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Programa e objetivos

No documento DM Maria João Cunha (páginas 42-45)

PARTE I BIBLIOTECAS ESCOLARES: UM RECURSO PRIVILEGIADO NA

2. A Rede de Bibliotecas Escolares

2.1. O contexto de aparecimento da Rede de Bibliotecas Escolares

2.1.2. Princípios e linhas gerais do relatório

2.1.2.1. Programa e objetivos

Segundo o Relatório Lançar a Rede de Bibliotecas Escolares de Veiga et al. (1996), o sucesso deste programa passa pela imposição de determinadas condições, que passamos a enunciar: as iniciativas devem, em grande medida, ser da responsabilidade dos professores; o lançamento da inovação deve ser assumido pela direção da escola, sendo que, um número significativo de alunos e professores terá de aderir às propostas e envolver-se nas ações delas decorrentes. O sucesso do programa, passa ainda pela aceitação da inovação por parte dos pais dos alunos que devem encarar a inovação como um benefício para os filhos.

De acordo com os princípios enunciados no “Pacto Educativo para o Futuro” (1996, pp. 59 e 60), um programa viável deverá nortear-se por um conjunto de objetivos estratégicos:

 Lançar e desenvolver o Programa Rede de Bibliotecas Escolares, que

se prolongará pelos anos considerados necessários para abranger todas as escolas do país;

 Incentivar as escolas a candidatarem-se ao programa de criação e/ou

desenvolvimento das suas bibliotecas, que decorrerá, mediante dinâmica própria, num período de entre dois e quatro anos;

 Apoiar as escolas com menor capacidade de iniciativa, para que todas

 Criar condições para que, após um período de funcionamento nos

moldes recomendados pelo programa, cada biblioteca escolar possa ser vista por alunos, professores e pais, como um importante recurso.

Para a concretização dos objetivos enunciados, será necessário, para além da criação de um gabinete que coordene o lançamento, acompanhamento, e avaliação do programa2, mobilizar recursos financeiros e administrativos nos Ministérios da Educação e da Cultura, e nas Câmaras Municipais, que assegurem o lançamento e o desenvolvimento do programa e a criação do enquadramento jurídico que defina o regime de trabalho do pessoal afeto à biblioteca. Por outro lado, a nível concelhio, em coordenação com o Ministério da Cultura e com as Autarquias, deveria ser criado o Serviço de Apoio às Bibliotecas, nas bibliotecas municipais, no sentido de apoiar as escolas à medida que estas iam iniciando os seus programas de lançamento de bibliotecas; incentivar as instituições de formação de professores e de ciências documentais a organizar cursos adequados à formação de professores bibliotecários; financiar cursos de técnicos- adjuntos de biblioteca e documentação. Por fim, era necessário introduzir alterações nas tipologias de construção escolar, no mobiliário e na rede escolar, em função das necessidades criadas pelo programa.

O desenvolvimento do Programa Rede de Bibliotecas Escolares deverá abranger todo o país, sendo que o prazo para a realização do programa de cada biblioteca escolar variava consoante o número de alunos. Eram estabelecidos 2 anos para as escolas com menos de 200 alunos e 4 anos para as restantes. Para que a escola fizesse parte do Programa, era necessário preencher cumulativamente um conjunto de requisitos, que passamos a indicar, de forma resumida:

a) Estar na disposição de assinar um contrato-programa, para 2 ou 4 anos, consoante o número de aluno, com base no qual poderia receber os apoios necessários è execução do seu programa de lançamento da Biblioteca;

b) Efetuar um diagnóstico da situação em que se encontrava a biblioteca, usando como referência os Princípios e Linhas de Orientação do relatório Lançar a Rede de Bibliotecas Escolares;

2 Despacho conjunto nº 5/ME/MC/96.

c) Definir um plano de reconversão da biblioteca no sentido dos parâmetros definidos nas Linhas de Orientação do relatório, no que dizia respeito a instalações, equipamento, recursos humanos e fundo documental;

d) A direção da escola teria que indicar o coordenador da equipa da biblioteca que assumiria as funções de professor bibliotecário;

e) Aceitar fornecer todos os elementos informativos necessários à constituição de um banco de dados e participar na avaliação do Programa.

O sucesso do Programa passava necessariamente pelo envolvimento de entidades, que não apenas as escolas, às quais estavam atribuídas competências específicas. Referimo- nos, concretamente, ao Ministério da Educação, ao Ministério da Cultura, às Câmaras Municipais e às Instituições de Formação. A cada um dos intervenientes competia:

 Ao Ministério da Educação: aprovar e divulgar as Bases para a transformação das Bibliotecas Escolares e as Linhas de Orientação Técnica e Funcional; assumir a coordenação do programa, promovendo a articulação entre os parceiros; financiar as obras de adaptação nos edifícios escolares, o equipamento, o fundo documental das bibliotecas de todos os níveis de escolaridade e a formação dos professores e técnicos; assegurar a edição e distribuição de documentos de referência que apoiem o trabalho da rede de bibliotecas escolares; elaborar instrumentos que permitam analisar a situação das bibliotecas, para deteção de necessidades e avaliação da progressão; assegurar a criação de um banco de dados com informação sobre as bibliotecas escolares; avaliar os resultados do Programa Rede de Bibliotecas Escolares.

 Ao Ministério da Cultura: cofinanciar a criação do SABE nas bibliotecas municipais da Rede de Leitura Pública; assegurar que nas bibliotecas municipais que viessem a existir, fosse sempre assegurada a valência de apoio às bibliotecas escolares; fornecer através da Biblioteca Nacional, agência Bibliográfica Nacional, as notícias bibliográficas que integrariam os catálogos das bibliotecas escolares.

 Às Câmaras Municipais: competia financiar as obras de adaptação em edifícios do 1º ciclo do Ensino Básico; integrar os SABE nas bibliotecas

municipais e financiar o seu funcionamento. Às bibliotecas municipais através do SABE competiria: assumir o apoio técnico indispensável à execução dos pogramas das escolas; produzir recursos de informação destinados às escolas na área da biblioteconomia; realizar seminários e ações de formação contínua de biblioteca e documentação, para professores bibliotecários, técnicos-adjuntos e outros professores da escola que fizessem parte da equipa da biblioteca.

 Às Instituições de formação competia: promover e organizar a formação de professores, técnicos-adjuntos de biblioteca e documentação das equipas das bibliotecas; proporcionar aconselhamento e apoio às escolas envolvidas nos seus cursos; organizar e disponibilizar as suas bibliotecas para que funcionem como pólos da RBE, oferecendo recursos de informação em diferentes áreas especializadas da educação e da biblioteconomia. As instituições de formação e o SABE deveriam desenvolver o seu trabalho de modo articulado.

No documento DM Maria João Cunha (páginas 42-45)