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Capítulo V  Diagnóstico 

5.3.2 Modelo SWOT 

5.3.3 Inferências e conclusões 

As  primeiras  categorias  –  origem,  caraterísticas,  atividades  atuais  –  da  grelha  correspondente  ao  CI&D,  grelha  A,  como  também  a  própria  grelha  B,  denominada  Cegoc/Cegos  enquadram  a  orgânica  e  funcionamento  já  caraterizados  no  segundo  capítulo do presente relatório. Nesta análise tomaremos, portanto, os restantes itens. 

 

Como referido anteriormente – em 5.3.2 – recorremos ao modelo SWOT com o  objetivo  de  identificar  de  forma  realista  as  necessidades  e potencialidades  presentes 

nos ambientes externo e interno do Centro de Inovação & Desenvolvimento. Resulta  assim o seguinte quadro:    Ambiente  Externo  Pontos Fortes  Pontos Fracos   

Semana  Pedagógica  favorece  a  divulgação  de  novos  produtos,  boas  práticas  ou  trabalho  criativo  desenvolvido  pelos  vários  departamentos,  o  que  significa  um  incentivo  à  inovação  e  uma  maior  visibilidade perante os restantes  departamentos; 

 

Cada  ano  os  profissionais  da  Cegoc  podem  desenhar  o  seu  próprio  percurso  formativo  de  forma  personalizável  e  de  acordo com a oferta disponível.   

 

O  desenvolvimento  de  um  produto  novo  depende  do  tipo  de  pedido  do  cliente  e  orçamento que oferece; 

 

Falta  de  elos  de  comunicação  entre formadores, consultores e  equipa e‐learning; 

 

Menor  número  de  formandos  nos  cursos  e‐learning  e  blended  learning. 

Ambiente  Interno 

Oportunidades  Ameaças 

 

A  equipa  do  CI&D  começa  a  ganhar  certa  visibilidade  perante os colegas; 

 

Começam  a  ser  chamadas  a  intervir em processos de criação  e preparação de projetos.   

 

Noção  pouco  clara  por  parte  de  outros  profissionais  na  Cegoc  sobre  o  trabalho  desenvolvido  no  CI&D,  consolidando  duas  atitudes:  uma  participação  diminuta  no  apoio  a  projetos  negociados  por  consultores;  uma  dependência  de  outros  profissionais  para  que  a  equipa  apoie  em  tarefas  de  carater  administrativo.    Quadro V – Análise do Centro de Inovação e  Desenvolvimento segundo o modelo SWOT      Grande parte dos indicadores apresentados no quadro conduziram à proposta  formativa disposta no capítulo seguinte, como veremos de seguida. 

O primeiro indicador levado em conta foi a questão da inovação. Na grelha B  da análise de entrevista, E2 identificou como uma lacuna da equipa e‐learning a falta  de inovação, como indicado: 

“A  imagem  de  marca  é  essa  mesma,  a  da  qualidade.  Não  é  da  inovação, que é uma coisa que se queria…” (cit. 23.3, B, E2) 

Não obstante, a missão do CI&D passa por isso mesmo, por “Promover as boas  práticas  ao  nível  técnico‐pedagógico  com  o  objetivo  de  aumentar  a  eficácia  da  formação” (cit. 6.1, A, E1). Esta promoção de boas práticas tem condições de ser mais  facilmente cumprida com a Semana Pedagógica promovida todos os anos pela Cegoc.  Neste  período  podem  ser  apresentados  novos  produtos  ou  partilhar‐se  trabalho  criativo e este é, certamente, um ponto forte no ambiente externo ao CI&D. 

