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Modelo para avaliação e apoio ao plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos municipais baseado em indicadores ambientais

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO EM ENGENHARIA HIDRÁULICA E AMBIENTAL CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL

ANA KARINE PORTELA VASCONCELOS

MODELO PARA AVALIAÇÃO E APOIO AO PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS MUNICIPAIS BASEADO EM

INDICADORES AMBIENTAIS

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ANA KARINE PORTELA VASCONCELOS

MODELO PARA AVALIAÇÃO E APOIO AO PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS MUNICIPAIS BASEADO EM

INDICADORES AMBIENTAIS

Tese submetida à Coordenação do Curso de Pós-graduação em Engenharia Civil, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia Civil.

Área de Concentração: Saneamento Ambiental

Orientadora: Profa. Dra. Marisete Dantas de Aquino

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3 ANA KARINE PORTELA VASCONCELOS

MODELO PARA AVALIAÇÃO E APOIO AO PLANO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS MUNICIPAIS BASEADO EM

INDICADORES AMBIENTAIS

Tese submetida como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Doutor em Engenharia Civil, Área de Concentração: Saneamento Ambiental, outorgado pela Universidade Federal do Ceará, e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca Central da referida Universidade. A citação de qualquer trecho desta tese é permitida, desde que seja feita conforme as normas da ética científica.

Aprovada em 29/09/2014.

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Profa. Dra. Marisete Dantas de Aquino

Orientadora, Universidade Federal do Ceará (UFC)

___________________________________________ Prof. Dr. Francisco Suetônio Bastos Mota

Universidade Federal do Ceará (UFC)

___________________________________________ Prof. Dr. George Satander Sá Freire

Universidade Federal do Ceará (UFC)

___________________________________________ Prof. Dr. Rinaldo dos Santos Araújo

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE)

________________________________________ Profa. Dra. Glória Maria Marinho Silva

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4

Aos meus pais, José e Rita Decelis, sementes de tudo em minha vida.

Ao meu filho João Gabriel que mesmo antes do seu nascimento foi o maior incentivador para o fechamento desse círculo.

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5 AGRADECIMENTOS

À Deus, pelo dom da vida, pela oportunidade de pertencer a uma família sólida e pela convivência prazerosa com os poucos e verdadeiros amigos.

Aos meus queridos pais, José e Rita Decelis Portela Vasconcelos, pelo incentivo e contribuição não só para a realização deste trabalho, mas também, para todos os meus sonhos e decisões. Agradeço e retribuo principalmente o amor incondicional.

À minha irmã, Suzete Portela, pelo apoio, zelo e amor, direcionado a mim na reta final desse curso. Meu muito obrigada

Ao meu irmão, Neto Portela, por sua amizade e amor. Meu muito obrigada. Ao meu carinhoso marido Eduardo Valente, pelo seu amor, por seu bom humor, pelas noites em claro me fazendo companhia, por sua paciência, incentivo constante e, por fim, sua imensa colaboração na execução desse trabalho. Meu muito obrigada ‘meu amor’.

À Professora Marisete de Aquino Dantas, pela sua disponibilidade e atenção, como professora e amiga, pelo incentivo e cobranças, pelo zelo e confiança depositada em mim e pela oportunidade de viabilizar esta tese. Só tenho a agradecer e admirar!

Ao Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental (DEHA) e aos professores da pós-graduação pelos auxílios prestados.

A Shirley e Erivelton pela atenção e pelo pronto atendimento.

Aos colegas do curso de doutorado pelo aprendizado e convivência.

A Adriana Guimarães por suas palavras e atos de incentivo nos momentos que mais precisei.

A Heloisa Cordeiro, por sua disponibilidade em sempre ajudar.

Ao Prof. Humberto Jr. pela valorosa contribuição no decorrer deste trabalho. A Marla Maria e Shayane Moura pela amizade gerada ao longo desse anos mesmo a distância.

Ao IF Sertão Pernambucano, Campus Ouricuri e ao IFCE, Campus Camocim

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6 Aos professores membros das bancas de qualificação e de defesa pela disposição em corrigir este trabalho, e que o enriqueceram com suas sugestões.

Ao CNPq pela concessão de bolsa de estudo, sem a qual não teria sido possível realizar esta pesquisa.

Aos amigos de sempre: Adriana Pereira, Alberto Saraiva, Alessandra Bastos, Mário Paz, Kamilla Barreto, Rubens Moreira, Marcelo Lima, Marta Rocha e Tânia Linhares pela presença constante na minha vida.

Às minha tias queridas (Edice Portela, Lúcia Portela e Zélia Portela) pela colaboração, incentivo e orações, ao longo da minha formação.

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“Tudo neste mundo tem seu tempo;

Há um tempo de nascer e tempo de morrer; Há tempo de plantar e tempo de arrancar; Há tempo de derrubar e tempo de construir; Há tempo de ficar triste e tempo de se alegrar; Há tempo de ficar calado e tempo de falar.”

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8

RESUMO

Este trabalho propõe o desenvolvimento de um modelo de avaliação e apoio ao gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos com base em indicadores ambientais, especificamente nas etapas do serviço de coleta, varrição, capina e roçada e no planejamento de limpeza. Como metodologia, utilizou-se uma pesquisa de opinião (Método Delphi) a fim de determinar a importância de cada um dos 24 (vinte e quatro) indicadores selecionados na composição do índice de avaliação do gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos (IGU). A análise estatística aplicada apontou a regressão logística ordinal, do tipo log-log complementar, como modelo matemático mais adequado aos dados obtidos. Para os indicadores presentes na equação geral, adotou-se nível de significância de 5%, e para os subindicadores 20%. Assim, todos os indicadores/subindicadores são estatisticamente significativos. A partir desse índice, desenvolveu-se, utilizando um algoritmo, uma nova ferramenta computacional, o

software de avaliação do gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos

(SMSW), a fim de criar um banco de dados dos sistemas públicos de limpeza urbana para formar a base estatística das informações relatadas. O SMSW é software livre,

desenvolvido em linguagem PHP, o que proporciona a sua divulgação tecnológica. O índice IGU foi simulado para um município de Camocim, Ceará, Brasil, a partir de dados reais. O resultado final indicou um gerenciamento de resíduos sólidos urbanos parcialmente adequado, constituindo-se em uma ferramenta de gestão.

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ABSTRACT

This paper proposes the development of an evaluation model and support the integrated management of municipal solid waste, based on environmental indicators, specifically on the steps of collection, sweeping, weeding and mowing service in planning and cleaning. The methodology used a survey (Delphi method) to determine the importance of each of the 24 (twenty four) selected indicators in the index of evaluation of the integrated management of municipal solid waste (IGU). The applied statistical analysis showed the ordinal logistic regression, the complementary log-log type, as best suited to the data obtained mathematical model. For indicators present in the general equation, we adopted a significance level of 5%, and 20% for the sub. Thus, all indicators / sub-indicators are statistically significant. From this index, developed using an algorithm, a new computational tool, the software evaluation of the integrated management of municipal solid (SMSW) waste in order to create a database of public urban sanitation systems to form statistical basis of the information reported. The SMSW is free software, developed in PHP language, which provides its technological dissemination. The IGU index was simulated for a municipality Camocim, Ceará, Brazil, from real data. The result indicated a partially adequate management of solid waste, thus becoming a management tool.

