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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.2 Fatores determinantes do sucesso

2.2.2 Fatores relacionados aos processos e produtos

2.2.2.3 Inovações tecnológicas

Quando se fala em tecnologia têm-se dois focos a serem analisados, que são a tecnologia do processo e a do produto. A tecnologia do produto está relacionada ao conhecimento do projeto do produto, de sua forma e função. A tecnologia do processo compreende os conhecimentos necessários para transformar os materiais e obter produtos.

A inovação tecnológica está associada ás alterações nos produtos, matérias- primas, processos, (ou técnicas de produção) e nos sistemas de produção, resultantes de modificações não rotineiras das técnicas de engenharia e de gerenciamento seguidas por uma unidade produtiva.

Para Bateman (1998), tecnologia é desenvolver um novo produto, processo ou serviço, utilizando-se do conhecimento científico; enquanto a inovação é uma mudança na tecnologia: deixar de fazer de uma maneira para fazer de outra. Para que a empresa invista em uma nova tecnologia primeiramente é necessário que haja uma demanda por ela. Sem que ocorra razão para isso é desnecessário que a inovação tecnológica seja implementada. Num segundo momento ocorre a necessidade de se verificar o conhecimento científico à disposição da nova tecnologia. No terceiro momento é preciso converter conhecimento em prática. E, finalmente é preciso verificar se a inovação tecnológica é economicamente viável para a empresa, e a iniciativa

empreendedora é indispensável para reunir todos os elementos necessários.

Porter (1990) considera que a transformação tecnológica desempenha um dos mais importantes papéis com relação à concorrência. A inovação tecnológica costuma ser considerada sempre valiosa, qualquer mudança tecnológica que a empresa possa implementar é relevante. No entanto o autor faz considerações importantes com relação à inovação tecnológica:

“A transformação tecnológica não é, por si só, importante, mas é importante se afetar a vantagem competitiva e a estrutura industrial. Nem toda transformação tecnológica é estrategicamente benéfica; ela

pode piorar a posição competitiva de uma empresa e a atratividade da indústria. Alta tecnologia não garante rentabilidade. Na verdade, muitas indústrias de alta tecnologia são muito menos rentáveis do que algumas de “baixa tecnologia" devido às suas estruturas desfavoráveis” (Porter,

1990: p. 153).

O autor esclarece que não basta à empresa realizar inovações tecnológicas para que sua vantagem competitiva seja aumentada diante de seus concorrentes: é necessário que a empresa verifique se os investimentos aplicados nas inovações tecnológicas não vão ser superiores à estrutura industrial. Se uma empresa investe na criação de um novo produto, mas não possui estrutura industrial para produzi-lo, o seu investimento na criação do produto ficaria prejudicado. Outra situação também ocorre quando a empresa investe em máquinas e equipamentos que produzem uma quantidade superior à sua capacidade instalada. Por isso, segundo o autor, a inovação tecnológica tem que fazer parte da cadeia de valores da empresa, ou seja, todos os setores da empresa têm que ser inovados e estruturados para suportar as mudanças advindas das inovações tecnológicas.

Para Degen (1989), as melhores oportunidades de negócio são resultantes dos efeitos da evolução tecnológica. As mudanças tecnológicas causam um grande impacto nos setores onde ocorrem, pois são mais inesperadas que as mudanças demográficas, sociais e até políticas. Geram oportunidades para aqueles que sabem dela aproveitar-se e inovar constantemente os seus negócios.

Já Peters (1983) considera que a inovação não representa apenas a capacidade da empresa de criar novos produtos manufaturados e serviços, mas também a capacidade de adaptar-se rapidamente às mudanças do mercado.

Kay (1996) comenta que, quando uma empresa implanta uma nova tecnologia, seja ela de produto ou de processo, o gerenciamento da inovação é dispendioso e envolve riscos, porque novos produtos podem fracassar quando

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não existe a demanda ou há apenas uma demanda insuficiente. A inovação é uma excelente fonte de diferenciação, mas muitas empresas não conseguem ganhar vantagem competitiva a partir da inovação. As empresas muitas vezes encontram dificuldades para recuperar o capital investido na inovação. Para o autor (p:111):

“O que parece ser vantagens competitivas baseadas na inovação são, na realidade capacidades diferenciadoras baseadas na arquitetura. Há dois tipos comuns. Um é o tipo de arquitetura que permite que a empresa gere uma série contínua de inovações. Mesmo se as próprias inovações individuais forem inadequadamente apropriáveis, uma seqüência de vantagens competitivas temporárias, se repetida, torna- se vantagem sustentável e sustentada. O segundo é a arquitetura que permite que uma empresa adote, rápida e eficazmente , uma tecnologia geralmente disponível. O primeiro é a arquitetura dirigida para a própria inovação; segundo é a arquitetura dirigida para a apropriação da inovação.”

O autor esclarece ainda que a inovação tecnológica é um diferencial importante para a empresa, mas a empresa precisa analisar se sua estrutura responderá positivamente à inovação.

Para Bateman (1998, p.36):

“Inovação tecnológica é a introdução de novos bens e serviços. Uma empresa deve adaptar-se às mudanças nas demandas de consumo e às novas fontes de competição. Os produtos não são vendidos para sempre; de fato, eles não são vendidos nem durante o tempo em que se costumava vendê-los, porque há muitos concorrentes lançando novos produtos o tempo todo”

Para Kaplan (1997, p:05);

“Os ciclos de vida dos produtos continuam diminuindo. A vantagem competitiva numa geração da vida de um produto não garante a

liderança da próxima plataforma tecnológica. As empresas que competem em setores de rápida inovação tecnológica devem dominar a arte de prever as necessidades futuras do clientes, idealizando produtos e serviços radicalmente inovadores, e incorporando rapidamente novas tecnologias de produtos para dar eficiência aos processos operacionais e de prestação de serviços. Mesmo para as empresas de setores com ciclos de vida relativamente longos, a melhoria contínua dos processo e produtos é fundamental para o sucesso a longo prazo.”

No caso da indústria de confecções, esta não é geradora de sua própria tecnologia. As inovações no processo produtivo são introduzidas através de equipamentos que incorporam novas tecnologias.

Pesquisa desenvolvida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) em 1993 informa que o segmento relevante do complexo metal-mecânico produtor de máquinas e equipamentos é a principal fonte de tecnologia para o complexo têxtil e confecção. Os principais produtores mundiais são empresas de países industrializados que convivem em ambiente extremamente competitivo, no qual a inovação de produto é essencial para a manutenção e expansão da participação no mercado.

Segundo dados da ABRAVEST 1999, a idade média dos equipamentos utilizados no Brasil na indústria de confecções é de 6 a 8 anos. Nessa pesquisa tem-se que o principal equipamento utilizado por 32% das empresas tem até 05 anos, 26% da empresas até dez anos e 42% acima desta idade. Apenas 13% das empresas declararam possuir máquinas de última geração e 26% da penúltima geração, de onde se conclui que mais de 60% das empresas de confecções utilizam equipamentos obsoletos.

Comentada a importância da inovação tecnológica em todos os setores das empresas, estes dependem do tempo que a empresa demora para tomar decisões quanto às mudanças que devem ser efetuadas na empresa para não perder a sua competitividade.

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