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CAPÍTULO IV- POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DO MAGISTÉRIO NO ESTADO DO PARÁ: REPERCUSSÕES DO FUNDEF/FUNDEB

Entrevistado 4- INEP UNDIME Nacional

TOTAL 04

Ao todo foram realizadas 4 (quatro) entrevistas, cuja abordagem esteve centrada nos seguintes aspectos: 1- Na aferição de aspectos gerais acerca da política de fundos – denominada de dimensão “político-econômica”, em que se visou identificar qual a percepção dos mesmos sobre a política de fundos e sua relação com o contexto político-econômico vigente; e 2 – Na aferição de informação específica acerca do objeto de estudo em análise – o FUNDEF/FUNDEB e a valorização dos profissionais do magistério – com ênfase nos indicadores de formação, carreira e vencimento base/remuneração docente.

Os dados obtidos através das entrevistas se constituíram em uma fonte de informação a mais da qual lancei mão para que, junto com os dados documentais, pudesse desvelar os avanços e as permanências proporcionados pela política de fundos para a valorização docente no estado. Também ajudou a edificar uma base sólida de informações acerca da realidade educacional investigada, possibilitando um posicionamento crítico a respeito da política de fundos, da carreira e remuneração inicial do professor no estado do Pará.

A análise desenvolvida a partir do conjunto de dados e informações sistematizadas nesta pesquisa sustentou a tese de que, embora a política de fundos, por meio do

FUNDEF/FUNDEB, tenha estimulado alguns avanços legais no sentido de garantir aos profissionais do magistério, direitos importantes relacionados à valorização docente, ainda é insuficiente para garantir a sua real valorização, tornando evidente que a problemática da educação no país não se resolve apenas com o aperfeiçoamento dos aspectos legais, gerenciais ou com a diminuição dos desvios dos recursos da educação. É necessário romper com a lógica da racionalidade financeira e garantir o aporte de novos e mais recursos para a educação e para a valorização docente.

SOBRE A COLETA DE DADOS

No processo de coleta de dados educacionais e financeiros, foram acessados os bancos de dados do INEP/MEC e da SEFA/PA (dados de Balanço do Estado -1996 a 2009). Embora o acesso aos mesmos tenha sido facilitado por meio da internet, nem sempre possuem as informações completas do período pesquisado, com o nível de detalhamento que a pesquisa requer e tampouco seguem uma mesma padronização na organização das informações. O que nos levou a estabelecer contatos com a Secretaria Estadual de Educação (SEDUC/Pará), para complementação dos dados educacionais, referentes ao número de professores, funções docentes e dados financeiros.

Contudo, vale ressaltar que na sede local também foram enfrentadas várias dificuldades para acesso aos dados, o que nos faz inferir que há: ausência de padronização da forma de organização e apresentação pública do número de professores e funções docentes da rede estadual de ensino do Pará; falta de explicação da metodologia adotada para a organização dos dados; burocratização e demora no acesso aos dados, ou que talvez haja manipulação para encobrir desvios ou má gestão do bem público.

No que se refere ao acesso aos dados de folha de pagamento, por exemplo, apesar da insistência, desde outubro de 2010 (depois de várias idas à SEDUC e da persistência por meio de várias ligações), os mesmos não foram obtidos.

Estes tipos de problemas e dificuldades, conforme ressaltou Cruz (2009), são enfrentados pelos pesquisadores da área do financiamento da educação, seja porque a organização dos sistemas de informações é precária, seja porque existe a necessidade de cautela em relação à confiabilidade dos dados sistematizados pelos órgãos públicos. Na maioria das vezes, segundo a autora, “os esforços daqueles que lidam com a avaliação de

políticas públicas têm como limite essa realidade objetiva, sendo necessário, muitas vezes, definir opções de tratamento para que se viabilizem as pesquisas” (CRUZ, 2009, p. 34).

Diante das primeiras dificuldades de acesso à folha de pagamento, recorremos também à Secretaria de Estado de Administração (SEAD-PA), na qual tivemos acesso apenas aos dados de valores de vencimento-base e remuneração inicial, pagos aos professores da rede estadual de ensino durante o período de 1996 a 2009. Apesar de, desde outubro de 2010 a junho de 2011, insistirmos (via ofício e acompanhamento da solicitação por telefone e através de várias visitas à SEDUC) na obtenção da folha de pagamento, a mesma não foi disponibilizada para análise.

Durante o ano 2010, também foram estabelecidos contatos com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (SINTEPP), no qual foram coletadas informações contextuais e referentes à efetivação das legislações que tratam da carreira do magistério público - Estatuto do Magistério e PCCR - (cópias das pautas de reivindicação da categoria, informativo sobre as greves, atas de reuniões, denúncias sobre irregularidades, não cumprimentos de acordos entre a categoria e o Estado etc.). Também foram estabelecidos contatos com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos do Pará (DIEESE/PA), no qual foram obtidas importantes informações acerca do salário mínimo.

Após o exame de qualificação em 2011, foram realizadas entrevistas com o objetivo de preencher as lacunas nas informações sistematizadas na tese e de responder, de maneira mais aprofundada, aos objetivos da pesquisa. Partindo da sugestão da banca de qualificação, foram priorizadas as entrevistas com os atores sociais envolvidos diretamente com as questões trabalhadas na tese e que, na medida do possível, tivessem uma trajetória profissional pautada nos seguintes critérios: 1) Profissional da carreira dos profissionais da educação básica no estado; 2) Membro de órgão representativo da carreira; 3) Vários anos de atuação profissional na carreira e/ou no órgão representativo da categoria, priorizando aqueles que atuaram desde 1996; 4) disponibilidade em conceder a entrevista.