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10 LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Sistema júridico de RSU no Brasil ... 29

Figura 2- Pirâmide de informações. ... 43

Figura 3 - Ciclo do PDCA ... 54

Figura 4 - Desenvolvimento do Software de Apoio ao Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos ... 67

Figura 5 - Resumo da Análise Estatística Aplicada ... 85

Figura 6 - Boxplot para os Indicadores que compõem o IGU ... 96

Figura 7 - Boxplot da nota para os subindicadores de serviço de coleta ... 97

Figura 8 - Boxplot das notas para os subindicadores de serviço de varrição ... 99

Figura 9 - Boxplot da nota para os subindicadores de serviço de capina e roçada ... 100

Figura 10 - Boxplot da nota para os subindicadores de planejamento de limpeza ... 101

Figura 11 - Distribuição das notas para os Indicadores que compõem o IGU ... 103

Figura 12 - Tela de Abertura (home) do Software de Apoio ao Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos ... 113

Figura 13 - Menu Cadastros ... 114

Figura 14 - Tela de Informações Inicias do Municipio ... 115

Figura 15 - Menu Cadastro / Indicador de Serviço de Coleta / Cadastrar... 115

Figura 16 - Indicador de Serviço de Coleta: sem o cálculo dos subindicadores ... 116

Figura 17 - Indicador de Serviço de Coleta: com os subindicadores calculados ... 117

Figura 18 - Menu Cadastros / Indicador de Serviço de Coleta / Localizar e Alterar ... 118

Figura 19 - Menu Cadastros / Indicador de Serviço de Coleta / Listar dados e Excluir ... 118

Figura 20 - Exemplo de Relatório Analítico ... 119

Figura 21 - Exemplo de Relatório do IGU ... 120

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Histórico da implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos no

Brasil ... 34

Tabela 2 - Vantagens e Desvantagens do Método Delphi ... 59

Tabela 3 - Vantagens e Desvantagens do Boxplot ... 61

Tabela 4 - Vantagens e Desvantagens da Regressão Logística ... 63

Tabela 5 - Escala de Significância ... 69

Tabela 6 - Modelos de Regressão Logística e suas restrições ... 72

Tabela 7 - Valores de referência ... 80

Tabela 8 - Subindicadores que compõem o Subíndice de Serviço de Coleta (SSC) ... 86

Tabela 9 - Subindicadores que compõem o Subíndice de Serviço de Varrição (SSV) ... 88

Tabela 10 - Subindicadores que compõem o Subíndice de Serviço de Capina e Roçada (SSCR) ... 89

Tabela 11 - Subindicadores que compõem o Subíndice de Planejamento de Limpeza (SPL)... 93

Tabela 12 - Estatística descritiva da nota para os Indicadores ... 95

Tabela 13 - Estatística descritiva das notas para os subindicadores serviço de coleta ... 96

Tabela 14 - Estatística descritiva das notas para os subindicadores do serviço de varrição ... 98

Tabela 15 - Estatística Descritiva das Notas para os Subindicadores do Serviço de Capina e Roçada ... 99

Tabela 16 - Estatística descritiva das notas para os subindicadores de planejamento de limpeza ... 101

Tabela 17 - Adequação do modelo ... 103

Tabela 18 - Estimativas dos Indicadores que compõem o IGU ... 104

Tabela 19 - Adequação dos Indicadores ao modelo ... 104

Tabela 20 - Estimativas para o ISC ... 106

Tabela 21 - Estimativas para o ISV... 107

Tabela 22 - Estimativas para o ISCR ... 108

Tabela 23 - Estimativas para o IPL ... 109

Tabela 24 - Entrada de dados para a simulação do IGU no município de Camocim. ... 110

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LISTA DEABREVIATURAS E SIGLAS

ABRELPE Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

CI Comitê Interministerial

CDS Comissão de Desenvolvimento Sustentável CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CPU Unidade Central de Processamento

CSS Cascading Style Sheets

IDA Índice de Desenvolvimento Ambiental IDH Índice de Desenvolvimento Humano

IGU Índice de Avaliação de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos ISC Indicador de Serviço de Coleta

ISV Indicador de Serviço de Varrição

ISCR Indicador de Serviço de Capina e Roçada IPECE Instituto de Planejamento do Ceará

IPL Indicador de Planejamento de Limpeza GT Grupo de Trabalho

HTML HyperText Markup Language

MS-DOS MicroSoft Disk Operating System

MMA Ministério do Meio Ambiente NSA Núcleo de Saneamento Ambiental

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico ONU Organização das Nações Unidas

Plansab Plano de Saneamento Básico PCP Política de Consórcios Públicos PDCA Plan, Do, Check, Action

PHP Personal Home Page

PL Projeto de Lei

PGIRS Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos PNMC Plano Nacional de Mudanças do Clima

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PPCS Plano de Produção de Consumo Sustentável PSB Plano de Saneamento Básico

R Programa Estatístico RSU Resíduos Sólidos Urbanos RDO Resíduos Domésticos RPU Resíduos Públicos SI Sistema de Informação

SIA Sistema de Informações Ambientais

SMSW System Integrated Management of Municipal Solid Waste

SNIS Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento SNSA Sistema Nacional de Saneamento Ambiental

SINISA Sistema Nacional de Informação em Saneamento Básico SISNAMA Sistema Nacional do Meio Ambiente

SQA Secretaria de Qualidade Ambiental

SGBD Sistema de Gerenciamento de Banco de Dados

SQL Structured Query Language

SSC Subindicador de Serviço de Coleta SSV Subindicador de Serviço de Varrição

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LISTA DE SÍMBOLOS

β Coeficientes estimados α Nível de significância

j Categoria de interesse

P (evento) Probabilidade de ocorrer um determinadoa evento

P (sucesso) Probabilidade de ocorrer sucesso

P (fracasso) Probabilidade de ocorrer fracasso

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 18

1.1 Organização da tese ... 22

1.2 Objetivos ... 23

1.2.1 Objetivo Geral ... 23

1.2.2 Objetivos Específicos ... 23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 25

2.1 Resíduos Sólidos... 25

2.1.1 Considerações Gerais ... 25

2.1.2 Classificação dos Resíduos Sólidos ... 25

2.2 Gestão de Resíduos Sólidos no Brasil ... 27

2.2.1 Políticas Públicas dos Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil ... 28

2.3 Indicadores e Índices ... 42

2.3.1 Critérios para o desenvolvimento de indicadores e índices ... 44

2.3.2 Indicadores e Índices Ambientais ... 45

2.3.3 Indicadores de Resíduos Sólidos... 48

2.3.3.1Indicadores de Limpeza Urbana ... 49

2.4 Software em Gerenciamento de Resíduos Sólidos ... 51

2.4.1 Sistema de Informação ... 51

2.4.2 Considerações sobre Software ... 52

2.4.3 Sistema de Gerenciamento ... 54

2.5 Método Delphi ... 57

2.6 Aplicação Estatística ... 60

2.6.1 Estatística Descritiva ... 60

2.6.2 O boxplot ... 60

2.6.3 Inferência Estatística ... 62

2.6.4 Análise de Regressão ... 62

2.6.4.1 Regressão Logística ... 62

3 METODOLOGIA ... 65

3.1 Descrição Geral da Pesquisa ... 65

3.2 Desenvolvimento dos Indicadores ... 68

3.2.1 Definição dos Indicadores ... 68

3.2.2 Pesquisa de Opinião (Método Delphi) ... 68

3.3 Desenvolvimento do índice de avaliação do gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos (IGU) ... 70

3.3.1 O programa estatístico R ... 71

3.3.1.1 Aplicação do Programa R ... 71

3.3.2 Análise Estatística... 71

3.3.2.1 Estatística Descritiva ... 74

3.3.2.2 Inferência Estatística ... 74

3.3.3 Simulação do IGU ... 80

3.4 Desenvolvimento do software de apoio ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (SMSW) ... 80

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 83

4.1 Pesquisa de opinião segundo o Método Delphi ... 83

4.1.1 Considerações Gerais ... 83

4.2 Índice avaliação do gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos (IGU) ... 83

