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Inquérito por questionário

No documento DM Maria João Cunha (páginas 106-109)

PARTE III EXPLANAÇÃO DO ESTUDO EMPÍRICO

2. Metodologia

2.2. Instrumentos de investigação utilizados

2.2.1. Inquérito por questionário

O inquérito por questionário, segundo Quivy (2004, p. 188)

Consiste em colocar a um conjunto de inquiridos, (…) uma série de

perguntas relativas à sua situação social, profissional ou familiar, às suas opiniões, à sua atitude em relação a opções ou a questões humanas e sociais, às suas expectativas, ao seu nível de conhecimento ou consciência de um acontecimento ou de um problema, ou ainda sobre qualquer ponto

que interesse os investigadores (…).

Para o autor, Quivy (2004), a aplicação de um questionário possibilita a quantificação e o tratamento de uma multiplicidade de dados, permitindo ainda proceder a numerosas análises de correlação. As principais vantagens deste método passam, ainda segundo Quivy (2004), pela sua precisão e rigor; características que permitem satisfazer o critério de intersubjetividade; e ainda pela “capacidade dos meios informáticos, que permitem manipular muito rapidamente um grande número de variáveis [e, finalmente, pela] clareza dos resultados (…), nomeadamente quando o investigador aproveita os recursos da apresentação gráfica das informações.” (Quivy, 2004, p. 224).

Baseando-nos novamente em Quivy (2004, p. 190), e atendendo ao “caráter relativamente frágil da credibilidade do dispositivo”, são apontadas algumas condições a ter em conta quando se elabora um questionário por inquérito, nomeadamente, rigor na escolha da amostra; formulação clara e inequívoca das perguntas; correspondência entre o universo de referência das questões e o universo de referência do inquirido; transmissão de confiança e credibilidade por parte do inquiridor ao inquirido.

O questionário por nós aplicado, foi elaborado com base nos questionários do MABE –

Modelo de Avaliação de Bibliotecas Escolares – da responsabilidade do Gabinete

Nacional da Rede de Bibliotecas Escolares. Esta opção fundamenta-se no facto de os referidos questionários terem sido aplicados por um organismo público, com responsabilidades diretas no que concerne às bibliotecas escolares; este aspeto dá-nos

garantia do cumprimento dos procedimentos anteriormente referidos e dos mais adequados quanto à construção de um instrumento de recolha de dados desta natureza. Dentro da estrutura do MABE, interessou-nos o seu ponto B Leitura e literacia. Este documento contém um conjunto de orientações bastante pormenorizado e abrangente, juntamente com critérios de avaliação, e cremos que constitui um excelente instrumento prático de aferição das atividades das BEs.

Este questionário foi construído após uma revisão da literatura de diversos autores nacionais e internacionais, no que toca aos aspetos de caráter metodológico, a ter em conta na elaboração de instrumentos deste tipo. O nosso objetivo tratou-se de, através deste procedimento, formular questões cujas respostas nos possibilitassem ter uma imagem clara do funcionamento das BE e do seu trabalho em prol da promoção dos hábitos de leitura. Tivemos sempre em mente os três princípios basilares na elaboração de qualquer questionário: O Princípio da Clareza, o Princípio da Coerência e o Princípio da Neutralidade. As questões, por um lado, devem primar pela clareza, serem concisas e unívocas, devem corresponder à intenção da própria pergunta; por outro lado, devem ser formuladas de maneira a não induzir a uma determinada resposta; por fim, o inquirido não deve estar sujeito ao referencial de juízos de valor ou preconceitos do autor do questionário. Com o objetivo de evitar questões que não cumprissem estes princípios, testamos o questionário junto de dois professores bibliotecários que não faziam parte da amostra de estudo. De acordo com as opiniões verbais expressas pelos respondentes e pela análise das respostas dadas, algumas questões foram reformuladas.

Damos ainda nota que, na elaboração das perguntas do questionário optamos pela construção de questões fechadas e mistas. Como indica a literatura sobre o assunto (Bell, 2004; Quivy, 2004), as perguntas fechadas constituem uma forma de objetivar as respostas, favorecendo uma maior padronização e uniformização dos dados. Utilizaram- se diferentes tipos de perguntas que incluíram, com base no objetivo pretendido, formato de categoria – o respondente selecionou uma resposta de entre um conjunto de categorias – e de grelha – o respondente registou respostas a uma ou mais questões ao mesmo tempo. Nos casos de resposta mista, em que foi necessário escrever, esta era de caráter rápido e objetivo.

