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CAPÍTULO 1 – ESTADO DA ARTE

C) Inserção profissional

A temática, “inserção profissional”, reúne os trabalhos que investigaram sobre o processo de inserção profissional de professoras iniciantes na educação infantil, ou seja, o foco da pesquisa é conhecer e entender de que forma esse processo acontece. Todos os artigos

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apresentados nesse grupo fazem parte desta temática, contudo, é necessário relembrar que cada um possui suas sub-temáticas, assim outras dimensões também foram investigadas.

O primeiro artigo “Professores iniciantes na educação infantil6” desenvolvido por

Adriana Aparecida Rosa (2014) e Beatriz Gomes Nadal (2014) tem como objetivo investigar três elementos sobre o início da docência. A primeira busca identificar as principais dificuldades enfrentadas pelas professoras nesse período, a segunda procura conhecer quais fontes/recursos são utilizados pelas iniciantes para o enfrentamento de suas dificuldades e por último, delimitar as necessidades para o processo de iniciação profissional7.

Na primeira dimensão foi possível identificar que ao ingressar na escola, as iniciantes não receberam um apoio ou instruções básicas para iniciar seus trabalhos. A recepção dessas novas profissionais, na maioria dos casos, foi feita pela diretora de forma bastante simplória, resumindo-se a conhecer os espaços físicos da escola.

Diante dessa situação as iniciantes tiveram que aprender sozinhas questões relacionadas a aprendizagem e ao pedagógico por meio da observação e diálogo com professoras mais experientes. É importante ressaltar que nem sempre esse diálogo foi fácil, muitas vezes as professoras não encontraram um ambiente de trabalho favorável a esse tipo de troca. Nas respostas obtidas nos questionários foi possível perceber que as participantes acreditam que por serem iniciantes deveriam receber um tratamento diferenciado por parte da equipe pedagógica, justamente por desconhecerem vários pontos importantes sobre o funcionamento da rotina da aula e sobre a própria escola.

Em relação ao Projeto Político Pedagógico e Proposta Curricular da escola, as respostas obtidas são reflexos da falta de apoio sistemático comentada anteriormente, onze das doze respondentes afirmaram possuir pouco conhecimento sobre esses dois documentos, mesmo quando participaram dos processos de elaboração dos mesmos.

No que diz respeito às dificuldades vivenciadas nesse período inicial, foram encontradas diversas respostas, tais como: alunos indisciplinados, agressivos, manejo da rotina escolar e horários, falta de experiência, relação com os pais dos alunos, definição de conteúdo, preenchimento de livros de chamada e pareceres avaliativos. Todos esses elementos geraram sérios conflitos internos nos iniciantes, que pode acarretar na desistência da profissão.

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Sub-temáticas: principais dificuldades, processos de formação (inicial e continuada) e exercício profissional.

7Essa pesquisa foi realizada com professoras que trabalham em escolas de educação infantil da Rede Municipal

Na segunda dimensão delimitada pelas autoras, apoio e formação para o professor iniciante, foi identificado que é ofertada as iniciantes vários cursos de formação de curto prazo, porém, na maioria dos casos os conteúdos dos mesmos não estão voltados para a fase da docência em que estão inseridos. São cursos engessados que não passaram por uma revisão adequada e nem atendem as necessidades dos profissionais que participam dessa formação, apesar desses dados, quatro das doze professoras respondentes afirmam que consideram válidos os cursos que são ofertados. O mais interessante de acordo com as autoras do artigo, para essas profissionais iniciantes seria um acompanhamento sistemático de todos os aspectos do trabalho docente, proporcionando um espaço de acolhimento e troca de experiências, contribuindo assim para o desenvolvimento profissional dessas professoras.

Em relação à última dimensão, processos de aprendizagem, as respostas das professoras indicam que a maioria aprende a profissão na prática, contudo, as autoras apontam que não é somente a prática que confere valor e qualidade ao ensino, mas sim sua relação com a teoria. Também foi identificado que cada iniciante está aprendendo a profissão de uma forma única, ligando o que foi aprendido na Pedagogia com a prática em sala de aula, contudo, as dificuldades desse período são intensas e desafiantes, fazendo com que percebam que a formação inicial não foi suficiente para trabalhar em sala de aula. À vista disso muitas participantes afirmaram que buscam uma formação mais específica na área e contraditoriamente indicam pouca relação entre teoria e prática para tentar solucionar seus desafios e dificuldades.

