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Informação apresentada pelo conferencista Prof Dr Marco Silva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), no 6° Simpósio Hipertexto e Tecnologias na Educação e 2° Colóquio Internacional de Educação com

Tecnologias. Os resumos dos trabalhos apresentados constam no site do evento, ver nas referências Silva (2015).

aprendizagem (BERGMANN; SAMS, 2016). Corroborando com a máxima Piva Junior e Cortelazzo (2015, p. 1277) explicam que “o grande potencial dessa abordagem está nas interações presenciais”.

Pode-se inferir que a maior interação é possível, porque nessa abordagem, existem dois fatores que influenciam na forma de comunicação no processo de ensino e de aprendizagem. Sendo o primeiro, a mudança no papel do professor de „transmissor de informações’ para „orientador e mediador da aprendizagem’; e o segundo trata-se da inversão permitir novas formas de organização da sala de aula, de modo a proporcionar um ambiente de aprendizagem mais aberto e dinâmico, e com maior tempo dedicado as atividades com acompanhamento do professor.

Segundo Piva Junior e Cortelazzo (2015) o fato da sala de aula tradicional estar geometricamente alinhada gera um maior distanciamento entre os estudantes e o professor. Contudo, desde o ano de 2006 estão surgindo uma série de ações em instituições de ensino em várias partes do mundo, com o intuito de repensar os ambientes de aprendizagem, também conhecidos como Learning Spaces.

No relato da experiência com a sala de aula invertida, os professores Bergmann e Sams (2016, p. 65, grifo do autor) explicam:

Em vez de posicionarmos na frente da sala, despejando informações e comandando o “espetáculo”, passamos o tempo fazendo o que é mais importante - ajudando os alunos, orientando pequenos grupos e trabalhando com os indivíduos em dificuldade. Passeamos constantemente pela sala, interagindo com os alunos sobre os principais objetivos de aprendizagem. O uso do tempo em sala de aula com a referida abordagem liberta o professor para trabalhar os conteúdos por meio de atividades que podem vir a propiciar um maior envolvimento dos alunos no processo de aprendizagem. Para ilustrar melhor essa ideia é apresentado no Quadro 07 um comparativo do uso do tempo de aula nas duas abordagens.

É importante destacar que os autores utilizaram como exemplo uma aula de química do ensino médio nos Estados Unidos com duração de 90 minutos, bem diferente do contexto do ensino superior no Brasil em que a hora/aula normalmente é de 50 minutos43.

43 Conselho Federal de Educação estabelece a duração e o currículo mínimo dos cursos de ensino superior (Lei n° 4.024/61, art. 9°,) e em diversos e conhecidos pronunciamentos consagrou como duração da hora-aula o tempo de cinquenta (50) minutos, com um intervalo de dez (10) minutos (BRASIL, 2007a).

Quadro 7 - Comparativo do uso do Tempo de Aula: Ensino Tradicional x Ensino Ativo * ENSINO TRADICIONAL

SALA DE AULA TRADICIONAL SALA DE AULA INVERTIDAENSINO ATIVO

Atividades Tempo Atividades Tempo

Abordagem inicial e lista de presença 05 minutos Abordagem inicial e lista de

presença 05 minutos

Corrigir o dever de casa. 20 minutos Perguntas e respostas sobre o material utilizado para a aula: vídeo, texto, entre outros.

10 minutos

Apresentação do novo conteúdo 45 minutos Atividade prática orientada sobre o conteúdo estudado e/ou atividade de laboratório

75 minutos

Atividade prática orientada sobre o

conteúdo e/ou atividade de laboratório 20 minutos

Tempo total da aula 90 minutos Tempo total da aula 90 minutos Fonte: quadro adaptado de Bergmann e Sams (2016, p. 13).

