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O instrumento constou de um questionário contendo questões referentes à identificação, medidas antropométrica e, oito seções com informações demográficas, socioeconômicas e presença de comorbidades, além de escalas para avaliação das capacidades cognitiva e funcional, sintomas depressivos e estilo de vida. Essas variáveis e escalas estão descritas a seguir:

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- Identificação: nome, telefone, endereço.

- Medidas antropométricas: foram aferidas com o paciente em pé, sem calçados, em posição ortostática e utilizando apenas roupas íntimas ou leves. Para a aferição das circunferências da cintura e do quadril utilizou-se fita métrica flexível e inextensível, com precisão de uma casa decimal.

- peso: aferido com balança digital, em quilogramas (kg), até um número decimal. - altura: aferida em metros (m), até dois números decimais.

- Índice de Massa Corpórea (IMC) [peso (kg)/ altura (m)²]: utilizou-se a classificação sugerida pela OMS (WHO, 1998) para a classificação do IMC, obtendo-se os seguintes pontos de corte: baixo peso (IMC < 18,5 kg/m²), eutrofia (IMC ≥ 18,5 kg/m² e ≥ 25 kg/m²), sobrepeso (IMC ≥ 25 kg/m² e < 30 kg/m²) e obesidade (IMC ≥ 30 kg/m²).

- circunferência da cintura (cm): aferida através do ponto médio entre a última costela e a crista ilíaca.

-circunferência do quadril (cm): aferida na região de maior perímetro entre a cintura e a coxa. - razão cintura-quadril (cm): aferida através da razão entre circunferência da cintura e circunferência do quadril.

- pressão arterial: aferida com esfigmomanômetro aneroide calibrado, com o indivíduo sentado, em repouso por pelo menos quinze minutos. Foram verificadas duas medidas de pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD), com intervalo de um a dois minutos, obtendo assim as médias para cada uma destas variáveis.

- Informações demográficas e pessoais (seção A) - sexo.

- idade: em anos completos, mês e ano de nascimento. Agruparam-se os idosos entre 80 e 84 anos, 85 a 89 anos e 90 anos ou mais ao utilizar-se da análise bivariada.

- cor da pele: branca, parda, amarela ou preta.

- estado conjugal: viúvo, casado, solteiro, divorciado/desquitado, separado ou outra situação.

- número de pessoas que moram na casa: incluindo o idoso.

- com quem reside: sozinho, somente com cônjuge, somente com filhos, arranjos trigeracionais ou outros tipos de arranjo. Para análise bivariada agrupou-se em duas categorias: residir sozinho ou não.

- quem é o chefe ou responsável pelo domicílio: o próprio idoso, o cônjuge, filho(a), outro familiar ou não familiar.

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- religião do idoso: católica, protestante, espírita ou outras.

- tipo de serviço de saúde que o idoso utilizava: SUS, convênio de saúde, particular ou outros. Para fins de análise bivariada agrupou-se na mesma categoria quem utilizava convênios ou particular e em outra, o serviço público (SUS).

Perfil socioeconômico (seção B)

- escolaridade: número de anos que frequentou a escola. Posteriormente categorizou-se em analfabetos (não frequentou a escola), 0 a 4 anos de estudo, 5 a 8 anos de estudo, 9 a 12 anos de estudo e 13 anos ou mais de estudo.

- renda mensal do idoso: em reais. Posteriormente categorizou-se em salários mínimos e considerou-se a renda do idoso como uma das variáveis para se avaliar a situação socioeconômica do mesmo. Calculou-se a média de renda para os percentis 20 e 80 como forma de se avaliar a diferença de renda entre os mais pobres e os mais ricos.

- tipo de renda que o idoso possui: aposentadoria, pensão, aluguel, trabalho próprio, doações e outras fontes.

- situação da casa onde mora: se é própria, alugada, cedida sem aluguel ou outros tipos.

Escalas

- Miniexame do Estado Mental (MEEM) (seção C)

Instrumento constando de 30 questões relativas ao grau de função cognitiva do idoso. O MEEM foi desenvolvido por Folstein et al. em 1975. A pontuação varia de zero (maior grau de comprometimento cognitivo) até 30 (melhor capacidade cognitiva). O teste avalia os seguintes domínios: orientação temporal, espacial, memória imediata e de evocação, cálculo, linguagem-nomeação, repetição, compreensão, escrita e cópia de desenho.

Foi utilizada a tradução do MEEM proposta por Bertolucci et al. (1994). O ponto de corte é frequentemente ajustado para o nível educacional porque um único corte pode perder casos entre pessoas de nível educacional mais elevado e gerar falsos positivos entre aqueles de nível educacional mais baixo. No presente estudo utilizou-se dos pontos de corte sugeridos pelo autor supracitado, os quais foram: igual a 13 para analfabetos, 18 para baixa e média (1 a 8 anos) e 26 para alta escolaridade (8 anos ou mais), apresentando uma sensibilidade de 82,4%, 75,6% e 80%, e uma especificidade de 97,5%, 96,6% e 95,6% , respectivamente.

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- Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD) (seção D).

