• Nenhum resultado encontrado

4. A ANÁLISE DE RISCO EM PPP – PROPOSTA DA MATRIZ DE RISCO

4.2. O INQUÉRITO

4.2.1.OS OBJETIVOS DO INQUÉRITO

O objetivo principal do inquérito foi encontrar as características de modelos de parcerias cujo potencial de sucesso tem sido, aparentemente, elevado e outros na situação inversa, para que se pudesse estabelecer uma matriz de risco, com indicações claras de quais os riscos que devem ser retidos exclusivamente quer pelo setor público, quer pelo setor privado, ou partilhados por ambos.

O conjunto de dados ou opiniões a obter permitiria sustentar a intencionalidade da análise de risco, permitindo a recolha de casos de estudo, identificando as vantagens e desvantagens, o que correu bem e o que correu mal, auxiliando a definição de uma matriz relacionando os tipos de empreendimentos, os perfis dos parceiros públicos e privados e os resultados obtidos.

Com o preenchimento do questionário-tipo pretendia-se traçar um perfil das PPP, dos indicadores de risco e os modos de falha que influenciaram o Projeto, ou que pudessem vir a influenciar, do tipo de parceria estabelecido, por empreendimento, e identificar o perfil-tipo dos inquiridos. Para além disso, também se pretendia conhecer a opinião sobre a utilidade das PPP, bem como a opinião dos que nunca implementaram um Projeto PPP mas que possam ter desenvolvido estudos sobre o tema, permitindo- lhes fundamentar as opiniões.

4.2.2.ESTRUTURA DO INQUÉRITO

O objetivo principal do inquérito era estabelecer uma matriz de risco das PPP, mas também se pretendia perceber o perfil das PPP implementadas em Portugal, baseado nas seguintes características:

A. Intervenientes - definir o perfil, baseado na:

A1. Identificação dos intervenientes: esteve ou está envolvido em algum Projeto PPP?. Se a resposta fosse negativa, foi colocada uma questão-extra para avaliar as razões do não recurso às PPP (desconhecimento, receio, falta de capacidade técnica, dimensão empresarial, etc.); A2. Definição do âmbito de intervenção: se parceiro público ou privado, e dentro dos dois grandes setores, um largo espetro de possibilidades.

B. Classificação do empreendimento: o questionário deveria ser preenchido para cada empreendimento desenvolvido, ou em desenvolvimento. Foram apresentados nove setores:

transportes, justiça, saúde, desporto, educação, ambiente, hídrico, energia e segurança pública, com um leque variado de opções para cada setor.

C. Tipologia da PPP - enquadramento do empreendimento nas quatro tipologias de implementação mais correntes para as PPP105.

Para além do perfil dos intervenientes e dos Projetos PPP implementados, procurava-se obter a informação sobre os modos de falha, bem como a sua graduação de acordo com a probabilidade de ocorrência. Os modos de falha, condições que a ocorrerem comprometem a possibilidade de se atingir os objetivos do empreendimento, baseiam-se na listagem dos modos de falha elencados por Grimsey e Lewis (2004). Para cada modo de falha o inquirido teria de estabelecer uma probabilidade de ocorrência e atribuir a entidade a quem deverá ser atribuída a sua gestão (ao parceiro público (E), ao parceiro privado (P) ou ambos (A)):

D. Modos de falha - de acordo com o modelo partilhado do risco, os inquiridos deveriam graduar pela escala apresentada, os riscos de acordo com a probabilidade de ocorrência, bem como identificar a entidade a quem foi atribuído o risco (ou a quem deveria ter sido); Porque se trata de um modelo de contratação com uma opinião pública desfavorável, fruto das constantes notícias divulgadas pelos media, seria importante conhecer a opinião dos inquiridos, baseada na experiência de intervenção em algum Projeto PPP.

E. Avaliação do modelo de negócio: independentemente do modelo de negócio, seria auscultada a opinião sobre as PPP (favorável ou a considerar, ou pelo contrário, a evitar); Na conclusão do inquérito, e apenas para as entidades que nunca estiveram envolvidas em empreendimento do tipo PPP em Portugal, procurava-se conhecer o motivo da não participação.

F. Conclusão. Destinada aos inquiridos que não foram intervenientes em Projetos PPP, mas que participaram no inquérito por terem uma opinião fundamentada sobre o modelo.

