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INSTRUMENTOS CHAVE NA GESTÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA E DO USO E

3.4. GESTÃO DA QUALIDADE DOS CORPOS HÍDRICOS

3.4.1. INSTRUMENTOS CHAVE NA GESTÃO DA QUALIDADE DA ÁGUA E DO USO E

Várias outras ações e instrumentos voltados para a recuperação e preservação dos corpos hídricos foram implementados, por parte de diferentes setores e atores da sociedade. A lista abaixo relata resumidamente alguns instrumentos chave na gestão da qualidade dos corpos hídricos e no uso e ocupação do solo:

 Plano Diretor Estratégico Municipal

Instrumento básico da política de desenvolvimento e crescimento da cidade, regulamentando o uso e ocupação do solo de cada município. Elaborado com a participação da sociedade, o PDE direciona as ações dos produtores do espaço urbano, públicos ou privados, para que o desenvolvimento da cidade seja feito de forma planejada e atenda às necessidades coletivas de toda a população.

de parque linear, que afeta muito a preservação dos mananciais (JACOBI et al., 2015). A recente revisão do Plano (2014) manteve este projeto e abriu novas oportunidades para políticas integradas, capazes de abranger a infraestrutura viária até agora praticamente ausente das políticas públicas de recuperação de recursos hídricos (ANELLI, 2015).

 Plano de Recursos Hídricos

O Plano de Recursos Hídricos estabelece diretrizes que buscam orientar o gerenciamento dos recursos hídricos e a implementação de programas voltados ao desenvolvimento sustentável, devendo estar em sintonia com o Plano Diretor de cada município.

 Comitês de Bacia Hidrográfica

Comitê de Bacia é um colegiado deliberativo que reúne membros da sociedade civil, dos municípios e de órgãos estaduais e federais. Ele tem o objetivo de descentralizar o gerenciamento dos recursos hídricos, onde, no Estado de São Paulo, adotam-se as UGRHIs para delimitar as regiões.

 Enquadramento dos Corpos d´Água

O enquadramento dos cursos d´água é um instrumento essencial na gestão da qualidade das águas. A sua elaboração leva em conta os usos preponderantes dos recursos hídricos, visando assegurar às águas a qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem destinadas. É importante comentar que o enquadramento dos corpos hídricos não se baseia necessariamente no seu estado atual de qualidade de água, mas nos níveis de qualidade que o curso de água deveria possuir para atender às necessidades definidas pela sociedade (PORTO, 2002).

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA definiu as classes de qualidade de águas doces através da Resolução CONAMA 357/2005. Posteriormente, a Resolução CONAMA 430/2011 alterou e complementou resolução citada, fixando condições e padrões de emissão para lançamentos de efluentes em corpos d’água receptores. Para cada classe de qualidade, são associados usos preponderantes atuais ou futuros, fixando ou adotando padrões de qualidade, sendo os valores limite estabelecidos em legislação. Dessa forma, os resultados obtidos no monitoramento das águas doce são comparados com os respectivos padrões de

qualidade das classes de enquadramento, de cada corpo d’água (FABHAT, 2016).  Outorga de Direito de Uso

A outorga de direito de uso é um dos instrumentos de gestão dos recursos hídricos importante no planejamento ambiental de uma bacia hidrográfica e é estabelecida pela Lei Federal 9.433/97. De acordo com o artigo 11, a outorga tem como objetivo “assegurar o controle quantitativo e qualitativo dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água” (BRASIL, 1997). No Estado de São Paulo o Departamento de Água e Energia Elétrica – DAEE é o responsável pela emissão de outorgas de direito de uso dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos (FABHAT, 2016).

 Cobrança pelo uso da água

A Cobrança é o instrumento da Política Estadual de Recursos Hídricos que confere à água um valor econômico e incentiva o seu uso racional. A Cobrança foi instituída como um instrumento de planejamento, gestão integrada e descentralizada do uso da água e de seus conflitos, bem como de promoção do uso racional, frente ao crescente desequilíbrio na sua utilização e à sua iminente escassez (PERH, 2016-2019).

