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Instrumentos avaliativos: o que se utiliza para avaliar os alunos?

Mapa 3: Divisa entre bairros Laranjeiras e São Jorge

4 PRÁTICAS AVALIATIVAS FORMATIVAS: O QUE PENSAM AS

4.2 Instrumentos avaliativos: o que se utiliza para avaliar os alunos?

Solicitamos, ainda, que as respondentes enumerassem por ordem de importância os três instrumentos mais utilizados no processo de avaliar a aprendizagem dos alunos. No instrumental, apresentamos sete opções de respostas, quais sejam: prova bimestral, testes e exames mensais, tarefas diárias em sala, tarefas de casa, comportamento/participação, portfólio e outros, caso optassem por descrever outro instrumento não apresentado no questionário.

Constatamos que para 56% das professoras, o instrumento mais utilizado no processo de avaliar a aprendizagem se dá por meio de tarefas diárias em sala de aula. Registramos que dezesseis professoras enumeraram tal item, ordenando-o pela importância que o mesmo tem

em sua prática pedagógica. Se considerarmos a primeira e a segunda ordem, juntas, teremos um total de 94% das respostas assinalando as tarefas diárias em sala. Isso revela que a execução das tarefas em sala é avaliada cotidianamente pelas professoras e que a mesma se apresenta como uma importante ferramenta de avaliação do aluno (Gráfico 7). No questionário, não especificamos e não solicitamos que especificassem quais tarefas seriam essas.

Gráfico 7: Tarefas diárias em sala

56% 38% 6% Ordem de importância

No que concerne ao comportamento/participação dos discentes, as professoras nos apresentaram as seguintes informações: para 43% das catorze professoras que responderam a essa questão, o comportamento aparece em primeira ordem de importância, sinalizando, dessa forma, que as relações estabelecidas no universo da sala de aula são avaliadas constantemente (Gráfico 8). Freitas afirma que “A categoria avaliação é muito mais ampla do que a utilização de “provas” ou instrumentos de medição. Envolve, além dessa dimensão, a avaliação como instrumento de controle disciplinar e como instrumento de aferição de atitudes e valores dos alunos”. (FREITAS, 1995, p. 63).

A avaliação do comportamento/participação pode apresentar duas características contraditórias, que se opõem em razão de: primeiro – se o aluno é comportado, sua nota é expressiva. O aluno não comportamento é punido. Essas ações que visam atribuir juízos e notas a comportamentos e participações necessitam de análises mais aprofundadas, pois o fato de um aluno não se comportar do modo esperado não significa que não tenha capacidade para apreender ou incorporar um determinado conhecimento. Logo, essa atribuição de pontos torna-se fonte de punição para aqueles que apresentam problemas de comportamento.

Vasconcellos afirma que os problemas de indisciplina devem ser tratados como tal e não por meio do uso arbitrário de notas.

Os alunos que apresentam problemas de disciplina precisam de uma ação educativa apropriada: aproximação, diálogo, investigação das causas, estabelecimento de contratos, abertura de possibilidades de integração no grupo, etc. e no limite, se for necessário, a sanção por reciprocidade, qual seja, uma sanção que tenha a ver com o comportamento que está tendo. Tirar ponto de aluno por problema de comportamento não é sanção por reciprocidade, pois a nota (enquanto indicador de aprendizagem) nada tem a ver com o problema que está se apresentando [...] (VASCONCELLOS, 2000, p. 71).

Há que se pontuar, ainda, que nem todas as crianças possuem a mesma habilidade para se expressar em grupo. Na sala de aula, comumente encontramos alunos tímidos cuja participação apresenta-se mais retraída. Contudo, esse comportamento não significa que tais alunos não conseguem abstrair o conteúdo trabalhado. Portanto, é necessária uma análise da questão da penalização de notas praticada em relação às crianças que não participam efetivamente das atividades.

Gráfico 8: Comportamento/participação 43% 29% 21% 7% Ordem de importância

No caso das tarefas de casa, observamos que para 64% das onze professoras, respondentes à referida questão, a tarefa de casa aparece na terceira ordem de importância no processo de avaliar a aprendizagem de alunos. Nenhuma professora marcou a primeira ordem como opção de resposta (Gráfico 9). Isso nos mostra que as profissionais do magistério atribuem uma certa importância às atividades realizadas em casa, sem contudo, colocá-la como instrumento principal de avaliação em sua prática docente.

Gráfico 9: Tarefas de casa 0% 9% 64% 9% 18% Ordem de importância

No caso dos testes e exames mensais, as professoras nos apresentaram as seguintes respostas: das doze professoras que responderam ao citado item, 42% delas assinalaram testes e exames mensais em quarta ordem de importância (Gráfico 10). Essas informações também evidenciam que, para esse grupo de entrevistadas, os testes e exames mensais não são os instrumentos mais utilizados no processo de avaliar.