No entanto, é necessário aprofundar esta situação e perceber porque não são  feitos  trabalhos  novos  e  criativos  na  equipa  e‐learning,  sendo  que  um  dos  pontos  fortes do ambiente externo – e não indicado no quadro de análise segundo o modelo  SWOT  –  é  o  caráter  flexível  na  gestão  do  tempo  e  do  trabalho  do  CI&D.  Algumas  condicionantes  podem  estar  ligadas  a  esta  realidade,  mas  pelo  menos  duas  são  identificadas pelos profissionais entrevistados: 

Primeiro,  tempo  gasto  em  trabalho  administrativo.  E1  indica  que  a  equipa  é  vista como transversal e que apoia várias áreas da empresa (cit. 7.1, A, E1). Segundo a  sua  perspetiva,  isto  resulta  da  noção  pouco  clara  do  trabalho  que  a  equipa  CI&D  realiza, como indicado na citação 15.3, grelha A: 

“Por vezes as pessoas não têm muito a noção do que é que nós  fazemos.  Quer  dizer,  já  têm  mais,  mas  às  vezes  não  têm  a  noção  do  trabalho  e  do  tempo  que  implica  para  fazer  determinado  trabalho.  Porque  nós  recebemos  solicitações  de  todos  e  acho  que  ainda  precisamos reforçar esse aspeto” 

E2  sente‐se  um  pouco  a  tarefeira  do  e‐learning,  isto  é,  alguém  que  realiza  tarefas isoladas sem a necessidade de saber qual a finalidade da mesma: 

“Mas  havia  muitos  pedidos  muito  fechados,  no  sentido  em  que  não  nos  perguntam  nada.  A  ideia  que  eu  tinha  no  início  é  que  não  se 

pergunta,  chegam  ali  com  um  projeto  fechado  e  dizem:  ‘Olha,  tens  de  fazer não sei o quê na plataforma e são não sei quantas pessoas’. E tu  ficas  ‘Então,  mas  é  para  começar  quando?’.  ‘Amanhã’.  ‘Ah,  mas  não  temos tempo, é preciso fazer isto’. Tipo, um bocadinho como se fosse a  tarefeira do e‐learning” (cit. 15.4, A, E2) 

O  trabalho  de  apoio  e  tarefeiro  pode  ser  um  dos  impeditivos  ao  trabalho  criativo.  Contudo,  este  resulta,  ao  que  parece,  da  pouca  visibilidade  que  a  equipa  detinha perante outros profissionais da Cegoc, como o enunciam E1 e E2: 

“  Aqui  há  uns  tempos  havia  uma  visão  fechada  desta  equipa.  Éramos vistas como as meninas.” (cit. 15.2, A, E1) 

“Esse é um aspeto que tem vindo a melhorar internamente que é  a visão que as pessoas de outras áreas têm de nós e até porque temos  vindo  a  aumentar  a  colaboração  com  essas  mesmas  pessoas  e  isso, de  alguma forma também tem servido para melhorar essa visão.” (cit. 14.1,  A, E1)  “E isso já evoluiu um bocadinho. As pessoas já começaram a dar‐ se conta de que nós sabemos certas coisas que são úteis para vender um  projeto, para preparar um projeto. E já se começa a notar um bocadinho  essa colaboração” (cit. 14.3, A, E2)  “Já somos chamadas a intervir no próprio processo de criação e  de preparação a esse projeto” (cit. 14.2, A, E1)   

Esta  mudança  de  visibilidade  poderá  resultar  numa  mudança  de  relacionamento  com  a  equipa,  consagrando‐se  a  esta  um  apoio  mais  especializado  dentro da área da formação a distância.  

 

Um  outro  indicador  que  poderá  constrangir  a  inovação  na  equipa  CI&D  é  o  facto  do  próprio  trabalho  e‐learning  resumir‐se,  muitas  vezes,  a  percursos  considerados  normais,  ou  seja,  módulos  em  catálogo  ou  mesmo  customizados  e  à 

medida,  porém  com  caminhos  regulares  e  que  não  ultrapassam  muito  o  que  já  foi  feito, como o afirma E2, 

“Ainda estamos um pouco limitados aos percursos normais – eu  acho que aí existe, para já uma limitação na ferramenta que nós usamos  na  plataforma.  E  depois,  um  bocadinho  de  falta  de  conhecimento,  especialmente das pessoas que estão na área comercial. Que andam a  encontrar os pedidos. Até muito por causa da pressão, não é? Hoje em  dia, com a crise, temos muita pressão para fechar negócio e às vezes…”  (cit. 13.4, A, E2) 

