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Inserção dos agricultores agroecológicos nas Compensações

No documento Fonte – o autor (páginas 95-101)

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3.3 O desenvolvimento da pesquisa individual

3.3.5 Inserção dos agricultores agroecológicos nas Compensações

por meio da escala de desempenho ambiental.

Com o objetivo de implementar uma melhor gestão nas atividades dos estabelecimentos rurais para ingresso nas Compensações por Serviços Ambientais, adotou-se princípios básicos que permitem a avaliação das atividades rurais nas três comunidades e situações ambientais, na escala específica do estabelecimento rural,

inclusão de indicadores relativos aos aspectos ecológicos, socioculturais do estabelecimento familiar, facilitando a detecção de pontos críticos para correção, manejo e gerenciamento ambiental.

A proposta do método é trazer uma indicação dos problemas ambientais em cada estabelecimento e não se trata de valoração econômica dos bens ambientais perdidos ou mesmo de modelagem dos impactos, trata-se de estabelecer critérios razoavelmente objetivos e tecnicamente consistentes para uma maior uniformidade no processo de inserção do agricultor a Compensação por Serviços Ambientais.

Os indicadores que constituem a proposta estão divididos em três itens “chaves”

que são: água, cobertura vegetal e o uso da terra. Estes itens foram embasados na

degradação ambiental que expressa perda de solos por erosão, o não uso da rotação de culturas, o que favorece um desgaste dos solos, a perda de vegetação, contaminação das águas de rios e fontes. A degradação ambiental é outro fator que foca prioritariamente áreas que devem ser conservadas, o comprometimento do agricultor com a paisagem, uso dos solos, técnicas de cultivo e conservação das águas de nascentes e dos rios. A idéia base da aplicação destes indicadores é apresentar as deficiências na gestão do estabelecimento para que haja melhorias ambientais e sociais.

Para o item água, buscou-se capturar os aspectos importantes, e que ameaçam

o ecossistema aquático, são eles: a poluição dos cursos d’água em função de esgotamento, de dejetos humanos e de águas servidas (fossa séptica), coleta e/ou gerenciamento de lixo, a alteração do ambiente aquático pela falta de proteção dos cursos d’água (encostas de rios com inclinação de 25º protegidas), acarretando perda de biodiversidade. A cobertura vegetal e as águas superficiais estão intimamente relacionadas, existindo significativa dificuldade em estabelecer os limites daquilo que interfere significativamente em um ou outro hábitat. A proximidade da cobertura vegetal ajuda a manter a integridade da bacia hidrográfica, e vice-versa.

Para ser saudável, um curso d’água deve ser oxigenado, bem-nutrido, com nível ideal e não estar contaminado com sólidos em suspensão. Existem inúmeras dificuldades para obter dados importantes, que caracterizem os cursos d’água em função de sua saúde.

Na elaboração dos indicadores, assume-se que o lixo orgânico é utilizado para compostagem nas unidades familiares existentes e o resíduo sólido coletado pelo poder municipal. O uso de agrotóxicos visa verificar se existe ou não a aplicação de qualquer categoria (inseticida, fungicida, herbicida, etc.) nos estabelecimentos, sendo um indicador que busca capturar o comportamento dos agricultores frente à poluição dos cursos d’água. Numa bacia hidrográfica, cursos d’água e cobertura vegetal vivem em mutualismo e a proximidade da cobertura vegetal afeta positivamente a diversidade do hábitat aquático. A determinação da largura das fontes e dos rios para efeito de cálculo se deu em função da Resolução CONAMA Nº 303 de 2002.

a) nas margens de cursos de água, e entorno de lagos, lagoas e reservatórios artificiais, conforme incisos I e III, alínea "a", do art. 3, inciso I do art. 3 o da Resolução CONAMA nº 303, de 2002, devendo ser respeitada área de no mínimo trinta metros, para o curso d`água com menos de dez metros de largura e faixas mínimas de 50 metros para os demais.

O índice de cobertura vegetal está relacionado com as áreas ocupadas com

vegetação nativa no estabelecimento (reserva legal), utilização de queimadas nos últimos doze meses, vegetação com interferência do homem e com espécies invasoras, vegetação ripária degradada ou preservada e área com regeneração natural sem queimadas no caso da bracatinga.

