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Nuvem de palavras (Word cloud) é um gráfico digital que tem como finalidade demonstrar o grau de frequência das palavras em um texto As palavras aparecem em fontes de vários tamanhos e em diferentes cores,

indicando o que é mais relevante no contexto. Esse recurso possibilita a análise, a interpretação e a produção de textos (DAVIES, 2015).

60 Wordle é um sistema para a geração de "nuvens palavra" com base nos textos fornecidos. As nuvens dão maior destaque às palavras que aparecem mais frequentemente no texto fonte (FEINBERG, 2014).

Ao analisar a nuvem de palavras percebe-se, na concepção de sala de aula invertida dos referidos autores, outros aspectos importantes que se encontram inter- relacionados, dentre os quais destacamos: os alunos, a aprendizagem invertida, as atividades, os conteúdos, o professor, o conhecimento e o meio. Ressalta-se que esses aspectos serão considerados no decorrer das análises.

No entanto, antes de encerrar esse raciocínio evidencia-se a finalidade de uso da sala de aula invertida presente na concepção dos autores. Os resultados encontrados nos artigos analisados reforçam a ideia de melhor utilização do tempo em sala de aula com atividades colaborativas. De acordo com o entendimento dos autores a abordagem é utilizada para que:

O momento em sala de aula fique preservado como um espaço de interação, dúvidas, exercícios e construção do conhecimento (NASCIMENTO, 2012, p. 1007).

[...] que se organize atividades colaborativas (presenciais ou a distância) com o objetivo de criar conhecimento novo (SCHNEIDER et al., 2013, p. 81). [...] exercícios individuais e em equipe, estudos de caso, leituras, dinâmicas em sala de aula, apresentações, entre outras atividades que acabam contemplando todos os estilos de aprendizagem, torne a aula mais dinâmica e interativa (TREVELIN; PEREIRA; OLIVEIRA NETO, 2013, p. 5).

O tempo em sala de aula fique reservado para atividades de aprendizagem com o acompanhamento do professor (DANTAS et al., 2015, p. 515).

Assim, conforme as teorias dos autores citados sobre a referida abordagem, a inversão da dinâmica da sala de aula tem como propósito maior possibilitar a criação de um ambiente de aprendizagem ativo com momentos de interação e colaboração entre todos os envolvidos no processo de ensino e de aprendizagem. Além disso, busca libertar o professor da rotina tradicional de sala de aula para que esse possa criar novas possibilidades de aprendizagem e envolver-se pedagogicamente com os estudantes, de modo a provocar-lhes a inquietude epistemológica, bem como conhecer e refletir sobre as dificuldades de aprendizagem dos mesmos.

Em face aos resultados apresentados e as análises realizadas nos estudos sobre a temática, acredita-se que a sala de aula invertida, sob a perspectiva teórica de Bergmann e Sams e do Instituto FLN, é uma abordagem promissora e que muito tem a contribuir para o processo educativo, desde que seu uso esteja em consonância com os princípios da aprendizagem ativa e com os objetivos educacionais definidos pelas instituições de ensino superior e pelo corpo docente.

b) Na segunda linha teórica

Nessa linha temos como representantes Dias et al.(2013), Piva Junior e Rodrigues (2014), Rocha, E. (2014), Lemos e Perl (2015), Reis e Magalhães (2015), conforme ilustrado no Quadro 14. Esses autores concebem a sala de aula invertida a partir de perspectivas de estudos publicados internacionalmente e realizados em países diversos.

Quadro 14 - As Influências Teóricas na Concepção de Sala de Aula Invertida

Autores Referência teórica País

Reis e Magalhães (2015) Syan (2014) Qatar

Lemos e Perl (2015) De La Porte (2013) e Lozac'h (2014) França

Piva Junior e Rodrigues (2014) Bennet, (2012) e Barseghian (2011) Estados Unidos Dias et al.(2013 ) Lage e Platt (2000) e Strayer (2007) Estados Unidos

Rocha, E. (2014) Moran (2013) Brasil

Fonte: elaborado pela autora com base nos artigos da segunda linha teórica

A análise dessa linha teórica inicia-se a partir dos estudos mais recentes sobre a sala de aula invertida, nesse caso, os realizados por Reis e Magalhães (2015). Esses autores apresentam a concepção de sala de aula invertida a partir da Escola Nova em Dewey, e no Brasil com a escolástica e o Manifesto dos Pioneiros em 1932. Utilizaram como referência dos experimentos de Mahmoud Syam com a sala de aula invertida no ensino superior do Qatar, os quais demonstraram um ganho significativo na aprendizagem com o trabalho colaborativo e com o maior engajamento dos estudantes nos processos de aprendizagem.

Na concepção de Reis e Magalhães (2015, p. 4, grifo nosso):

O modelo de sala de aula invertida tira o papel de centralidade do professor e transfere para o estudante que passa a assumir uma responsabilidade maior em relação a construção do seu conhecimento. Essa proposta parece atender as demandas de participação ativa dos estudantes, de engajamento no processo de aprendizagem, e nos aspectos motivacionais da subjetividade dos alunos, viabiliza a formação da memória de longo prazo, assim como permite o desenvolvimento da aprendizagem social que vai ao encontro da proposta dos novos paradigmas educacionais propostos por Brown.