(16)

4.2.1.1 Indicadores a serem utilizados no IGU ... 83

4.2.2 Análise Estatística... 94

4.2.2.1 Análise Descritiva ...94

4.2.2.2 Inferência Estatística ... 102

4.2.3 Pesos obtidos para os subindicadores ... 105

4.2.4 Simulação do IGU ... 109

4.3 Software de apoio ao gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos (SMSW) .. ... 111

4.3.1 Software SMSW desenvolvido para o cálculo do IGU ... 111

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ... 123

Referências ... 125

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1 INTRODUÇÃO

A população mundial vem aumentando exponencialmente, haja vista que ultrapassa a marca de 7 (sete) bilhões de habitantes. Um maior contingente populacional e a concentração em áreas urbanas resultam em ampliação na utilização dos serviços ecossistêmicos, cuja depleção ocorre tanto pela utilização para a produção e consumo, como pelos danos decorrentes do retorno dos resíduos à natureza, após sua utilização pelo homem (GODECKE; FIGUEIREDO; NAIME, 2013).

Aspectos econômicos e culturais se associam à questão demográfica acelerando o ritmo da deterioração dos recursos ambientais. A quantidade de resíduos sólidos produzidos pela população revela uma relação não só com o nível de riqueza, refletido na capacidade econômica de consumo, mas também com os valores e hábitos de vida, determinantes do grau de disposição para a realização do consumo, afetando diretamente a qualidade de vida dos cidadãos, quer seja no viés social, ambiental e/ou econômico.

Especificamente, para o Brasil que possui uma área total de 8.514.876,599 km2

e é o 5º maior país em extensão territorial do mundo, com uma população total de

201.032.714 habitantes no ano de 2013, dos quais cerca de 85% correspondem à população urbana (IBGE, 2013), a gestão e o gerenciamento desses resíduos gerados torna-se um processo complexo e delicado, visto a dimensão continental do país e de sua população.

Assim, discriminar inicialmente os termos gestão e gerenciamento na área de resíduos sólidos. Segundo Barros (2012), no contexto apresentado, o termo gestão ganha o significado de estratégia, política; enquanto o gerenciamento é operacional, local, refere-se a execução, ficando a cargo das municipalidades. No entanto, recentemente o termo gestão integrada vem sendo mais indicado, pois engloba o planejamento e a coordenação de todas as etapas do gerenciamento e, também em termos, politico, econômico, ambiental, cultural e social, possuir uma visão sistêmica dos resíduos sólidos urbanos (RSU) se faz necessário, pois o mesmo é consequência e não causa (ARAÚJO, 2011).

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relacionados com o serviço de limpeza, coleta, destinação e, tratamento dos resíduos sólidos urbanos.

Sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após mais de duas décadas de tramitação, a Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), instituída pela Lei 12.305/2010 e regulamentada pelo Decreto 7.404/2010 se apresenta como uma legislação mais moderna e direcionada para a gestão de RSU no País. Ela traz uma série de determinações e recomendações, como o fim dos lixões, a sustentabilidade operacional e financeira, a inclusão social dos catadores de recicláveis, a implantação da logística reversa, os acordos setoriais, além de impor o acesso aos recursos financeiros e incentivos fiscais da União somente aos municípios que possuírem planos de gestão integrada de resíduos sólidos em um prazo de quatro anos, a partir da publicação da lei, ou seja, até agosto de 2014. Tais conceitos envolvem o objetivo maior da proteção à saúde publica, da qualidade ambiental sustentável e principalmente da disposição final ambientalmente adequada, o que poderá alavancar uma mudança no atual cenário.

A crescente importância que os municípios vêm assumindo na formulação de políticas públicas e na alocação de recursos em favor dos segmentos populacionais considerados prioritários é ratificado nas pesquisas censitárias. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) apontou que 54,7% da população vivem em 283 municípios com população maior que 100 mil (104 milhões); enquanto 28,1% vivem em municípios considerados de médio porte (53, 6 milhões) e 17,1% vivem em municípios com população abaixo de 20 mil (32 milhões).

Os municípios de pequeno (menor de 100 mil habitantes) e médio porte (entre 100 e 200 mil habitantes) vêm protagonizando os mais expressivos crescimentos, destacando-se os municípios cujas economias estão voltadas para o agronegócio, para as atividades petrolíferas e os que demandam mão de obra para a construção civil (IBGE, 2010).

De acordo com Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE, 2011), a coleta de resíduos urbanos nos municípios brasileiros, entre 2005 e 2011, apresentou uma melhora crescente, porém, ainda é desfavorável.

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geográficas, sendo que Norte e Sudeste contam, com apenas, 67% e 95% dos domicílios atendidos, respectivamente (IBGE, 2012).

O grande desafio para a gestão pública é a alteração do quadro existente relativo ao tratamento e disposição final, onde se verifica que 50,8% dos municípios atendidos pelo serviço de limpeza urbana dispõem inadequadamente seus resíduos sólidos urbanos em vazadouros e lixões a céu aberto, 27,7% em aterros sanitários e 22,5% em aterros controlados (IBGE, 2012).

Dos municípios que compõem a Região Nordeste, 31,6% dispõem seus resíduos em lixões a céu aberto, 33% em aterros sanitários e 35,4% em aterros controlados (ABRELPE, 2012).

Segundo o Instituto de Pesquisa do Ceará (IPECE, 2012), o Ceará produz 10.150,5 t/dia de resíduos sólidos, desse total cerca de 72% vai para aterros sanitários ou controlados e 27% vão para vazadouros a céu aberto. A princípio, essa seria uma situação favorável, se não fossem os dados de municípios que destinam seus resíduos sólidos em lixões, que representam, aproximadamente, 90%. Praticamente, somente os grandes centros possuem aterros sanitários como é o caso da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), com um aterro, e os municipios de Caucaia, Eusébio e Maracanaú. O município de Sobral se encontra em fase de implantação e alguns consórcios intermunicipais em fase de estudos iniciais.

A verdade é que a grande parte dos municípios brasileiros não consegue avaliar se as condições operacionais dos seus sistemas estão adequadas ou não e, em muitos casos não conseguem ter uma visão sistêmica das atividades que englobam determinados serviços. As principais dificuldades de avaliação se concentram, principalmente, na incerteza e a carência de informações e indicadores que demonstrem a eficiência de serviços (coleta, tratamento e disposição de resíduos sólidos); na falta de estabelecimento de indicadores que demonstrem as condições e o desempenho do gerenciamento.

Nesse cenário, o Governo Federal criou, em 1996, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) com objetivo de coletar e sistematizar dados relativos às condições da prestação dos serviços públicos de saneamento, facilitando o monitoramento e a avaliação dos serviços de saneamento prestado à população.

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integrado de resíduos sólidos urbanos, adotando como destinação final dos RSU do município os lixões, negligenciando o princípio dos 3R’s e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), desfavorece a gestão pública (DANTAS, 2008).

Diante desse contexto, o desenvolvimento de uma ferramenta computacional de apoio à implantação e avaliação de gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, se torna uma alternativa eficiente, a ser usada, em municípios de pequeno e médio portes.

