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CAPÍTULO 1 – ESTADO DA ARTE

A) Metodologia

A primeira temática, “metodologia”, aponta as abordagens metodológicas mais utilizadas nos trabalhos selecionados, permitindo conhecer como os pesquisadores investigaram seus objetos de pesquisa, onde se fundamentaram e quais caminhos utilizaram para chegar aos resultados expostos nos seus trabalhos.

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Trabalhos Selecionados

Os artigos utilizaram diferentes métodos qualitativos para investigar seu objeto de pesquisa. Sobre esse tipo de abordagem, Richardson (2008) aponta que os métodos qualitativos não empregam instrumentos de pesquisa estáticos como base de seu processo de análise, mas é importante ressaltar que ao utilizar essa abordagem não significa excluir qualquer instrumento/ferramenta do método quantitativo, muitas vezes o aspecto qualitativo de uma investigação pode estar inserido dentro de informações colhidas por meio de uma abordagem quantitativa. Ainda sobre essa questão Triviños (2013) ressalta que o avanço das ideias qualitativas facilitou o confronto de diferentes perspectivas para entender o real, no caso da educação, essa abordagem permitiu repensar a aplicação de métodos das ciências naturais para o estudo das ciências humanas.

Levando em consideração as informações explanadas acima, iremos explanar sobre os variados métodos qualitativos utilizados nos trabalhos aqui apresentados. O primeiro método que mais chamou atenção, pela sua grande frequência, foi à pesquisa-formação. Seis trabalhos3 de um total de dezenove escolheram essa perspectiva para investigar seu objeto.

De acordo com Josso (2014) a pesquisa-formação é uma metodologia que considera um indivíduo como objeto e sujeito da pesquisa de forma simultânea, produzindo assim conhecimentos durante a investigação. Um dos trabalhos selecionados que utiliza essa abordagem “A docência expressa nas visões e vozes de professores iniciantes e acadêmicos: revelações na/da pesquisa-formação” (NOGUEIRA, ALMEIDA, MELIM, 2013) destaca a importância de enxergar o objeto como um ator ativo durante o processo investigativo e que este processo seja construído de forma coletiva, pesquisador e pesquisado compõem essa relação de produção de conhecimento.

Os demais artigos utilizaram abordagens diversificadas para compreender a natureza do fenômeno social investigado, dessa forma, foi possível identificar o uso de: observação, diário de campo, questionário, análise documental, entrevista semi-estruturada, estudo bibliográfico, estudo exploratório, método autobiográfico, dialogia de Bakhtin e casos de ensino. Dentre essas abordagens mencionadas, algumas foram utilizadas em mais de um trabalho tais como: entrevista semi-estruturada, casos de ensino e estudo exploratório, por esse motivo será exemplificado suas características. A dialogia de Baktin, apesar de ser

3A docência expressa nas visões e vozes de professoras iniciantes e acadêmicos: revelações na/da pesquisa

formação (2013), Diálogo e acompanhamento: a escrita de professores iniciantes a serviço da formação docente (2012), Professor iniciante: o ser e estar na profissão docente (2012), Narrativas do início da docência: uma investigação- formação com alunas concluintes de um curso de Pedagogia (2013), Trabalho docente e formação de professores: os professores iniciantes e suas práticas (2011) e A narrativa de professores iniciantes a serviço da formação docente: diálogos e aprendizagens possíveis (2014).

utilizada em apenas um trabalho, também será aprofundada, por considerarmos de grande importância para os trabalhos que utilizam abordagens qualitativas.

Segundo Boni e Quaresma (2005) a entrevista semi-estruturada utiliza perguntas abertas e fechadas e ainda permite ao entrevistado discorrer sobre o assunto em questão. O pesquisador deve ficar atento e perceber os momentos em que haja a necessidade de intervir, fazendo perguntas adicionais sobre o tema da pesquisa, seja para solucionar dúvidas ou para aprofundar determinado ponto discutido durante a entrevista.

Casos de ensino são narrativas que documentam eventos escolares e possuem uma grande riqueza de detalhes, permitindo analisar e interpretar esses eventos sob diferentes perspectivas. Um dos artigos selecionados que utilizou esse tipo de abordagem “Processos de Formação de Professores Iniciantes” (NONO e MIZUKAMI, 2006), destaca que os casos de ensino permitem tanto ao pesquisador como ao pesquisado acesso aos conhecimentos que fundamentam a atuação docente.

Em relação à dialogia de Baktin, os pesquisadores que a utilizam em seus projetos, enxergam alguns conceitos e estruturas que compõem o caminho investigativo de maneira diferente. Um dos desafios aos adeptos dessa metodologia apresenta-se na diferenciação entre conhecer o que é um objeto e o que é um sujeito, sendo que esta distinção é importante, pois permite ao pesquisador conhecer o que é específico de cada elemento, buscando atingir os limites do que está sendo investigado. Sobre esse desafio Souza e Albuquerque (2012, p.110) apontam:

Ao pensarmos no conhecimento que pode ser elaborado quando o sujeito se depara com um objeto, desprovido de interioridade, observa-se que tal objeto pode se revelar por um ato unilateral do sujeito cognoscente e, portanto, tal conhecimento é de ordem do interesse prático. Em contrapartida, quando um determinado sujeito se abre para o conhecimento do outro indivíduo, deve conservar certa distância, pois, abrir-se para outro é, neste caso, permanecer também voltado para si.

Essa duplicidade, ser sujeito e objeto de conhecimento ao mesmo tempo, exige que as ciências humanas possuam uma problemática e um campo de investigação específico, sendo que o critério de verdade que orienta esse tipo de construção de conhecimento está fundamentado na preocupação com a densidade e a profundidade do que é revelado no encontro do pesquisador com o outro (SOUZA e ALBUQUERQUE, 2012).

Tendo em vista esses apontamentos iniciais sobre a dialogia de Bakhtin, foi possível perceber que essa metodologia centraliza-se na parceria entre pesquisador e os sujeitos que fazem parte do processo investigativo, tendo a compreensão que o pesquisador deve buscar a veracidade do pensamento mesmo sabendo na impossibilidade de alcançá-lo, baseando-se sempre na densidade e profundidade do que é possível ser revelado com a pesquisa, assumindo um posicionamento ético e da produção de um conhecimento desinteressado.

E por último, o método qualitativo “estudo exploratório” é geralmente utilizado quando o pesquisador não possui muito conhecimento sobre o objeto que deseja investigar. De acordo com Triviños (2013, pág. 109) “o pesquisador parte de uma hipótese e aprofunda seus estudos nos limites de uma realidade específica, buscando antecedentes, maior conhecimento para, em seguida, planejar uma pesquisa descritiva ou do tipo experimental”.

Neste ponto, é interessante destacar que nossa proposta de estudo se diferencia ao realizar uma investigação pela perspectiva materialista dialética, pois reconhecemos a importância de dar vozes aos professores, mas queremos também revelar nas vozes os nexos causais de tais crenças, atitudes, percepções buscando relações com a realidade objetiva e material do sujeito histórico e situado.

Á vista disso, nosso percurso de investigação continua, identificando e analisando os principais autores utilizados nos trabalhos selecionados. Essa ação teve como propósito compreender em qual fundamentação teórico esses sujeitos se basearam para pesquisar sobre a temática da professora iniciante na educação infantil, sendo caracterizada como um elemento importante para revelar, como já exposto, o que as vozes dessas profissionais expressam.

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