 

Um  dos  fatores  apontados  como  dificultador  de  percursos  e‐learning  alternativos foi a falta de conhecimento dos profissionais da área comercial da Cegoc.  Não se espera que o consultor na sua área, como indica E1: 

“Cada  um  é  um  especialista  da  sua  área,  certo?  E,  portanto,  se  calhar  nós  estamos  melhor  preparadas  para  dar  resposta  às  questões  ligadas  ao  e‐learning,  seja  constrangimentos,  seja  plataforma,  seja…  tudo. Tudo o que envolve o projeto nesta área.” (cit. 9.2, A, E1)  Seria ideal ter sempre um elemento da equipa CI&D nas reuniões iniciais para a  negociação de projetos e‐learning e blended learning, o que por vezes acontece, como  é mencionado:  “Muitas vezes, nós vamos com os comerciais às reuniões até para  fazer uma melhor preparação de uma suposta adjudicação do projeto e  para  apresentar  e  para  tirar  todas  as  dúvidas  que  o  cliente  possa  ter.  Muitas  vezes  porque  não  está  bem  informado  e  porque  os  próprios  comerciais não detêm toda a informação” (cit. 11.6, A, E1) 

 

No entanto, isto não é sempre possível. Quando as necessidades dos clientes já  estão por si definidas e, de certa forma, está delineada a pretensão em investir‐se num  curso  ou  módulo  e‐learning  ou  numa  situação  blended  learning,  pode  ser  facilmente  integrado  um  elemento  da  equipa  CI&D  na  negociação  inicial  do  projeto  juntamente 

com o especialista da área comercial. Porém, quando não há necessidades estudadas,  pode ser que o contexto exija ou favoreça a formação online e, nesse caso, o consultor  deve  ser  capaz  de  comunicar  de  forma  legítima  as  possibilidades  e  modelo  de  formação a distância que a Cegoc dispõe. 

Nesse  sentido,  torna‐se  pertinente  conceber  um  produto  que  comunique  aos  profissionais da área comercial como é que se faz e‐learning na Cegoc, uma vez que um  dos pontos fortes identificados no ambiente externo ao CI&D, isto é, na própria Cegoc,  é  a  possibilidade  de  cada  profissional  desenhar  o  seu  percurso  formativo  de  acordo  com as necessidades por si identificadas e de acordo com a oferta disponível. 

Isto também abonaria em favor da comunicação entre os vários profissionais da  Cegoc, sendo a falta de elos de ligação um dos pontos fracos identificados no ambiente  externo, segundo o modelo SWOT. Como E1 indica: 

“Muitas  vezes  cada  formador  e  cada  consultor  trabalham  de  forma  isolada  e  os  outros  não  têm  conhecimento  do  que  está  a  ser  feito.” (cit. 13.2, A, E1) 

 

Como foi dito anteriormente, não se trata de preparar os consultores da Cegoc  em  especialistas  do  e‐learning,  mas  ter  conhecimentos  básicos  que  lhes  permitam  trazer uma solução mais ajustada ao seu cliente, caso se verifique a necessidade de um  produto e‐learning. E1 indica, 

“No  apoio  comercial  (…)  também  temos  vindo  a  desenvolver  competências nesse sentido” (cit. 9.1, A, E1) 

Trata‐se,  portanto,  de  desenvolver  competências  transversais,  respeitando  sempre as respetivas especialidades. 

Da  junção  destas  condicionantes  manifestou‐se  a  necessidade  de  se  preparar  um  módulo  que  torna‐se  visível  o  trabalho  no  CI&D,  dando  uma  noção  mais  real  do  que  é  feito.  Este  responderia  de  forma  indireta  a  uma  diminuição  do  trabalho  administrativo, possibilitando maior inovação. 

De  outra  forma,  capacitaria  os  profissionais  da  área  comercial  a  indicar  possibilidades  mais  ajustadas  aos  seus  clientes  na  área  do  e‐learning,  o  que  poderia  então  decorrer  em  percursos  e‐learning  alternativos  e,  por  sua  vez,  em  práticas  criativas. 

   

Capítulo VI