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CAPITULO II REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 INFILTRAÇÃO DE ÁGUA E GERAÇÃO DE LIXIVIADOS

Os aterros são tipicamente construídos e preenchidos em camadas de resíduos, intercaladas por camadas de solo. O efeito da construção em camadas e da presença de uma cobertura intermediária e final resulta em características de fluxo diferentes no movimento de líquidos e infiltração de água no aterro. De acordo com El -Fadel et al. (2002) os lixiviados são formados quando o teor de umidade dos resíduos excede sua capacidade de campo1. Segundo Lange e Amaral (2009), o fator determinante na vazão de lixiviados de um aterro sanitário é o volume de águas pluviais infiltradas, enquanto o fator determinante das características físicas, químicas e microbiológicas do lixiviado são as características dos resíduos sólidos aterrados.

O processo de formação do lixiviado em aterros de RSU é influenciado por muitos fatores que podem ser divididos em: (i) fatores que contribuem diretamente com a umidade do aterro (chuva, águas subterrâneas, conteúdo de umidade inicial, recirculação, codisposição de resíduos líquidos e a decomposição do mesmo) e (ii) fatores que afetam o lixiviado ou a distribuição de umidade dentro do aterro (idade do lixo, pretratamento, recalque, material utilizado na parede lateral do aterro,

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compactação, permeabilidade, tamanhos das partículas, densidade, vegetação, cobertura, geração e transporte de calor e gás) (EL-FADEL et al., 2002).

Nem toda água que alcança a superfície do aterro se converte em lixiviados, pois parte da água precipitada se perde por escoamento superficial, outra parte da água se perde por evaporação direta e transpiração vegetal (evapotranspiração) e o restante da água se infiltra na cobertura de solo. Uma porção da água ficará retida no solo de cobertura e nos resíduos, sendo essa retenção determinada pela capacidade de campo do solo e dos resíduos (MONTEIRO, 2003). O método pelo qual se determina o fluxo de entrada e de saída de água de um aterro, em um determinado período de tempo, é denominado de balanço hídrico, e está sumarizado na Figura 1.

Geralmente os estudos relacionam qualitativa e quantitativamente a geração de lixiviados com a precipitação, para indiretamente determinar a influência da camada de cobertura nessa geração. Jang et al. (2002) utilizaram um modelo computacional para avaliar o balanço hídrico e prever o nível de variação do lixiviado no aterro Kimpo na Korea do Sul, analisando a influência do grau de compactação2, tanto da cobertura quanto do resíduo, e da espessura da camada de cobertura. O modelo mostrou que o grau de compactação de camadas de cobertura intermediárias e o grau de compactação do resíduo influenciaram mais no nível de lixiviados do que a espessura das camadas de cobertura.

Lange et al. (2006) desenvolveram estudo experimental em campo para identificar possíveis interferências das camadas de cobertura final e intermediária na degradação dos RSU e na geração de lixiviados em aterros, assim como observar seus aspectos técnicos e construtivos e sugerir critérios de projetos para essas camadas. Para isso, foram executadas quatro células com diferentes configurações de camada de cobertura e camada intermediária, e variações nas características geotécnicas. Em relação às camadas de cobertura finais, se constatou nesse estudo, que a utilização de grau de compactação de 100% não se mostrou uma solução tecnicamente viável na minimização de geração de lixiviados, frente a uma compactação de 90%, em virtude de aumento de custos para se atingir um grau de compactação maior. Com relação à qualidade dos lixiviados não foram observadas diferenças nas características em função das propriedades das camadas de cobertura e camadas intermediárias, assim como também não foram verificados efeitos das precipitações sobre a variação dos parâmetros do lixiviado.

Catapreta (2008) utilizou dois tipos de camada de cobertura (barreira capilar e uma camada evapotranspirativa) em um aterro sanitário experimental, construído na área da Central de Tratamento de Resíduos Sólidos (CTRS) de Belo Horizonte/MG, no entanto não conseguiu separar a influência das características de cada tipo de camada na geração de lixiviado. Os resultados sugerem uma relação direta do regime pluviométrico com a vazão de lixiviado no período monitorado, assim como com o nível de líquidos no interior do aterro. Nesse estudo a camada de cobertura não apresentou eficiência suficiente para reter, ou impedir, a penetração das águas de chuva embora o material empregado tenha características de baixa permeabilidade.

2 Relação entre o peso específico seco máximo medido em campo e o peso específico seco máximo obtido no ensaio de compactação PROCTOR em laboratório

Parte da infiltração foi atribuída à retração do material, antes da implantação da camada de proteção do mesmo, o que ocasionou diversas trincas no topo do aterro, podendo ter contribuído significativamente para o aumento no nível de lixiviados no interior do Aterro Sanitário Experimental.

Como pode ser visto as características de projeto assim como as características geotécnicas das camadas de cobertura, tem influência na geração de lixiviados. A norma brasileira de projeto de aterros sanitários, (ABNT, 1992 p.4), menciona que deve ser prevista uma impermeabilização inferior e/ou superior do aterro sanitário, quando solicitado pelo órgão ambiental e que no caso de ser necessária impermeabilização, deve ser indicado: a) o tipo de impermeabilização adotado; b) os materiais empregados, com suas especificações e características, segundo as correspondentes normas brasileiras.