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3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.1 Influência da NAO na variação dos descritores ambientais

A análise da relação da NAO com a variação dos parâmetros físicos, químicos e biológicos das massas de água em estudo, período de 1996 a 2003 é apresentada nesta secção. Os dados mais relevantes são apresentados graficamente e uma análise mais detalhada está apresentada em anexo.

a) Descritores abióticos - Coliformes Fecais

Valores mais reveladores da relação da NAO com Coliformes Fecais foram obtidos nas albufeiras G1, nomeadamente em toda a coluna de água de Crestuma-Lever, Miranda e Pocinho e no hipolímnio de Valeira e Varosa. Também no G2 foram registadas boas relações em toda a coluna de água das albufeiras de Vilarinho das Furnas (G2.1), no epilímnio de Bouça e Fronhas (G2.2), no hipolímnio de Alto-Lindoso, Caniçada, Salamonde (G2.1) e em Fronhas e Castelo de Bode (G2.2). Com exceção de Miranda, Valeira e Bouça que apresentam uma correlação positiva dos parâmetros, para as restantes albufeiras a fase positiva da NAO é favorável ao aumento da concentração destas bactérias. Valores mais significativos desta relação e que explicam aproximadamente 30% da variação dos parâmetros, foram registados no epilímnio de Vilarinho das Furnas e no hipolímnio de Salamonde e Fronhas (anexo I).

- Temperatura da água (Temp)

A análise efetuada revela uma influência significativa da NAO na temperatura da água, essencialmente ao nível do hipolímnio nas albufeiras de Pocinho, Régua e Valeira, com cerca de 30% da variação explicada. Estes corpos de água inserem-se na tipologia G1, cujas albufeiras apresentam um regime de funcionamento do tipo “fio-de-água” e um tempo de residência baixo. A estabilidade destes reservatórios é condicionada pelas condições meteorológicas ou hidrológicas (Cabecinha 2008a) e por isso são mais sensíveis às variações da NAO. Com exceção de Vilar Tabuaço (G2.2), a relação dos dois parâmetros analisados é fraca nas albufeiras que constituem o grupo 2. Por sua vez, em

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Vilar Tabuaço, e contrariamente ao verificado nas albufeiras G1, a relação da NAO com a temperatura da água é mais significativa a ao nível do epilímnio. Vários estudos realizados na Europa em zonas onde a influência da NAO é mais forte, (i.e. Straile et al. (2003), Hurrell 1995) revelam que, de facto, a temperatura da água pode ser condicionada por este padrão. Straile et al. (2003) revela que a temperatura da água ao nível epilímnio dos lagos é suscetível a apresentar um elevado grau de coerência espacial no inverno e primavera que é induzida pelas forças meteorológicas relacionadas com a NAO. Flutuações a este nível são transmitidas para níveis mais profundos por ação dos processos de mistura vertical. No entanto, estas flutuações são apenas transmitidas para o hipolímnio na presença de uma estratificação térmica fraca, como por exemplo durante o inverno. Por sua vez, no hipolímnio a relação da temperatura da água com a NAO varia de lago para lago e depende das caraterísticas individuais, tais como a morfometria da albufeira e o grau de suscetibilidade às forças meteorológicas no verão (anexo I).

- Turbidez (TURV)

As variações da NAO provoca alterações na turbidez das massas de águas das albufeiras das diferentes tipologias, no entanto, as albufeiras do G1 são mais sensíveis à variação do padrão.

Um comportamento não esperado, e que pode estar relacionado com baixo número de amostras do descritor em questão no epilímnio das albufeiras de Póvoa de Meadas, Bemposta (G1), Lagoa Comprida (G2.1) e no hipolímnio de Miranda (G1). Aqui, a fase positiva da NAO é proporcional ao aumento da turbidez. Esta relação é mais significativa em Miranda, onde 36% da variação é explicada pelo modelo (anexo II – Quadro 6).

Por sua vez, um comportamento contrário, e esperado, é verificado no epilímnio de Fratel, Pocinho (G1), Salamonde e Vilar Tabuaço (G2.1, G2.2 respetivamente) e no hipolímnio de Guilhofrei, Lagoa Comprida (G2.1) e Fronhas (G2.2). Nestas albufeiras, a turbidez das massas de água aumenta quando a NAO está na fase negativa, ou seja, períodos de precipitação provoca maior turbidez. Valores mais robustos foram obtidos na análise dos parâmetros no hipolímnio de Vilar-Tabuaço, onde 54% da variação é explicada pelo modelo (Figura 7).

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Figura 7 - Relação da NAO com a turbidez da água no epilímnio da albufeira de Vilar-Tabuaço.

- Transparência (DS)

A transparência das massas de água das albufeiras de Bemposta, Carrapatelo, Pocinho, Régua, Valeira (G1) e de Guilhofrei (G2.1) é mais sensível às variações da Oscilação do Atlântico Norte.

Tal como mostram os quadros das matrizes e da análise das relações (anexo I e II), a fase positivas da NAO está correlacionada com a diminuição da transparência das águas de Bemposta, Pocinho e Valeira. Uma vez mais, este comportamento inesperado poderá estar relacionado com o baixo número de amostras deste descritor ou fatores externos antropogénico.