No Estado de São Paulo, a lei 12.183/05 dispõe sobre a cobrança pela utilização dos recursos hídricos de domínio do estado, bem como estabelece os procedimentos para a fixação dos seus limites, condicionantes e valores. Determina ainda que a cobrança será vinculada à implementação de programas, projetos, serviços e obras de interesse público, definidos no Plano de Recursos Hídricos e aprovados pelos Comitês de Bacia e pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos. Portanto, os recursos oriundos da cobrança estão vinculados às bacias hidrográficas da qual são originários.

 Sistema Integrado de Informação

Estabelecido pela Lei Federal 9.433/97, o Sistema Integrado de Informação é um sistema de coleta, tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.

 Licenciamento Ambiental

Tendo como base o Decreto n° 8.468/76, o licenciamento ambiental é um procedimento administrativo onde o órgão competente, a CETESB no Estado de São Paulo, licencia a localização, a instalação e a operação dos empreendimentos e atividades que necessitem utilizar recursos ambientais, que são possíveis poluidores, ou que possam causar algum impacto no meio ambiente.

 Monitoramento

Outro instrumento de gestão hídrica é o monitoramento da qualidade das águas, que no Estado de São Paulo é realizado pela CETESB.

Segundo a CETESB (2017), os principais objetivos desse monitoramento são:

• Fazer um diagnóstico da qualidade das águas superficiais do Estado, avaliando sua conformidade com a legislação ambiental;

• Avaliar a evolução temporal da qualidade das águas superficiais do Estado;

• Identificar áreas prioritárias para o controle da poluição das águas, tais como trechos de rios e estuários onde a sua qualidade possa estar mais comprometida, possibilitando, assim, ações preventivas e corretivas da CETESB e de outros órgãos;

• Subsidiar o diagnóstico e controle da qualidade das águas doces utilizadas para o abastecimento público, verificando se suas características são compatíveis com o tratamento existente, bem como para os seus usos múltiplos;

• Subsidiar a execução dos Planos de Bacia e Relatórios de Situação dos Recursos Hídricos, para a cobrança do uso da água e estudo do enquadramento dos corpos hídricos;

• Subsidiar a implementação da Política Nacional de Saneamento Básico (Lei 11.445/2007).

Em 2013, a CETESB integrou os primeiros pontos provenientes do acordo de Cooperação Técnica firmado, em 2010, com a ANA – Agência Nacional de Águas, dentro do PNQA – Programa Nacional de Avaliação da Qualidade das Águas, programa este que visa ampliar o conhecimento sobre a qualidade das águas superficiais em todo o Brasil. Portanto,

com os 19 novos pontos que foram integrados à rede básica da CETESB, a rede Federal da ANA no Estado de São Paulo já conta com 227 pontos operados em 2016 (CETESB, 2017).

O monitoramento da qualidade das águas superficiais em corpos de água doce é constituído pelas redes de amostragem manual e automática da CETESB. A rede de monitoramento manual, que será a fonte de dados para este trabalho, é formada pelas redes: básica, de sedimento e de balneabilidade de águas interiores.

Em 2016, a rede básica da CETESB operou com 449 pontos, perfazendo uma densidade média de 1,81 pontos por 1.000 km. Dentre os 449 pontos da rede básica em atividade, 90 deles já possuem mais de 30 anos de monitoramento. O número de pontos de amostragem da rede básica vem aumentando ao longo dos anos, o que amplia cada vez mais a abrangência e qualidade do monitoramento, permitindo à CETESB, acompanhar a qualidade da água bruta para cerca de 26 milhões de habitantes (CETESB, 2017).

No Estado de São Paulo, desde 1974, o monitoramento das águas superficiais em corpos de água doce, como rios e reservatórios, é realizado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB). Esse monitoramento é constituído pelas redes de amostragem manual e automática. Para o acompanhamento das condições de contato primário das praias de água doce, é realizado um monitoramento específico. A análise das distribuições geográficas dos pontos por UGRHI, município e corpo hídrico constitui-se em ferramenta para subsidiar a avaliação dos rios e reservatórios (CETESB, 2017).

Conclui-se nesse tópico que, para promover a recuperação do Rio Tietê e garantir o uso múltiplo de suas águas, é preciso promover diversas ações integradas que envolvam o poder público, a sociedade civil organizada e a iniciativa privada. Pois, de forma isolada, com programas e obras pontuais e sem envolvimento da comunidade, os resultados serão sempre insuficientes.