O parâmetro vegetação nativa busca mensurar a extensão da vegetação original e a sua fragmentação, pois estes componentes influem diretamente na biodiversidade, pois a cobertura vegetal é importante por ser a pilastra da saúde de um ecossistema. As perdas, fragmentações ou modificações estruturais do ecossistema mudam o ciclo

dos nutrientes e da água, reduzem seu poder de adaptação e sua resiliência31. Captar

todas estas facetas é extremamente complicado, em função do detalhamento, entrelaçamento e amplitude de informações requeridas.

No item uso da terra buscou capturar e medir a relação existente entre o

agricultor e a manutenção de sua terra. A mensuração desta relação se efetivou por

31 O termo resiliência foi importado das Ciências Exatas, onde é conceituado como a capacidade de um corpo físico

de absorver energia, quando elasticamente deformado e, em seguida, devolver essa energia quando descarregado. Deformação elástica é definida como a capacidade de um corpo físico de retornar a sua forma original (BRANCO, 1986).

meio do sistema produtivo existente nas comunidades como rotação de culturas, fertilidade do solo, cultivo perene, temporário, diversidade de culturas, erosão, técnicas de cultivo (aração e gradagem), curva de nível, plantio em nível, incorporação de palhada, adubação verde, adubação orgânica, adubação química, plantio direto e produção no estabelecimento.

Apesar das áreas das bacias hidrográficas possuírem as condições citadas no CONAMA 369 de 28 de março de 2006, buscou-se com isso, avaliar as atividades exercidas e pode ser considerado espaços territoriais especialmente protegidos, cobertos ou não por vegetação, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

Utilizando-se do organograma de compensação ambiental, que inclui águas, cobertura vegetal e uso dos solos, pode-se mapear os estabelecimentos e usar o conhecimento empírico dos agricultores para demarcar os locais de solos mais férteis, área de vegetação rasteira, capoeirão e arbórea, localização das nascentes e rios, entre outros fatores que permeiam a gestão ambiental.

Baseando-se nos três itens chaves citados e nas avaliações obtidas na aplicação do questionário e visitas de campo levantaram-se várias indicações dos atores (agricultores) quanto aos problemas ambientais e sociais, de posse das informações pode-se criar um instrumento que pudesse mensurar vários parâmetros de ordem socioambiental voltado as Compensações Ambientais.

Utilizando como base o Barômetro de Sustentabilidade de Prescott Allen (2001), foi desenvolvida a Escala de Desempenho Ambiental como indicador que mede a distância entre o desempenho-padrão, aquilo que é o alvo a ser alcançado e o desempenho real, ou seja, o que está sendo desenvolvido no estabelecimento. Numa escala de 1 a 100, o melhor desempenho é 100; o pior, é 1. Como os pontos são calculados de forma igual, para todos os indicadores, eles podem ser comparados. As

letras A,B,C,D,E foram criadas para classificação e mostrar o desempenho do

agricultor. As letras representam as condições do estabelecimento, Bom, Justo,

Médio, Pobre e Ruim, acompanhados das definições de aceitabilidade ou não, ou seja,

estabelecimento será classificado para recebimento das compensações ambientais se

atingir a nota 85, ou seja, classificação A (QUADRO 5).

Quadro 5 – Escala de desempenho Ambiental Fonte – Adaptado de Prescott-Allen (2001).

Os indicadores quando mensurados, geralmente fornecem grandes quantidades de números e nem sempre pode ser combinados, e para possibilitar estas comparações faz-se necessário uma unidade comum entre elas, para isto foi desenvolvida a Escala de Desempenho Ambiental e teve como diretriz principal a conservação e o gerenciamento ambiental dos estabelecimentos, pois no atual cenário das alterações por que passa o meio ambiente, o empobrecimento da diversidade biológica e os impactos sócioeconômicos foram relevantes, e trata-se de uma decorrência de primeira diretriz, ou seja, manutenção do foco na conservação ambiental de estabelecimentos agroecológicos. Todos os processos do trabalho individual estão descritos no fluxograma da metodologia de pesquisa individual (FIGURA 3).

Figura 3 – Fluxograma da metodologia de pesquisa individual Fonte – o autor

No documento Fonte – o autor (páginas 95-101)