4.2.3.SELEÇÃO DOS INQUIRIDOS E DIVULGAÇÃO DO INQUÉRITO

De acordo com a descrição dos intervenientes nos Projetos PPP, foi implementado uma criteriosa seleção aos intervenientes do parceiro público (concedente ou adjudicante), nomeadamente o Estado e entidades públicas estaduais, os fundos e serviços autónomos e as entidades públicas empresariais, as empresas públicas, as empresas municipais e intermunicipais, o ministério das Finanças, a Inspeção- geral de Finanças e o Tribunal de Contas. O mesmo critério para os patrocinadores do Projeto (sponsors), empresas de consultadoria, as entidades financiadoras e as seguradoras, as agências de notação e as de escrow, os projetistas, os empreiteiros, os fornecedores e os operadores.

A divulgação do inquérito foi realizada por correio eletrónico, junto do universo de intervenientes, públicos ou privados, nos empreendimentos de infraestruturas públicas. Tentou-se a divulgação do inquérito junto de organismos ou associações empresariais e profissionais, tais como, o GASEPC e ANMP - Associação Nacional de Municípios Portugueses para os parceiros públicos, AECOPS – Associação de Empresas de Construção e Obras Públicas do Sul, AICCOPN – Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas do Norte, ANEOP – Associação Nacional dos Empreiteiros de Obras Públicas, Ordem dos Engenheiros, Ordem dos Arquitetos, APPC – Associação Portuguesa de Projetistas e Consultores, Ordem dos Advogados, Ordem dos Economistas, Ordem dos Engenheiros, APB – Associação Portuguesa de Bancos, ISP – Institutos de Seguros de Portugal e de

outras associações empresariais relacionadas com os setores representados, para que o replicassem junto dos seus associados / membros. Foram também convidadas algumas instituições de ensino superior com estudos desenvolvidos nessa área e o Tribunal de Contas.

Apenas a AICCOPN mostrou disponibilidade de colaboração, distribuindo o inquérito às empresas suas associadas, que possuíssem alvará de classe igual ou superior a 5. O Tribunal de Contas propôs a pesquisa nos Relatórios de Auditorias como alternativa à resposta ao inquérito. As restantes associações ou instituições, ou não responderam ou responderam negativamente ao solicitado.

Assim, foi elaborada uma listagem de entidades intervenientes e diretamente solicitado o preenchimento do inquérito. Apesar desta tentativa de inquirição personalizada, os resultados foram considerados insuficientes ou nulos.

Esperava-se que o inquérito despertasse junto das entidades o dever cívico da participação no estudo importante para o setor, porque apesar do atual estado de suspensão no lançamento de futuros empreendimentos pela via das PPP, este modelo será sempre uma via alternativa à contratação pública tradicional e que deveria merecer a melhor atenção da parte da sociedade, em particular, dos interessados na sua promoção.

4.2.4.RESULTADOS DO INQUÉRITO

Com a constatação de que os resultados do inquérito-tipo desenvolvido junto de entidades públicas e privadas, bem como de académicos com experiência em modelos de PPP em Portugal, não tinham qualquer validação científica para o trabalho, foi tomada uma segunda via que passou pela organização de um debate restrito sobre o tema em análise e também com a realização de entrevistas, com pessoas das diversas áreas com envolvimento nas PPP. Mesmo na modalidade do debate restrito, constatou-se alguma relutância de alguns intervenientes em abordar alguns assuntos relacionados com as PPP que estivessem envolvidos.

Para além destas ações, manteve-se a incidência na pesquisa bibliográfica com o relato de casos de estudo de empreendimento desenvolvidos sobre o paradigma das PPP, identificando as vantagens e desvantagens, procurando a definição de um padrão e fatores de risco que contribuísse para a formação da matriz proposta, com o recurso ao processo FMEA.

Assim, os principais aspetos desenvolvidos foram:

• Recolha de casos de estudo de empreendimento implementados sobre o paradigma das PPP, identificando as vantagens e desvantagens, procurando a definição de uma matriz que relacionasse os tipos de empreendimento, os perfis de parceiros públicos e privados e os resultados obtidos;

• Investigação e validação dos dados obtidos da recolha bibliográfica;

• Estabelecer o fluxo de informação envolvido na criação de uma PPP e procurar identificar, para cada uma das fases ou estágios, os parâmetros – preferencialmente quantificáveis – que possam ser, posteriormente, tratados como indicadores do nível de eficiência do processo.

• Definir, a partir dos parâmetros atrás identificados, processos de avaliação dos níveis de risco associados, através do FMEA / FMECA e desenvolver e validar uma “matriz de risco”.

Documentos relacionados