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O Vale do Ribeira e sua importância para a Região Metropolitana de

No documento Fonte – o autor (páginas 104-107)

4 CARACTERIZAÇÃO DO RURAL NA REGIÃO METROPOLITANA DE

4.1 O Vale do Ribeira e sua importância para a Região Metropolitana de

A Bacia Hidrográfica do Rio Ribeira de Iguape, conhecida com Vale do Ribeira, possui uma área de 2.830.666 hectares (28.306 km²), sendo 1.119.133 hectares no Estado do Paraná e 1.711.533 hectares no Estado de São Paulo. A Bacia divide-se em 13 sub-bacias e abrange 38 municípios, sendo 23 no Estado de são Paulo e 15 no Paraná.

O Rio Ribeira de Iguape é o principal rio da região, nasce na Serra de Paranapiacaba, no Estado do Paraná e deságua no Oceano Atlântico, no Estado de São Paulo, percorrendo uma extensão de 470 Km. Apesar de sua localização em dois dos estados mais desenvolvidos do País, de fazer limite com duas regiões metropolitanas altamente dinâmicas (São Paulo, ao norte e Curitiba, ao sul) e de ter sido uma das primeiras e mais intensamente exploradas regiões brasileiras nos períodos colonial e imperial, o Vale do Ribeira inicia o século XXI com significativo patrimônio ambiental. São mais de 21 milhões de hectares de florestas, equivalente a aproximadamente 21% dos remanescentes de Mata Atlântica do País, 150 mil de restingas e 17 mil de manguezais, extremamente bem conservados, além de abrigar um dos mais importantes patrimônios espeleológicos do Brasil.

Ao lado dos significativos recursos naturais, a região possui grande importância em termos culturais. Habitam o Vale do Ribeira comunidades indígenas, caiçaras, remanescentes de quilombos e pequenos agricultores familiares, constituindo uma diversidade cultural raramente encontrada em locais tão próximos de regiões desenvolvidas. Em termos históricos, lá está a maior quantidade de sítios tombados do Estado de São Paulo e inúmeros registros arqueológicos, ainda pouco estudados. Em contraposição aos ricos patrimônios ambientais e culturais a região possui os mais baixos indicadores sociais dos estados de São Paulo e Paraná, incluindo os mais altos índices de mortalidade infantil e analfabetismo. O Vale do Ribeira não possui alternativas econômicas adequadas ao desenvolvimento sustentável que permita a utilização racional deste imenso patrimônio ambiental e cultural existentes. Agravando o quadro acima descrito, a proximidade desta região de dois importantes centros urbanos e industriais (São Paulo e Curitiba), ameaça transformá-la em fornecedora de recursos naturais de baixo custo, explorados sem qualquer respeito ao patrimônio ambiental e

cultural (AOPA, 2004).

Em um trabalho realizado pelo IPARDES (2003) diagnosticou os municípios de Adrianópolis, Bocaiúva do Sul, Cerro Azul, Doutor Ulysses, Itaperuçu, Tunas do Paraná e o município de Rio Branco do Sul, como um enclave de estagnação econômica e baixo desenvolvimento social, num espaço físico marcado pelo bioma da mata atlântica. Os municípios do Vale do Ribeira evidenciam baixos índices no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) situados abaixo da média nacional que é de (0,764), afetados pelo fraco desempenho de renda dos municípios, e vários indicadores sociais como baixa escolaridade dos chefes de família, baixos níveis de rendimento e expressivos índices de analfabetismo.

Os estabelecimentos rurais dos municípios que compõem a região utilizam suas terras, predominantemente com matas nativas ou plantadas para a lavoura que é pouco expressiva, ou com pastagens naturais ou plantadas. Os cultivos de hortaliças e citros realizadas na região muitas vezes sem técnicas de conservação do solo, provoca a erosão em sulco, com perda de solo superficial enriquecido em adubos e defensivos agrícolas, carreados pela drenagem, assoreando e contaminando rios.

Segundo IPARDES (2003), a base produtiva no Vale, está calcada na citricultura, conformando um setor fruticultor na região, cadeia produtiva da madeira e a mineração de calcário que inclui a produção de cimento, este último responsável por grandes impactos ambientais e devido ao seu deletério sobre o meio ambiente, sugere-se mecanismos de apoio especializado de forma a assegurar a continuidade da produção com menores danos ambientais.