Apesar de atualmente existirem ferramentas disponíveis no mercado para auxiliar na melhoria das boas práticas de gestão ambiental, especificamente, no gerenciamento dos resíduos sólidos, estes não se adaptam aos resíduos sólidos urbanos. Como exemplos dessas ferramentas se podem citar:

O SWPlan executa o planejamento e a gestão integrada de resíduos sólidos. Além de avaliar um sistema existente, indica o melhor destino final para os resíduos e, simula uma variedade de cenários de gestão;

O VG Resíduos é um software que auxilia a tomada de decisão com base em

dados reais da empresa, possibilitando um aumento significativo na confiança das informações associadas, através do fornecimento de relatórios em tempo real;

O Interação Resíduos é um sistema realiza a análise do ciclo de vida dos resíduos gerados nas indústrias. Suas principais ferramentas são: interface intuitiva; 100% on line; armazenamento de dados em data center com alto padrão de segurança;

O Tresi Ambiental é um aplicativo que monitora os resíduos sólidos desde sua geração até a destinação final. Com destaque para: o controle de geração de resíduos e seu armazenamento; o controle de transporte e destinação final; geração de relatórios e gráficos;

E por fim, o Sistema de Informações Ambientais (SIA) que é capaz de gerenciar de forma integrada as diversas atividades relativas à gestão ambiental de uma empresa, incluindo a gestão de sistemas da qualidade ou planos de gestão ambiental e gerenciamento de resíduos e subprodutos.

Nesse contexto, a presente pesquisa vem, além de selecionar indicadores de sustentabilidade ambiental e desenvolver um índice, criar uma nova ferramenta computacional, o software SMSW, voltado para a realidade do gerenciamento de resíduos

(22)

Não foram identificados trabalhos na literatura especializada que abordem a utilização de um software para a geração de índices e indicadores, especificamente, para

a avaliação do gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, o que demonstra o caráter de ineditismo do trabalho proposto.

Por fim, espera-se que este trabalho seja um instrumento de gestão desenvolvido a fim de auxiliar os gestores (públicos e técnicos ambientais) na identificação e melhoria das etapas do gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos, nos municípios brasileiros, especialmente os de pequeno e médio porte.

1.1 Organização da tese

Esta tese está estruturada em 5 (cinco) capítulos. No Capítulo 1 “Introdução”, são apresentadas: a caracterização do problema, hipóteses, organização do trabalho e, por fim, os objetivos a serem alcançados ao longo do desenvolvimento da pesquisa.

Com o propósito de contribuir para a discussão que se inicia, o Capítulo 2 “Revisão Bibliográfica” aborda as principais questões relativas aos resíduos sólidos urbanos. Assim: (i) contextualização, conceituação e classificação dos resíduos sólidos; (ii) levantamento a respeito da gestão de resíduos sólidos no Brasil, com enfoque nas políticas públicas voltadas a esse setor; (iii) discussão sobre indicadores e índices, destacando os conceitos, características, propriedades e sua aplicação às questões ambientais; (iv) relato sobre softwares voltados ao gerenciamento de resíduos sólidos

existentes no mercado; (iv) o método Delphi utilizado na distinção de indicadores e seus pesos; (v) e descrição dos métodos estatísticos aplicados. Logo, esse conjunto teórico alicerçou a metodologia de construção do software e orientou a tomada de decisões.

Na sequência, o Capítulo 3 “Metodologia” faz referência basicamente ao desenvolvimento dos indicadores e, da avaliação do gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos, por meio do índice IGU e, por consequência, do Software de Apoio ao

Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos (SMSW).

(23)

as considerações finais, referentes às respostas obtidas ao longo da pesquisa e, sugestões para futuras pesquisas.

Finalizando a tese, são apresentadas as referências utilizadas neste trabalho e os apêndices gerados.

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Desenvolver e simular um modelo de apoio à implantação e avaliação do plano de gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos municipais baseado em indicadores ambientais.

1.2.2 Objetivos Específicos

 Estabelecer indicadores de desenvolvimento ambientais e o índice de avaliação do gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos (IGU) para avaliação dos serviços de gerenciamento de RSU nos municípios brasileiros de pequeno e médio porte;

 Possibilitar o diagnóstico da atual situação dos municípios no que tange ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, através da criação de banco de dados dos sistemas públicos de limpeza urbana, formando uma base estatística das informações requeridas;

 Desenvolver e aplicar o software de apoio ao gerenciamento integrado de resíduos sólidos urbanos (SMSW), de forma a facilitar o cálculo do índice IGU e, consequentemente, avaliar o sistema de limpeza urbana municipal;

(24)

_____________________________________________________________________

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2.1 Resíduos Sólidos

2.1.1 Considerações Gerais

Na última década um dos assuntos que vem ganhando atenção dos pesquisadores é a cidade ou urbanização. Esse fato é justificado, pois a partir da metade do século XX, o número de pessoas que vivem na chamada zona urbana triplicou.

A discussão desse assunto permeia os problemas de habitação, saúde, alimentação, transportes e degradação do meio ambiente. Nesse neste debate está inclusa a geração, coleta, tratamento e disposição dos resíduos sólidos urbanos.

Em um sistema que tem como o princípio o consumo, o volume de resíduos sólidos gerado nas pequenas e médias cidades é cada vez maior. Por outro lado, a preocupação constante com a limpeza e a higiene nas cidades (coleta, transporte e tratamento dos resíduos sólidos) é outro fator que consome cerca de 10% a 15% dos orçamentos nas grandes cidades.

Nesse contexto, pode-se definir resíduos sólidos como aqueles resíduos nos estados sólido e/ou semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição. Além dos lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, de equipamentos e de instalações de controle de poluição, bem como certos líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos, nos corpos de água, ou que exijam tratamentos específicos (NBR 10.004, 2004).

Enquanto a Funasa (2006), define resíduos sólidos como materiais heterogêneos (inertes, minerais e orgânicos) resultantes das atividades humanas e da natureza, os quais podem ser parcialmente utilizados, gerando, entre outros aspectos, proteção à saúde pública e economia de recursos naturais. Os resíduos sólidos constituem problemas sanitários, econômicos e principalmente estéticos.

2.1.2 Classificação dos Resíduos Sólidos

Considerando-se à sua natureza, pode-se classificar os resíduos sólidos da seguinte forma:

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2. Moderadamente Degradáveis (MD): papel, papelão, e outros produtos celulósicos; 3. Dificilmente Degradáveis (DD): trapo, couro, pano, madeira, borracha, cerâmica; 4. Não Degradáveis (ND): metal não ferroso, vidro, pedras, cinzas, terra, areia, cerâmica.

Considerando-se ainda o critério de origem e produção, pode-se classificar como:

a) Resíduos Industriais como aqueles resíduos nos estados sólido e/ou semi-sólido, que resultam de atividades da comunidade de origem industrial. Além dos lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, de equipamentos e de instalações de controle de poluição, bem como certos líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos, nos corpos de água.

b) Resíduos de Serviços de Saúde – os provenientes de hospitais, farmácias, drograria, clínicas (médicas, odontólogas, veterinárias), policlínicas, postos de saúde, laboratórios, de centros de pesquisa e de desenvolvimento e experimentação na área de saúde, bem como os remédios vencidos e/ou deteriorados requerendo condições especiais quanto ao acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e disposição final, por apresentarem periculosidade real ou potencial à saúde humana, animal e ao meio ambiente;

c) Resíduos Especiais – produzido de forma eventual: animais mortos, descarga clandestina, resíduos de acidentes, materiais de grande porte abandonados em vias públicas, entre outros.

d) Resíduos Urbanos – os resíduos provenientes de residências, estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços, da varrição, de podas e da limpeza de vias, logradouros públicos, de sistema de drenagem urbana e tratamento de esgotos, restos de cozinha, banheiro, papéis, invólucros e outros.

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de alimentos, papéis, plásticos, metais e vidro até componentes considerados perigosos por serem prejudiciais ao meio ambiente e à saúde pública.

