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Influência do método de condicionamento da superfície

4.2 A DESÃO A RESINAS COMPOSTAS

4.2.2 Influência do método de condicionamento da superfície

preconizado como forma de remoção de contaminantes e de aumentar a adesão a uma nova camada de compósito, podendo ser efectuado por diferentes estratégias, não se podendo identificar a obtenção dos melhores resultados em termos de reparação com uma única estratégia:

Tratamento mecânico da superfície

O tratamento mecânico da superfície, para além da remoção de contaminantes, permite aumentar a microrrugosidade e a área de superfície do compósito.

A remoção da camada superficial do compósito polimerizado, parece facilitar a adesão do compósito recente por promover a remoção de pigmentos e contaminantes presentes sobre a camada superficial (Jardim 1998).

Grande parte dos estudos que comparam os vários métodos de tratamento de superfície aponta para a utilização de jacto de óxido de alumínio conjuntamente com a utilização de diversos adesivos, como o método mais eficaz para obtenção de valores de adesão semelhantes ao substracto (Oztas, Alacam et al. 2003; Cavalcanti, Mitsui et al. 2007; Papacchini, Dall'Oca et al. 2007).

No entanto, existem autores que sugerem outros métodos, designadamente a utilização de instrumentos rotativos, como sendo igualmente ou mais eficazes do que a utilização do jacto de óxido de alumínio.

Jardim em 1998 obteve valores de adesão semelhantes aos obtidos com o jacto de óxido de alumínio, com a utilização de uma pedra verde, questionando a utilização de jacto de óxido de alumínio, pelo facto da sua utilização, sobretudo com compósitos de micropartículas, com tempos de exposição variáveis e utilização de diferentes pressões, poder conduzir à presença de cavitações no compósito (Jardim 1998).

Bonstein (2005) obteve melhores resultados, em termos de adesão, com a preparação da superfície com uma broca de diamante, em comparação com a utilização de jacto de óxido de alumínio ou de um silano (Bonstein, Garlapo et al. 2005).

Yesilyurt (2009), num estudo da reparação de compósitos nanoparticulados com diferentes métodos, concluiu que a preparação mecânica da superfície com uma broca de diamante aparece como método de preparação ideal (19,3 MPa), seguido da utilização de jacto de óxido de alumínio (18,7 MPa), jacto de bicarbonato de sódio (17,4 MPa), ácido fluorídrico (15,2 MPa). A utilização de ácido fosfórico (8,8 MPa) conduziu a valores mais baixos do que a ausência de tratamento da superfície (9,2 Mpa)(Yesilyurt, Kusgoz et al. 2009).

Condicionamento com Ácido Fosfórico

Alguns autores preconizam a utilização de ácido fosfórico (H3PO4) nos

procedimentos de adesão ao compósito, como elemento de limpeza, após a preparação mecânica do substrato, com broca ou com jacto de óxido de alumínio (Cavalcanti, Mitsui et al. 2007; Papacchini, Dall'Oca et al. 2007; El- Askary, Fawzy et al. 2009). A sua utilização isolada, como preparação do substracto, foi estudada, entre outros, por (Bonstein, Garlapo et al. 2005;

Ozcan, Alander et al. 2005; El-Askary, Fawzy et al. 2009; Yesilyurt, Kusgoz et al. 2009; Loomans, Cardoso et al. 2011).

Loomans e col., em 2011, estudaram diversos métodos de preparação da superfície de cinco tipos de compósitos, envelhecidos por termociclagem, seguida da aplicação de um silano e de um adesivo para a adesão de novo compósito. A utilização de ácido fosfórico a 37%, como preparação do substracto envelhecido, originou valores de adesão de 90% em relação à força coesiva do substracto, superiores à asperização por broca diamantada (86%), mas inferiores aos 99% obtidos com utilização de um jacto de óxido de alumínio (Loomans, Cardoso et al. 2011). No entanto, os resultados são dependentes do substracto. Assim, quando o substracto foi o compósito nanohíbrido Filtek Supreme XTTM , os resultados obtidos em termos de adesão, com a preparação

da superfície com ácido fosfórico a 37% durante 20 segundos, foram estatisticamente superiores aos obtidos com a utilização de um jacto de óxido de alumínio ou à asperização da superfície com uma broca diamantada.

Yesilyurt e col (2009) estudaram vários métodos de preparação de uma superfície envelhecida do compósito fluido Filtek Supreme XT. O tratamento da superfície com a utilização de ácido fosfórico, seguida da aplicação de um adesivo obteve valores semelhantes aos obtidos na ausência de tratamento da superfície (8,8 MPa vs 9,2 MPa) e significativamente inferiores aos outros tratamentos de superfície (Yesilyurt, Kusgoz et al. 2009).

O condicionamento da superfície de reparação com ácido fosfórico e a posterior aplicação de um adesivo mostrou-se igualmente inferior a um processo de silanização em termos de valores de adesão (Ozcan, Barbosa et al. 2007).

A aplicação de ácido fosfórico, após a preparação da superfíce por outros métodos, parece pois não influenciar os valores de adesão.

No estudo de El-Askary, em 2008, a utilização de ácido fosfórico, após a aplicação de um primer de silano, não influenciou os valores de adesão (Fawzy, El-Askary et al. 2008).