Apesar das atividades econômicas serem restritas no Vale, observa-se que o

sistema de drenagem regional é afetado por cargas poluidoras de origem urbana e industrial que comprometem a qualidade das águas, como em Rio Branco do Sul, onde

os terrenos constituídos por rochas calcárias fraturadas33. As atividades rurais são

exemplos de contaminação, pois os terrenos que na sua maior parte são montanhosos

33 Em geologia, fratura é uma superfície num volume de rocha onde não se observa deslocamento relativo entre

blocos, distinta da falha, que apresenta deslocamento paralelo à superfície, e da diáclase, onde o deslocamento é perpendicular.

e possuem declives acima de 35%.

O município de Rio Branco do Sul situado na zona fisiográfica de Curitiba, com

altitude média de 892,78m acima do nível do mar e Latitude de 25º 10' 22" Sul e sua

Longitude de 49º 19' 10" W. Possui área total de 635,0 km2, sendo que a área rural é de

608,05 km2 e a urbana de 26,95 km2, faz limites com Almirante Tamandaré, Bocaiúva

do Sul, Cerro Azul, Colombo e Itaperuçu. A População Economicamente Ativa em 2000 era de 12.067 pessoas, sendo que destas 8.041 trabalhavam no meio urbano e 4.026 no rural. A população total do município, de acordo com Censo de 2000, foi estimada em 9.292 no meio rural enquanto a urbana em 20.049, totalizando 29.341. A estimativa de 2005 foi um total de 30.469 pessoas (IPARDES, 2003).

A região onde está inserido o município de Rio Branco do Sul foi amplamente explorada por expedições que vinham a cata do ouro e do gentio (indígenas). Ao longo das incursões, muitos povoados foram surgindo, nas áreas demandavam as fraldas da Serra da Bocaína até o vale do Açungui. A primeira povoação que deu origem ao atual município de Rio Branco do Sul foi Nossa Senhora do Amparo. Este vilarejo recebeu em 1790, a visita do padre Francisco das Chagas Lima, que benzeu o cemitério da localidade e rezou uma missa. Mais tarde o padre Chagas iria celebrizar-se por ocasião da povoação dos campos de Guarapuava. Nesta época florescia o povoado de Rocinha, não muito distante de Nossa Senhora do Amparo.

Em 1831, o vilarejo teve denominação alterada para Votuverava, que em Tupi-guarani significa, “colina da ladeira brilhante”. O Capelão era o padre Camargo e no ano de 1834 a povoação já era pastoreada por um vigário. Com criação da Província do Paraná, em 1853 mudou-se o conceito político e um número muito grande de novas unidades municipais foi criado para servir de sustentação política ao novo governo. Neste contexto, o povoado ganha foros de freguesia, através da Lei Provincial nº 30 de 7 de abril de 1855. No ano de 1861, Domingos Costa doa terreno para que a freguesia seja transferida de lugar, o que se efetiva pela Lei nº67 de 23 de maio. Esta mudança durou apenas 10 anos, voltando a sua antiga localização.

As lideranças de Votuverava optam por mudança de sede municipal, desta vez indo para o antigo arraial da rocinha. Esta escolha, depois de consolidada, foi efetivada pela Lei Estadual nº733 de 21 de fevereiro de 1908, ocasião em que Votuverava perde

sua denominação, passando a se chamar Vila Rio Branco.

Pelo Decreto Lei estadual nº 7.573 de 20 de outubro de 1938, extingue-se o município de Rio Branco, passando a pertencer territorialmente ao município de Cerro Azul. Através do Decreto Lei Estadual nº 199 de 30 de dezembro de 1943, em tempos de Estado Novo e de ajustes políticos, passou a condição de simples distrito de Cerro Azul, e com a denominação alterada para Votuverava.

Somente no dia 10 de outubro de 1947, pela Lei estadual nº02, é que sua autonomia política foi restaurada, voltando a denominação de Rio Branco, desta vez acrescida de “do Sul” para diferenciá-la da capital acreana.

No documento Fonte – o autor (páginas 104-107)