Embora no texto de qualificação tivesse sido previsto a realização de entrevistas com o Secretário de Finanças da SEDUC, isto não foi possível, dado o não retorno do mesmo aos contatados estabelecidos durante o último ano de realização da pesquisa.

No processo de coleta e organização das informações teóricas e dos dados educacionais, vale ressaltar a importância do GEFIN e da Pesquisa Nacional para consolidação deste trabalho. A participação em diversas reuniões do GEFIN e de outras

realizadas em âmbito nacional cumpriu papel pedagógico/formativo em meu desenvolvimento como pesquisador. A discussão da temática desta tese junto a um grupo de pesquisa local e em cooperação com os pesquisadores pertencentes a grupos de pesquisa de outros Estados do Brasil enriqueceu e tornou menos árido o percurso e consolidação deste trabalho de tese.

ESTRUTURA DA TESE

Esta tese encontra-se estruturada em quatro capítulos interligados, nos quais são trabalhadas, em um primeiro momento, as particularidades conceituais, legais e contextuais do objeto de estudo, para em seguida adentrarmos nos pormenores de análise da repercussão da política de fundos na valorização docente na rede estadual de ensino do Pará.

No primeiro capítulo intitulado: “Financiamento da educação básica pública: o

“pano de fundo” da política de fundos no Brasil”, buscou-se traçar um breve panorama

histórico acerca do financiamento da educação no Brasil. Revela as principais características que assumiu o financiamento da educação por meio do FUNDEF e do FUNDEB, com o processo de reforma pelo qual passou o Estado brasileiro a partir de meados da década de 1990. As discussões apresentadas revelam o “pano de fundo” da política de fundos e nos ajudam a entender a origem e as razões da permanência desta forma de financiamento no cenário nacional, bem como entender as dificuldades históricas de se ampliar significativamente os recursos de modo a garantir uma educação de qualidade.

No segundo capítulo intitulado: “Política nacional de valorização dos profissionais do magistério da educação básica no contexto recente da política de fundos”, discute-se a ideia de valorização docente partindo-se de um resgate do processo histórico de (des)valorização dos profissionais do magistério no Brasil. Em seguida, analisa-se a atual política nacional de valorização dos profissionais do magistério elaborada no contexto recente da política de fundos, evidenciando as permanências, recuos e avanços legais para a valorização do professor.

No terceiro capítulo: “Contexto político-educacional do Estado do Pará: do FUNDEF ao FUNDEB na rede estadual de ensino” buscou-se entender o contexto político/educacional do período em estudo (1996 a 2009) e apontar a partir de estudos já realizados no Estado (GEMAQUE, 2004; CARVALHO, 2006; BARROS, 2009; GUTIERRES, 2010; ALVES, 2011) e da análise de outras fontes documentais (dados de balanço do Estado), qual a situação/evolução dos gastos em educação e do atendimento ás

matrículas da educação básica pela rede estadual de ensino no contexto da política de fundos. Na análise dos dados financeiros, buscou-se apresentar os valores gastos na função educação por categoria econômica (Despesas de Capital e Despesas Correntes) e por Programa/Subfunção (Educação infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Ensino Superior, EJA, Educação Especial, etc.) e os gastos realizados com os recursos dos fundos.

O quarto e último capítulo cujo título é “Política de valorização dos profissionais do magistério no estado do Pará: repercussões do FUNDEF/FUNDEB na rede estadual de ensino”, e tem como objetivo identificar quais foram as principais medidas legais estabelecidas pelo estado do Pará, dentro do contexto da política de fundos para a educação visando a valorização do professor da Educação Básica da rede Estadual de ensino e analisar as repercussões do FUNDEF e do FUNDEB para a consolidação da valorização docente na realidade educacional paraense a partir de três indicadores básicos, quais sejam:

1- Formação do professor – A análise da repercussão da política de fundos na valorização docente a partir deste indicador será realizada com base nos dados estatísticos acerca da formação dos professores antes e depois da política de fundos e a partir da análise dos gastos realizados na capacitação de professores leigos e na formação inicial e continuada dos profissionais do magistério;

2- Carreira dos profissionais do magistério– A análise da carreira a partir do Estatuto do Magistério (1986) e do PCCR (2010), permitiu identificar se a mesma incorporou ou não as orientações legais estabelecidas pelo FUNDEF/FUNDEB e pela Resolução CNE/CEB nº 2/2009, acerca de vencimento, remuneração, progressão etc. A análise do Estatuto e do PCCR neste item possibilitou também uma melhor compreensão acerca da dinâmica da remuneração inicial dos profissionais da rede estadual de ensino no período de 1996 a 2009 (antes e durante a política de fundos);

3- Valorização docente via remuneração inicial - A análise da repercussão da política de fundos na valorização docente a partir deste indicador foi realizada com base nos dados de vencimento e remuneração (inicial) obtidos via análise da tabelas de vencimento/remuneração dos professores da rede estadual de ensino e dos valores dos abonos FUNDEF/FUNDEB. Revela também se os valores pagos por meio dos “abonos” proporcionaram a este profissional atingir a referência de remuneração condigna. Para consideração da remuneração docente no Estado como sendo condigna - a partir dos dados da PNAD - foi realizada uma comparação da mesma com outras profissões de formação e tempo de trabalho equivalentes.