + motorista) x quantidade de dias úteis (= 313)

Kg/empreg/dia

04 SSC-04 Taxa de empregados (coletadores + motoristas) envolvidos na coleta de (RDO + RPU) em relação à população urbana Quantidade total de empregados (coletadores + motoristas) envolvidos na coleta x 1000 / população urbana empreg/1000 hab

05 SSC-05 Massa de RDO coletada per capita em relação à população atendida com serviço de coleta

Quantidade de RDO coletada por

(prefeitura, emp. contrat, coop./assoc. catadores) x 1000/ população total atendida declarada x 365

Kg/hab/dia

06 SSC-06 Custo unitário médio do serviço de coleta de resíduos (RDO + RPU) coletada por (prefeitura, emp. contrat, coop./assoc. catadores) Despesa total da prefeitura com serviço de coleta/ quantidade R$/ton 07 SSC-07 Incidência do custo do serviço de coleta (RDO + RPU) no custo total do manejo de RSU Despesa total da prefeitura com serviço de coleta x 100/despesa total da prefeitura com manejo de RSU %

08 SSC-08 Taxa da quantidade total coletada de RPU em relação à quantidade total coletada de RDO

Quantidade de RPU coletada por (prefeitura, emp. contrat, coop./assoc. catadores) x 100/ quantidade de RDO coletada por

(prefeitura, emp. contrat, coop./assoc. catadores)

%

09 SSC-09

Massa de resíduos (RDO+RPU) coletada per capita em relação à população total (urbana e rural) atendida (declarada) pelo serviço

de coleta

Quantidade de resíduos (RDO + RPU) coletado x 1000/ população total atendida declarada x 365

Kg/hab/dia

Fonte: Autor (2014). .

da compilação de 6 (seis) subindicadores. Esses subindicadores foram selecionados, a partir de um conjunto de 8 itens (SNIS, 2011). Estes se referem ao:

1. Número de empregados envolvidos nesse serviço: taxa de terceirização, produtividade média dos varredores, taxa de varredores em relação a população urbana e taxa de terceirização da extensão varrida;

2. Custo do serviço de varrição: custo unitário para esse serviço e a incidência de serviço de varrição em relação ao manejo de RSU;

Conforme a Tabela 10, o indicador de Serviço de Capina e Roçada é formado por 3 (três) subindicadores. Foram enfatizados os seguintes aspectos:

1. A taxa de capinadores em relação a população urbana: estabelece a relação de empregados envolvidos no serviço de capina e roçada. Esse subindicador é apresentado no SNIS (2011).

2. Taxa de terceirização de capinadores: aponta em percentual de capinadores contratados para a realização do serviço de capina e roçada. Não é relacionada no SNIS (2011).

3. A produtividade média dos capinadores: indica a extensão capinada em função do número de capinadores atuando em dias úteis. De acordo com a Funasa (2006), a média da capinação manual é 1500 m2/homem/dia, enquanto que a média de roçagem manual é de 200 m2/homem/dia. Esse indicador é uma ferramenta importante no gerenciamento do serviço de capina e roçada. Impactando de maneira positiva ou negativa no serviço de limpeza urbana de um município. Entretanto, o SNIS não apresenta esse requisito em seu sistema.

Tabela 9 - Subindicadores que compõem o Subíndice de Serviço de Varrição (SSV)

Itens Código Indicadores de Serviço de Varrição (ISV) Fórmulas Unidade

10 SSV-01 Taxa de terceirização dos varredores quantidade de varredores de empresas contratadas Quantidade total de varredores x 100/ % 11 SSV-02 Taxa de terceirização da extensão varrida Extensão de sarjeta varrida por empresas contratadas x 100/ extensão total de sarjeta varrida % 12 SSV-03 Custo unitário médio do serviço de varrição (prefeitura e empresas contratadas) Despesa total da prefeitura com serviço de varrição/ extensão total de sarjeta varrida R$/Km 13 SSV-04 Produtividade média dos varredores (prefeitura e empresas contratadas) Extensão total de sarjeta varrida/quantidade total de varredores × quantidade de dias úteis por ano (= 313) Km/empreg/dia 14 SSV-05 Taxa de varredores em relação à população urbana Quantidade total de varredores x 1000/ população urbana empreg/1000hab 15 SSV-06 Incidência do custo do serviço de varrição no custo total com manejo de RSU Despesa total da prefeitura com serviço de varrição x 100/ despesa total da prefeitura com manejo de RSU %

Fonte: Autor (2014).

Tabela 10 - Subindicadores que compõem o Subíndice de Serviço de Capina e Roçada (SSCR)

Itens Código Indicadores de Serviço de Capina e Roçada (ISCR) Fórmulas Unidade

16 SSCR-01 Taxa de capinadores em relação à população urbana Quantidade total de capinadores X 1000/ população urbana Empreg/1000hab 17 SSCR-02 Taxa de terceirização da extensão capinada Extensão de sarjeta capinada por empresas contratadas x 100/ extensão total de sarjeta capinada %

18 SSCR-03 Produtividade média dos capinadores (prefeitura e empresas contratadas)

Extensão total de sarjeta capinada/

quantidade total de capinadores × quantidade de dias úteis por ano (= 313)

Km/empreg./dia

Fonte: Autor (2014).