O próximo artigo “Professores iniciantes e as primeiras experiências de docência: o papel da escola no processo de inserção/inclusão no ambiente escolar8” desenvolvido por Rozilene de Morais Sousa (2014), Vilma de Souza Rampajo (2014) e Simone Albuquerque da Rocha (2014) procura investigar como as professoras iniciantes estão percebendo seus processos de inserção na escola, tendo o auxílio de um docente mais experiente durante o primeiro momento dessa etapa. Os sujeitos dessa pesquisa nunca tiveram qualquer experiência com a docência, o que transforma este trabalho como vital para identificar quais ideias, anseios, dificuldades, desafios, descobertas e expectativas esses novos profissionais apresentam, de acordo com as autoras.

Por meio de uma abordagem qualitativa essa pesquisa se propõe a responder as seguintes perguntas: Como ocorre o processo de inserção do professor iniciante na escola? Quais dilemas e desafios permeiam os primeiros anos da carreira? Qual papel está exercendo

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o professor experiente para a inserção dos egressos? E como esse processo de acompanhamento é visto pelos iniciantes?

Uma das principais dificuldades apresentadas nesse trabalho diz respeito à pressão da responsabilidade ao assumir uma turma, além de lidar com a transição de estudante para professor, gerando vários sentimentos negativos como medo e ansiedade, contudo, a presença do professor experiente facilita o enfrentamento desses desafios. É importante ressaltar que todas as professoras iniciantes possuem em seu ambiente de trabalho um professor experiente como tutor e essa parceria trouxe inúmeros benefícios.

Os professores experientes também fizeram parte dessa pesquisa e um deles relatou sobre o processo de acompanhamento dos iniciantes, apontando que considera muito válido o trabalho que realizou, pois nos momentos de crise os iniciantes não precisavam lidar com os problemas sozinhos. Também considera que a elaboração e execução de planejamentos são tarefas complexas e as iniciantes precisam de um acompanhamento mais sistemático e individualizado.

Dessa forma as autoras deste artigo reafirmaram a necessidade de acolhimento na escola, toda a equipe deve receber as novas profissionais, tendo em mente que esse relacionamento oferece grandes ganhos para a escola como um todo e reforça a ideia de que ensinar e aprender são um processo dialógico que envolve reflexão permanente e construção de saberes docentes.

O artigo “Os professores da educação infantil e sua inserção profissional: desafios e contribuições9” desenvolvido por Lindalva Souza Ribeiro (2014), Sandra Novais Sousa Fidelis (2014) e Eliane Greice Davanço Nogueira (2014) apresenta uma linha de pesquisa que difere dos demais artigos selecionados neste levantamento bibliográfico. Além de investigar como ocorre a inserção profissional dos docentes na educação infantil (da rede municipal de ensino de Campo Grande-MG) também busca investigar como a persistência do caráter assistencialista da educação infantil tem influenciado nas políticas de formação e atuação de professores desta etapa de ensino.

A pesquisa documental e bibliográfica foi usada como metodologia, a legislação municipal, diretrizes curriculares e autores que tratam do tema como fontes de dados e para averiguar o olhar do professor sobre sua própria atuação foram utilizados as narrativas autobiográficas. Para uma melhor organização dos dados o artigo trouxe as narrativas das

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iniciantes agrupadas em três categorias de análise: a escolha da profissão, o papel da formação inicial e continuada na visão das professoras e a busca da identidade profissional.

Na primeira categoria foi possível observar as mais variadas respostas sobre a escolha da profissão docente como: paixão desde o período da infância, desejo de agradar os pais, concurso público, mudança de escolha no período do cursinho, por achar gratificante trabalhar com crianças, por amor e por afetividade. As autoras consideram que a escolha da profissão ainda é relacionada a estereótipos sociais, no qual estende a figura do professor a figura materna e também pelos mais diversos motivos e muitas vezes sem a real vontade e intenção de querer se tornar professora.

No que diz respeito ao papel da formação inicial e continuada, todas as docentes apontaram em suas narrativas que consideram fundamental ter formação específica para atuar na área e ainda relatam que a falta de formação é bastante evidente nos seus respectivos ambientes de trabalho.

Também foi identificado que a maioria das professoras apresenta dificuldades em alguns aspectos do trabalho docente como: planejar as aulas, avaliar os alunos e avaliar modelos de ensino prontos. Diante de todas essas dificuldades as narrativas apontaram que as professoras procuram a ajuda das professoras mais experientes e essa troca de saberes é muito importante e essencial no processo de inserção profissional.

Diante do exposto as autoras afirmam que a formação inicial não é suficiente para munir os professores com os recursos necessários para atuar em sala de aula, dessa forma, a formação continuada seria uma ferramenta poderosa para esses profissionais terem mais segurança no trabalho que desenvolvem e se apropriarem de aportes teóricos consistentes para enfrentar os desafios e dificuldades da sala de aula.

