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IV. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA, EMBASAMENTO CONCEITUAL E

6. Indicadores utilizados na AIC

Os indicadores são talvez, um dos mais importantes recursos para a avaliação dos impactos ambientais, utilizados como base de referência nos processos de identificação, análise e monitoramento dos impactos ambientais em suas diversas esferas: meio físico, meio biótico, meio antrópico e socioeconômico; além de auxiliarem na descrição e análise dos recursos e componentes a serem avaliados. Para a AIA tradicional, estes indicadores já são conhecidos e descritos na literatura, contudo para a AIC há uma discussão quanto à eficiência e adequabilidade dos indicadores conhecidos e um crescente processo de pesquisa e desenvolvimento de outros indicadores.

A importância da seleção dos indicadores mais adequados para cada componente a ser avaliado e tipo de projeto; e a relação dos indicadores com a qualidade e precisão da análise são destacadas pela maioria dos autores e guias de procedimentos sobre AIC (CEARC e US NRC, 1986; SONTAG et al, 1987; COCKLIN

et al, 1992a e 1992b; LEIBOWITZ et al, 1992; EUA 1997 e 1999; HEGMANN et al,

1999; EIRB e EISC, 2002; DUBÈ, 2003; entre outros). Segundo as referências, os indicadores são utilizados em todas as fases da AIC: definição do escopo; caracterização do ambiente e dos impactos; definição de medidas mitigadoras; determinação da significância dos impactos e monitoramento. Estes indicadores podem ser qualitativos e quantitativos.

Para atender as necessidades relativas aos objetivos da AIC, os indicadores devem ser escolhidos segundo alguns critérios (COOPER L., 1994, CANADA, 1998):

9 Disponibilidade de fontes confiáveis;

9 Poder oferecer informações relativas ao componente do ambiente e recurso a ser avaliado;

9 Ser útil para monitorar ou ter compatibilidade com os indicadores utilizados para monitoramento;

9 Capacidade de avaliar a magnitude, direção e duração do impacto/perturbação;

9 Identificar e mensurar limites e capacidade de suporte dos ambientes;

9 Ser de fácil compreensão pelo público;

9 Ser sensível às mudanças de padrão no uso e ocupação do solo e às atividades humanas ou mudanças naturais;

9 Capacidade de caracterizar a relação entre o indicador e a integridade ecológica; e

9 Poder associar com espécies raras ou em risco de extinção.

Certamente um único indicador não atende a todos os critérios, e nem tão somente são estes os únicos critérios a serem utilizados. Entende-se, portanto, que a seleção de indicadores, bem como dos recursos e componentes a serem avaliados, deve ser criteriosa e o mais direcionada possível a cada análise. Destaca-se, porém, que é evidente a variação de caso para caso, assim como entre as concepções de abordagem da AIC.

Na literatura (BASKERVILLE, 1986; DAYTON, 1986; REGIER, 1986; COCKLIN et al, 1992a e 1992b; SMIT e SPALING, 1995; EUA 1999; HEGMANN et

al, 1999; EIRB e EISC, 2002), mesmo não se tratando de discussões específicas sobre o

assunto, podem ser encontrados alguns exemplos de indicadores (estes e outros exemplos podem ser observados nos exemplos dos métodos e na experiência internacional e brasileira) dos meios físico, biológico, antrópico e socioeconômico:

a) Meio físico:

(i) Qualidade do Ar:

9 Emissão de SOx e NOx; 9 Gases do efeito estufa – CO2; 9 Material particulado;

9 Outros indicadores químicos de concentração; 9 Padrões de qualidade estabelecidos pela legislação;

(ii) Qualidade da água:

9 Oxigênio dissolvido (OD);

9 Demanda química e biológica de oxigênio (DQO, DBO); 9 Sólidos suspensos;

9 Coliformes; 9 Turvação

9 Outros indicadores químicos de concentração; 9 Padrões de qualidade estabelecidos pela legislação;

(iii)Qualidade do solo: 9 Erodibilidade; 9 Erosão laminar; 9 Acidificação; 9 Salinização; 9 Substancias conservativas; b) Meio Biótico:

(i) Identificação e monitoramento de impactos: 9 Uso de espécies indicadoras;

9 Indicadores de eutrofização; 9 Indicadores de biomagnificação;

9 Dados sobre biologia da espécie: densidade da população, tamanho dos indivíduos, saúde biológica, etc.

(ii) Avaliação e monitoramento de ecossistemas e paisagens: 9 Indicadores de vida selvagem;

9 Área de borda e área de centro de fragmentos florestais; 9 Perda, desmatamento ou degradação de áreas naturais; 9 Indicadores de mudança de paisagem;

9 Distância, corredores e conectividade entre fragmentos;

9 Dados sobre biologia da espécie: densidade da população, tamanho dos indivíduos, saúde biológica, etc.

c) Meio antrópico e socioeconômico:

9 Geração de empregos, valor agregado, tributos, etc.

No contexto da AIC, o fato de poder ser realizada para um projeto específico ou em nível estratégico (na AAE), sugere a utilização de indicadores específicos para cada tipo de abordagem. COOPER L. (1994) aborda alguns indicadores para a AIC em nível estratégico, tais como: perda de habitat, redução do número de perturbações, etc.

Apresentados originalmente como fatores de controle que influenciam no modelo conceitual adotado para a análise de impactos cumulativos, a análise desta autora considerou que estes fatores definidos por SPALING (1994) podem servir como parâmetros para auxiliar na avaliação dos impactos cumulativos. Trata-se apenas de uma consideração, pois não foram encontrados registros que referenciem sua utilização como indicadores. São fatores ambientais que influenciam na resposta do sistema à perturbação e que podem servir como indicadores:

a) Limite: impactos cumulativos geralmente são caracterizados por limites temporais

bastante amplos (décadas, séculos) e limites espaciais variáveis (local, regional, global).

b) Hierarquia: determina em que nível do sistema (individual, população, comunidade,

etc) a perturbação causa uma resposta do sistema.. Impactos cumulativos tendem acontecer nos níveis mais altos dos sistemas ambientais.

c) Complexidade organizacional: influencia na capacidade do sistema em responder

aos vários tipos de perturbação.

d) Capacidade de assimilação: Capacidade dos sistemas em regular (absorver, adaptar

ou assimilar) as entradas sem degradar os componentes ou processos do sistema.

e) Limiar crítico; Variabilidade dinâmica; Estabilidade e Resilência: estes fatores

regulam o processo e a resposta do sistema, segundo sua variação e tolerância.

Assim como declaram CEARC e US NRC (1986), COCKLIN et al (1992a), CONTANT e WIGGINS (1991), a qualidade ambiental mal avaliada antes do projeto pode implicar no menosprezo de impactos e fatores de tensão importantes, além da falta de compreensão da capacidade do ambiente e desconhecimento das interações entre impactos e fatores de tensão. Isto depende, consequentemente, da utilização de indicadores adequados que ainda precisam ser identificados e desenvolvidos. Deixa-se claro que não foram explorados ou demonstrados todos os tipos de indicadores, visto que o processo de pesquisa sobre o assunto ainda está em desenvolvimento.