PARTE I BIBLIOTECAS ESCOLARES: UM RECURSO PRIVILEGIADO NA
2. A Rede de Bibliotecas Escolares
2.1. O contexto de aparecimento da Rede de Bibliotecas Escolares
2.1.2. Princípios e linhas gerais do relatório
2.1.2.1. Programa e objetivos
Segundo o Relatório Lançar a Rede de Bibliotecas Escolares de Veiga et al. (1996), o sucesso deste programa passa pela imposição de determinadas condições, que passamos a enunciar: as iniciativas devem, em grande medida, ser da responsabilidade dos professores; o lançamento da inovação deve ser assumido pela direção da escola, sendo que, um número significativo de alunos e professores terá de aderir às propostas e envolver-se nas ações delas decorrentes. O sucesso do programa, passa ainda pela aceitação da inovação por parte dos pais dos alunos que devem encarar a inovação como um benefício para os filhos.
De acordo com os princípios enunciados no “Pacto Educativo para o Futuro” (1996, pp. 59 e 60), um programa viável deverá nortear-se por um conjunto de objetivos estratégicos:
Lançar e desenvolver o Programa Rede de Bibliotecas Escolares, que
se prolongará pelos anos considerados necessários para abranger todas as escolas do país;
Incentivar as escolas a candidatarem-se ao programa de criação e/ou
desenvolvimento das suas bibliotecas, que decorrerá, mediante dinâmica própria, num período de entre dois e quatro anos;
Apoiar as escolas com menor capacidade de iniciativa, para que todas
Criar condições para que, após um período de funcionamento nos
moldes recomendados pelo programa, cada biblioteca escolar possa ser vista por alunos, professores e pais, como um importante recurso.
Para a concretização dos objetivos enunciados, será necessário, para além da criação de um gabinete que coordene o lançamento, acompanhamento, e avaliação do programa2, mobilizar recursos financeiros e administrativos nos Ministérios da Educação e da Cultura, e nas Câmaras Municipais, que assegurem o lançamento e o desenvolvimento do programa e a criação do enquadramento jurídico que defina o regime de trabalho do pessoal afeto à biblioteca. Por outro lado, a nível concelhio, em coordenação com o Ministério da Cultura e com as Autarquias, deveria ser criado o Serviço de Apoio às Bibliotecas, nas bibliotecas municipais, no sentido de apoiar as escolas à medida que estas iam iniciando os seus programas de lançamento de bibliotecas; incentivar as instituições de formação de professores e de ciências documentais a organizar cursos adequados à formação de professores bibliotecários; financiar cursos de técnicos- adjuntos de biblioteca e documentação. Por fim, era necessário introduzir alterações nas tipologias de construção escolar, no mobiliário e na rede escolar, em função das necessidades criadas pelo programa.
O desenvolvimento do Programa Rede de Bibliotecas Escolares deverá abranger todo o país, sendo que o prazo para a realização do programa de cada biblioteca escolar variava consoante o número de alunos. Eram estabelecidos 2 anos para as escolas com menos de 200 alunos e 4 anos para as restantes. Para que a escola fizesse parte do Programa, era necessário preencher cumulativamente um conjunto de requisitos, que passamos a indicar, de forma resumida:
a) Estar na disposição de assinar um contrato-programa, para 2 ou 4 anos, consoante o número de aluno, com base no qual poderia receber os apoios necessários è execução do seu programa de lançamento da Biblioteca;
b) Efetuar um diagnóstico da situação em que se encontrava a biblioteca, usando como referência os Princípios e Linhas de Orientação do relatório Lançar a Rede de Bibliotecas Escolares;
2 Despacho conjunto nº 5/ME/MC/96.
c) Definir um plano de reconversão da biblioteca no sentido dos parâmetros definidos nas Linhas de Orientação do relatório, no que dizia respeito a instalações, equipamento, recursos humanos e fundo documental;
d) A direção da escola teria que indicar o coordenador da equipa da biblioteca que assumiria as funções de professor bibliotecário;
e) Aceitar fornecer todos os elementos informativos necessários à constituição de um banco de dados e participar na avaliação do Programa.
O sucesso do Programa passava necessariamente pelo envolvimento de entidades, que não apenas as escolas, às quais estavam atribuídas competências específicas. Referimo- nos, concretamente, ao Ministério da Educação, ao Ministério da Cultura, às Câmaras Municipais e às Instituições de Formação. A cada um dos intervenientes competia:
Ao Ministério da Educação: aprovar e divulgar as Bases para a transformação das Bibliotecas Escolares e as Linhas de Orientação Técnica e Funcional; assumir a coordenação do programa, promovendo a articulação entre os parceiros; financiar as obras de adaptação nos edifícios escolares, o equipamento, o fundo documental das bibliotecas de todos os níveis de escolaridade e a formação dos professores e técnicos; assegurar a edição e distribuição de documentos de referência que apoiem o trabalho da rede de bibliotecas escolares; elaborar instrumentos que permitam analisar a situação das bibliotecas, para deteção de necessidades e avaliação da progressão; assegurar a criação de um banco de dados com informação sobre as bibliotecas escolares; avaliar os resultados do Programa Rede de Bibliotecas Escolares.
Ao Ministério da Cultura: cofinanciar a criação do SABE nas bibliotecas municipais da Rede de Leitura Pública; assegurar que nas bibliotecas municipais que viessem a existir, fosse sempre assegurada a valência de apoio às bibliotecas escolares; fornecer através da Biblioteca Nacional, agência Bibliográfica Nacional, as notícias bibliográficas que integrariam os catálogos das bibliotecas escolares.
Às Câmaras Municipais: competia financiar as obras de adaptação em edifícios do 1º ciclo do Ensino Básico; integrar os SABE nas bibliotecas
municipais e financiar o seu funcionamento. Às bibliotecas municipais através do SABE competiria: assumir o apoio técnico indispensável à execução dos pogramas das escolas; produzir recursos de informação destinados às escolas na área da biblioteconomia; realizar seminários e ações de formação contínua de biblioteca e documentação, para professores bibliotecários, técnicos-adjuntos e outros professores da escola que fizessem parte da equipa da biblioteca.
Às Instituições de formação competia: promover e organizar a formação de professores, técnicos-adjuntos de biblioteca e documentação das equipas das bibliotecas; proporcionar aconselhamento e apoio às escolas envolvidas nos seus cursos; organizar e disponibilizar as suas bibliotecas para que funcionem como pólos da RBE, oferecendo recursos de informação em diferentes áreas especializadas da educação e da biblioteconomia. As instituições de formação e o SABE deveriam desenvolver o seu trabalho de modo articulado.