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Peter Drucker contribuiu significativamente para o entendimento sobre a distinção entre “inovação” e “invenção”. A inovação não é simplesmente uma invenção, nem uma descoberta.

Pode ser qualquer uma das duas, mas o foco é o desempenho provocado por elas, e numa empresa isso significa desempenho econômico. Desse modo a inovação é a combinação dos meios de produção e que resultará em produtos (bens ou serviços), processos, modelo organizacional, entre outros, com retorno financeiro positivo para a empresa. A falta de resultados organizacionais relacionados principalmente a inovação, pode estar relacionado a falta de direcionadores relacionados a liderança, cultura e estratégias e a falta de capacidade absortiva.

Para a geração de um processo inovativo, certos elementos são fundamentais e devem estar presentes nos denominados “modelos de gestão emergentes” que incorporam as práticas de Gestão do conhecimento, gestão da inovação e capacidade absortiva. De acordo com Cohen e Levinthal (1990), que foram os primeiros a utilizarem o conceito de CA, as organizações com níveis mais elevados de capacidade absortiva tenderão a ser mais proativas e inovativas, explorando oportunidades existentes no ambiente. Diferentemente, aquelas empresas com baixa capacidade de absorção de conhecimentos tenderão a ser mais reativas e com desempenho organizacional inferior e neste sentido, se refere também aos resultados com inovação.

Com base nisso, pode-se afirmar que a inovação está sendo considerada um dos principais fatores de competitividade sustentada em longo prazo. Assim, desenvolver e sustentar a CA pode reforçar, complementar e orientar ou reorientar a base de conhecimentos organizacionais relevantes. Neste sentido Fosfuri e Tribó (2008) ressaltam que a aquisição e assimilação de conhecimentos também são fonte de vantagem competitiva, especialmente quando envolve eficientes fluxos de conhecimentos valiosos, reforçando a noção de Todorova e Durisin (2007) e de outros autores já citados neste trabalho que dedicaram seus estudos a entender os componentes, dimensões e fases da CA.

De acordo com Fosfuri e Tribó (2007) quanto maiores os níveis de CA em níveis de frequência e amplitude maiores os resultados comerciais, na geração de novos produtos ou substancialmente melhorados. As pesquisas empíricas realizadas pelos autores apontam que esse efeito é mais forte quando os fluxos de informação e conhecimentos internos são mais eficientes. Este contexto apoia os argumentos de Zahra e George (2002) que o CAPotencial é uma condição necessária para alcançar vantagem competitiva em inovação, mas as empresas também precisam desenvolver a capacidade de transformar e explorar o conhecimento externo - CARealizada -, a fim de beneficiar plenamente com isso.

Desse modo, uma importante gestão de fatores internos pode servir ao propósito de tornar a empresa mais voltada para o exterior e receptiva a informações e conhecimentos externos. A crise não é necessariamente um evento negativo e podem desencadear mudanças nas atitudes em relação ao conhecimento externo, especialmente para as empresas que sofrem a chamada “Investigating the not-invented- here” traduzindo "síndrome do não foi inventado aqui" conforme texto publicado nos estudos de Allen e Katz (1982). Neste sentido, verifica- se então que se a empresa quer otimizar seus resultados organizacionais então a possibilidade de analisar e fomentar a sua capacidade absortiva pode e deve ser considerada.

Pois bem, é desejável que a empresa avalie sistematicamente sua base de conhecimento a fim de manter a competividade no longo prazo. A identificação, aquisição, assimilação do novo conhecimento e na transformação em resultados organizacionais, aqui denominado de capacidade absortiva, caracteriza o processo de aprendizagem, gera novos conhecimentos e possibilidades de aumento de competências da organização.

O processo de aprendizagem ocorre ao longo do tempo e em todos os níveis. Novas ideias e ações fluem a partir do individual para o grupo e para a organização e na medida do possível o sistema tenta garantir que a exploitation – utilização do que já foi aprendido [feedback] não exclua a exploração – assimilação de novos conhecimentos [feed forward] segundo March (1991). Dessa forma, fica evidenciado o ciclo de desenvolvimento do conhecimento como um fator de capital e estabelece um fluxo na direção do aprimoramento das capacidades e competências das organizações. Ressalta-se então, a importância dos ativos intangíveis neste processo. No caso da organização que busca inovar, o acúmulo de recursos tangíveis não garante resultados e vantagem competitiva e capacidade de inovar.

5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A pesquisa pode ser caracterizada como um estudo descritivo e aplicado quanto aos fins e quanto aos meios de investigação como bibliográfica e de campo, conforme classificação adotada de Vergara (2009). A pesquisa bibliográfica é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material acadêmico científico publicado. Segundo a referida autora, há quem imagine que a coleta de dados só se faz pelos instrumentos como: questionários, entrevistas, formulários, grupos de foco ou observação. Não é correta tal afirmação. Estes instrumentos referem-se à pesquisa de campo.

O trabalho de campo permite a aproximação do pesquisador da realidade sobre a qual formulou uma pergunta, mas também estabelecer uma interação com os “atores” que conformam a realidade e, assim, constrói um conhecimento empírico importante [...] (MINAYO, 2010, p. 61)

Os procedimentos são descritos como qualitativos, cujas características, segundo Creswell (2007), ocorre em um cenário natural, usa métodos múltiplos que são interativos e as questões podem mudar e ser refinadas à medida que a pesquisa acontece. É fundamentalmente interpretativa e adota uma ou mais estratégias de investigação.

Neste trabalho a coleta de dados primários ocorreu, iniciando pela realização do grupo focal. Na sequência foram respondidos os questionários e entrevistas – pelos líderes estratégicos e intermediários de três empresas.

A amostragem caracterizada como não probabilística foi determinada pelo critério de acessibilidade (MATTAR, 1996; VERGARA, 2009). Com relação à acessibilidade considerou-se a pesquisa com os líderes estratégicos e intermediários, após a autorização formal por parte das empresas e assinados a autorização do uso do nome e da imagem. A coleta de dados foi acompanhada pela ferramenta de observação, o modelo de CA proposto nesta tese. O processo de operacionalização pesquisa contendo as etapas e fases estão descritos na sessão 5.1.

5.1 O PROCESSO DA OPERACIONALIZAÇÃO DA PESQUISA