Um correlação contrária é verificada em Carrapatelo, Régua e Guilhofrei. Nestas albufeiras, a transparência da água tende a ser maior para valores positivos da NAO, ou seja, períodos de precipitação (fase negativa da NAO) aumentam a turbidez e consequentemente diminuem a transparência das massas de água. A relação destes parâmetros é mais evidente na albufeira da Régua, onde o modelo apresentado explica mais de 30% da variação (anexo II – Quadro ).

- Oxigénio Dissolvido (OD)

A relação do OD com a NAO é mais acentuada no hipolímnio das albufeiras do G1. A este nível destacam-se as albufeiras de Pocinho, Valeira e Varosa. Com valores mais baixos, mas ainda significativos, a NAO está relacionada com o teor de OD em toda a coluna de água da albufeiras de Crestuma-Lever e Picote (G1) (anexo I). No G2.1 o OD é influenciado pela variação da NAO sobretudo no hipolímnio das albufeiras de Venda

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Nova, Vilarinho das Furnas e em Lagoa Comprida. Uma boa relação destes parâmetros é também encontrada ao longo de toda a coluna de água das albufeiras de Torrão e Cabril e no hipolímnio das albufeiras de Aguieira (G2.2) (anexo I) . Ao longo das albufeiras referidas, o teor de OD nas massas de água diminui para valores positivos da NAO, o que revela que a fase da NAO associada à ocorrência de precipitação é favorável ao aumento do OD. Esta relação é evidenciada no hipolímnio da albufeira de Valeira, pois neste caso o modelo explica 50% da variação (Figura 8).

Figura 8 - Relação da NAO com oxigénio dissolvido no hipolímnio da albufeira de Valeira.

- Condutividade (Cond)

Contrariamente ao observado nas análises anteriores, a relação da NAO com a condutividade é mais evidente nas albufeiras do G2.2 e não nas do G1. Isto deve-se ao facto de as albufeiras de G2.2 serem mais suscetíveis a sofrerem impactes negativos relacionados com a urbanização e a entrada de efluentes industriais, o que contribuem para uma maior condutividade das massas de água.

Valores mais altos de correlação foram registados na análise dos parâmetros no epilímnio de Fronhas, Cabril e no hipolímnio de Bouça, Aguieira e em toda a coluna de água das albufeiras de Torrão (anexo I – Quadro 3). No ep das albufeiras do G2.2 a condutividade tende a aumentar na fase negativa da NAO e no hipolímnio a diminuir. O valor mais significativo da relação destes parâmetros foi obtido no ep de Fronhas, onde o modelo explica 50% da variação (Figura 9).

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Figura 9 - Relação da NAO com a condutividade no epilímnio de Fronhas.

- pH

Os valores mais significativos da análise da relação da NAO com o pH, cerca de 40% de variância, foram registadas em Póvoa de Meadas, Régua (G1), Guilhofrei, Stª Luzia (G2.1) e em Bouça, Caldeirão e Cabril (G2.2). Nestas albufeiras, a fase positiva da NAO relaciona-se com o aumento da pH. Um comportamento contrário é observado no epilímnio de Salamonde, Bouça, Bemposta, Carrapatelo, Pocinho (G1), Salamonde (G2.1) e no hipolímnio de Carrapatelo e Vilarinho das Furnas. Nestas albufeiras as variações apresentam uma variância de 35% e o pH tende a diminuir para valores positivos da NAO (anexo I).

- Nitratos (NO3-), Nitritos (NO2-) e Amónia (NH4+)

Os descritores nitratos, nitritos e amónia apresentam diferentes relacionamentos com a NAO. A concentração de nitratos é mais sensível às variações da NAO. Esta relação é mais acentuada nas albufeiras do G1, particularmente ao nível do hipolímnio nas albufeiras de Pocinho, Régua, Varosa, Picote e Valeira (anexo I). A fase negativa da NAO induz uma maior concentração de NO3- nas massas de água. Na albufeira da Régua a

relação destes parâmetros é mais acentuada, uma vez que o modelo explica 58% da variação observada (Figura 10).

Por sua vez, a relação do padrão atmosférico com os nitritos é fraca, no entanto, no G2 estes parâmetros relacionam-se nas albufeiras de Caniçada e Vilarinho das Furnas ao longo da coluna de água, no epilímnio de Salamonde, hipolímnio de Vendas Novas (G2.1) e epilímnio de Cabril (G2.2) (anexo II – Quadro 11).

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A relação da NAO com a concentração de NH4+ é mais acentuada do que a anterior,

essencialmente no epilímnio da albufeira de Bemposta onde o modelo explica 90% da variação (Figura 11) e em Valeira 81%(Figura 12).

Devido à lixiviação dos compostos que ocorre durante os períodos de precipitação, a fase negativa da NAO é proporcional ao aumento da concentração de NO3- e NH4+ nas massas

de água, nomeadamente na Régua, Bemposta e Valeira.

Figura 10 - Relação da NAO com os nitratos no hipolímnio da albufeira da Régua.

