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INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

5 MÉTODO

5.4 INSTRUMENTOS DE COLETA DE DADOS

Ao desenvolver um estudo empírico, o pesquisador precisa estabelecer parâmetros e conceitos para a coleta de dados. Em seu texto, Perroni (CASTRO, 1996) cita dentre as “supostas vantagens” (CASTRO, 1996, p. 19) da coleta empírica de dados a praticidade em compilar os dados e a abrangência do estudo para um amplo número de informantes. Mas a autora considera esse dado generalizante como impessoal à medida que o número (porcentagem geralmente) obtido refere-se à média dos sujeitos estudados, não havendo um acompanhamento individualizado do progresso do indivíduo com relação a sua produção linguística.

Embora Perroni (CASTRO, 1996) prefira o método observacional/naturalista por sua individualidade na coleta dos dados, o estudo empírico em L2 com grupos de informantes pode representar mais os fatos relacionados à aprendizagem em sala de

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Um destes repetiu novamente o primeiro ano do Ensino Médio, pois recusou-se a fazer a maioria das atividades propostas em sala e fora desta, não atingindo o nível de aprendizado mínimo para uma eventual aprovação por conselho de classe. Esse aluno não participou das três fases da pesquisa. 50

Esses alunos compareciam ocasionalmente para evitar contatos constantes de assistentes sociais, uma vez que eram menores de 18 anos e por lei deveriam frequentar uma escola.

aula do que um estudo de caso observacional. Nesta pesquisa, o objeto de estudo é a evolução qualitativa dos estudantes após a exposição a determinados itens lexicais, mas para corroborar ou entender alguns dos dados coletados, haverá citações pontuais dos dados dos informantes desta pesquisa em uma análise qualitativa para compreensão do desempenho dos sujeitos participantes, o que não a caracteriza como observacional ou naturalista, mas visa a tornar os dados menos impessoais.

5.4.1 O Instrumento “Questionário”

O instrumento “questionário”, aplicado na fase 1 deste projeto de pesquisa, foi desenvolvido para nota final na disciplina “Pesquisa Quantitativa no Ensino/Aprendizagem de Línguas” e utilizado também como exemplo do instrumento de pesquisa “questionário” na disciplina “Linguística Aplicada I”. Em ambas as disciplinas houve comentários e críticas valiosas tanto dos respectivos professores das disciplinas quanto de alguns dos colegas das disciplinas citadas.

Após essa fase de aprimoramento, o questionário-piloto foi aplicado para três alunos e uma aluna do terceiro ano do Ensino Médio durante uma das aulas da disciplina, no segundo semestre de 2017, sendo os participantes escolhidos pela professora pesquisadora por sempre tecerem comentários críticos a respeito do ensino da língua inglesa nas escolas, considerando-o pouco válido para seu aprendizado, pois este não priorizava “a fluência oral desde o início do aprendizado”, segundo dois dos informantes.

Além de críticos, eram receptivos para conversas sobre seu desempenho na língua inglesa, que consideravam aquém do desejável para a série, mas vinculavam-no à baixa expectativa de aprender uma L2 em escola regular51. Estes também eram respeitosos com a professora (pesquisadora), sempre demonstrando que separavam seu pouco interesse em estudar a língua na escola de seu relacionamento com a

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Como observado pela professora pesquisadora, é muito difundido entre os alunos desde o Fundamental II a ideologia sobre o aprendizado de uma L2 estar vinculada a uma escola de idiomas. Assim, a didática e as atividades na escola regular parecem não impactar o aprendizado de L2. Visivelmente, os alunos que fazem curso de inglês tendem a valorizar mais o aprendizado do curso, mesmo que tragam dúvidas para serem sanadas pela professora da escola regular.

professora. De início, a professora explicou-lhes individualmente o objetivo da pesquisa e todos demonstraram satisfação por terem sido contemplados com essa oportunidade. Então, esses alunos assimilaram automaticamente a responsabilidade de responder o questionário, sendo, além de participantes, críticos desse instrumento de coleta de dados.

