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3. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.2 Influência da Precipitação na variação dos descritores ambientais

Nesta secção é analisada a influência da precipitação na variação dos parâmetros físicos, químicos e biológicos das massas de água em análise, no período de 1996 a 2003. Os dados mais relevantes são apresentados graficamente e uma análise mais detalhada encontra-se apresentada em anexo.

a) Descritores abióticos - Coliformes Fecais (Clf F)

Os impactes da precipitação na concentração dos Clf F é mais acentuada nas albufeiras do G1, menos acentuada nas albufeiras do G2.2 e muito pouco acentuada nas albufeiras do grupo 2.1 (anexo II e IV). Dado que as albufeiras do G1 são fio-de-água e que o caudal de entrada é praticamente igual ao de saída, as albufeiras deste grupo são mais suscetíveis a sofrerem impactes diretos resultantes da variação da precipitação.

Os valores mais significativos foram obtidos na relação destes parâmetros no ep da albufeira de Carrapatelo (Figura 23) e em toda a coluna de água na albufeira de Picote (Figura 24).

As figuras apresentadas demonstram que a precipitação está positivamente relacionada com a concentração de Clf F, ou seja, a ocorrência de precipitação é favorável ao aumento da concentração destas baterias.

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Esta relação é mais significativa no ep da albufeira de Carrapatelo, pois modelo explica 81% da variação observada (Figura 23), no hipolímnio da albufeira de Bouça, com mais de 70% (Figura 25)e em Miranda com 56% (Figura 26). Também em toda a coluna de água na albufeira de Picote, no qual o modelo apresentado explica mais de 60% da variação (Figura 24).

Figura 23 - Relação da precipitação com concentração de Coliforme Fecal no epilímnio da albufeira de Carrapatelo

a b

Figura 24 - Relação da precipitação com concentração de Coliforme Fecal no (a) epilímnio e (b) hipolímnio em Picote

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- Temperatura da água (Temp)

A análise da relação da precipitação com a temperatura da água mostra que a precipitação é responsável pela sua variação, fundamentalmente, ao longo da coluna de água das albufeiras do G1 e no epilímnio das albufeiras de G2.2. Quando comparadas com as do G2.1, as albufeiras do G1 e G2.2 são caracterizadas como albufeiras menos profundas e menos frias, por isso, a temperatura da água destas albufeiras é mais sensíveis às variações da precipitação. A análise revela que aumento da precipitação faz diminui a temperatura da água (anexo II).

Os valores mais significativos foram obtidos no epilímnio de Fratel, Cabril, Aguieira e Bouça, no hipolímnio de Miranda, Bemposta, Caldeirão e ao longo de toda a coluna de água da Régua, Bouça e Carrapatelo. Em Bouça esta variação é mais significativa e está representada na Figura 27. O modelo explica 56% da variação e as variáveis estão negativamente correlacionadas, ou seja, o aumento da precipitação leva a uma diminuição da temperatura da água do epilímnio na albufeira de Bouça.

Figura 25 - Relação da precipitação com concentração de Coliforme Fecal no hipolímnio na albufeira de

Bouça.

Figura 26 - Relação da precipitação com concentração de Coliforme Fecal no hipolímnio na

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Figura 27 - Relação da precipitação com a temperatura da coluna de água no epilímnio da albufeira de Bouça.

- Turbidez (Turv)

A análise efetuada mostra que a turbidez da água é também influenciada pela precipitação, quer no epilímnio quer no hipolímnio das albufeiras. Com valores de R2 mais elevados, destacam-se as albufeiras do G1 (anexo II).

A análise deste par de variáveis, ao longo de toda a coluna de água das albufeiras de Picote (Figura 28), Pocinho (Figura 29) e Belver (Figura 30), mostra que mais de 60% da variação observada é explicada pelos modelos obtidos. No hipolímnio da albufeira de Picote, a precipitação explica 86% da variação da turbidez (b) e 69% no epilímnio (a) (Figura 28). Em Pocinho, os valores de R2 obtidos ao nível do epilímnio e hipolímnio são próximos. Por isso, a precipitação influência a turbidez de toda a coluna de água da albufeira (Figura 29). Em Belver, o impacte da precipitação na turbidez da água ao nível do hipolímnio (b) é superior (Figura 30). Contrariamente, nas albufeiras das barragens de Pocinho (Figura 29), Cabril (Figura 31), Fratel (Figura 32), Bouça (Figura 33) e Alto Lindoso (Figura 34), a influência da precipitação na turbidez da água é mais acentuada do epilímnio.