Gráfico 10: Testes e exames mensais

8% 17% 25% 42% 8% Ordem de importância

De acordo com as informações obtidas, a prova bimestral aparece em quinta ordem de importância, para 49% das oito professoras que assinalaram o item da prova bimestral (Gráfico 11). Esses dados nos revelaram que a prova bimestral, na escola Tucano, não é o instrumento mais utilizado no processo de avaliar o aluno. Isso significa que outros elementos se apresentam como mais relevantes no percurso avaliativo. Podemos, com isso, ver indícios de que o ato avaliativo, na prática dessas professoras, não é centrado apenas em resultados de

provas bimestrais. Nenhuma das entrevistadas assinalou a prova bimestral em primeira ou segunda ordem de importância.

Gráfico 11: Prova bimestral

0% 25% 13% 49% 0% 13% Ordem de importância

Sobre o portfólio34, apenas cinco professoras enumeraram tal item no questionário sendo que, três delas – 60% colocaram tal instrumento em sexta ordem de importância como se pode observar na figura abaixo. Das respostas obtidas, podemos entender que o portfólio é um instrumento pouco utilizado na prática docente das profissionais entrevistadas (Gráfico 12).

Esse dado revela que o ritual avaliativo, das professoras da escola Tucano, não contempla o uso do Portfólio. As hipóteses para a não utilização desse instrumento podem estar relacionadas ao pouco conhecimento que as respondentes têm sobre o mesmo, ou ainda, pela própria formação profissional, deficitária no que se refere às possibilidades que o Portfólio pode oferecer no processo de ensino e aprendizagem. Villas Boas orienta que o uso do Portfólio

[...] possibilita avaliar as capacidades de pensamento crítico, de articular e solucionar problemas complexos, de trabalhar colaborativamente, de conduzir pesquisa, de desenvolver projetos e de o aluno formular os seus próprios objetivos para a aprendizagem (Murphy, 1997, p. 72). O professor e o próprio aluno avaliam todas as atividades executadas durante um largo período de trabalho, levando em conta toda a trajetória percorrida. Não é uma avaliação classificatória nem punitiva. Analisa-se o progresso do

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Cf. Hernández (1998, p. 100) portfólio é um “continente de diferentes classes de documentos (notas pessoais, experiências de aula, trabalhos pontuais, controle de aprendizagem, conexões com outros temas fora da escola, representações visuais, etc.) que proporciona evidências do conhecimento que foi construído, das estratégias utilizadas e da disposição de quem o elabora em continuar aprendendo.” HERNÁNDEZ, F. Transgressão e mudança na educação: os projetos de trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998.

aluno. Valorizam-se todas as suas produções: analisam-se as últimas comparando-as com as primeiras, de modo que se perceba o avanço obtido. Isso requer que a construção do portfólio se baseie em propósitos de cuja formulação o aluno participe, para que se desenvolva o sentido de “pertencimento”. Murphy (1997, p. 73) considera que os portfólios “oferecem uma das poucas oportunidades escolares em que os alunos podem exercer seu julgamento, iniciativa e autoridade”. Em cursos de formação de professores isso se torna fundamental porque a tendência é eles trabalharem com seus alunos da forma como foram tratados por seus professores. (VILLAS BOAS, 2005, p. 294-295).

Gráfico 12: Portfólio 0% 20% 20% 0% 60% Ordem de importância 0%

No último item da questão, colocamos a opção “outros” caso as professoras utilizassem outros instrumentos que não fossem aqueles que estavam descritos. Obtivemos apenas uma resposta de uma professora que assinalou o referido item. De acordo com a mesma, o diagnóstico apresenta-se como o instrumento em primeira ordem de importância, como o mais utilizado. A justificativa pelo diagnóstico assenta-se no fato de que a docente ministra aulas no primeiro ano do ensino fundamental, e nesse ano, conforme orientações da Secretaria Municipal de Educação, a avaliação possui apenas a função de diagnosticar o nível de desenvolvimento dos alunos, sem atribuição de notas (produto).

Analisando os dados dessa questão, observamos que as tarefas diárias em sala se apresentaram como o instrumento mais utilizado no processo de avaliar a aprendizagem dos alunos. Em segundo lugar, apareceu o comportamento/participação. Posteriormente, as tarefas de casa e os testes e exames mensais ocuparam a terceira e quarta ordem de importância, respectivamente. Em quinto lugar, indicaram a prova bimestral como sendo um dos instrumentos menos utilizado na avaliação. E, finalmente, poucas profissionais apontaram o portfólio e o diagnóstico como instrumentos de avaliação.