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3. Metodologia

3.5. Instrumentos

Neste estudo, para além do instrumento em avaliação (NDI), foram utilizados três outros instrumentos: 1) “Questionário de Caraterização Sócio - Demográfica e Clínica – Dor Cervical Crónica” para avaliação das variáveis de caraterização, desenvolvido por Domingues & Cruz (2010); 2) A END que foi utilizada na avaliação da validade de constructo; 3) Escala de Perceção Global de Mudança (PGIC) que foi utilizada como critério externo para determinar a diferença mínima detetável (todos presentes no apêndice D – Caderno de instrumentos).

3.5.1. Questionário de Caraterização Sócio - Demográfica e Clínica – Dor Cervical Crónica

O questionário de caraterização sócio-demográfica e clínica foi desenvolvido por Domingues & Cruz (2010) com o objetivo de caraterizar do ponto de vista sociodemográfico e clínico os participantes na amostra em estudo. Inclui sete questões

36 relativas às caraterísticas sócio-demográficas da amostra, nomeadamente, idade, género, situação profissional e habilitações literárias, e seis questões relacionadas com a condição clinica, nomeadamente, duração temporal da dor cervical, presença ou ausência de dor irradiada para o membro superior, presença ou ausência de dores de cabeça/tonturas, e presença de dor em outro local da coluna vertebral.

3.5.2. Escala Numérica para a Dor (END)

A END é uma escala de avaliação da dor em 11 pontos que variam de 0 (sem dor) até 10 (dor máxima). Foi desenvolvida por Von Korff et al. em 1992. Nesta escala é pedido aos pacientes que selecionem um número de 0 a 10 que represente a severidade da dor no momento presente (Salaffi et al, 2003). É facilmente administrada sem a necessidade de aparelhos adicionais ou material de escrita. Isto permite um maior consenso na sua utilização, em comparação com outros procedimentos mais complexos (Hartrick et al, 2003).

A END é considerada uma escala fiável e com bom poder de resposta para medir a perceção da intensidade da dor em indivíduos com dor crónica, sendo atualmente o instrumento recomendado pela IMMPACT (Initiative on Methods, Measurement, and Pain Assessment in Clinical Trials) (Cruz & Domingues, 2011). Vários autores utilizaram esta escala em estudos de investigação, estudando de igual forma as suas propriedades psicométricas. Por exemplo, num estudo realizado por Cleland et al. (2006), que incluiu 38 participantes com DC, os autores observaram valores de fiabilidade estimados com base no CCI, de 0.63 (95% CI, 0.28-0.86). Mais tarde, Cleland et al. (2008) analisaram um conjunto de 137 participantes com DCC de origem não traumática, obtendo dados de CCI = 0,76 (95% CI, 0.51-0.87) e de poder de resposta, com valor de AAC de 0,85 (95% CI, 0.78-0.93) e de DMD de 2 pontos, com uma DMCI de 1.3 pontos. Os valores de CCI obtidos pelos autores são descritivos de uma fiabilidade ligeira/moderada (seguindo os critérios de Cleland et al., 2008), enquanto os valores de DMD e DMCI foram designados como adequados á população em estudo (Cleland et al., 2008). Também Pool et al. (2007) observaram que a END é um instrumento ótimo no teste de diagnóstico para descriminar pacientes que “melhoraram de uma forma clinicamente importante” dos que “não melhoraram de uma forma clinicamente importante”.

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3.5.3. Patient Global Improvement Change (PGIC)

A PGIC é uma escala de medida unidimensional na qual os indivíduos classificam a sua perceção de melhoria global potencialmente associada à intervenção efetuada. Esta medição da auto-avaliação global dos benefícios do tratamento reflete não apenas a magnitude das mudanças nesses resultados, mas também a importância pessoal que estas têm para os próprios. Dessa forma fornece informação única acerca dos efeitos do tratamento, uma vez que permite a integração dos benefícios, dos efeitos adversos e de outros custos associados ao tratamento (Domingues e Cruz, 2011)

A PGIC é uma subescala da escala Clinical Global Impression (CGI) que foi inicialmente apresentada por Guy e Rockville (1976) para pessoas com esquizofrenia. Na versão original da CGI, esta consistia em três subescalas: Severidade da doença; Melhoria global; Índex de Efetividade (resposta ao tratamento) (Domingues e Cruz, 2011). Posteriormente foi adaptada apenas a subescala de “Melhoria Global” para as condições clínicas de natureza músculo-esquelética, passando esta a designar-se por Patient Global Impression of Change Scale (PGIC) (Domingues e Cruz, 2011).

Na PGIC os indivíduos classificam a sua melhoria percecionada numa escala de 7 itens: “1= Sem alterações (ou a condição piorou) ”; “2= Quase na mesma, sem qualquer alteração visível”; 3= “Ligeiramente melhor, mas, sem mudanças consideráveis”; 4= “Com algumas melhorias, mas a mudança não representou qualquer diferença real”; 5= “Moderadamente melhor, com mudança ligeira mas significativa”; 6= “Melhor, e com melhorias que fizeram uma diferença real e útil”; e “7= Muito melhor, e com uma melhoria considerável que fez toda a diferença”.

A PGIC tem sido utilizada em diversos estudos relativos à dor crónica disponibilizando informação facilmente interpretável acerca da importância clínica das mudanças do estado de saúde percecionadas pelos indivíduos quando submetidos a determinados tipos de intervenção. A PGIC tem, igualmente, sido utilizada para determinar diferenças mínimas clinicamente importantes de instrumentos de avaliação da dor, função física e qualidade de vida (Domingues e Cruz, 2011).

No estudo referido anteriormente a PGIC foi correlacionada com a END e obtiveram-se valores de validade de constructo com r de Pearson = -0,822 (p≤0,001).

38 Estes valores revelaram uma correlação alta, negativa e significativa entre as variáveis estudadas, ou seja, com o decréscimo dos níveis de dor avaliados pela END, aumentaram os níveis de satisfação, avaliados pela PGIC.

Outros autores (Salaffi et al, 2003) correlacionaram a END com a PGIC para determinar a DMCI na intensidade da dor com origem músculo-esquelética (pacientes com dor crónica). Os autores utilizaram a escala PGIC para tentar atingir os seus objetivos. Encontraram uma relação consistente entre a mudança na END e na PGIC, provando que uma redução de cerca de 33% na END estava mais associada ao conceito de “muito melhor” na escala PGIC.

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