E por último, a categoria identidade profissional, revela que as iniciantes estão encontrando dificuldades em construir suas identidades, pois existe uma indefinição do papel do professor em nossa sociedade, dessa forma, a delimitação da identidade profissional de cada professora está ocorrendo, de acordo com as narrativas, junto com o exercício da profissão. Para auxiliar nessa busca as autoras afirmam que é essencial que os docentes dominem conhecimentos teóricos sólidos e aprofundados, para que sua prática pedagógica seja repleta de especificidades que ultrapassem o caráter assistencialista da educação infantil.

O seguinte artigo “Docência da educação infantil: desafios no início de carreira10

desenvolvido por Valéria Menassa Zucolotto (2014) e Valdete Côco (2014) tem como

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objetivo identificar as principais dificuldades vivenciadas por professoras que atuam na educação infantil durante seus processos de inserção na docência. Aliado a esse objetivo, a pesquisa também se propõe a identificar quais fatores ajudaram as iniciantes a enfrentarem essas primeiras dificuldades e desafios.

Para que esses objetivos pudessem ser alcançados, seis professoras (que possuíam até três anos de experiência na área da educação infantil) foram convidadas para participar da pesquisa, e para a coleta de dados foi utilizado a abordagem qualitativa com o uso de entrevista. As entrevistas das docentes participantes foram divididas em quatro temas: inserção e permanência/desistência na carreira, encontro com os aspectos sociais da vida das crianças, demandas do trabalho na educação infantil e condições de trabalho.

No primeiro eixo de análise, inserção e permanência/desistência, as docentes começaram suas falas relatando como ocorreu seu processo de inserção, sendo que a maioria apontou o desejo de atuar na educação infantil e como conseguiram ingressar na área, outras sempre tiveram o desejo de trabalhar com alunos nessa faixa etária e as demais escolheram a educação infantil por falta de opção. Apesar das motivações de cada iniciante, todas enfrentaram dificuldades com o início da carreira e as mais comuns giram em torno do choque de realidade social das crianças e com a quantidade elevada de alunos por sala.

Essas dificuldades iniciais afetaram as iniciantes de diferentes formas. Duas afirmaram que os desafios foram demais e assim que for possível irão sair da educação infantil para atuar em outras etapas da educação básica, já a terceira professora afirmou que ao compartilhar suas dificuldades com outras profissionais da instituição e ao buscar novas estratégias que pudessem melhorar sua prática, encontrou motivação e tornou-se mais desejosa de continuar atuando na educação infantil.

Dessa forma as autoras Zucolotto e Côco afirmam que as iniciantes não são despreparadas para lidar e enfrentar com as dificuldades e desafios do início da docência, o que existe é uma necessidade de estabelecer parcerias com outras profissionais da educação que atuam na mesma escola das iniciantes e que a formação continuada seja pautada na consolidação da aprendizagem das próprias docentes.

E o último artigo dessa temática “A inserção na carreira docente11” desenvolvido por

Camila Macenhan (2014) e Susana Soares Tozetto (2014) buscou identificar e compreender como ocorre a inserção na carreira docente, apontando suas características, orientações e até mesmo modelos que as professoras iniciantes seguem nessa primeira fase do trabalho. Dentro

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desse objetivo foram explorados outros elementos que influenciaram a inserção profissional docente, como a formação inicial, recursos teórico-prático utilizados, o momento do estágio, dificuldades, desafios e descobertas.

Para a coleta de dados foram convidadas quatro professoras de educação infantil e quatro professoras militantes. É importante destacar que nessa pesquisa foram consideradas iniciantes as profissionais que possuíam até três anos de experiência na área. Foi utilizada a entrevista semi-estruturada como instrumento de pesquisa.

Uma das primeiras falas das docentes expressa a importância dos estágios para o início da docência, apontando que as experiências e vivências encontradas nesse espaço proporcionaram uma rica troca e construção de saberes, além de permitir conhecer a dinâmica de uma sala de aula e o ambiente escolar. De acordo com as autoras desse artigo, essas novas visões e posicionamentos podem ser considerados como umas das primeiras descobertas do início da docência.

Outra professora une a formação inicial e o período do estágio como grandes influências na construção de sua identidade profissional, selecionando os elementos que considera válidos e necessários em uma professora da educação infantil, apontando a paciência e o carinho como imprescindível para esse tipo de profissional. Ainda sobre a construção da identidade profissional docente, uma das professoras participantes aponta em sua fala que recebeu grande influência do contato prévio que obteve com a docência, desde o período de sua escolarização.

Com a coleta desses dados as autoras afirmam que a formação inicial é uma fonte de orientação para as professoras e que os estágios são importantes espaços, pois permite um primeiro contato com a realidade da escola e a partir desse contato que surgem as primeiras indagações sobre como ser professora e as dúvidas, dificuldades, desafios e descobertas da docência.

D) ESPECIFICIDADES DO TRABALHO DOCENTE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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