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5.3 CAUSAS DA FALTA DE INFORMAÇÕES SOBRE OS MOTIVOS DA EVASÃO DE

5.3.2 Deficiências Estruturais

5.3.2.2 Inexistência de procedimentos operacionais padrão para Coleta e Análise

Para o P07, uma vez que o aluno abandona o curso, a instituição deixa de ter acesso a esse aluno “para descobrir os motivos dele ter saído (...) pois depois que ele sai, muito dificilmente se consegue um contato de volta desse aluno”. Já o P11 acredita que a instituição desconhece os motivos da evasão porque ela simplesmente não entra em contato com o aluno evadido. No caso dos estudantes que “vêm fazer o cancelamento pessoalmente na Secretaria, a instituição consegue investigar, mas aqueles alunos que simplesmente abandonam o curso, a instituição não entra em contato para perguntar o motivo” (P11).

Ainda na opinião do P11, falta hoje na instituição um servidor ou um setor que se responsabilize pelas questões de evasão, por coletar e analisar os dados sobre a evasão, gerando um banco de informações para a instituição. E à medida que a direção não determina um responsável por essa ação, há servidores ou setores atuando de forma isolada, o que é desfavorável para a obtenção destes dados, pois conforme palavras do próprio participante, “cachorro com muito dono morre de fome” (P11).

O P07 acredita que com a criação da CIPEE, esse cenário institucional vai, aos poucos, sendo modificado, pois apesar da vontade de se conhecer os motivos da evasão, antes do surgimento desta comissão não havia nenhuma sistematização de ações para investigar a evasão.

Apesar da criação de uma comissão com a finalidade de diagnosticar quantitativamente e qualitativamente a evasão no IFSP, parte dos participantes da pesquisa acredita que a instituição ainda não tem conseguido desenvolver, de forma satisfatória, procedimentos para coleta e análise de dados sobre evasão. Os

P09 e P15 afirmam que falta à instituição uma sistemática de trabalho nesse sentido.

Minha visão é a seguinte: a instituição não tem porque nós não temos estrutura para fazer esse levantamento (dos motivos da evasão). Para fazer esse levantamento eu preciso ter estrutura, seja mão de obra, seja sistematização: onde que ficam essas informações, como elas são catalogadas, como elas são descritas (...) E eu não percebo, sinceramente, uma estruturação, seja por condição de mão de obra seja também por condição do repositório de informações, que permita fazer uma análise desse tipo. (P15)

O P05, porém, acredita que a instituição tem alguns dados que poderiam gerar um conhecimento a respeito dos motivos da evasão – “há dados na Secretaria, tem dados da assistência estudantil, tem dados do questionário socioeconômico do vestibular, questionário do aluno ingressante” (P05) – mas a instituição precisaria “tratar” esses dados, “transformar esses dados em informações”, mas como a responsabilidade de trabalhar com esses dados acaba recaindo sobre a Coordenadoria Sociopedagógica, “o setor não consegue fazer tudo isso a mão (já que não há um sistema para cruzar esses dados), e também não deveria ser responsabilidade de um único setor” (P05).

A seguir, serão apresentadas as limitações de atuação da CIPEE e da CSP para coletar e analisar dados sobre evasão.

5.3.2.2.1 Limitações na Atuação da Comissão Interna de Acompanhamento das Ações de Permanência e Êxito dos Estudantes – CIPEE

O P03 aponta alguns problemas em relação aos procedimentos adotados pela CIPEE para o diagnóstico da evasão na instituição. Inicialmente, ele criticou o instrumento utilizado pela comissão para realizar o levantamento dos motivos da evasão. Na opinião do entrevistado, como já apontado, o questionário elaborado era “muito raso (...) tinha as perguntas e algumas alternativas para escolher. (...) E eu acho que teria que ter entrevistas com alunos, né? Porque o aluno às vezes lê esse questionário e esconde o motivo efetivo da evasão, e ele vai responder o que for mais conveniente, escolher uma daquelas alternativas” (P03).

