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4.3 CIENTISTAS DE DESTAQUE

4.3.3 Terra e estrelas

4.3.3.2 Inge Lehmann (1888 – 1993)

Sismologia, Dinamarca.

Embora a Dinamarca não seja referência em estudos sismológicos — pois a atividade sísmica no país é mínima —, foi ali que Inge Lehmann se tornou uma das mais respeitadas especialistas da área.

Graças à invenção do sismógrafo em 1880, cientistas podiam coletar informações de atividades sísmicas do outro lado do planeta. Se o interior da terra fosse homogêneo, as ondas sísmicas de um terremoto iriam se irradiar em todas as direções da crosta terrestre de forma consistente. A razão de isso não acontecer é que o núcleo líquido da Terra as desvia (SWABY, 2015).

Estudando os dados de terremotos do mundo inteiro coletados por sismógrafos, Lehmann percebeu que eles divergiam do que era esperado com a presença do núcleo líquido. Alguns terremotos geravam ondas onde não deveriam, ou as ondas não eram registradas onde se esperava, ou então vinham com ângulos inesperados. Meticulosa com seu trabalho, Lehmann chegou à conclusão que as leituras dos sismógrafos não eram aberrações, mas sim que apontavam que a Terra possuía um núcleo interno, sólido, além do núcleo já descoberto (SWABY, 2015).

4.3.3.3 Cecilia Payne-Gaposchkin (1900 – 1979)

Astronomia, Reino Unido.

Analisando o espectro das estrelas assim como Annie Jump Cannon (capítulo 4.3.3.1), e comparando com o espectro de elementos químicos em laboratório, cientistas acreditavam que as estrelas tinham basicamente a mesma composição da Terra, com predominância de elementos mais pesados como cálcio e ferro (AMERICAN MUSEUM OF NATURAL HISTORY, 2000).

Cecilia Payne sabia que os padrões no espectro de um átomo eram determinados pela configuração de seus elétrons, e que a altas temperaturas átomos podiam perder elétrons, tornando-se íons. Ela mostrou que a variação dos espectros estelares se dava principalmente pelos diferentes estados de ionização dos átomos e, consequentemente, diferentes temperaturas da superfície das estrelas; e não diferentes quantidades de elementos (AMERICAN MUSEUM OF NATURAL HISTORY, 2000).

Payne descobriu que o Sol e as outras estrelas do universo são compostos quase que inteiramente de hidrogênio e hélio, os dois elementos mais leves da tabela periódica. Os elementos mais pesados correspondiam por menos de 2% da massa das estrelas. Payne, assim, desvendava a composição da maior parte do universo visível (AMERICAN MUSEUM OF NATURAL HISTORY, 2000).

4.3.3.4 Marie Tharp (1920 – 2006)

Cartografia, Estados Unidos.

O solo marítimo permaneceu um mistério por muito tempo, e por volta de 1910, a ideia de que os continentes já estiveram unidos em um único supercontinente (hoje conhecido como Pangeia), como proposto por Alfred Wegener, foi rapidamente desacreditada pela comunidade científica (BLAKEMORE, 2016). Porém, não pela geóloga Marie Tharp. Em 1952, ela

levantou a hipótese de Wegener para seu colega Bruce Heezen, que a desdenhou como “conversa de menina”.

Por ser mulher, Tharp não podia participar das expedições marítimas que coletavam dados topográficos do fundo do mar por meio de um sonar. Portanto, ela analisava as informações coletadas por Heezen em terra. O mapeamento feito por Tharp do solo marítimo revelou que, ao invés de plano e homogêneo como acreditava-se ser até em então, o fundo do mar possuía diversas montanhas e vales (SWABY, 2015). Uma dessas formações geológicas mapeadas por Tharp foi a Dorsal Mesoatlântica, uma cadeia de montanhas submarinas formada a partir da separação dos continentes (BLAKEMORE, 2016).

Paralelamente, Heezen estava mapeando a localização de epicentros de terremotos. Quando esses dados foram comparados com os acidentes geográficos mapeados por Tharp, a dupla percebeu que ambos aconteciam nas mesmas áreas. Provava-se, assim, a existência de placas tectônicas e a teoria da deriva continental, embora Heezen ainda fosse demorar mais dois anos para se convencer (SWABY, 2015).