Figura 11 - Relação da NAO com a amónia no epilímnio da albufeira de Bemposta.

Figura 12 - Relação da NAO com a amónia no epilímnio da albufeira de Valeira.

- Fósforo Total (Tot P), Ferro (Fe), Cloro (Cl)

Um nutriente importante para as massas de água é o fósforo. A concentração deste nas águas das albufeiras apresenta uma relação significativa com a variação da oscilação do atlântico norte. Pela matriz das correlações, observa-se que a fase negativa NAO induz um aumento da concentração deste composto (anexo I). Esta relação é mais evidente no hipolímnio das albufeiras do G1 (anexo 1).

Relativamente aos restantes nutrientes, a variação da concentração do ferro e do cloro na água das albufeiras relaciona-se consideravelmente com a variação da NAO (anexo I).

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A fase positiva deste parâmetro está correlacionado com o aumento da concentração do ferro no epilímnio da Lagoa Comprida (Figura 13) e uma diminuição no hipolímnio de Pocinho, Vilarinho das Furnas e Cabrl (Figura 14, Figura 15, Figura 16).

Figura 13 - Relação da NAO com o ferro no epilímnio da albufeira de Lagoa Comprida.

Figura 14 - Relação da NAO com o ferro no hipolímnio da albufeira de Pocinho.

Figura 15 - Relação da NAO com o ferro no

hipolímnio da albufeira de Vilarinho das Furnas Figura 16 - Relação da NAO com o ferro no hipolímnio da albufeira de Cabril.

Por sua vez, a concentração de cloro (Cl) nas massas de água, tal como o ferro, tende a diminuir na fase positiva da NAO. Esta relação é evidente num maior número de albufeiras do G1, tais como Picote, Pocinho, Régua, Valeira e Varosa e apenas em duas albufeiras do G2, Vilarinho das Furnas e Cabril (anexo I). Apesar de Vilarinho das Furnas e Cabril apresentarem uma tipologia diferente das albufeiras do G1, estas situam-se na mesma bacia hidrográfica, o que poderá estar relacionado com os dados obtidos.

Os valores mais reveladores da relação da NAO com o Cl foram obtidos na albufeira da Régua, onde o modelo explica 71% (Figura 17) da variação observada em Cabril com 82% (Figura 18).

40 Figura 17 - Relação da NAO com o cloro no

epilímnio da albufeira da Régua.

Figura 18 - Relação da NAO com o cloro no epilímnio da albufeira de Cabril.

- Carência Química de Oxigénio (CQO) e Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5)

A relação da NAO, quer com a CQO, quer com CBO5 é mais significativa nas albufeiras

do G1. No entanto, a influência da NAO na CQO apresenta resultados estatisticamente mais robustos, nomeadamente nas albufeiras em Miranda (Figura 19) e Régua (Figura 20). A fase positiva da NAO provoca um aumento da CQO, tal como é possível observar na Figura 19, onde o modelo explica 82% da variação e na Figura 19 60%.

Figura 19 - Relação da NAO com CQO no hipolímnio da albufeira de Miranda.

Figura 20 - Relação da NAO com a CQO no hipolímnio da albufeira da Régua

- Sílica (SiO2)

A concentração de SiO2 é mais sensível às variações da NAO nas albufeiras de G1. Neste

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e no hp de Miranda, Pocinho e Régua. No entanto, no hipolímnio da albufeira da Régua a relação da NAO com a sílica é mais significativa (anexo I). A fase positiva da NAO é favorável à diminuição da concentração de SiO2 , tal como é possível observar na Figura

21, onde o modelo apresentado explica 64% da variação.

Figura 21 - Relação da NAO com a concentração de SiO2 no hipolímnio da albufeira da Régua.

b) Descritor biológico - Clorofila a (Clorf a)

Uma vez mais, um maior número de boas correlação da NAO com a Clorofila a, são registadas nas albufeiras do G1 (anexo I). Valores mais significativos foram registados no epilímnio de Fratel, Bemposta, Régua, Valeira e Varosa, no hipolímnio de Povoa de Meadas e ao longo de toda a coluna de água na albufeira de Belver, Régua e Pocinho.

No G2, o teor de clorofila a relaciona-se com oscilação da NAO na coluna de água da albufeira de Touvedo e no hipolímnio de Alto-Lindoso, Lagoa Comprida, Sta. Luzia (G2.1), no epilímnio de Vilar Tabuaço e Aguieira, no hipolímnio de Fronhas e Castelo de Bode e, com o melhor valor de correlação, em toda a coluna de água da albufeira de Cabril (G2.2).

A Figura 22 expõe a relação dos dois parâmetros. O modelo apresentado explica 76% da variação e mostra que o teor de Clorofila a no hp diminui quando a NAO está na fase positiva. Contrariamente, as matrizes apresentadas no anexo I, revelam que este comportamento é contrário no ep, ou seja, o teor de Clorofila a aumenta no epilímnio durante a fase positiva da NAO.

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Figura 22 - Relação da NAO com o teor de clorofila a no hipolímnio da albufeira de Cabril.

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