Outro problema, na visão do P03, refere-se à falta de informação a respeito de como os envolvidos nas subcomissões dos campi deveriam aplicar e analisar esses questionários.

Eu acho que teria que ter uma forma de abordagem clara com os docentes (explicar como esses questionários deveriam ser aplicados). Teve coordenador de curso que fez uma reunião com seus docentes, teve coordenador que simplesmente entregou o questionário para cada docente (havia questionários para alunos e docentes). A reitoria deveria ter dado um treinamento para os servidores que seriam envolvidos no processo. (...) Foi uma iniciativa boa...no final vão mostrar os motivos (da evasão), mas o processo poderia ser melhor. (P03)

Para além das limitações de atuação da CIPEE, o P09 acredita que deixar o estudo da evasão sob a responsabilidade de uma comissão é desfavorável para a instituição conseguir determinar os motivos que têm levado os alunos a evadirem. Na opinião dele, “as comissões do IFSP não funcionam”, porque muitas vezes os participantes dessas comissões “são pessoas que não estão ligadas ao tema”, ou seja, nem sempre têm o conhecimento necessário para contribuir com o objeto de estudo de uma comissão, e acabam não se interessando nem “dedicando o tempo necessário para isso” (P09). Para o P09, o trabalho com a evasão deveria estar sob a responsabilidade de um setor que tivesse isso como uma atribuição definida em suas rotinas de trabalho.

O P03 também critica o fato da CIPEE não possuir um cronograma de trabalho definido, com previsão de início, meio e fim (ou continuidade) das atividades, e questiona se tudo o que está sendo produzido em termos de informação será documentado para permitir uma continuidade dos trabalhos, seja pela comissão ou por qualquer outro setor que venha a assumir essa responsabilidade.

5.3.2.2.2 Limitações na Atuação da Coordenadoria Sociopedagógica – CSP

Para alguns participantes da pesquisa, a Coordenadoria Sociopedagógica acumula um excesso de atribuições, o que pode estar inviabilizando o contato com os alunos evadidos e, consequentemente, o levantamento a respeito dos motivos da evasão no campus.

Eu olho para o Sociopedagógico do nosso campus e vejo pessoas muito comprometidas em relação a isso (ao conhecimento dos motivos da evasão). Então eu não vejo como má vontade, mas eu vejo como falta de sistematização, talvez uma sobrecarga de trabalho. Porque a gente tem um monte de comissões, e em todas as comissões o Sociopedagógico tem que estar presente. E isso gera um acúmulo de trabalho para eles.

(P09)

O P14 acredita que a CSP tem feito o acompanhamento dos alunos evadidos, mas o faz em paralelo a uma série de outras atividades, o que acaba comprometendo a atuação do setor. A CSP possui um instrumento que deve ser aplicado nos alunos que vêm realizar o cancelamento da matrícula na instituição, mas de acordo com o P04, o material aplicado acaba não sendo analisado por se priorizar outras demandas no setor.

Na opinião do P15, falta uma estrutura mais eficiente, maior talvez, para que a Coordenadoria Sociopedagógica consiga acompanhar o aluno evadido.

Para você fazer um levantamento efetivo sobre a evasão você teria que ter um grupo, uma composição, um trabalho que pudesse acompanhar esse aluno de uma forma mais direta (...) Mas além de você anotar, você tem que verificar o que tá acontecendo, senão você não vai conseguir informações precisas, e isso compreenderia uma estrutura sociopedagógica mais eficiente, maior talvez, ou pelo menos mais eficiente, e uma participação tanto dos professores no contato direto com os alunos, quanto dos próprios alunos sendo cobrados a darem uma resposta à instituição.

A Secretaria costuma encaminhar à CSP, de acordo com o P10, a relação de alunos que não fizeram a rematrícula no final de cada semestre para que o setor entre em contato com esses possíveis ex alunos. E, ainda de acordo com o P10, o setor tem atuado no sentido de tentar reverter esse desligamento, e acaba não realizando uma pesquisa, entre aqueles alunos que realmente abandonaram a instituição, para saber o porquê da evasão.