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01 Sala de aula 01 Agroindústria (cozinha industrial e oficina de artesanato)

01 Auditório 02 Horta

01 Secretaria 01 Viveiro de mudas frutíferas e florestais 01 Sala dos monitores 01 Área frutífera (açaí, cupuaçu, açaí) 02 Dormitórios 02 Tanque de criação de peixes 01 Casa dos Monitores 01 Criadouro de Suíno

01 Casa do Caseiro 01 Centro de distribuição de alevinos

01 Cozinha 01 Sala de informática

01 Refeitório 01 Biblioteca

A estrutura da Casa Familiar Rural permite que as técnicas ali desenvolvidas, sejam

experimentadas na própria casa e posteriormente disseminadas na comunidade, por isso percebemos o investimento nas unidades de estudo e produção e isso tem repercutido na vida da comunidade como destaca a assessora pedagógica da CFRG

A CFR foi o que melhor surgiu na política educacional do campo no município de Gurupá, pois passou a valorizar a cultura produtiva dos camponeses locais, dando destaque para o açaí, madeira e mandioca, maior diversificação da produção, com construção de tanques de peixes, criação de suínos e manejo de açaí. Na comunidade do Rio Uruaí percebe-se melhorias nas condições de vida da população com a conquista de barcos motorizados (principal meio de transporte no município), diversificação da produção, conquista do escolão, com cerca de 100 alunos matriculados (Benildes Grings- técnica pedagógica da CFRG, entrevista cedida no dia 8 de julho de 2008).

IMAGEM 10: Unidades de Estudo e Produção: agroindústria (cozinha industrial e oficina de artesanato) Fonte: arquivo da autora/ 2008

A Casa Familiar Rural possui uma infra-estrutura diferenciada em relação às demais escolas situadas no campo e pertencentes à rede municipal, isso tem provocado questionamentos na sociedade sobre a necessidade de ampliação da CFRG e também de melhorias nas escolas municipais que possam também usufruir de uma boa infra-estrutura. A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública no Pará- Sub-sede Gurupá, esclarece sobre as condições de funcionamento das escolas municipais

Sobre a infra-estrutura, por várias vezes que nós fizemos visita (o SINTEPP) muitas escolas estavam funcionando na barraca da comunidade, nos barracões. Muitas vezes se anuncia em reuniões com o sindicato que fizeram 100, 200 escolas, e quando nós chegamos lá para visitar, a maior reivindicação da comunidade é para o sindicato lutar para que o governo dê a infra-estrutura. Porque uma área onde visitamos, a escola funciona na sede do barracão da comunidade, sem banheiro, telhado caindo, isso implica na questão se segurança das crianças, dos professores, então é uma dificuldade muito grande com relação à infra- estrutura das escolas da zona rural (Jacirene Dias, Diretora do SINTEPP Gurupá).

A CFRG já formou 4 turmas de ensino fundamental desde 2000 correspondentes a 96 jovens. Possui uma turma de ensino fundamental com 21 alunos e seis (6) turmas de ensino médio, que iniciaram no ano de 2007, todas as turmas de ensino médio estão cursando o 2º ano desta etapa de ensino. Cinco turmas funcionam na estrutura da Casa no rio Uruaí e uma turma funciona em um espaço alugado no Rio Itatupã a 12 horas de distância da cidade até esta localidade. É um curso de ensino médio integrado ao Técnico em Agroextrativismo e possui 141 alunos. No terceiro ano serão desenvolvidos projetos a fim de potencializar a produção na propriedade de cada jovem. Em relação ao funcionamento do ensino médio, informa a técnica pedagógica que

Houve uma evasão de aproximadamente 17% dos alunos inicialmente matriculados no 1º ano do ensino médio, as causas indicam para: alguns alunos novatos não conheciam o sistema de funcionamento da CFR, vieram na intenção de ver se dava certo ou não, muitos vieram dos escolões, outros não querem permanecer no trabalho agrícola (Benildes Grings, técnica pedagógica da CFRG, entrevista cedida no dia 8 de julho de 2008).

IMAGEM 11: Biblioteca Fonte: arquivo da autora/ 2008

Dimensão Político-Pedagógica:

Conforme Documento da CFR (1998, p.5) esta é uma instituição educativa de ensino que visa oferecer aos jovens do meio rural uma formação integral vinculada a sua realidade. Nessa perspectiva busca em sua formação possibilitar uma educação mais ampla que capacite os jovens para que estes exerçam sua cidadania em plenitude, na perspectiva comunitária, da vivência coletiva e do espírito cooperativo e associativo. Um dos mecanismos para alcançar esse objetivo é o trabalho com os temas geradores.