Após alguns minutos, concluído o preenchimento do questionário, a pesquisadora conversou brevemente sobre quais alterações seriam sugeridas para alunos recentemente admitidos no Ensino Médio, portanto “com menos visão de mundo” se comparados a eles.

Seus comentários foram pontuais sobre a inteligibilidade das questões, algumas das quais poderiam conduzir a ambiguidades considerando o público-alvo: colegas do primeiro ano. Assim, a parte discursiva do questionário sofreu alterações visando à clareza da compreensão das perguntas por parte dos informantes.

5.4.2 O Banco de Palavras para as Três Fases da Pesquisa de Campo

Como método empírico para verificar e mensurar a aquisição de itens lexicais pelos aprendizes, no quarto trimestre de 2017 foi optado pela inclusão de testes para mensurar o desenvolvimento lexical dos estudantes. Também foi optado nessa fase pelo acompanhamento de algumas turmas nesta pesquisa de campo. Como delimitação do “objeto” de estudo, no começo de 2018, o professor Ron Martinez, orientador da presente pesquisa, sugeriu o trabalho com lexemas do British National

Corpus (BNC) bem como do CANCODE, pois ambos gozam de prestígio no meio

acadêmico.

Assim, o trabalho de pesquisa lexical foi ancorado inicialmente em 150 palavras comuns na língua inglesa (ANEXOS 2, 3 e 4), muitas delas muito presentes nos materiais didáticos, inclusive no livro didático52 utilizados pelas turmas pesquisadas. Essas palavras selecionadas seriam subdivididas em 75 substantivos, 50 adjetivos e 25 advérbios, pesquisadas em testes que começariam a ser aplicados no final de fevereiro

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MENEZES, V.; BRAGA, J e outros. Alive High: língua estrangeira moderna inglês. Edição PNLD. 2015.

ou começo de março, pois pesquisas indicam que os substantivos são os itens com maior retenção na memória, seguidos por adjetivos e advérbios (SCHMITT, 2008).

Entretanto, o contato com as novas turmas do Ensino Médio em fevereiro de 2018 revelou baixo conhecimento de vocabulário em inglês por parte destas, além de certa aversão ao idioma. Assim, houve o adiamento do início das fases dos testes da pesquisa de campo, pois foi necessário que os alunos fossem “acolhidos” pela disciplina e se percebessem como sujeitos aprendizes e actantes no processo sociocultural de aprendizado em uma língua estrangeira. Pelo pouco conhecimento lexical dos aprendizes pesquisados foi necessária a redução das palavras sob controle de 150 palavras para 100 palavras, sendo 50 substantivos, 30 verbos e 20 adjetivos53, ao invés de substantivos, adjetivos e advérbios.

Dentre as quatro turmas de primeiro ano do Ensino Médio, regular do período matutino de uma escola pública da região de Curitiba, foram escolhidas duas turmas de perfis diferentes do primeiro ano, com faixa etária de 15 a 17 anos, cujos alunos demonstravam mais dificuldades com a língua inglesa e com seu aprendizado: uma turma monitorada, sob intervenção, que, além do livro didático, realizou atividades focadas no vocabulário-alvo através do material didático para complementação lexical, com instrução mais explícita (cerca de 6 a 10 exposições ao vocabulário sob pesquisa); e uma turma monitorada para controle de seu desenvolvimento ao longo do período, que fez atividades propostas pelo livro didático, com instrução mais implícita.

Assim, esta pesquisa com corpus de 100 das palavras mais utilizadas na Língua Inglesa com base no British National Corpus (BNC) e o CANCODE teve a análise de seus dados realizada do tipo intrassujeitos (comparação dos dados internos dos dois grupos pesquisados) e intersujeitos (comparação dos dados dos dois grupos) com dados coletados de maio a julho de 2018 em testes aplicados em três fases.

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Pesquisas indicam que os substantivos são as palavras adquiridas com mais facilidade, seguidos pelos adjetivos e depois pelos advérbios (SCHMITT, 2008).

5.5 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DAS ATIVIDADES REALIZADAS PARA A