Assim como Heezen, muitos ainda permaneciam céticos em relação à teoria. Uma dessas pessoas era o famoso oceanógrafo Jacques Cousteau, que em 1959 realizou uma expedição para filmar o fundo do mar que revelou exatamente o que Tharp mapeara. Em sua parceria com Heezen, Tharp quebrou paradigmas da geofísica e mapeou todo o solo marítimo do mundo (SWABY, 2015).

4.3.3.5 Vera Rubin (1928 – 2016)

Astronomia, Estados Unidos.

Junto com seu colega Kent Ford na década de 1970, Rubin estava mapeando a distribuição de massa em galáxias espirais medindo a velocidade com qual essas galáxias rotacionavam. Seguindo as leis propostas por Newton e Einstein, quanto mais rápido as estrelas giram, mais gravidade (e portanto, massa) é necessária para mantê-las em órbita. Em suas observações, Rubin e

Ford esperavam encontrar a maior parte da massa onde havia maior concentração de luz estrelar: no centro das galáxias. Logo, as estrelas mais afastadas do centro girariam com velocidade menor ao redor do mesmo (OVERBYE, 2016).

O que eles observaram, no entanto, foi que a velocidade longe do centro não diminuía, o que, segundo Newton e Einstein, deveria significar que havia matéria não-visível ali. Assim, Rubin provou a existência da matéria escura, 90% da composição de uma galáxia espiral. Vera Rubin foi cogitada várias vezes para ser nomeada ao Prêmio Nobel, porém nunca o recebeu (OVERBYE, 2016).

4.3.3.6 Mae Jemison (1956 –)

Medicina e engenharia, Estados Unidos.

Em uma época em que astronautas eram homens e brancos, Mae Jemison buscou inspiração além da vida real para se tornar a primeira mulher negra a ir para o espaço. Vivendo sua infância nos Estados Unidos dos anos 1960, Jemison gostava de estudar estrelas, plantas e formigas. Ela também acompanhava a série de televisão Star Trek, onde via a personagem Uhura, vivida pela atriz Nichelle Nichols — mulher e negra como Jemison — desempenhando importantes papéis de comando na nave USS Enterprise (KATZ, 1996).

Engenheira, médica, e até mesmo dançarina, Jemison participou da missão espacial Endeavour da NASA em 1992 e assim marcou para sempre seu nome na história como primeira astronauta mulher e negra. Depois de se aposentar como astronauta, ela ainda continuou trabalhando para melhorar as condições de vida de países em desenvolvimento por meio da democratização da tecnologia (KATZ, 1996).

4.3.4 Matemática e tecnologia

4.3.4.1 Ada Lovelace (1815 – 1852)

Matemática, Reino Unido.

Filha do famoso poeta inglês Lord Byron, Ada Augusta Byron, Condessa de Lovelace, teve uma criação rígida por sua mãe, que a direcionou desde cedo para as áreas do conhecimento mais matemáticas a fim de que a filha não se tornasse uma poetisa como o pai (SWABY, 2015).

Como consequência da educação que Lovelace recebeu, em 1833 ela conheceu o matemático Charles Babbage e sua Máquina Analítica, que prometia ser uma calculadora revolucionária, precursora dos computadores modernos. Em 1842, um artigo sobre a Máquina Analítica de Babbage foi publicado em francês, e Lovelace o traduziu para o inglês, acrescentando anotações próprias e explicando o potencial da máquina além das possibilidades imaginadas por Babbage (SWABY, 2015).

Segundo ela, a máquina poderia armazenar informações e programas que pudessem processá-las — instruções feitas sob medida aos interesses de seu dono. Ela também previu que a máquina poderia ir além da análise de números: como sendo capaz de compor peças musicais complexas (SWABY, 2015).

Em suas anotações, Lovelace ainda descreveu como um algoritmo poderia devolver uma sequência de números racionais conhecida como Números de Bernoulli, o que viria a ser conhecido como o primeiro programa de computador do mundo, consequentemente tornando Lovelace a primeira programadora (SWABY, 2015).

A linguagem de programação Ada foi batizada em homenagem a ela, e o Dia de Ada Lovelace é uma celebração às mulheres na ciência, tecnologia, engenharia e matemática e suas conquistas (SWABY, 2015).

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