Em todos os locais analisados, o aumento da precipitação induz um aumento da turvação da água.

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a b

Figura 28 - Relação da precipitação com a turbação no epilímnio (a) e hipolímnio (b) da albufeira de Picote.

a b

Figura 29 - Relação da precipitação com a turbidez no epilímnio(a) e hipolímnio (b) da albufeira de Pocinho.

a b

Figura 30 Relação da turvação com a precipitação no epilímnio (a) e no hipolímnio (b) da albufeira de Belver.

47 Figura 31 - Relação da precipitação com a turvação no epilímnio na albufeira de Cabril.

Figura 32 - Relação da precipitação com a turbação no epilímnio na albufeira de Fratel

Figura 33 - Relação da precipitação com a turbidez da água no epilímnio na albufeira de

Bouça.

Figura 34 - Relação da precipitação com a turbidez no epilímnio da albufeiras de Alto

Lindoso.

- Transparência (DS)

A relação entre a precipitação e a transparência foi mais significativa nas albufeiras das barragens de Bouça e Cabril (Figura 35 e Figura 36, respetivamente). Os parâmetros encontram-se negativamente correlacionados, ou seja, com o aumento da precipitação, aumenta a turvação da água e consequentemente a transparência diminui.

Em Bouça, a precipitação é responsável por 60% da variação dos valores do DS. Também na albufeira de Cabril as variáveis estão negativamente correlacionadas e o modelo 55% da variação observada.

48 Figura 35 - Relação do DS com a precipitação na

albufeira de Bouça.

Figura 36 - Relação do DS com a precipitação na albufeira de Cabril

- Oxigénio Dissolvido (OD)

O impacte da precipitação na concentração do OD é mais acentuado nas albufeiras do G1 e do G2.2. A análise dos dados obtidos mostra que a influência da precipitação na concentração de OD é maior no hipolímnio (anexo III).

O aumento da precipitação induz um aumento da concentração de OD. Esta influência é observada essencialmente nas camadas do hipolímnio dos corpos de água das albufeiras de Miranda (Figura 37), Régua (Figura 38), Bouça (Figura 39), Fratel (Figura 40),Torrão (Figura 41) e Aguieira (Figura 42). A análise dos dados nas albufeiras descritas apresentam valores de R2 próximos. Em Miranda (Figura 37), o modelo observado explica 58% da variação. Nas restantes albufeiras, embora com modelos diferentes, a percentagem de variação explicada é de aproximadamente 50%.

Figura 37 - Relação da precipitação com o OD no hipolímnio da albufeira de Miranda.

Figura 38 - Relação da precipitação com OD no hipolímnio: da albufeira da Régua.

49 Figura 39 - Relação da precipitação com OD no hipolímnio

da albufeira de Bouça.

Figura 40 - Relação da precipitação com o OD no hipolímnio da albufeira de Fratel

Figura 41 - Relação da precipitação com o OD no hipolímnio da albufeira de Torrão.

Figura 42 - Relação da precipitação com o OD no epilímnio da albufeira de Agueira.

- Condutividade (Cond)

Os parâmetros analisados nesta secção mostram que o aumento da precipitação provoca uma diminuição da condutividade da água das albufeiras. Este impacte é mais acentuado nas águas albufeiras de Alto Rabagão (Figura 43), Varosa (Figura 44) e Torrão (Figura 45). Apesar de a análise da relação da precipitação com este parâmetro apresentar valores semelhantes nos diferentes níveis (ep e hp), a influência da precipitação na condutividade das massas de água é ligeiramente superior no ep (Figura 43).

A variação temporal da condutividade na albufeira de Alto Rabagão ao longo do período de amostragem evidencia uma relação acentuada com a precipitação registada. Observa- se que a condutividade diminui com o aumento da precipitação nos diferentes níveis, sendo que no epilímnio o modelo explica 70% da variação e no hipolímnio 60% (Figura

50

43). Em Varosa (Figura 44) e Torrão (Figura 45), é observado o mesmo comportamento, ou seja, o aumento da precipitação induz a diminuição da condutividade. Em ambos locais o modelo explica aproximadamente 50% da variação observada.

a b

Figura 43 Relação da precipitação com a condutividade no epilímnio (a) e hipolímnio (b) da albufeira de Alto Rabagão.

Figura 44 - Relação da precipitação com a Condutividade no epilímnio da albufeira de Varosa.

Figura 45 - Relação da precipitação com a condutividade no epilímnio da albufeira de

Torrão.

