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Informações obtidas com um fornecedor de leite ao relatar as imposições do Estado O mesmo relata que ao terminar de resolver as pendencias junto a promotoria de meio ambiente, referente a multa que recebeu por conta

CAPÍTULO IV: PROPOSTAS PARA A EFETIVAÇÃO DO USO DA ÁGUA NO LUGAR

76 Informações obtidas com um fornecedor de leite ao relatar as imposições do Estado O mesmo relata que ao terminar de resolver as pendencias junto a promotoria de meio ambiente, referente a multa que recebeu por conta

de sua Reserva Legal; logo soube de uma nova exigência que é o CAR. Ele reclama da existência de vários órgãos, dos quais muitas vezes não sabe de qual deles originou uma exigência específica, exemplo disso é o caso do CAR. Aqui nota-se que os outros produtores buscam esclarecimentos com os vizinhos e não nos órgãos competentes. Bacia Hidrográfica do Córrego Quilombo, julho 2016.

que o constituem e que ele fixa em suas condições estreitas e limitadas. A essa alienação na sociedade civil acrescenta a alienação propriamente política: o desdobramento entre o real e sua "representação", entre as atividades concretas e os horizontes enganadores que as "representações" desdobram sobre a realidade prática, parcelária, estreita, sufocante (LEFEBVRE, 1967, p. 78).

É nítido nas falas dos entrevistados o quanto eles se sentem sufocados diante das imposições do Estado, sobretudo ao se tratar do acesso e uso da água, um exemplo disso foi citado acima, quando o agricultor relata que deixou de cultivar as hortaliças, pois a forma que fazia para irrigar “não estava em harmonia com a legislação vigente” . Assim, as práticas realizadas ao longo de sua vida, enquanto cultivador de hortaliças, não é adequada à atual conjuntura.

Outra fala que indica esse sentimento dos entrevistados diz respeito à obrigatoriedade da proteção de áreas acidentadas, para além da mata ciliar, ou na impossibilidade de usar os recursos naturais disponíveis nas Reservas Legais, o que força o produtor a comprar madeiras e não poder aproveitar as que possui em suas terras.

Eu acho que nóis que tem as terra, fica abafado sem produzir nada. Cê vai produzir... ‘Ó, os homem tá por aí!’ Cê vai derrubar uma beiradinha de mato que pode derrubar, que... Que nem eu... Eu tenho reserva de sobra! Eu...Tem, mais ou menos, a minha reserva eu posso abrir 10 alqueire de chão?! Num posso abrir! Fica parado. Num dá renda pro governo, num dá renda pra mim, dá renda pros bicho criar. Então, é isso aí que eu... Sinto errado isso ai! Porque, se nóis já tem aquela quantidade de chão pra reserva, o resto deixa

nóis trabalhar! Deixa, nóis abrir. Deixa nóis fazer uma lavoura. Deixa fazer o

que nóis quer plantar! [...] Eu acho assim... Tem muitas coisa que eles trava

nóis! Que nóis podia ter mais renda e mais fartura. E nóis fica preso.

(Entrevistado 7)77 78

Igual eu ia te fala agora, vamo supor... Eu tenho cerca demais pra arrumar e fazer. [...] Eu preciso, as vez, de 1000 pau pra fazer cerca e eu tenho a madeira. Se eu for ali cortar com a motosserra e cortar esses 1000 pau, eles [órgãos fiscalizadores] abaixa aí, se brincar eu sou multado. E é pra fazenda, eu preciso dentro da fazenda. [...] Ai quê que eles faz? Eles manda lá no Eucalipto. [...] Quer dizer que ocê compra o pau aí ó... [...] E eu tenho aí perdendo. [...] Então, essas parte assim, eu clamo da parte do governo. (Entrevistado 6).79

77 Conforme orientação recebida. Março, 2017.

78 Informações obtidas com um fornecedor de leite ao relatar da exigência das APPs para além da Reserva Legal. Bacia Hidrográfica do Córrego Quilombo, julho 2016.

79 Informações obtidas com um fornecedor de leite ao relatar da impossibilidade de usar recursos disponíveis em suas terras. Bacia Hidrográfica do Córrego Quilombo, julho 2016.

Pensando na representação dos entrevistados junto ao Estado, sendo esse materializado pela Prefeitura Municipal de Uberlândia, podemos dizer que se dá, sobretudo, por meio dos CCDRs. A partir da busca por informações junto à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, na Prefeitura Municipal de Uberlândia, um dos servidores nos informou por

e-mail que “os CCDRs são entidades de associação de produtores rurais que os representam

como pessoa jurídica. Uberlândia possui 21 regiões físicas com teóricos representantes em conselhos. Algumas regiões não cuidam da manutenção dessa representação por desinteresse de seus produtores” (SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO, 2016).

A respeito de recursos financeiros, conforme as informações obtidas, anualmente há uma quantia em dinheiro disponibilizada por parte da prefeitura de Uberlândia, destinada aos CCDRs que estão ativos. No ano de 2016, o CCDR Sobradinho recebeu 98 mil reais, sendo 30 mil reais do Governo do Estado de Minas Gerais e 68 mil reais da Prefeitura Municipal de Uberlândia. Esses recursos financeiros são gastos em materiais voltados para subsidiar a produção local.

Parece que recebeu subvenção [em 2016] só uns oito [CCDRs]. [...] A Comunidade [Sobradinho], por exemplo, recebe subvenção. [...] É variado [o valor recebido]. [...] Uma vez por ano [que recebem os recursos], mas por causa do conselho. Nóis tem a lei de utilidade pública estadual e municipal. Agora, nóis tamo tentando fazer a federal pra nóis buscar dinheiro lá. [...] Esse ano, do estado nóis recebemo 30 mil [reais]. Da prefeitura, 68 [mil reais]. [...] Ai a gente faz uma reunião com a comunidade, vê o quê que eles

quer. Agora, lá saí um pouco determinado, né?! Sabe como é que é!

(Entrevistado 1)80.

O suporte dado pela associação aos seus membros se dá conforme surgem as necessidades, sendo que são realizados encontros entre eles para estabelecer um diálogo e sanar as demandas da comunidade. Vale ressaltar que o intuito é atender toda a Comunidade Sobradinho.

Eu corro atrás da subvenção. Ai, a subvenção já vem um pouco destinada. O quê que eu tenho que comprar com aquela verba. [...] Ai eu busco... Ai eu converso com o produtor o quê que eles tão precisando mais. É adubo, veneno, é mata mato... Então, essas coisa a gente compra e distribui pros

produtor. [...] Aqui não tem produtor associado, é a comunidade inteira. [...]

Que depende da subvenção é cento e poucas pessoa. Agora, a comunidade depende também de outras coisa. Porque, dá um problema de escola, o

80 Informações obtidas com o presidente do CCDR Sobradinho que relata a origem dos recursos financeiros

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