Ao analisar a teoria de Reis e Magalhães no trecho citado percebeu-se as influências da construção do conhecimento presente na concepção que possuem de metodologias ativas com a sala de aula invertida. Entretanto, a ideia do estudante assumir uma

maior responsabilidade na construção do seu conhecimento evidencia-se também na concepção de outros autores (LEMOS; PERL, 2015; MORAN, 2014; ROCHA, E., 2014).

Em contrapartida, conforme apresentam Bergmann e Sams (2016), um dos fatores que dificulta implantar a abordagem é justamente a barreira apresentada por alguns estudantes em assumir a responsabilidade sobre o seu aprendizado, pois mantêm uma postura passiva e sentem dificuldade em assumir um papel ativo no processo de aprendizagem.

Outro aspecto relevante, que sobressai no entendimento de Reis e Magalhães (2015) sobre a sala de aula invertida, é o engajamento dos estudantes no processo de aprendizagem, visto que o mesmo influenciará positivamente no desenvolvimento do aprendizado social. Resultado esse, que corrobora com a pedagogia histórico-crítica de Saviani (2013) ao apresentar como graves problemas educacionais a exclusão e a falta de preparação do indivíduo para as questões sociais.

Em Lemos e Perl (2015, p. 128 - grifo nosso) a classe invertida ou L ’école

inversée como denominado na França:

É uma metodologia de aula na qual os alunos devem aprofundar o conhecimento de um assunto de forma autônoma, sem necessariamente estar em um espaço escolar, e trazer os seus achados para discussão em sala de aula. A ideia de classe aqui difere de sala de aula com o uso das TIC. Elas devem ser usadas para explorar o tema de forma autônoma, mas não são imprescindíveis nas discussões em sala de aula.

Para esses autores o aspecto mais relevante ao se utilizar a sala de aula invertida consiste no desenvolvimento de uma postura mais autônoma e participativa nos estudantes. Entretanto, o uso das TIC não é considerado como um elemento imprescindível na sala de aula. Essa concepção difere de muitos autores, principalmente daqueles que estão presentes na terceira e quarta linha teórica (ROCHA, H.; LEMOS, 2014; VALENTE, 2013, 2014a, 2014b), que buscam incentivar o uso de tecnologias nos processos educativos.

Entretanto, corroborando com uma das perspectivas apresentadas por Lemos e Perl (2015), o professor Rocha, E. (2014, p. 3) explica que “o erro de concepção está na ideia de que a sala de aula invertida pressupõe o uso de tecnologias. É comum a reação de professores que desistem de utilizar essa metodologia ativa porque está preso a esse pressuposto”.

Assim, ao analisar as diretrizes propostas por esses autores percebe-se um alerta quanto à preocupação exagerada com o meio (tecnologias) e a finalidade da abordagem (engajamento, aprendizado ativo e colaborativo) ficar em segundo plano.

Além disso, na concepção de sala de aula invertida, a partir de Lemos e Perl (2015), os estudantes podem decidir junto com o professor o que querem aprender, discutir e escrever. Contudo, acreditam que os processos educativos precisam se aproximar da prática do artífice61, ou seja, que “as atividades tenham um caráter prático, um engajamento social, uma maturidade e uma ética centrada no processo” (LEMOS; PERL, 2015, p. 129 - grifo nosso).

Outros autores como Piva Junior e Rodrigues (2014) apresentam a sala de aula invertida no contexto da educação a distância. Acreditam que a abordagem produz efeitos positivos na apreensão do conhecimento e desperta o interesse dos alunos. No entanto, utilizam uma concepção reducionista da abordagem, acreditam que “o flipped classroom é mais uma das inúmeras ferramentas utilizadas nessa modalidade de ensino [...]” (PIVA JUNIOR; RODRIGUES, 2014, p. 3).

Apesar dos autores apresentarem a sala de aula invertida de forma simplista e por considerarem difícil a sua implementação por a conceberem relacionadas às TIC, eles levantam um questão importante sobre os direitos autorais do material produzido pelo professor. Esse assunto raramente é abordado nos estudos encontrados sobre a sala de aula invertida. Porque muito se fala na importância do professor adotar as TIC e produzir videoaulas para auxiliar nos processos educativos, mas pouco se aborda essa questão na perspectiva de direitos autorais e até mesmo da precarização do trabalho docente (aspectos para futuras pesquisas).

Conforme Piva Junior e Rodrigues (2014, p. 4, grifo nosso):

A p rá tic a ed u c acio n al d e se n v o lv id a atrav és do “flipped classroom” é u m a

realid ad e, que ten d e a se fix a r co m o alte rn a tiv a de ap ren d izag e m e n ão com o

m o d ism o , d ev en d o ser o b serv ad o os aspectos legais quanto à produção

dos materiais a serem u tiliza d o s em seu d esen v o lv im en to . [...] D e ssa m a n eira h á de e sta r claro que as co n sid eraçõ e s q u an to à atrib u ição d a p ro p rie d ad e in telectu al d ev em c o m p arece r desd e as fa ses in iciais de cad a p ro jeto , assim co m o as atrib u içõ e s no que d iz resp eito a re c o n h e c e r a au to ria [...] e n o g eren ciam e n to d o s cu sto s afins à p ro d u ç ão e/o u à su a u tilização .

Essa preocupação apresentada pelos autores supracitados é um problema complexo que necessitaria de novos estudos com vistas a analisar melhor a situação docente nesse contexto. Até porque, a produção de material didático para ser divulgado em larga

61 A prática do artífice é uma ideia apresentada em 2009 por Sennett, R - na obra O Artífice - nesse estudo ele

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