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Instrumentos da pesquisa para produção dos dados

2 DOS PRINCÍPIOS ORIENTADORES AOS PRINCÍPIOS EXECUTORES DA PESQUISA

2.2 PRINCÍPIOS EXECUTORES DA PESQUISA

2.2.2 Instrumentos da pesquisa para produção dos dados

Desenvolver uma pesquisa na perspectiva da pesquisa como atividade (ARAUJO; MORAES, 2017) significa que, no movimento de análise, é importante considerar a relação entre lógico e histórico como um princípio metodológico. Como isso pode ser feito? Levando em consideração algumas características:

• fazer parte de uma síntese de um projeto coletivo; • partir de uma necessidade coletiva;

• ter um planejamento de ação; • fazer coincidir motivo com objeto. Corroboramos o que afirma Perlin (2018, p. 54):

Ao compreendermos que a abordagem histórico-cultural proporciona uma maneira particular de produção do conhecimento, também entendemos que ela envolve a descrição complementada pela explicação e enfatiza a compreensão dos fenômenos a partir da sua história, no qual o particular é considerado uma instância da totalidade social.

Para apreendermos a realidade estudada, durante o desenvolvimento do experimento formativo usamos alguns instrumentos que permitiram a seleção de episódios e cenas que compuseram nossas unidades de análise: relatos escritos, discussões reflexivas, sínteses dos textos teóricos, diário de campo, registros em áudio e vídeo do desenvolvimento do experimento.

a) Relato Escrito

Para contribuir com a organização do nosso espaço formativo, bem como para conhecer as concepções das participantes sobre a temática de investigação: jogo, matemática e Educação Infantil, organizamos questões orientadoras (APÊNDICE A) disponibilizado via e-mail pelo Formulário Google®. Elas foram organizadas a partir de três intenções: informações pessoais, concepções sobre a temática de pesquisa e motivos/expectativas ao participar do projeto.

Sabemos que o relato escrito não deve ser o único instrumento para análise, pois ele também possui limitações. Entretanto, destacamos que usá-lo nos permitiu olhar para: 1) o processo de organização do experimento formativo; 2) as vivências das participantes em relação à matemática; 3) suas concepções sobre a temática da pesquisa; 4) a possibilidade de dar voz àquelas que se sentissem mais à vontade com a escrita; 5) o tempo reduzido de duas horas semanais de ações formativas.

b) Discussões reflexivas

Tivemos como intenção acompanhar o movimento da relação entre conceitos espontâneos e conceitos científicos, a mudança de qualidade nas concepções, os aspectos inesperados relacionados com a aprendizagem da docência e as discussões sobre o desenvolvimento do experimento formativo. Utilizar como instrumento de pesquisa as discussões reflexivas diz respeito a conversas longas, com tópicos pré-organizados, mas não fechados, permitindo às participantes posicionar-se, comentar suas percepções, aprendizagens e os desafios.

Desse modo, as discussões reflexivas se mostraram como um caminho interessante para ponderar sobre a docência, no qual a pesquisadora e as participantes puderam refletir e avaliar a organização do ensino de jogos pedagógicos. Nessa perspectiva, é um instrumento importante para que o futuro professor compreenda que refletir sobre as ações desenvolvidas é um modo de avaliar sua própria aprendizagem sobre a Atividade Pedagógica.

c) Sínteses dos textos teóricos

A partir das nossas concepções teóricas, consideramos que o processo de sintetizar o estudado permite organizar o pensamento. Nesta perspectiva, ao orientarmos as participantes da pesquisa para que fizessem sínteses sobre os estudos teóricos, nossa intenção foi perceber seus destaques pessoais, suas compreensões individuais, para acompanhar suas aprendizagens. Desse modo, essas sínteses puderam ser organizadas por frases e trechos dos textos estudados, esquemas teóricos, desenhos conceituais e resumos. Em nossa pesquisa, como primeiro movimento tivemos estudos teóricos e, por isso, sintetizar o estudado pode estar relacionado com o processo de compreensão teórica do texto, com o processo de internalização de conceitos em direção ao desenvolvimento do pensamento teórico, constituindo-se uma forma de expressão da linguagem.

d) Diário de Campo

Os registros no Diário de Campo não têm como intenção descrever fatos ou apenas relatá-los. Pelo contrário, nossa intenção foi apontar indicações de aprendizagens, dúvidas, questionamentos, impressões. Por isso, a pesquisadora teve um diário pessoal com esta premissa e com os planejamentos semanais dos encontros, e as participantes tiveram seu caderno de registro, o qual foi orientado por alguns elementos:

• reflexão sobre os encontros;

• perspectivas sobre o desenvolvimento do experimento; • conhecimentos matemáticos estudados;

• sínteses dos estudos teóricos;

• na escola: registro da fala das crianças;

• reflexão sobre as ações desenvolvidas na escola.

Ao observar seus registros, pudemos perceber as relações de aprendizagem das futuras professoras sobre a organização de jogos pedagógicos para o ensino, no movimento do social ao individual. Defendemos que as relações entre os envolvidos são determinantes para compreender a essência do objeto e sua mudança de qualidade. Assim, o diário se constituiu não como um registro de muitas ideias, mas como um modo de dar sentido ao processo formativo e seus resultados.

e) Registros em áudio e vídeo

Com a intenção de apreender a realidade em seu movimento, as gravações em áudio e vídeo nos permitiram organizar nossas unidades de análise. Ou seja, apreender o fenômeno em seu movimento. Além disso, propiciaram à pesquisadora voltar o seu olhar para o desenvolvimento das ações, identificar aspectos, talvez superficiais em um primeiro momento, mas que, em um segundo momento, permitiram enxergar as peculiaridades do experimento formativo.

Assim, o ponto de partida foi o registro da realidade empírica no diário de campo e também em áudio e vídeo, o que, por meio das captações de fragmentos dos fenômenos, permitiu compreendê-los em sua totalidade. Fica agora a seguinte questão: como realizar a

análise da manifestação do fenômeno? Na seção seguinte iremos discorrer sobre o princípio analítico da pesquisa.

2.3 PRINCÍPIOS ANALÍTICOS DA PESQUISA: DA APRESENTAÇÃO À EXPOSIÇÃO