Cavalcanti e DeLima, em 2007, na reparação de compósitos após 24 horas de imersão em água, obtiveram valores de adesão ao substracto semelhantes ao do compósito, com a preparação do compósito por jacto de óxido de alumínio e a utilização de Clearfil SE Bond , com ou sem limpeza intermédia com ácido fosfórico (Cavalcanti, Mitsui et al. 2007).

Condicionamento com Ácido Fluorídrico

A utilização de ácido fluorídrico, como método de preparação da superfície de compósitos, foi estudada por diversos autores, em concentrações que variam entre os 3% e os 9,6% e com tempos de aplicação entre os 20 segundos e os 120 segundos (Ozcan, Alander et al. 2005; Papacchini, Dall'Oca et al. 2007; Rodrigues, Ferracane et al. 2009; Loomans, Cardoso et al. 2011). Os valores de adesão proporcionados são variáveis dependendo do substracto e dos materiais utilizados na reparação do compósito.

Rodrigues e col (2009), comparando diversos sistemas na reparação do compósito Filtek Z250TM – um compósito cuja formulação da matriz é

semelhante ao Transbond XTTM – referem que a utilização do ácido fluorídrico

levava a valores de adesão ao corte mais baixos, em relação ao jacto de óxido de alumínio ou à deposição de uma camada de sílica (Rodrigues, Ferracane et al. 2009).

Loomans (2011) obteve valores de adesão superiores aos demais métodos com a aplicação de ácido fluorídrico - 9,6% durante 120 segundos – seguida da aplicação de um silano e de um adesivo na reparação do Filtek Supreme XTTM e Photo Clearfil BrightTM. Já na reparação do Clearfil AP-XTM a

aplicação durante 20 segundos é suficiente para proporcionar os melhores valores de adesão.

Silanização

A utilização de silanos está geralmente associada à utilização de adesivos, parecendo que a aplicação de silanos antes do adesivo leva a resultados de adesão superiores aos que se obtêm quando o silano se encontra misturado com o adesivo. Tezvergil e col., em 2003, na reparação do compósito Z250 (3M) obtiveram melhores resultados com a utilização de Clearfil repair (Kuraray), um sistema de três componentes com adesivos auto mordaçantes (self etching primers - SEP), dimetacrilatos, sílica coloidal e um silano, em relação à utilização de Compoconnect (Heraus Kulzer) um primer com a combinação de um silano com um dimetacrilato. Este último primer conduziu aos mesmos valores de adesão do que a utilização do adesivo Scotchbond Multipurpose Adhesive (3M), um adesivo sem carga à base de

Bisfenolglicidildimetacrilato (Bis-GMA) e 2-hidroxietilmetacrilato (HEMA) (Tezvergil, Lassila et al. 2003).

A silanização ou a utilização de jacto de óxido de alumínio, parece conferir resultados semelhantes, independentemente do adesivo utilizado (Rodrigues, Ferracane et al. 2009).

Utilização de adesivos

Os adesivos apresentam uma fuidez que lhes permite um molhamento mais fácil das superfícies. Talvez por isso, na maior parte das situações, a utilização de sistemas adesivos parece ser necessária, para obter valores de adesão aceitáveis na reparação de compósitos. A sua utilização, após a preparação mecânica da superfície do compósito, leva a valores clinicamente aceitáveis (Oztas, Alacam et al. 2003; Tezvergil, Lassila et al. 2003).

Tezvergil (2003) demonstrou que na reparação do compósito Z250 (3M Espe), a utilização apenas de Scotchbond Multipurpose Adhesive (3M Espe) após a preparação mecânica do compósito, levou a valores clinicamente aceitáveis (35,7 MPa) e superiores aos do grupo de controlo, em que não foi executado tratamento de superfície.

Oztas e col. (2003) estudaram a influência da utilização de um adesivo com carga (Optibond solo, Ormco) na reparação do compósito Herculite (Kerr), tendo obtido valores de adesão de 31,3 MPa, quando a superfície do compósito foi tratada com jacto de óxido de alumínio e de 13,5 MPa quando a superfície foi asperizada com lixa. Desta forma, demonstraram que a utilização de jacto de óxido de alumínio, seguido da aplicação de um adesivo, conduzia a valores aceitáveis em termos de união de compósito a compósito.

A substituição da utilização de um adesivo, por um compósito fluido, foi estudada por Papacchini (2007) tendo obtido melhores resultados em termos de valores de adesão e de microinfiltração.

O comportamento físico dos compósitos fluidos permitiu que estes fossem encarados como possíveis substitutos dos adesivos, na reparação de compósitos, já que a sua tensão superficial possibilita o molhamento do compósito a ser reparado.

Papacchini, em 2008, estudou a reparação do compósito Filtek Supreme XTTM após um mês de imersão numa solução salina a uma temperatura de

37ºC. As superfícies a serem reparadas foram preparadas com jacto de óxido de alumínio, não tendo sido usada nenhuma interface no grupo de controlo. O grupo que utilizou compósitos fluidos (Filtek Supreme XT FlowTM) apresentou

valores de adesão superiores aos do uso de adesivos e ambos apresentaram valores de adesão superiores aos do grupo de controlo. A utilização de adesivos levou a fracturas mistas – coesiva e adesiva – já a utilização de compósitos fluidos levava a falhas predominantemente do tipo coesivo (Papacchini, Radovic et al. 2008).