Ressalta-se que o gerenciamento de resíduos de origem não domiciliar, como por exemplo, os resíduos de serviço de saúde ou da construção civil, são igualmente de responsabilidade do gerador, estando sujeitos à legislação específica vigente.

No caso dos resíduos comerciais, estes podem ser aceitos para coleta e disposição no aterro desde que autorizado pelas instituições responsáveis pelo Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos Urbanos (GIRSU).

Segundo Jucá (2008), a necessidade de se propor um sistema de gerenciamento dos resíduos sólidos visa minimizar os problemas relativos aos resíduos domésticos, comerciais, industriais, agrícolas e os de serviços de saúde, de forma a induzir uma melhoria na qualidade de vida da população, através do controle da poluição provocada pela inadequada remoção, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos.

2.2 Gestão de Resíduos Sólidos no Brasil

A criação do Ministério das Cidades, em 2003, promoveu a descentralização político administrativa, com enfoque na gestão participativa. Através do Decreto nº 4.665 de 03/04/2003 foi estabelecido que a Coordenação Geral de Manejo de Resíduos Sólidos do Ministério das Cidades deve promover a execução de ações locais com objetivo de aumentar a cobertura dos serviços de coleta, tratamento e destinação final de resíduos sólidos, com a perspectiva de universalização do atendimento em associação às intervenções de caráter social e erradicação de lixões. Além de incentivar a modernização do setor de saneamento, como garantia da sustentabilidade dos serviços prestados. A autosustentabilidade dos serviços prestados está diretamente relacionada aos aspectos financeiros da gestão dos governos municipais.

A gestão de resíduos sólidos nos pequenos municípios, normalmente, acontece de maneira deficitária. No entanto, poucos são os gestores que apresentam números comparativos entre a arrecadação e os gastos com o sistema de coleta, transporte, tratamento e destinação de resíduos.

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orientação prioritária se destina ao desenvolvimento de ações regionais para melhoria da gestão ambiental nos municípios brasileiros.

Outra ação ocorrida no mesmo ano foi à sanção da Lei do Saneamento Básico (Lei n° 11.445), que estabelece as diretrizes nacionais para os serviços públicos de saneamento básico. O foco desta Lei é a universalização dos serviços de: abastecimento de água, de esgotamento sanitário, de drenagem de águas pluviais e de limpeza urbana. Entre as principais mudanças previstas na gestão pública está a inclusão do controle por parte da sociedade nos serviços prestados de saneamento.

Segundo o Ministério das Cidades, a Lei 11.445 criou mecanismos e procedimentos que garantem a sociedade, informações, representação técnica e participação nos processos de formulação de políticas, de planejamento e de avaliação relacionados aos serviços públicos de saneamento.

Foi criado também o Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA), a fim de permitir o monitoramento e a avaliação da eficiência e da eficácia da prestação dos serviços de saneamento básico, por meio da coleta e sistematizar dados relativos às condições da prestação dos serviços públicos de saneamento básico (CIDADES, 2013).

Porém, na prática, percebe-se que os dados a respeito dos serviços de saneamento básico são bastante imprecisos e a necessidade de controle, monitoramento e avaliação da qualidade é uma questão prioritária para a gestão pública.

2.2.1 Políticas Públicas dos Resíduos Sólidos Urbanos no Brasil

Atualmente, a maioria dos países em desenvolvimento estabeleceu como prioridade a adoção de políticas de gestão, no setor público, a fim de minimizar os impactos da poluição no meio ambiente, em especial, na área de saneamento básico (DANTAS, 2008).

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No Brasil, os aspectos legais existentes na política pública em saneamento básico, com ênfase na área de RSU, são compostos pela Lei de Política de Consórcios Públicos (PCP), a Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB) e a PNRS. Estas legislações se integram e se complementam na gestão dos RSU. A Figura 1 apresenta a organização ambiental brasileira, no âmbito federal, voltado para a regulamentação da gestão de RSU.

Figura 1 - Sistema júridico de RSU no Brasil

Fonte: Adaptado de BNDES (2013).

A legislação brasileira, pertinente à política nacional do meio ambiente, tem como centro mais importante do marco regulatório a Lei Nacional de Resíduos Sólidos, ou seja, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que de acordo com o próprio caput do

Artigo 5°, é articulada com a Política Nacional de Saneamento Básico e com a Política de Consórcios Públicos. Nessa inter-relação os papéis desempenhados entre as mesmas são distintos e complementares, enquanto a PNSB é uma das constituintes da PNMA e, a legislação de consórcios se apresenta como instrumento para que a PNRS funcione.

A principal diferença entre as duas legislações está no fato de que a PNSB se apresenta como uma política correlata, que trata de assuntos que possuem

Constituição Federal

Lei 6.938/1981

Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA)

Lei 11.445/2007 Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB)

Lei 12.305/2010 Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS)

Lei 11.107/2005 Política dos Consórcios

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interpenetração com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, enquanto que a Política de Consórcios se articula com a PNRS através da constituição de instrumentos a serem utilizados nas políticas.

 A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981)

Um dos mais antigos documentos legislativos na área ambiental ainda vigente no Brasil. A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental para assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico e ao desenvolvimento humano. Sendo um marco para o debate ambiental no país em busca do desenvolvimento de normas de preservação, melhoramento e recuperação do meio ambiente.

Sua importância também se refletiu na instituição do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), sistema responsável pela coordenação das políticas públicas de meio ambiente, envolvendo os três níveis da federação.

A partir da Lei nº 6938/1981 foram desenvolvidas políticas públicas que normatizaram inúmeras questões ambientais no país, como a elaboração do Código Florestal Brasileiro. E na última década, foi elaborada a Lei de Resíduos Sólidos, que trata da gestão de resíduos sólidos em todo o País, a Lei de Florestas Públicas e a Lei de Mudanças Climáticas, que serve como modelo não apenas para estados e municípios, como para diversos países.

Anteriormente à aprovação da PNMA, cada estado ou município tinha autonomia para eleger as suas diretrizes em relação ao meio ambiente. Porém, na prática, poucos realmente demonstravam interesse pela temática.

Por isso, é primordial que a sociedade acredite na interdependência do meio natural, socioeconômico e cultural, sob o viés da sustentabilidade, articulando as questões ambientais locais, regionais, nacionais e globais, em busca do bem estar social integrado à qualidade ambiental e conservação dos recursos naturais.

 A Lei Federal de Saneamento Básico (Lei 11.445/2007)

(31)

manejo dos resíduos sólidos.

No tocante ao gerenciamento dos serviços de limpeza urbana nas cidades, o modelo cada vez mais adotado no Brasil ocorre pela transferência dos serviços, conhecido pela expressão “terceirização dos serviços”, até então executados pela administração na maioria dos municípios. Essa forma de prestação de serviços é realizada por meio da contratação de empresas privadas, pela municipalidade, que passam a executar com seus próprios meios (equipamentos e pessoal), a coleta, a limpeza de logradouros, o tratamento e a destinação final dos resíduos (BNDES, 2013).

As diretrizes para a prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos são:

- o planejamento, a regulação e fiscalização; - a prestação de serviços com regras;

- a exigência de contratos precedidos de estudo de viabilidade técnica e financeira;

- definição de regulamento por lei, definição de entidade de regulação, e controle social assegurado.

Dois princípios regulamentam essa lei. São eles: a universalidade e a integralidade na prestação dos serviços, além da interação com outras áreas como, por exemplo: recursos hídricos, saúde, meio ambiente e desenvolvimento urbano (MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE, 2012).