Por fim, a Tabela 11 apresenta o indicador de Planejamento de Limpeza. O SNIS (2011) e a ABRELPE (2011) não fazem menção sobre a proposição desse indicador. Entretanto, Dantas (2008) enfatiza a necessidade de um sistema de planejamento de limpeza, com a utilização de pesos. São eles:

1- Planejamento de serviço de coleta

É muito difícil realizar a coleta de resíduos sem a realização de um planejamento eficaz. Questões de logística são prioritárias para serem incluídas no planejamento da coleta, pois os custos podem se elevar enormemente em sistemas mal planejados. Em municípios de pequeno porte, onde a coleta pode ser dividida em uma ou duas equipes que cobrem toda a área urbana, exige um planejamento de poucas horas; mas já em cidades de médio porte, um planejamento bem detalhado é condição prioritária para a boa execução dos serviços. Isso inclui o horário que os caminhões de coleta vão passar no logradouro para que os cidadãos possam dispor seus resíduos antes da equipe de coleta passar. Se forem deixados na rua, por motivos de antecipação do horário do caminhão, os resíduos podem ficar vulneráveis e expostos aos animais que os espalham pelo local.

2- Planejamento de serviço de varrição

Um dos principais componentes do sistema de limpeza pública é a varrição. Para que se tenha um aspecto visual limpo e agradável, deve haver eficiência neste serviço e o planejamento desta atividade deve estar dentro da capacidade de cada gari e este subitem está muito ligado ao controle e fiscalização do sistema. Em municípios pequenos, a varrição, normalmente é diária em cada logradouro, e os varredores varrem diariamente os mesmos locais. Sendo mais necessário fiscalizar do que planejar nestes municípios; no entanto, em municípios de médio porte essa função deve ser bem planejada e existem indicadores de produtividade diária de cada gari, expressada em km/h, e isto se implanta para que se possa cobrar quando a qualidade do serviço cai.

3- Planejamento de serviço de capina e roçada

O planejamento de capina e roçada está muito ligado ao porte do município e este fator deve ser levado em consideração. A poda de árvores, por exemplo, necessita de um planejamento eficaz, pois os municípios diferem nos tipos

de espécies plantadas nos logradouros públicos, praças e jardins. Existem espécies que, em certas épocas do ano, deixam grande sujeira pela queda de suas folhagens e isto precisa estar interligado com o planejamento da varrição, pois, com certeza, mais tempo será necessário para a limpeza desses logradouros, nessas épocas. Nas cidades de grande porte é necessário a organização de um roteiro para capina, poda e roçada, pois enquanto as equipes vão realizando os serviços em uma direção, a grama e mato já estão crescendo onde foram cortados.

4- Ações de Educação Ambiental

As ações de educação ambiental para os problemas do lixo urbano são fundamentais para a manutenção de uma cidade limpa. Os funcionários podem se esmerar ao máximo para realizar eficientemente suas tarefas, mas se a população for mal educada, será um trabalho em vão, pois é varrer e coletar e a população sujar. Existe também uma grande necessidade destes programas quando é implantada a coleta seletiva, pois a população precisa entender o porquê da separação dos materiais na fonte de geração do resíduo. Se as pessoas não entendem e apoiam, os programas não dão bons resultados. Muitas prefeituras querem realizar este tipo de programa ambiental somente nas escolas públicas e isso é considerado uma implantação parcial.

5- Controle de reclamações e sugestões

Este subindicador avalia se a Prefeitura ou empresa responsável pelos serviços de limpeza tem uma ouvidoria e controla as não conformidades do Sistema. Esta é uma peça fundamental para a introdução de melhorias e para o planejamento de ações corretivas no Sistema.

6- Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos:

Tem por objetivo dotar as prefeituras dos municípios, de instrumentos legais, técnicos e gerenciais necessários para a implementação e manutenção de um adequado sistema de resíduos sólidos, abrangendo o planejamento, a implantação, o licenciamento ambiental, a operação e o monitoramento de unidades de processamento e/ou destinação final de RSU que atendam às necessidades dos referidos municípios.

Esse tipo de planejamento é uma exigência da PNRS. A partir disso podem se tornar cabíveis sanções para os municípios, pois, ao declararem que a gestão será executada de uma forma, devem cumprir com o que estão propondo. A existência do plano de gestão se deve à importância dada a este subindicador na implementação de um sistema de gerenciamento de resíduos, pois como ele deve ser refeito periodicamente, ele permite a inclusão periódica de novos objetivos e metas para melhoria contínua do Sistema.

Tabela 11 - Subindicadores que compõem o Subíndice de Planejamento de Limpeza (SPL)

Itens Código Indicadores de Planejamento de Limpeza (IPL) Frêquencia

19 SPL-01 Planejamento de coleta regular: Não Existe, Existe

20 SPL-02 Planejamento da capina, roçada e poda; Não Existe, Existe

21 SPL-03 Planejamento da varrição de logadrouros Nenhuma, 2x/semana, 3x/semana, diariamente 22 SPL-04 Programa de Educação Ambiental Nenhum, 2 eventos, 3 ou mais eventos mensais

23 SPL-05 Controle de reclamação e sugestão Não Existe, Existe

24 SPL-06 Plano de Gestão Integrada de Resíduos Não Existe, Existe

Fonte: Autor (2014).

Na verdade, o indicador é apenas um instrumento utilizado para mensuração da realidade. Ele deve dar conta, de forma sintética, de um conjunto de informações complexas, e não tem o objetivo de, por si só, fazer previsões. A busca das causas, consequências e possíveis previsões são um exercício de abstração do observador, de acordo com sua bagagem de conhecimento e sua visão de mundo (VIEIRA, 2006; MARZALL, ALMEIDA, 1999).

Uma fantasia criada em torno dos indicadores tendem a atribuir-lhes um valor de verdade indiscutível, ao passo que, na realidade, o indicador é um instrumento de auxílio ao pesquisador e não de medida estatística definitiva.

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