As AIVD englobam atividades sociais um pouco mais complexas do que aquelas básicas, avaliando assim, a capacidade do indivíduo de conviver na comunidade (PAIXÃO; REICHENHEIM, 2005). Avaliam funções relacionadas à capacidade de utilizar medicamentos, preparar refeições, fazer compras e limpeza da casa, utilizar transporte e telefone, e lidar com finanças.

Utilizou-se a versão em português da escala modificada de Lawton (1969). A escala consta de questões pontuais e já foi amplamente utilizada em nosso meio (DUARTE; LEBRÃO; LIMA, 2005; FARINASSO et al., 2006; PASKULIN; VIANNA, 2007; RODRIGUES et al.; 2008).

A escala consta de sete questões, sendo que a pontuação zero refere-se à independência; um, quando precisa de alguma ajuda; e dois, à dependência para cada uma das atividades. Possui, portanto, uma pontuação que varia de zero (independência completa) a 14 pontos (maior nível de dependência). Considerou-se independente o idoso capaz de realizar todas as AIVD sem ajuda, e dependente aquele que precisava de ajuda ou não conseguia realizar uma ou mais AIVD.

- Medida de Independência Funcional (MIF) (seção E)

A MIF é um instrumento de avaliação da incapacidade de indivíduos com restrições funcionais de origem variada, desenvolvido na América do Norte na década de 1980 (US, 1993). A escala verifica o desempenho do indivíduo para a realização de um conjunto de 18 tarefas (subcategorias), referentes aos domínios motor e cognitivo. Esses domínios compreendem as categorias de autocuidados, controle esfincteriano, transferências, locomoção, comunicação e cognição social (Figura 1). Cada tarefa é classificada numa escala de sete níveis (1: independência completa; 2: independência modificada; 3: supervisão; 4: dependência mínima; 5: dependência moderada; 6: dependência máxima; 7: dependência total). A pontuação global da MIF varia de 18 (dependência total) a 126 pontos (maior nível de independência).

A escala foi traduzida para o português brasileiro em 2000 (RIBERTO et al., 2001)e validada por Riberto et al. em 2004, apresentando, a partir de então, crescente utilização em nosso meio.

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A MIF foi também validada para idosos com mais de 80 anos em outros países, mostrando ser um instrumento útil para a avaliação funcional, inclusive de idosos nessa faixa etária (POLLAK; RHEAULT; STOECKER, 1996).

Figura 1: Estrutura da Medida de Independência Funcional (MIF), com seus domínios, categorias e subcategorias.

MIF TOTAL CATEGORIA SUBCATEGORIA

Alimentação

Higiene Pessoal

Autocuidados Banho

(6-42 pontos) Vestir-se acima da cintura Vestir-se abaixo da cintura Uso do Vaso Sanitário

Controles de Controle de Urina

Esfíncteres

MIF MOTOR (2-14 pontos) Controle de Fezes

(13-91 pontos)

Transferências Leito,

Cadeira, Cadeira de Rodas

Mobilidade Transferência Vaso

(3-21 pontos) Sanitário

MIF TOTAL Transferência Chuveiro ou

(18-126 pontos) Banheira Marcha/Cadeira de Rodas Locomoção (2-14 pontos) Escadas Compreensão Comunicação (2-14 pontos) Expressão MIF COGNITIVO (5-35 pontos) Interação Social

Cognição Social Resolução de Problemas

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Comorbidades (seção F)

- Questionário para investigação sobre a presença de morbidades: avaliou se o idoso possuía alguma das seguintes doenças crônicas ou problemas de saúde: anemia; ansiedade ou transtorno do pânico; artrites ou artroses; asma ou bronquite; audição prejudicada; câncer; doença broncopulmonar ou enfisema; diabetes mellitus, depressão; AVC (derrame); doença cardíaca; doença gastrointestinal alta (úlcera, hérnia, refluxo); doença vascular periférica (varizes); doença neurológica (Parkinson, Doença de Alzheimer); hipertensão arterial sistêmica (HAS); incontinência urinária e/ou fecal; insônia; obesidade; osteoporose; constipação; problemas de coluna; visão prejudicada (glaucoma, catarata); tontura (labirintite, vertigem) ou outras.

Estudos demonstram que, para fins epidemiológicos comparativos, muitas morbidades autorreferidas possuem forte associação com aquelas diagnosticadas por pesquisadores médicos (FERRARO; SU, 2000).

- Escala de Depressão Geriátrica (EDG) 15-itens (seção G)

Instrumento constando de 15 questões binárias relativas a sintomas frequentes da depressão no idoso. A EDG com 15 itens (EDG-15) é uma versão curta da escala original foi elaborada por Yesavage et al. em 1983, a partir dos itens que mais fortemente se correlacionavam com o diagnóstico clínico de depressão. Foi traduzida e validada para nosso meio por Almeida e Almeida em 1999 e possui uma variação de zero (ausência de sintomas depressivos) a 15 pontos (número máximo de sintomas depressivos).

No presente estudo utilizou-se do ponto de corte ≥ 5 como indicativo dos casos de provável depressão (ALMEIDA e ALMEIDA, 1999). Esses autores verificaram, para esse ponto de corte, uma sensibilidade de 92,7% e uma especificidade de 65,2%, com valores preditivos positivo de 82,6% e negativo de 83,3%, quando utilizados critérios do CID-10 como gold standard.