A lei ainda menciona que a sustentabilidade econômica e financeira dos serviços de limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos sejam assegurados, sempre que possível, mediante remuneração pela cobrança destes serviços, por meio de taxas ou tarifas e outros preços públicos, em conformidade com o regime de prestação do serviço ou de suas atividades. Porém, observa-se que na prática, essa cobrança não ocorre, nos pequenos e médios municípios brasileiros.

Assim, se faz necessário o fortalecimento adequado, junto aos 5.565 municípios, no que se refere à gestão dos resíduos sólidos para garantia da sustentabilidade dos serviços e a racionalidade da aplicação dos recursos técnicos, humanos e financeiros.

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A Política Nacional de Resíduos Sólidos foi regulamentada pelo Decreto nº 7.404/2010, criando como um dos seus principais instrumentos o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, e instituindo o Comitê Interministerial (CI), composto por doze ministérios, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), com a responsabilidade de elaborar e implantar este plano (BRASIL, 2010b).

O Plano Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) mantém estreita relação com os Planos Nacionais de Mudanças do Clima (PNMC), de Recursos Hídricos (PNRH), de Saneamento Básico (Plansab) e de Produção e Consumo Sustentável (PPCS).

Ele aponta conceitos e propostas para diversos setores da economia compatibilizando crescimento econômico e preservação ambiental, com desenvolvimento sustentável. De acordo com a Lei nº 12.305/2010, o PNRS tem vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 anos, com atualização a cada quatro anos. O Art. 14 da citada Lei o qual, resumidamente, refere-se a:

- diagnóstico da situação atual dos diferentes tipos de resíduos; - cenários macroeconômicos e institucionais;

- diretrizes e metas para o manejo adequado de resíduos sólidos no Brasil. As diretrizes, estratégias e metas indicam quais ações serão necessárias para a implementação dos objetivos nacionais e as prioridades que devem ser adotadas. Podem, portanto, exercer forte papel norteador do desenvolvimento dos outros planos de responsabilidade pública, influenciando, inclusive, o Plano de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (PGIRS), exigido de alguns dos geradores. Informações quantitativas e qualitativas importantes também são apresentadas no plano e, igualmente, podem servir de referência para a elaboração dos outros planos. São encontrados, ainda, dados sobre: a taxa de cobertura da coleta regular de resíduos nas áreas urbanas e rurais e; os indicadores econômicos obtidos a partir do SNIS.

Cada estado terá que elaborar seu Plano Estadual de Resíduos Sólidos para ter acesso aos recursos da União ou por ela controlado e, destinado a empreendimentos e serviços relacionados à gestão de resíduos sólidos.

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é condição necessária para o Distrito Federal e os municípios terem acesso aos recursos da União, destinados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos (BRASIL, 2010b). O PGIRS pode estar inserido no Plano de Saneamento Básico (PSB) integrando-se com os planos de água, esgoto, drenagem urbana e resíduos sólidos, previstos na Lei nº 11.445, de 2007. Neste caso deve ser respeitado o conteúdo mínimo definido em ambos os documentos legais (BRASIL, 2007a).

Os municípios que optarem por soluções consorciadas intermunicipais para gestão dos resíduos sólidos estarão dispensados da elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos. Neste caso, o plano intermunicipal deve observar o conteúdo mínimo previsto no Art. 19 da Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010a).

As peculiaridades de cada localidade deverão definir o formato do plano regional ou municipal, tendo como referência o conteúdo mínimo estipulado. As vocações econômicas, o perfil socioambiental do município e da região, ajudam a compreender os tipos de resíduos sólidos gerados, como são tratados e o melhor destino a eles.

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Período/Ano Ação

Final da década de 80

As primeiras iniciativas legislativas para definição de diretrizes

1991 Apresentação do Projeto de Lei (PL) nº 203 e, posteriormente, compiladas proposituras relacionadas ao assunto; 1999 O CONAMA aprova Proposição CONAMA nº 259

2001 Criação e instalação de uma Comissão Especial na Câmara dos Deputados para discussão do tema: “Política Nacional de Resíduos”. 2002 Criação das Comissões Especiais:

Relator: Dep. Luciano Zica - Subemenda substitutiva global preliminar originada do PL 203/91 e seus apensos.

Relator: Dep. Emerson Kapaz - Não havendo quórum para deliberação da matéria e votação do Substitutivo Global da PL 203/91 e seus apensos, os trabalhos ficaram prejudicados, pois não houve aprovação durante a legislatura (1999 a 2002). A Comissão Especial foi extinta pelo encerramento da legislatura.

2004 A Secretaria de Qualidade Ambiental- SQA/ MMA reinicia as discussões internas com a participação das diversas Secretarias do MMA, PNMA, FNMA, IBAMA e GTI de Saneamento Ambiental.

Seminário CONAMA: “Contribuições à Proposição CONAMA - Política Nacional de Resíduos Sólidos”

Inicio de 2005 SQA/MMA Criado GT interno SQA de consolidação e sistematização do PL 203 e seus apensos e das contribuições do Seminário CONAMA, o que resultou no “Anteprojeto de Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos”.

Fim de 2005 Instalada nova Comissão Especial; Presidente: Deputado Benjamim Maranhão (PMDB-PB); Relator: Deputado Ivo José (PT-MG); Apresentação de Substitutivo ao PL nº 203 e seus apensos.

2007 A Construção da PL nº. 1991/07 - Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) por um grupo interministerial formado pelos Ministérios do Meio Ambiente, das Cidades, da Saúde, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do Planejamento, Orçamento e Gestão, do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, da Fazenda e Casa Civil.

2008 Criação de um Grupo de Trabalho (GT) na Câmara de Deputados, para examinar o parecer proferido pela Comissão Especial do Projeto de Lei nº 203/1991 (acondicionamento, coleta, tratamento, transporte e destinação final dos resíduos sólidos) e o PL 1991/2007 que institui a PNRS e dispõe sobre diretrizes gerais aplicáveis aos resíduos sólidos no país.

2009 O parecer final elaborado pelo GT foi apresentado em Junho/2009 e analisa o resultado da aglutinação de centenas projetos de lei que versam sobre o tema, precedendo sua votação em Plenário. Chegou-se a versão da nova minuta de Subemenda Substitutiva Global de Plenário ao PL nº. 203/1991 e seus apensos, formando então a versão definida do PL nº. 1991/2007.

Fonte: Adaptado de Dantas (2008)

Tabela 1 - Histórico da implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil

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Esta versão foi finalmente votada em 10 de Março de 2010 no Plenário da Câmara de Deputados. Durante a sessão foram apresentadas onze emendas, das quais três foram aprovadas e incluídas no PL.

As três alterações aprovadas versam sobre pontos bem específicos, não alterando os princípios básicos da lei, a saber:

(1) eliminação da referência à importação de resíduos, visto que este tema é regido por acordos internacionais;

(2) alteração do termo indústria por empresas, expandindo assim o sistema de logística reversa para o comércio, que pode reutilizar os materiais descartados;

(3) flexibilização da responsabilidade das empresas no sistema de logística reversa, permitindo a contratação da administração pública local para receber os resíduos em locais onde não seja viável a implantação de centros logísticos para a adequada coleta.

Posteriormente, o projeto de lei da PNRS foi encaminhado ao Senado Federal que, após análise conjunta das Comissões de Constituição e Justiça, Assuntos Econômicos, Assuntos Sociais, Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle, o aprovou em regime de urgência em Julho de 2010. Em seguida, o PL seguiu para sanção do então presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, que ocorreu no início de agosto de 2010, finalmente instituindo no país a Lei nº 12.305/2010 - Política Nacional de Resíduos Sólidos.

São objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos: I - proteção da saúde pública e da qualidade ambiental;

II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos;

III - estímulo à adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços;

IV - adoção, desenvolvimento e aprimoramento de tecnologias limpas como forma de minimizar impactos ambientais;

V - redução do volume e da periculosidade dos resíduos perigosos;

VI - incentivo à indústria da reciclagem, tendo em vista fomentar o uso de matérias-primas e insumos derivados de materiais recicláveis e reciclados; VII - gestão integrada de resíduos sólidos;

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IX - capacitação técnica continuada na área de resíduos sólidos;

X - regularidade, continuidade, funcionalidade e universalização da prestação dos serviços públicos de limpeza urbana e de manejo de resíduos sólidos, com adoção de mecanismos gerenciais e econômicos que assegurem a recuperação dos custos dos serviços prestados, como forma de garantir sua sustentabilidade operacional e financeira, observada a Lei nº 11.445, de 2007;

XI - prioridade, nas aquisições e contratações governamentais, para: a) produtos reciclados e recicláveis; b) bens, serviços e obras que considerem critérios compatíveis com padrões de consumo social e ambientalmente sustentáveis;

XII - integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos;

XIII - estímulo à implementação da avaliação do ciclo de vida do produto; XIV - incentivo ao desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental e empresarial voltados para a melhoria dos processos produtivos e ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, incluídos a recuperação e o aproveitamento energético;

XV - estímulo à rotulagem ambiental e ao consumo sustentável. (BRASIL, 2010, art. 7)”

Assim, a gestão de resíduos deve ser realizada nos mesmos moldes dos serviços de abastecimento de água e energia elétrica, que são essenciais ao cidadão e pelos quais são cobrados taxas/tarifas para prestação dos serviços.

Porém, existe uma dificuldade de se encontrar a medição desse serviço, pois é muito difícil pesar os resíduos antes da coleta e este seria o principal fator gerador da cobrança; no entanto, os serviços são alegados como deficitários pela maioria dos municípios brasileiros e essa dificuldade de gerência requer mudanças efetivas. Também se entende que a exigência do Plano de Gestão, as medidas de fiscalização e controle, que favorecem ações corretivas no Sistema, e os programas de capacitação e educação ambiental são fatores básicos para melhorias no processo de gestão e precisam ser temas bem definidos na PNRS. Para tanto, a seguir cabe discutir os principais instrumentos que poderiam dar suporte a esta nova lei (DANTAS, 2008).

 A Lei da Política dos Consórcios Públicos (Lei 11.107/2005)

Dispõe sobre normas gerais para união, os estados, o distrito federal e os municípios contratarem consórcios públicos para realização de suas metas.

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fins lucrativos, e que tem como finalidade a prestação de serviços e desenvolvimento de ações conjuntas que visem o interesse coletivo e benefícios públicos. Podendo abranger serviços como: educação; saúde; pesquisa e estudos técnicos; cultura, esporte e turismo; transporte público e segurança pública; resíduos sólidos, saneamento básico e gestão ambiental; desenvolvimento regional, urbano, rural, agrário e obras públicas; manutenção de equipamentos e informática, entre outras.

Quanto às suas formas de associação, os consórcios podem ser formados por entes federados de duas formas:

• Horizontal - quando são constituídos por entes da mesma esfera de governo: Município - Município; Estado-Estado.

• Vertical: quando constituído por entes de diferentes esferas de governo: Município – Estado; Estado – União; Município – Estado – União.

- Nível Estadual

A gestão de RSU a nível estadual é realizada pelas Secretarias de Meio Ambiente Estaduais que contam com órgãos e/ou fundações e/ou institutos e/ou conselhos e/ou superintendências e/ou fundos de conservação ambiental para consecução de seus objetivos.

Também são lançados programas com objetivo de conceder apoio técnico e financeiro aos municípios para resolução de problemas ambientais de sua competência. O foco de atuação dos organismos estaduais deve se concentrar na formulação e fomento de políticas estaduais de meio ambiente, regulamentação e disciplinamento das atividades poluidoras e impactantes ao meio ambiente, concessão de licenças ambientais e regulamentação da prestação de serviços de saneamento (DANTAS, 2008).

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Um exemplo disso é o estado do Ceará, o qual aprovou a Lei 13.103/2001, que institui a Política Estadual dos Resíduos Sólidos, que determina que os municípios devam gerenciar os seus resíduos sólidos em conformidade com os Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos Urbanos por eles elaborados e, licenciados pelo órgão ambiental estadual.

De acordo com o IPECE (2012), o atendimento dos serviços de limpeza de 70 a 100% da população urbana é realizado por 47% das prefeituras, enquanto que o mesmo atendimento sobre o total da população é de 25%. Esse fator é um indicador de certa fragilidade das prefeituras na realização dos serviços de coleta de resíduos sólidos, principalmente às de pequeno porte e as de áreas rurais.

A Lei 13.103/2001, que instituiu a Política de Resíduos Sólidos do Estado do Ceará, já previa o “incentivo à gestão integrada dos resíduos sólidos urbanos, mediante a cooperação entre municípios com adoção de soluções conjuntas, em planos regionais” (CEARÁ, 2001).

É importante ressaltar que no estado do Ceará as iniciativas individuais de destinar os resíduos para aterros não prosperaram, acabando por transformá-los em lixões com agressão direta ao meio ambiente e a saúde da população. Tal agressão vem sendo cobrada diariamente pelos órgãos de controle e ambientalistas com a imposição de multas pesadas, onerando cada vez mais os municípios. Para minimizar esta problemática, estudos apontaram a necessidade de se dividir o Estado em 30 consórcios regionais, englobando os 184 municípios (MORAES, 2012).

- Nível Municipal

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A gestão dos resíduos sólidos urbanos, de competência municipal, tem sua base legal na CF, em vigor, como é mostrado a seguir:

Compete a União, aos Estados e aos Municípios proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer uma de suas formas, promovendo a melhoria das condições habitacionais e de saneamento básico (inciso VI e IX, artigo 23).

Ao município cabe legislar sobre assuntos de interesse local. Além de organizar e prestar, sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local (incisos I e IV, artigo 30).

A gestão ambiental municipal no que se refere ao gerenciamento de resíduos sólidos engloba algumas ações, como por exemplo: a realização do plano de gerenciamento de resíduos que inclua o planejamento do Sistema de Gestão Integrada (SGI); coleta dos resíduos domiciliares e comerciais regularmente e incluindo, sempre que possível toda a população; varrição, capinação, roçada e poda de árvores nos logradouros, praças, parques e locais públicos; remoção do lixo público depositado em papeleiras, lixeiras e coletores; introdução da coleta seletiva com objetivo de reciclar adequadamente os resíduos; realização de serviços especiais como limpeza de ralos, terrenos vazios, favelas, praias; coleta especial de elementos prejudiciais ao meio ambiente como: óleo de cozinha, pneus, baterias e pilhas, equipamentos eletrônicos inservíveis; tratamento e disposição eficientemente os resíduos coletados, escolhendo alternativas que melhor se adequem ao perfil econômico e aos objetivos da gestão; controle sobre a coleta e destinação final de resíduos do serviço de saúde (RSS) e dos resíduos da construção civil (RCC); planejamento logístico do transporte de resíduos; ações complementares como Programa de Educação Ambiental e Programas de Inclusão de Catadores e por fim, o apoio a gestão participativa e consórcios.

O planejamento do sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos inclui a definição de parâmetros como o tipo de lixo coletado; a região que será percorrida e a quantidade de lixo; de forma que desde a coleta até seu destino final sejam considerados todos os fatores, visando à racionalização e economia do sistema, bem como serviço.

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nos cursos d’água e isso se traduz em problemas ambientais e consequentemente em uma gestão ambiental inadequada.