Então, dentro do temas geradores tem temas como: associativismo, organização político-social, a conjuntura, como acontecem as coisas, como elas interagem no aspecto político, e naturalmente os jovens começam a se preparar e formar opinião, hoje você percebe tem um bom número de jovens se entrosando nas organizações sociais, tem coordenadores de associações, cooperativas, tem jovens inseridos no sindicato (Ivanildo Gama Brilhante – aluno da CFRG).

Dentre os seus princípios destacam-se: a Promoção do desenvolvimento local sustentável e solidário, a pedagogia da cooperação, a valorização da cultura e dos valores do campo, promoção da cidadania, economia solidária e formação integral (CFR, 1998, p. 8).

O principal objetivo é o desenvolvimento sustentável. É uma palavra muito ampla, que se discute muito, mas entendemos como a questão da formação, da educação que é desenvolvimento social e econômico, o próprio desenvolvimento econômico através dos temas geradores e das experiências que a Casa vem fazendo tanto aqui e os alunos reproduzindo em suas propriedades (Alaércio- Monitor da CFRG).

Como podemos verificar os princípios norteadores da CFR para além da formação profissional do jovem do campo, propõem-se a uma formação integral nas suas várias dimensões social, profissional e pessoal, colada a sua realidade, com a participação da família e da comunidade, buscando o envolvimento do jovem com a sua realidade.

Com os elementos técnicos tentamos sistematizar o pensamento das famílias, trocar conhecimentos, tanto o jovem aprende quanto as famílias aprendem juntos, então essa interação jovem e outras famílias da comunidade é muito positiva (Ivanildo Gama Brilhante- aluno do 2º ano do ensino médio da CFRG).

Através dos seus objetivos descritos a seguir, a CFR de Gurupá busca vincular o trabalho como princípio educativo à sua concepção de educação:

1 – Ser um ente coordenador - protagonista. 2 – Fomentar no jovem o sentido de comunidade, vivência grupal, desenvolvendo o espírito associativista. 3 – Despertar nos jovens e nas famílias a tomada de consciência de suas necessidades e busca de soluções. 4 – Estimular as pessoas a descobrirem as potencialidades existentes na comunidade e canalizá-las para a solução de seus problemas. 5 - Formar os jovens no sentido integral e amplo em todos os sentidos de suas necessidades, tornando-os dinâmicos e questionadores. 6 – Oferecer possibilidades de desenvolvimento e crescimento econômico familiar e social, a partir de uma visão ecológica. 7 – Objetivar a elevação do nível de vida das famílias por meio práticas agroecológica. 8 – Desenvolver práticas capazes de melhorar as ações de saúde, higiene, nutrição e lazer na comunidade (ARCAFAR, S/D, p.8).

Os objetivos da CFR, dentre outras intencionalidades, buscam recuperar o trabalho como princípio educativo. De acordo com Caldart (2004) a educação do campo nasce colada ao trabalho e a cultura do campo, é preciso, “compreender o vínculo entre educação e produção e de discussões sobre as diferentes dimensões e métodos de formação do trabalhador, de educação profissional, aproximando todo acúmulo de teoria e de prática com a experiência específica de trabalho e de educação dos camponeses.

Foi possível constatar a partir das entrevistas e da vista de campo o envolvimento dos jovens nas organizações sociais locais, sendo a maioria destes sindicalizados, inseridos nas organizações, associações, pastorais e na própria administração da CFRG. No geral esses jovens constituem-se lideranças nas suas comunidades.

Temos hoje três jovens na diretoria do STR, alunos da primeira turma da qual eu participo, tem aluno na Associação Quilombola, tem jovem na coordenação do Pró- Várzea tem jovem inserido na gestão da própria instituição que esta se formando, em todas as comunidades tem jovem participando da liderança da comunidade [...] eu vejo que essa relação do jovem da CFRG com os movimentos sociais vem crescendo a partir da Casa (Ivanildo Gama Brilhante- aluno da CFRG).

Há dois anos eu era coordenador do grupo de jovens e fui substituído. Agora, faço parte de uma comissão do Plano de Uso daqui da comunidade, então eu e mais um jovem que estuda aqui e mais uma pessoa da comunidade, somos responsáveis pelo Plano de Uso, de como a gente vai usar os nossos recursos de forma que a gente tenha pra sempre esses recursos. Além de estudar na Casa, ajudar na questão administrativa coordeno também o núcleo da juventude rural, uma ala dentro do STR (Josinaldo – aluno da CFRG).

É uma proposta educativa que vem contribuindo para consolidar uma concepção de educação do campo que valorize e potencialize os sujeitos do campo, isso fica evidente na atuação dos jovens junto à comunidade e aos movimentos sociais.