- pH

A análise da influência da precipitação na variação do pH apresenta valores muito baixos, cujo grau de relação é sempre inferior a 30% (anexo IV – Quadro 29). Assim, conclui-se que a precipitação tem reduzido impacte na variação deste parâmetro.

- Nitratos (NO3-), Nitritos (NO2-) e Amónia (NH4+)

O cruzamento dos dados de precipitação com os compostos analisados nesta secção mostra que, a variação dos regimes de precipitação tem mais impacte na concentração do

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NO3-. Esta relação é mais evidenciada nas albufeiras do G2, cujo tempos de retenção é

mais elevados. Por sua vez, a concentração de NO2- é influenciada pela precipitação

apenas em dois locais do conjunto analisado. Por sua vez, a relação da precipitação com o NH4+ é fraca, pois na generalidade os valores obtidos foram baixos (anexo III e IV).

A análise da Figura 46 mostra que o aumento da precipitação é favorável ao aumento da concentração de NO3- no corpo de água da albufeira de Vilarinho das Furnas. A

concentração do composto é afetada ao longo da coluna de água, no epilímnio, cujo modelo explica 53% da variação (Figura 46) e no hipolímnio onde o modelo explica 72% (Figura 46 b). A albufeira de Bouça apresenta o mesmo comportamento de variação e tal como a análise anterior, é no hipolímnio que a precipitação mais influência a concentração do NO3-. O modelo apresentado explica 63% da variação observada (Figura

47). No geral, os valores da análise da relação dos parâmetros no hipolímnio são ligeiramente superiores quando comparados com os do epilímnio. No entanto, na albufeira da barragem de Carrapatelo, a concentração do NO3- das águas superficiais é

mais afetada pela variação da precipitação. Neste local, o modelo obtido explica 54% da variação no epilímnio, enquanto no hipolímnio o valor decresce para 51% (Figura 48).

a b

Figura 46 - Relação da precipitação com a concentração de NO3- no epilímnio (a) e no hipolímnio (b)

52

Figura 47 - Relação da precipitação com a concentração de NO3- no hipolímnio da albufeira de Bouça.

a b

Figura 48 - Relação da precipitação com concentração de NO3- no epilímnio (a) e no hipolímnio (b) da

albufeira de Carrapatelo.

Da analise precipitação com concentração de NO2- foram obtidos valores baixos de

correlação. As relações mais significativas foram registadas apenas na albufeira de Bouça e Alto Lindoso, onde o modelo apresenta valores de R2 superiores a 0,50 (anexo II e IV). A análise da Figura 49 e Figura 50 mostra que, a ocorrência de precipitação é favorável ao aumento da concentração do NO2- no hipolímnio da albufeira de Bouça e Alto Lindoso.

Tal como na análise anterior, a concentração de NO2- nas águas mais profundas, é mais

afetado pela variação da precipitação. O modelo apresentado na Figura 49 explica 68% da variação e na Figura 50 59%.

53 Figura 49 - Relação da precipitação com a concentração de NO2- no hipolímnio da albufeira de

Bouça.

Figura 50 - Relação da precipitação com a concentração de NO2- no hipolímnio da albufeira

de Alto Lindoso.

Para finalizar esta secção, os modelos obtidos na análise da influência da precipitação na variação da concentração do NH4+ não explicam mais de 50% das variações observadas.

Em geral, os valores de R2 obtidos foram inferiores a 0,30. Por isso, é possível concluir a precipitação não é relevante para a variabilidade da concentração do NH4+ nas albufeiras

analisadas (Anexo IV – Quadro 32).

- Fósforo Total (Tot P), Ferro (Fe), Cloro (Cl)

A análise da precipitação e da concentração de fósforo nas albufeiras, mostra que a precipitação pode ser responsável pela variação do Tot P na albufeira de Bouça (Figura 51) e Alto Lindoso (Figura 52), pois para estes locais o valor de R2 é superior a 0,50. Nas restantes albufeiras, os valores de R2 foram próximos de 0 (zero). Assim, a variabilidade de Tot P não parece estar significativamente relacionada com a variação da precipitação (anexo II e IV).

A observação da Figura 51 e Figura 52 mostra que a ocorrência de precipitação induz um aumento da concentração do fósforo total. Em Bouça (Figura 51), a influência da precipitação na concentração de fósforo é mais acentuada ao nível do hipolímnio, onde 67% da variabilidade do fósforo é explicada pela variação da precipitação. Na Figura 52, a albufeira da barragem de Alto Lindoso, a variação da precipitação é responsável por 51% da variação da concentração do fósforo no epilímnio.

