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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.2 Instituições Federais de Ensino Superior (IFES)

Historicamente, a Universidade surgiu no período medieval, embora autores como Freitas (1985) e Pereira (1990), citados por Lima; Castro e Carvalho (2000), contestem a afirmação. Uma vez o presente trabalho não pretende abordar a historicidade dessas instituições, mas antes conceituá-la que se tenha noção da sua importância, não se pretende entrar em tal discussão.

De acordo com Buarque (2003, p. 45), a universidade brasileira foi a última a surgir na América Latina. E para mais, foi criada com a finalidade política de conceder o título de Doutor Honoris Causa ao rei da Bélgica. Constata-se, por meio deste e de outros exemplos que, desde a época em questão, os interesses políticos foram superiores ao interesses da educação. Mas, como tudo tem sua época, os intelectuais brasileiros tiveram tal iniciativa em 1934. A primeira universidade brasileira, a USP, oriunda de um empreendimento de franceses e brasileiros, surgia para trazer ao país uma nova visão de mundo e de educação (id., ibid.).

De acordo com o cenário enfrentado pelas organizações, já comentado anteriormente, haja vista a competitividade, as instituições de ensino também passam por mudanças e necessitam ver o mundo sob a perspectiva da competitividade. Pinto e Patrício (2000, p. 107) corroboram tal visão:

Vivemos um momento de discussão e redefinição de universidade e de quanto ela contribui para a formação do ser humano na sua totalidade. Para assumir o mundo das idéias é necessário ter clareza de que toda a transformação social só é possível por meio da educação. A educação precisa ser um processo de ensinar e aprender [...].

A contribuição da IFES é indiscutível, o que é reforçado por Buarque (2003, p. 21), ao afirmar que as universidades beiram mil anos de existência, atentando para seu significado:

Estoque de conhecimento, anteriormente significava que era para toda a vida, hoje se sabe que precisa ser atualizado, conhecimento como propriedade específica dos alunos em salas de aula ou bibliotecas, transmitido por professores ou por livros, sendo que hoje está no ar; conhecimento como passaporte seguro para o sucesso, hoje, em razão da alta competitividade, não basta.

Na visão do autor, as mudanças chegaram. Junto das possibilidades, vieram as dificuldades e a competitividade. Ao ser criada, a instituição universidade tinha um propósito; sua estrutura era voltada para uma realidade local, regional ou nacional. Os acadêmicos é que se moviam até ela. Há oito séculos e meio já atuavam diante das mudanças; “não conseguindo acompanhá-las, permaneceram com o conhecimento entre seus muros” (id., ibid.). Com o tempo, as universidades se transformaram. O fato de trazer espaço para o novo e precisar de pessoas com iniciativa era o diferencial, visto que, sob a perspectiva do pensamento religioso, tudo se mostrava conservador.

O ambiente universitário deve ser desafiador, propositor, no sentido de levar o discente a refletir sobre seu próprio aprendizado. Assim, pode-se dizer que o lugar mais propício a conviver com mudanças é a universidade.

Anteriormente a preocupação das instituições em estudo era a formação; hoje se percebe a necessidade de formar o indivíduo crítico. Assim, o ensino não é mais o seu único objetivo; iniciativas no sentido de abrir essas organizações vêm aproximando-as dos mais variados públicos, incluindo-se, entre elas, o acesso aos portadores de necessidades especiais e o ensino a distância, que rompeu a barreira física, proporcionando que, mesmo distante fisicamente, o ensino possa ser ministrado.

Sob essa visão, considera-se que as Instituições Federais de Ensino Superior são as entidades qualificadas para tratar da gestão da sua produção intelectual, destacando-se, como exemplo, o da iniciativa de não somente produzir, mas de registrar o que produz através de uma memória institucional.

A Universidade do século XXI será aquela que, de maneira consistente e inovadora, conseguir manter-se no mercado do conhecimento digital. Seja como provedora dos talentos intelectuais para o mercado de trabalho, seja como principalmente produtora de conhecimento, esta Universidade será, ela mesma, digital em grande parte de seus procedimentos organizacionais, e sobretudo terá que ser cada vez mais um agenciamento institucional capaz de criar e produzir conhecimento na forma digital.

Corrobora-se a visão de Candido, à qual se acrescenta que, além de criar e produzir conhecimento nas formas digitais, essa instituição precisar gerir o que produz, justamente para ter conhecimento do seu conhecimento e preservar sua memória. Sob o prisma proposto, percebe-se que tal fato já está ocorrendo, visto o crescimento das IFES, tanto do ponto de vista físico quanto virtual. As universidades deixaram de ser locais e regionais, para atingir, hoje, as mais variadas regiões do país, através do acesso em rede.

O autor ainda resgata outra visão, que já foi alvo de discussão no passado:

Não se trata do fim do livro, mas do início de uma nova cultura, de uma nova forma de pesquisar, produzir, registrar, difundir e trocar conhecimentos, idéias, sensações estéticas. Isso faz parte de uma grande transformação cultural da qual, agora, só podemos ver os primeiros passos. (idem)

Mas esses primeiros passos estão ocorrendo rapidamente, pois a cada dia temos acesso a um sem-fim de informações, pelas mais variadas formas.

A universidade, além de ser geradora do conhecimento, passará a se preocupar com a quantidade e a qualidade desse conhecimento, pois sua finalidade é promover o desenvolvimento dos indivíduos e da sociedade. Certamente, não terá domínio sobre todo o conhecimento e precisará estar alerta para sua produção. A produção a que nos referimos é o alvo de interesse deste trabalho, pois se objetiva estabelecer uma proposta em que seja viável à IFES ter conhecimento do seu próprio conhecimento.

Para tanto, o presente trabalho discorrerá sobre questões que permeiam a produção do conhecimento.