4 MÉTODO
4.2 Instrumento de Coleta de Dados
Nesta seção, são apresentadas as escalas constituintes do instrumento utilizado na presente investigação. O questionário, conforme supracitado, fora composto por duas escalas. A primeira, de Comprometimento Organizacional, fora composta por três subescalas desenvolvidas no contexto internacional (MEYER; ALLEN, 1991; POWEL; MEYER, 2004) e validadas no Brasil (BASTOS et al., 2011; JESUS; ROWE, 2017). A segunda escala, de Autoavaliação de Desempenho no Trabalho fora fruto de modelo desenvolvido inteiramente no contexto nacional (COELHO JR. et al., 2010; HOLLANDA, 2014).
4.2.1 Escala de Comprometimento Organizacional
A primeira escala foi adaptada do modelo de análise de Meyer et al. (1993) e Powell e Meyer (2004) e da validação em contexto nacional por Bastos et al. (2011), para as três bases e por Jesus e Rowe (2017), para a base de continuação. O instrumento, então, foi composto por 20
itens, dos quais 08 foram extraídos da escala de Meyer et al. (1993), 04 do instrumento de Powel e Meyer (2004) e os 4 restantes extraídos de Jesus e Rowe (2017), conforme apresentada no Quadro 6. Os dados estatísticos que justificam o uso das escalas validadas no Brasil por Bastos et al. (2011) e Jesus e Rowe (2017) são apresentados a seguir.
Bastos et al. (2011) aplicaram a referida escala para mensuração das bases afetiva, normativa e de continuação em uma amostra de 721 trabalhadores, de diferentes estados do Brasil e segmentos produtivos, obtendo os seguintes resultados para o Alpha de Cronbach para as três bases: comprometimento afetivo (0,88), comprometimento normativo (0,76) e comprometimento de continuação (0,8). Jesus e Rowe (2017) aplicaram a subescala para mensuração da base de continuação, proposta por Powel e Meyer (2004), em 415 professores de uma instituição de ensino federal do estado do Espírito Santo e obtiveram o seguinte resultado para o Alpha de Cronbach: comprometimento de continuação (0,802).
Ressalta-se que tais medidas foram as que obtiveram mais significativas propriedades estatísticas dentre todos os instrumentos aplicados para mensuração do comprometimento organizacional, na perspectiva do modelo tridimensional de Meyer e Allen (1991), em âmbito nacional.
No Quadro 6, a seguir, encontram-se os itens utilizados para a referida escala. Nele, constam as dimensões propostas para o construto, os indicadores utilizados na abordagem da referida dimensão e os trabalhos que deram origem a cada item.
Quadro 6 – Itens – Escala de Comprometimento Organizacional Dimensão
investigada Item Origem do Item
Afetiva
Eu realmente sinto os problemas dessa empresa como se fossem meus.
Meyer et al. (1993) Afetiva Eu não sinto como se fosse parte da família nessa empresa Meyer et al. (1993) Afetiva
Eu ficaria muito feliz em passar o resto da minha vida nessa empresa
Meyer et al. (1993) Afetiva Eu não sinto um forte sentimento de pertencer a essa empresa Meyer et al. (1993) Afetiva Essa empresa tem um forte significado pessoal para mim. Meyer et al. (1993) Afetiva Eu não me sinto emocionalmente ligado a essa empresa. Meyer et al. (1993) De Continuação
Deixar essa empresa agora exigiria consideráveis sacrifícios pessoais.
Powel e Meyer (2004)
De Continuação
Para mim, os custos de deixar essa empresa seriam maiores que os benefícios.
Powel e Meyer (2004)
De Continuação
Eu acho que teria poucas alternativas de emprego se deixasse essa empresa
Meyer et al. (1993)
De Continuação
Mesmo se eu quisesse, seria muito difícil para mim deixar essa empresa agora
Meyer et al. (1993)
De Continuação
Muitas coisas em minha vida ficariam complicadas se eu decidisse sair dessa empresa agora.
Powel e Meyer (2004)
De Continuação
Não abandono essa empresa devido às perdas que me prejudicariam.
De Continuação
Se eu não tivesse me dedicado tanto a essa empresa, eu poderia pensar em trabalhar em outro lugar
Meyer et al. (1993)
De Continuação
Uma das poucas consequências negativas de deixar essa empresa é a escassez de alternativas disponíveis
Meyer et al. (1993) Normativa Eu não me sinto na obrigação de permanecer nessa empresa Meyer et al. (1993) Normativa
Ficar nessa empresa agora é tanto uma questão de necessidade quanto de desejo
Meyer et al. (1993)
Normativa
Mesmo se fosse vantagem para mim, eu sinto que não seria certo deixar essa empresa agora.
Meyer et al. (1993) Normativa Eu me sentiria culpado se deixasse essa empresa agora. Meyer et al. (1993) Normativa
Eu não deixaria essa empresa agora porque tenho uma obrigação moral com as pessoas daqui.
Meyer et al. (1993) Normativa Sinto-me em dívida para com essa empresa. Meyer et al. (1993) Fonte: Elaboração do autor.
4.2.2 Escala de Autoavaliação de Desempenho no Trabalho
A segunda escala adotada fora composta pela medida de Autoavaliação de Desempenho no Trabalho, proposta inicialmente no estudo de Coelho Jr. et al. (2010) e posteriormente revisada por Hollanda (2014). A escala original propunha a divisão do Desempenho Humano no Trabalho através de 05 fatores e, posteriormente, obteve uma distribuição fatorial de 04 fatores (Quadro 7). Assim, a medida avalia o desempenho humano no trabalho através de 30 itens, distribuídos em: restrição ao desempenho; alinhamento estratégico do desempenho; execução e avaliação das tarefa, e autogerenciamento do desempenho. No que se refere aos dados estatísticos referentes ao uso da escala em questão, cita-se o estudo de Hollanda (2014), que realizou nova validação do instrumento, propondo adequações ao mesmo, em uma amostra de 1924 trabalhadores de uma organização da área de segurança pública. A nova medida obteve os seguintes Alphas de Cronbach: restrição ao desempenho (0,88); alinhamento estratégico do desempenho (0,88); execução e avaliação das tarefa (0,89), e autogerenciamento do desempenho (0,93).