O questionário foi elaborado recorrendo à aplicação GoogleDocs, a qual, no nosso entender, trás algumas vantagens: por um lado, permite elaborar o questionário sem

grandes complicações, por outro, o seu envio aos inquiridos é simples, e a resposta por parte destes é efetuado de forma rápida – o inquirido apenas tem que clicar no botão específico para o efeito. Por fim, esta ferramenta para além de permitir a recolha automática dos dados e a sua exportação para vários formatos, entre os quais o Excel, permite efetuar o seu tratamento e respetiva visualização em gráficos e tabelas, com frequência e percentagem.

Na versão final (anexo I), este questionário ficou organizado em 5 partes, que passamos a designar:

A - Caracterização da comunidade escolar; B - A BE e os recursos humanos;

C - Integração da BE na escola; D - Caraterização da coleção da BE; E - Ação da BE na promoção da leitura.

A - Caraterização da comunidade escolar

Nesta parte era nosso objetivo ficar a conhecer de forma mais detalhada a escola, a realidade onde o estudo decorreu, nomeadamente no que diz respeito à sua designação e ao agrupamento em que estava integrada, assim como o número total dos alunos e a sua distribuição por ciclos de ensino (2º e 3º).

B - A BE e os recursos humanos

Porque o sucesso das áreas de intervenção da BE, inclusive no que diz respeito à promoção do livro e da leitura, passam em grande medida pelo empenho dos seus recursos humanos e, em parte, pelo número dos elementos da equipa, este inquérito pretende aferir aspetos como: o número de anos de experiência do professor bibliotecário, o número de horas de formação que tem na área de Biblioteca; o número de professores que constitui a equipa e respetivos anos de experiência a trabalhar em BE.

C - Integração da BE na escola

É fundamental que a BE esteja plenamente integrada na escola, fazendo parte dos seus documentos normativo (regulamento interno, projeto educativo, plano anual e plurianual), devendo o professor bibliotecário estar presente em todas as reuniões normalmente realizadas - reuniões do Conselho Pedagógico, de Departamento, de Conselho de Turma e de Docentes. Para além do apoio

dos órgãos executivos, a BE tem que estar envolvida em toda a dinâmica escolar sob pena de não conseguir cumprir as suas funções e objetivos, concretamente no que à promoção do livro e dos hábitos de leitura diz respeito.

D - Caraterização da coleção da BE

Neste ponto, tivemos como objetivo recolher dados sobre a coleção da BE: se vai de encontro às necessidades e gostos dos utilizadores; quais as medidas implementadas no sentido de zelar pela variedade da sua coleção; se dispõe de catálogo, se este está informatizado e à disposição dos utilizadores; se a coleção disponibiliza recursos de informação diversificados, incluindo recursos organizados em linha; quais os índices de utilização da coleção por parte dos alunos e professores.

E - Ação da BE na promoção da leitura

Neste campo, pretendemos aferir se a BE tem por hábito solicitar o envolvimento de outras instituições/pessoas exteriores à escola, no que concerne às atividades de promoção da leitura e literacia implementadas; quais as atividades que desenvolve com mais regularidade neste âmbito - concursos de leitura, clubes de leitura, jornais/newsletter, encontro com escritores, exposições relacionados com autores ou obras, etc. -; com que frequência envolve ou articula com os docentes as suas ações.

Este inquérito foi aplicado em fevereiro de 2015, tendo sido previamente dirigida uma carta ao diretor de cada um dos agrupamentos envolvidos no estudo, onde se procedia à nossa apresentação e era dado conhecimento do âmbito em que estava a ser realizado este estudo. Na mesma carta, alertávamos para o interesse da investigação e solicitávamos a colaboração do(s) professor(es) bibliotecário(s), no sentido de responder ao questionário, cuja cópia seguia em anexo, e que posteriormente seria enviado para o professor(s), via email. No final de março, consideramos o processo de recolha de dados encerrado.

No documento DM Maria João Cunha (páginas 106-109)