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3. ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.2. Instrumento de coleta de dados

Para alcançar os fins de uma pesquisa, a coleta do pesquisador pode abranger fontes primárias ou secundárias, sendo que nestas os dados são encontrados em documentos disponíveis, enquanto naquelas os dados ainda não foram coletados, tabulados e analisados e, portanto, são colhidos diretamente na fonte (SELLTIZ et al, 1975). Assim, para atender ao objetivo deste estudo, considerou-se que a utilização de fontes primárias era mais apropriada.

Dentre as fontes primárias, que contemplam dados históricos, fitas gravadas, entrevistas e questionários, entre outros, diversos autores, como Lakatos e Marconi (2001), Andrade (2004), Hair Jr et al (2005), discorrem sobre a eficácia do questionário em permitir a observação e a mensuração das características específicas de determinados indivíduos, de forma rápida e conveniente, por meio de questões que não exigem, necessariamente, a presença do pesquisador no momento de sua aplicação.

Tal instrumento possui algumas desvantagens, como o pequeno percentual de pessoas que respondem à pesquisa, o desconhecimento das circunstâncias em que os questionários foram preenchidos e o número de perguntas com respostas incompletas (LAKATOS e MARCONI, 2001).

Contudo, em decorrência de sua economia de tempo e de seu poder de alcançar um grande número de pessoas (LAKATOS e MARCONI, 2001; HAIR JR et al, 2005), optou-se pela aplicação de um questionário, que foi disponibilizado no formato online, por meio da ferramenta Survey Monkey, e que ficou disponível no período de 20/06/2011 a 31/08/2011.

O questionário utilizado foi adaptado do instrumento testado e validado pelos autores Chand, Patel e Patel (2010) em um estudo com auditores de Fiji. Especificamente, o questionário da pesquisa é composto por duas seções, sendo que uma delas consiste na solicitação de dados qualitativos dos respondentes, nem todos contemplados no instrumento original, que se referem à familiaridade com as Normas Internacionais de Contabilidade, ao nível de conservadorismo, ao tempo de experiência profissional em atividades de auditoria e em atividades relacionadas às IFRS, além de dados da empresa de auditoria independente em que o inquirido trabalha.

Assinala-se que, nessa parte do instrumento, os auditores informaram o seu tempo de experiência em auditoria e em atividades relacionadas às Normas Internacionais de Contabilidade, bem como apontaram, em uma escala de 0 a 10, qual a nota que atribuíam a sua familiaridade com as Normas Internacionais de Contabilidade (0: não familiar e 10: muitíssimo familiar) e ao seu nível de conservadorismo (0: não conservador e 10: muitíssimo conservador).

A outra seção, por sua vez, trouxe explanações sobre as questões, instruções gerais e básicas sobre a forma como os auditores deveriam evidenciar as suas interpretações, além dos casos de quatro cenários distintos, que consideraram situações práticas das rotinas dos auditores, e das normas contábeis que nortearam as decisões em cada um dos casos.

Especificamente, cada cenário apresentou uma situação e exigiu uma decisão sobre como determinada transação deveria ser contabilizada nas demonstrações financeiras de uma

entidade. Para tanto, cada situação abordada incluiu a descrição de uma conversa simulada entre dois profissionais, sendo que um contabilista afirmava que um tratamento contábil deveria ser usado, e o segundo contador opinava que um tratamento diferenciado precisaria ser utilizado. Os respondentes apontaram as suas interpretações com base na escala Likert, decomposta em: (1) Discordo fortemente; (2) Discordo; (3) Neutro; (4) Concordo; e (5) Concordo fortemente.

Destaca-se que, na concepção dos cenários, houve um cuidado para que as possíveis interpretações divergentes ocorressem em função das diretrizes dos Pronunciamentos contábeis e não pelo teor dos casos. Ainda assim, os auditores foram informados que se discordassem de um contabilista seria entendido que concordavam com o outro profissional. Dessa forma, um auditor que não concordasse com nenhum dos dois tratamentos contábeis ou que julgasse que as informações disponíveis não eram suficientes para a formação de sua opinião, teria a opção de ficar neutro. Entende-se que, assim, os auditores que concordaram ou discordaram do tratamento contábil pontual apresentado nos casos sentiram-se aptos a responder às questões.

Ademais, para o alinhamento e a atenuação de possíveis ambiguidades do instrumento, adaptado de Chand, Patel e Patel (2010), efetuaram-se, em fevereiro de 2011, pré-testes com um grupo de seis profissionais que englobou contabilistas, auditores internos e externos.

Os quatro cenários eram compostos por situações que se pautaram em normas que abordam os custos de empréstimos, o ativo fiscal diferido, as provisões e os passivos contingentes e a pesquisa e desenvolvimento.

No que se refere ao CPC 20, Custo de Empréstimos, os auditores deveriam opinar se o primeiro bloco de apartamentos de um projeto habitacional de uma construtora estava ou não substancialmente pronto para uso ou venda.

Quanto ao CPC 32, Tributos sobre o Lucro, os respondentes deveriam se posicionar quanto à baixa de parte do ativo fiscal diferido, em função da expectativa de lucratividade futura de uma montadora que enfrentava problemas, em consequência da instabilidade econômica oriunda da crise de 2008, do aumento da taxa de juros, da redução de incentivos no setor e dos desastres naturais ocorridos no Japão, que provocaram a destruição dos seus principais fornecedores de peças.

O cenário que envolveu o Pronunciamento CPC 25, Provisão e Passivo e Ativo Contingentes, único não considerado no instrumento original, solicitou que os auditores opinassem sobre o reconhecimento do valor de uma provisão, pautados na decisão relacionada a se a comunicação da empresa sobre a sua responsabilidade de limpar os seus impactos

ambientais fora suficientemente convincente e se era provável que a empresa arcaria com tal responsabilidade.

Já no que tange ao CPC 04 (R1), Ativo Intangível, os respondentes tinham que se basear nas normas para determinar se os gastos relativos a um projeto poderiam ser capitalizados ou se deveriam continuar sendo contabilizados como despesa. Ressalta-se que o questionário é apresentado no Apêndice A deste trabalho.