De acordo com a CF vigente as intervenções para proteção do meio ambiente, com relação aos resíduos sólidos urbanos, devem estar a cargo das prefeituras através de uma secretaria municipal de meio ambiente e isto inclui a execução do gerenciamento, onde são planejados os dias e as rotas de coleta, a forma de disposição e tratamento dos resíduos de acordo com o número de habitantes, a quantidade de resíduos gerados e os recursos destinados à execução destes serviços (DANTAS, 2008).

Um dos grandes aliados à gestão ambiental municipal é a realização de programas de Educação e Conscientização Ambiental, desenvolvidos pelas secretarias de meio ambiente, educação e saúde, junto à população. O item limpeza urbana e coleta seletiva é abordado em muitos destes Programas, por muitas prefeituras como uma maneira de disciplinar e sensibilizar as comunidades através de atitudes orientadas para a redução do consumo e a reciclagem, motivando a população a ter uma gestão participativa no processo. Alguns programas ambientais, bem articulados e bem acompanhados, trazem diferenças significativas na gestão de resíduos sólidos.

Muitos programas apresentam apenas noções básicas sobre poluição ambiental, mas repercutem de maneira muito positiva, pois começam a ser veiculados nas escolas municipais, no ensino fundamental, e as crianças passam a ter noções de saneamento ambiental e aprendem que dando uma destinação adequada ao lixo, isso se refletirá na melhoria de sua saúde.

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A análise da gestão de resíduos nos municípios está relacionada a fatores que interferem no processo como aspectos culturais, hábitos de consumo, fatores econômicos, clima e tipos de embalagens dos grupos populacionais envolvidos no descarte de resíduos.

Faria (2002) enumerou alguns destes fatores, os quais são apresentados abaixo:

1. Aspectos socioculturais: populações com maior grau de instrução têm tendência a consumir maior número de produtos industrializados e a gerar grandes desperdícios e isso reflete nas características do lixo urbano. Os fatores socioculturais interferem com as características do lixo e ocasionam alterações na gestão, pois a coleta e a disposição também sofrem interferências.

2. Fatores econômicos: a quantidade per capita de lixo produzido por determinada família é diretamente proporcional à sua renda. O poder aquisitivo influencia de maneira que nas classes sociais mais altas existe um maior poder de compra, acarretando em mais desperdícios e maior geração de plásticos, papéis e vidros. 3. Tipos de embalagens: a análise do ciclo de vida dos produtos e o avanço dos processos tecnológicos têm influenciado decisivamente na mudança das características do lixo urbano. A utilização, praticamente irrestrita, de embalagens plásticas em substituição às embalagens de vidro e metal é uma tendência clara na maioria das cidades. As embalagens representam 47% do lixo gerado nos grandes centros urbanos e isso é de grande relevância nas questões de responsabilidade pós-consumo.

4. Hábitos da população: o hábito de consumir alimentos frescos e comida preparada nas residências aumenta a quantidade de matéria orgânica no lixo, quando comparado com o hábito de aquisição de produtos embalados, que tende a aumentar a quantidade de plástico, latas e papelões descartados.

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6. Fatores Hidrológicos e Climáticos: o clima e a hidrologia local interferem na definição das várias etapas do sistema de gestão, por exemplo, nas cidades frias em que ocorre chuva e/ou neve, a coleta, o acondicionamento, o transporte e a disposição final são influenciados por esses fatores.

2.3 Indicadores e Índices

Segundo o dicionário Houaiss (2010), o termo indicador significa

“anunciar, divulgar ou fazer saber publicamente”. Os indicadores são considerados ferramentas constituídas por uma ou mais variáveis que associadas de diversas formas fornecem informações sobre questões de interesses amplos (IBGE, 2004).

Para Vieiras, Pouliquen, Soto (2005), os indicadores são valores representativos de um fenômeno; quantificam a informação mediante a agregação de diferentes dados. Além, de simplificar e sintetizar as informações ajudando a descrever e valorar fenômenos mais complexos.

Os indicadores, segundo o Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 1993, são como parâmetros que apontam e fornecem informações sobre o estado de um fenômeno. Eles são ferramentas essenciais ao planejamento ambiental e a partir deles obtém-se o diagnóstico da situação atual, necessário ao direcionamento de políticas públicas.

Os indicadores ajudam a sintetizar um grande número de informações técnicas, definir quais temas são prioritárias, as condições atuais e a evolução das condições. Identifica problemas, estabelecem objetivos e metas, medem e divulgam informações. Não se deve esquecer, contudo, que têm suas limitações, devido ser uma síntese da realidade (SICHE et al., 2007).

(43)

Hammond et. al. (1995) hierarquizaram através de uma pirâmide entre os

dados primários até alcançar os índices, de acordo com a Figura 2. Sendo os dados primários aqueles que antes não foram prospectados, ou seja, são dados originais. Dados secundários aqueles que estão disponíveis oriundo de outros estudos. Exemplos: internet, bancos de dados, cadastros, jornais, revistas, filmes, entre muitas outras fontes. Os indicadores relacionam um ou mais dados, e os índices são parâmetros que medem cada indicador, atribuindo valores numéricos (MATTAR, 2005).

Figura 2- Pirâmide de informações.

Fonte: Adaptado de Hammond et al. (1995).

Os indicadores podem, ainda, ser combinados originando um índice, geralmente usado em níveis mais agregados de análise vinculados a uma estrutura formal de cálculo, relacionados à abrangência do estudo: regional, nacional e internacional (CSD, 2001; COSTA, CASTANHAR, 2003; MIRANDA, 2003).

Segundo Segnestam (2002), a análise de um indicador ou de um índice, obtidos por meio dos dados, gera a informação. Esta é a mais importante no processo de tomada de decisão, balizando os gestores em suas ações.

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adequação para comparação entre regiões ou países (MIRANDA, 2003; MAGALHÃES, 2004; CLEMENTE FILHO, 2007).

2.3.1 Critérios para o desenvolvimento de indicadores e índices

Segundo Bossel (1999), a razão fundamental para o uso de indicadores está centrada no diagnóstico, na demonstração e no subsídio para tomada de decisões, tomando como base um conjunto de critérios objetivos e verificáveis apresentados pelo OCDE (1993):

 Ser significativo para a avaliação do sistema;

 Ter validade, objetividade, consistência – em termos técnicos e científicos, com consenso internacional;

 Ter coerência e ser sensível a mudanças no tempo e no sistema;  Ser de fácil mensuração, baseado em informações facilmente

disponíveis e de baixo custo;

 Permitir a relação com outros indicadores (DEPONTI; ECKERT; AZAMBUJA, 2002).

Nahas (2003), por sua vez, destaca alguns aspectos fundamentais na concepção de um sistema de indicadores. Dentre eles, deve-se:

- Definir as unidades espaciais onde serão aplicados os indicadores, buscando a maior homogeneidade interna possível. Esta homogeneidade será definida de acordo com o que se quer avaliar, como por exemplo, adensamento populacional, tipos de moradias, distribuição de renda, dentre outros;

- Definir a temática dos indicadores, devendo-se fazer uma seleção de temas, se possível com a participação da comunidade envolvida, tais como habitação, saneamento básico, saúde, educação;

- Dar enfoque aos temas sob os mais diversos ângulos, como por exemplo, no tema saúde, pode-se avaliar o número de leitos hospitalares, número de postos de saúde, mortalidade infantil, dentre outros aspectos;

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Figura 1 - Sistema júridico de RSU no Brasil
Tabela 1 - Histórico da implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos no Brasil
Figura 2- Pirâmide de informações.
Tabela 2 - Vantagens e Desvantagens do Método Delphi
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Referências

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