A EDG tem sido amplamente utilizada para rastrear e avaliar idosos com um número elevado de sintomas depressivos (ALMEIDA, 1998; DJERNES, 2006), os quais funcionam como um marcador pré-clínico importante para depressão maior, especialmente no idoso mais velho (BERGER et al., 1998).

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Estilo de Vida (seção H)

- consumo de álcool: não consome, só no passado, consome no presente. Tipo de bebida consumida: vinhos, cerveja, destilados ou outros. Número de porções (vinho = 90ml; cerveja = 200ml; destilados = 50ml) consumidas por dia, semana ou mês, e o número de anos de consumo.

Para análise como variável quantitativa calculou-se a quantidade de álcool consumido na vida em quilogramas. Para cada porção, considerou-se a seguinte graduação alcoólica: vinhos: 10g; cerveja: 10g; destilados: 25g (LARANJEIRA; PINSKY, 2005). Calculou-se a quantidade de álcool consumido por dia, multiplicou-se pela frequência no ano e pelo tempo de consumo (em anos).

- consumo de cigarros: não fumante, ex-fumante, fumante. Tipo de fumo: cigarros comercializados, charutos, cachimbo, cigarros feitos com fumo.

- quantidade de cigarros que fuma ou fumava por dia e por quanto tempo (anos).

Para análise de variável quantitativa calculou-se a quantidade de maços de cigarros consumidos na vida. Para isso, converteram-se os demais tipos de fumo em cigarros comercializados ou de papel (cachimbo: 1 "pitada" = 2 cigarros de papel; 1 cigarro de palha = 2 cigarros de papel; 1 charuto = 4 cigarros de papel) (LOLIO et al., 1993). Multiplicou-se então a quantidade de cigarros consumidos por dia pelo tempo de consumo (dias do ano x número de anos) e dividiu-se em maços (20 cigarros).

- Questionário Internacional de Atividades Físicas – versão curta (QIAF)

O QIAF foi inicialmente desenvolvido por pesquisadores da OMS, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos e do Instituto Karolinska da Suécia a fim de obterem um instrumento para medidas de atividades físicas de uso internacional (HALLAL et al., 2005). Em 2000 o instrumento foi testado em 12 países, incluindo o Brasil (CRAIG et al., 2003). No Brasil, o QIAF foi inicialmente validado e testado por Matsudo et al. (2001), evidenciando que as formas longa e curta do questionário são comparáveis. Posteriormente o QIAF foi também validado por vários outros autores e, em geral, tem mostrado boa estabilidade e precisão para estudos epidemiológicos com adultos e idosos (BENEDETTI et al., 2007; RABACOW et al., 2006).

A versão curta do QIAF avalia informações referentes ao tempo despendido, em minutos por semana, em diferentes níveis de atividade física (caminhadas e esforços físicos de

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intensidades moderada e vigorosa (BENEDETTI et al., 2007). O QIAF considera as atividades realizadas por, no mínimo, 10 minutos contínuos (CRAIG et al., 2003).

Utilizaram-se valores correspondentes ao Equivalente Metabólico (MET) para cada tipo de atividade física (caminhada: 3,3 MET; atividades moderadas: 4,0 MET; atividades vigorosas: 8,0 MET), conforme proposto por CRAIG et al. (2003), para o cálculo do gasto energético total nessas atividades. Calculou-se então uma medida quantitativa de atividade física total expressa em MET-minutos/semana. Posteriormente, utilizou-se da seguinte categorização: sedentário (zero MET-minutos/semana); insuficientemente ativo (escore > zero e < 600 MET-minutos/semana); ativo, (escore ≥ 600 e 3000 MET-minutos/semana); e muito ativo (escore ≥ 3000 MET-minutos/semana) (CRAIG et al., 2003).

- Questionário de avaliação dietética – Recordatório 24h

No método recordatório de 24h realizado mediante entrevista pessoal o indivíduo relata detalhadamente os alimentos consumidos no dia anterior à entrevista, começando pelo primeiro alimento consumido após acordar até a última refeição antes de dormir, incluindo os alimentos consumidos dentro e fora do domicílio (FISBERG et al., 2004).

Este é um método de simples e rápida aplicação, exigindo apenas recordação recente do consumo. Além disso, este método tem sido utilizado quando se quer avaliar a média de ingestão de nutrientes e energia em diferentes populações, bem como a relação nutrientes- morbidades, de modo a promover um adequado planejamento de ações em saúde (SLATER; MARCHIONI; FISBERG, 2004).

Os dados obtidos desse questionário recordatório de 24 horas foram inseridos num software de avaliação nutricional (DietPro, versão 5i Profissional). Realizou-se avaliação quantitativa dos principais componentes de interesse da dieta: valor calórico total (kcal), carboidratos (g), proteínas (g), lipídios (g), gordura saturada (g), gordura poliinsaturada (g), gordura monoinsaturada (g), colesterol (mg), sódio (mg) e fibras totais (g).

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