*Contexto estadunidense

No entanto, ao analisar o Quadro 7 fica evidente que no ensino tradicional o tempo para realização de atividades em sala de aula (20 minutos, ou seja, 22% da aula) é relativamente pequeno se comparado à abordagem sala de aula invertida, em que o tempo maior em sala de aula (75 minutos o equivalente 83% da aula) é destinado a trabalhar os conteúdos com os alunos em forma de atividades práticas.

Acredita-se que o tempo em sala de aula é um dos fatores de maior impacto no que tange ao aumento da interação, porque os professores ficam mais livres para circular na sala e realizar a orientação individual ou por grupos de estudantes. Existem pesquisas que apresentam também um aumento na interação entre os próprios estudantes, porque ao trabalhar em grupos eles buscam aprender com os outros, não ficando apenas na dependência do professor como o único detentor de conhecimentos.

Além disso, essa abordagem proporciona aos estudantes aprenderem em seu próprio ritmo (VALENTE, 2014a). O uso de tecnologias, principalmente os vídeos gravados e disponibilizados on-line auxiliam significativamente nesse processo, porque ao utilizá-los o professor oportuniza aos estudantes administrarem o ritmo do aprendizado. Eles têm a opção de assistir, pausar e rever as explicações dos conteúdos quantas vezes julgarem necessário, e assim processar os conceitos a uma velocidade que lhe é apropriada. Além disso, possuem maior flexibilidade de tempo e espaço, podem assistir aos vídeos no horário e local que considerarem mais adequados.

De acordo com Bergmann e Sams (2012) o ambiente de aprendizagem que se verifica no modelo Flipped Classroom é claramente centrado no aluno e não no professor. Para tanto, os estudantes adotam uma postura mais autônoma, são responsáveis por assistir as videoaulas em casa, estudar os conteúdos, anotar dúvidas e o que não foi compreendido para questionarem o professor em sala de aula. É importante que os alunos se comprometam por fazer uso adequado das orientações do professor no que diz respeito a ajudá-los na compreensão de conceitos. Dessa maneira, muitos alunos se sentem mais motivados para aprender, já que participam do processo de aprendizagem de uma forma mais ativa e colaborativa.

Ao professor cabe a função de elaborar e/ou organizar o material didático, seja ele impresso ou digital, planejar com antecedência a forma com que irá trabalhar o conteúdo, as atividades, e a forma com que serão realizadas as avaliações com os alunos. Além disso, deverá estar apto para dialogar com aluno prestar esclarecimento do conteúdo e mediar a aprendizagem.

Quanto à elaboração do material didático alguns autores como Bergmann e Sams (2016), Moran (2008) e Valente (2014b), alertam que os materiais on-line como os vídeos devem ser utilizados com alguns cuidados. Segundo Valente (2014b, p. 90) “é preciso dosar o número de vídeos e o tamanho dos vídeos. A ideia não é substituir a aula presencial por vídeos”. Além disso, o professor pode explorar outros recursos como animações, simulações, laboratórios virtuais, leituras complementares, entre outros.

Outro aspecto relevante é a ideia de personalização do ensino. Bergmann e Sams (2016, p. 6) afirmam que logo que iniciaram com a sala de aula invertida perceberam que esta é uma abordagem que “efetivamente capacitaria os professores a personalizar o ensino para cada aluno”. Acredita-se que essa é uma proposta complexa, mas segundo os referidos professores ela é possível, e trata-se da evolução da sala de aula invertida tradicional. Assim empreenderam nesse propósito e desenvolveram no ano de 2008, o que denominaram de

flipped mastery learning. Essa abordagem é apresentada no Brasil como “a sala de aula

invertida de aprendizagem para o domínio” (BERGMANN; SAMS, 2016, p. 47).

Cabe esclarecer que os conceitos iniciais da “aprendizagem para o domínio” mais conhecida como Mastery learning foram desenvolvidos no ano de 1920 pelo educador americano Carleton Washburne (1889-1968)44. No entanto, tornou-se conhecida no meio

44 Carleton Wolsey Wasburne, foi um importante educador americano, tornou-se conhecido por suas inovações

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