54 Figura 51 - Relação da precipitação com a

concentração de Fósforo total no hipolímnio da albufeira de Bouça.

Figura 52 - Relação da precipitação com a concentração de Fósforo total no epilímnio da

albufeira de Alto Lindoso.

Por sua vez, e tal como na análise anterior, a ocorrência de precipitação é proporcional ao aumento da concentração de ferro nas massas de água. Os impactes são mais significativos ao nível do hipolímnio da albufeira de Cabril (G2.2), no qual o modelo apresentado explica 59% da variação (Figura 53) e Belver (G1), cujo modelo explica 53% da variação observada.

Figura 53 - Relação da precipitação com a concentração de ferro no hipolímnio da albufeira de

Cabril.

Figura 54 - Relação da precipitação com a concentração de ferro no hipolímnio da

albufeira de Belver.

Contrariamente ao verificado anteriormente, a análise estatística da relação da precipitação com a concentração de cloro, revelou um comportamento inesperado na albufeira de Cabril, local onde a analise apresentou dados mais robustos (Figura 55). A ocorrência de precipitação induz uma diminuição da concentração de cloro na massa de água. Este comportamento poderá estar relacionado com fatores externos ou com o baixo número de amostras, resultantes da monitorização do descritor.

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Figura 55 - Relação da precipitação com a concentração de cloro na epilímnio da albufeira de Cabril.

- Carência Química de Oxigénio (CQO) e Carência Bioquímica de Oxigénio (CBO5)

Os valores obtidos na análise da influência da precipitação na concentração da CQO e CBO5 foram baixos. Em todos os locais de estudo os valores obtidos de R2 foram

inferiores a 0,50, e na sua maioria próximos de 0 (zero), assim conclui-se que a variação da precipitação não é significativa para a variabilidade da CQO (anexo IV – Quadro 34) e CBO5 (anexo IV – Quadro 35).

- Sílica (SiO2)

O impacte da precipitação na variabilidade da concentração do SiO2 é mais evidente nas

massas de água das albufeiras do G1. No entanto, a precipitação é responsável pela variação da concentração do SiO2 apenas nas albufeiras de Carrapatelo e Pocinho. Nestas

albufeiras, os valores obtidos nos diferentes níveis de análise, epilímnio e hipolímnio, são muito próximos. Assim, é possível concluir que a precipitação influencia a concentração do SiO2 ao longo da coluna de água (anexo IV).

A Figura 56 mostra a variação da precipitação e da concentração do SiO2 total na albufeira

da Barragem de Carrapatelo ao nível do epilímnio (Figura 56 a) e hipolímnio (Figura 56 b). No primeiro nível, a precipitação é responsável por 54% da variação da SiO2. No

segundo nível, o modelo explica 53% da variação observada. A relação destes dois parâmetros é proporcional, i.e. o aumento da precipitação induz o aumento da concentração de SiO2 na massa de água. O segundo par de gráficos apresentados na Figura

57 refere-se à albufeira da barragem de Pocinho e apresentada uma relação semelhante á descrita anteriormente. Com valores de R2 muito próximos, destaca-se a influência da

56

precipitação na concentração do SiO2 no hipolímnio. A este nível, o modelo explica 54%

(Figura 57 b) da variação observada e 53% no epilímnio (Figura 57 a).

a b

Figura 56 - Relação da precipitação com concentração de SiO2 no epilímnio (a) e no hipolímnio (b) da

albufeira de Carrapatelo.

a b

Figura 57 - Relação da precipitação com a concentração do SiO2 no (a) epilímnio (a) e no hipolímnio

(b) da albufeira de Pocinho.

b) Parâmetros biológicos

- Clorofila a (Clorf a)

Da análise da influência da precipitação na concentração da clorofila a das massas de água destaca-se a influência da precipitação na concentração da Clorf a no epilímnio das albufeiras de Bemposta (Figura 58) e no hipolímnio da albufeira de Vilarinho das Furnas (Figura 59). Em ambas as situações, a relação destes dois parâmetros é negativa, ou seja, o aumento da precipitação provoca uma diminuição do teor de Clorf a. O modelo apresentado na Figura 58 explica 51% da variação do teor de Clorf a por influência da

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precipitação em Bemposta. Por sua vez, em Vilarinho das Furnas, a influência da precipitação no teor de clorofila a é maior no hipolímnio (Figura 59).

Figura 58 - Relação da precipitação com a Clorofila a no epilímnio da albufeira de

Bemposta.

Figura 59 - Relação da precipitação com a Clorofila a com no hipolímnio da albufeira de

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