No Quadro 7, a seguir, constam os itens utilizados para a referida escala. Nele, constam os fatores propostos para o construto conforme o novo modelo proposto por Hollanda (2014), embora os itens sejam oriundos do trabalho de Coelho Jr. et al. (2010).
Quadro 7 – Itens da Escala de Autoavaliação de Desempenho no Trabalho
Fator investigado Item Origem do Item
Regulação do Desempenho
Faço minhas tarefas procurando manter compromisso com esta Organização.
Coelho Jr et al. (2010)
Regulação do Desempenho
Avalio que o desempenho do meu trabalho contribui diretamente para a consecução da missão e objetivos desta Organização.
Coelho Jr et al. (2010)
Regulação do Desempenho
Comprometo-me com as metas e objetivos estabelecidos pela Organização.
Coelho Jr et al. (2010)
Regulação do Desempenho
Redireciono minhas ações em meu trabalho em razão de mudanças nos objetivos desta Organização.
Coelho Jr et al. (2010)
Regulação do Desempenho
Meu trabalho é importante para o desempenho desta Organização.
Coelho Jr et al. (2010)
Regulação do Desempenho
Mantenho-me atualizado quanto ao conhecimento técnico em minha área de atuação.
Coelho Jr et al. (2010)
Regulação do Desempenho
Mantenho um canal permanente de comunicação, favorecendo a interação com outras pessoas.
Coelho Jr et al. (2010)
Regulação do Desempenho
Direciono minhas ações para realizar o meu trabalho com economia de recursos.
Coelho Jr et al. (2010)
Regulação do Desempenho
Implemento ações mais adequadas quando detecto algum erro ou falha em meu trabalho.
Coelho Jr et al. (2010)
Regulação do Desempenho
Eu sei o que é esperado de mim em termos de meu desempenho no trabalho.
Coelho Jr et al. (2010)
Regulação do Desempenho
Tomo iniciativas, aproveitando oportunidades que possam gerar a melhoria dos resultados.
Coelho Jr et al. (2010)
Regulação do Desempenho
Meu desempenho no trabalho está de acordo com aquilo que é esperado de mim.
Coelho Jr et al. (2010)
Grau de Esforço e Conhecimento da Tarefa
As tarefas que me são destinadas exigem que eu me esforce muito para realizá-las.
Coelho Jr et al. (2010)
Grau de Esforço e Conhecimento da Tarefa
Recebo orientações adequadas à realização das tarefas sob minha responsabilidade.
Coelho Jr et al. (2010)
Grau de Esforço e Conhecimento da Tarefa
Direciono minhas ações a partir do conhecimento da estrutura e das políticas da empresa.
Coelho Jr et al. (2010)
Execução, Monitoramento e Revisão do Desempenho
Contribuo com alternativas para solução de problemas e melhoria de processos desta Organização.
Coelho Jr et al. (2010)
Execução, Monitoramento e Revisão do Desempenho
Estabeleço intercâmbio com outras equipes ou unidades, quando necessário, para garantir o atingimento dos objetivos organizacionais.
Coelho Jr et al. (2010)
Execução, Monitoramento e Revisão do Desempenho
São realizados encontros e reuniões grupais entre mim e meus colegas/pares e chefia para discussão e avaliação das ações e tarefas realizadas.
Coelho Jr et al. (2010)
Execução, Monitoramento e Revisão do Desempenho
Percebo o impacto de minhas ações e do resultado do meu trabalho sobre as outras áreas desta Organização.
Coelho Jr et al. (2010)
Autogerenciamento do Desempenho
Avalio satisfatoriamente o meu desempenho na consecução de tarefas e rotinas relacionadas ao meu trabalho.
Coelho Jr et al. (2010)
Autogerenciamento do Desempenho
Desenvolvo o meu trabalho de acordo com os padrões e normas estabelecidos.
Coelho Jr et al. (2010)
Autogerenciamento do Desempenho
Utilizo ferramentas e materiais disponíveis para a melhoria dos resultados de meu trabalho.
Coelho Jr et al. (2010)
Autogerenciamento do Desempenho
Planejo ações de acordo com minhas tarefas e rotinas organizacionais.
Coelho Jr et al. (2010)
Autogerenciamento do Desempenho
Adapto-me a alterações ocorridas nas minhas rotinas de trabalho.
Coelho Jr et al. (2010)
Autogerenciamento do Desempenho
Estabeleço prioridades em meu trabalho, definindo ações, prazos e recursos necessários.
Coelho Jr et al. (2010)
Autogerenciamento do Desempenho
Estabeleço a relação entre a origem e a finalidade do meu trabalho.
Coelho Jr et al. (2010)
Autogerenciamento do Desempenho
Avalio que a busca pela melhoria de meu desempenho me motiva a tentar fazer um trabalho melhor.
Coelho Jr et al. (2010)
Restrição ao Desempenho
O excesso de serviços impede que eu tenha tempo para refletir sobre o melhor modo de realizá-los.
Coelho Jr et al. (2010)
Restrição ao Desempenho
Os prazos para a realização das minhas tarefas prejudicam a sua qualidade.
Coelho Jr et al. (2010)
Restrição ao Desempenho
Não tenho tempo para experimentar novas formas de executar o trabalho.
Coelho Jr et al. (2010)