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Instrumentos de apoio à exposição Mãos na Massa

As exposições interactivas proporcionam um acolhimento atractivo, não formal, confortável e de fácil percepção. No entanto, tal como afirma Caulton (1998), é necessário que ofereçam tanto entretenimento como uma vertente mais educacional, para que, em função dos interesses do visitante, exista uma natural contextualização.

No final de uma visita a um centro interactivo de ciência surge frequentemente a vontade de repetir as actividades ou experimentar novamente os fenómenos científicos aí reproduzidos. Uma das formas de concretização desta situação pode ser através da aplicação desses fenómenos que o visitante experimentou no centro interactivo, utilizando materiais do quotidiano. Pensando numa nova experimentação desses fenómenos, foram seleccionadas um conjunto de actividades complementares com conteúdos científicos inspiradas em cada um dos módulos interactivos da exposição Mãos na Massa. Assim o visitante pode realizar um conjunto de actividades complementares, tendo estas lugar no centro de ciência, na escola ou mesmo em casa, onde estará em contacto com os conteúdos científicos que observou e experimentou na exposição Mãos na

Massa. Estas actividades permitem observar diferentes aplicações do mesmo

fenómeno científico, esclarecer algumas dúvidas que possam ter surgido aquando da manipulação dos módulos interactivos ou simplesmente promover e estimular o interesse pela ciência. Estas actividades foram concentradas num caderno, com

actividades, bem como a explicação dos fenómenos científicos abordados. Neste caderno foram também tidos em conta os visitantes que pretendem planear as suas visitas à exposição Mãos na Massa, nomeadamente o grupo docente e o público adulto que acompanha crianças nas visitas ao centro. Assim as actividades foram classificadas tendo em conta o público a que se destinam, nomeadamente para o primeiro ciclo, segundo ciclo, terceiro ciclo e ensino secundário. O Museu de la Ciência em Madrid, o Ontario Science Center em Toronto e o Palais de Découverte em Paris são apenas alguns exemplos de Centros de Ciência que criaram oficinas ou ateliers de ciência com actividades baseadas nos módulos interactivos das suas exposições permanentes.

5.1. Compilação dos pressupostos científicos dos módulos interactivos

As exposições dos centros interactivos de ciência favorecem a aprendizagem de conteúdos, contudo estas instituições também potenciam uma intervenção no domínio afectivo, isto é, fomentam o desenvolvimento de interesses que motivam uma aprendizagem posterior, tanto dentro como fora do contexto de sala de aula.

Tal como anteriormente referido, a exposição Mãos na Massa é composta por um conjunto de módulos interactivos que abrangem várias áreas da ciência. Neste plano o primeiro passo consistiu na sistematização dos módulos interactivos em função dos seus pressupostos científicos. Nomeadamente através da elaboração de uma grelha (anexo V), onde foi possível compreender os temas que se apresentavam transversais a vários módulos. Seleccionadas as áreas da

ciência predominantes, foi possível realizar a pesquisa de

actividades/experiências simples, cujos conteúdos fossem transversais aos dos módulos interactivos. Foram assim seleccionados três temas nucleares.

5.2. Caderno de actividades

O caderno de actividades pode ser considerado um forte complemento para a escola, através de uma aproximação aos programas curriculares, podendo-se, antes da visita, informar os docentes encarregues da visita, dos módulos interactivos da exposição e das actividades complementares a esta. Não se pretendia seleccionar actividades muito académicas, pois o objectivo não é o de substituir o papel da escola. Mas podem-se experimentar conceitos abordados na escola, de uma forma não formal.

Não há dúvida que uma visita de estudo constitui uma situação de aprendizagem que favorece a aquisição de conhecimentos, proporciona o desenvolvimento de técnicas de trabalho e facilita a sociabilidade.

Um dos objectivos das novas metodologias de ensino-aprendizagem é, precisamente, promover a interligação entre teoria e prática, a escola e a realidade. A visita de estudo é um dos meios mais utilizados pelos professores para atingir este objectivo, ao nível das disciplinas que leccionam. Daí que seja uma prática muito utilizada como complemento para os conhecimentos previstos nos conteúdos programáticos que assim se tornam mais significativos.

Apesar de preponderarem as visitas de carácter interdisciplinar, podem justificar-se visitas especializadas. Este tipo de visita visa abordar um aspecto específico de um tema de uma disciplina, assumindo um carácter "monográfico".

O que distingue a visita de estudo de um passeio ou excursão é a sua integração no processo ensino-aprendizagem, bem como a sua planificação e preparação cuidada. Na preparação de uma visita, o primeiro momento será a definição dos objectivos. Se estes forem de carácter fundamentalmente cognitivo, dever-se-á ter em conta o momento do processo de aprendizagem considerado mais oportuno para a realizar. Muitas vezes a visita é utilizada como forma de motivar e sensibilizar os alunos para a abordagem de um tema, de uma questão. Pode ter como função concretizar e aplicar conhecimentos já adquiridos, culminando o estudo de um tema. Na maior parte das vezes tem por função a recolha de dados e informações que esclareçam e motivem um trabalho em

curso. Para além da aquisição de conhecimentos, as visitas de estudo possibilitam o desenvolvimento de várias competências e capacidades: a aquisição e aplicação de técnicas de pesquisa, recolha e tratamento de informação; o desenvolvimento de capacidades de observação e organização do trabalho, bem como a elaboração de sínteses e relatórios. Por outro lado, propiciam condições para o desenvolvimento do trabalho em equipa e da comunicabilidade.

Ao planificar a visita, os professores deverão, em conjunto, definir os objectivos de carácter geral e específico. O aluno assume um papel activo, tornando-a mais motivadora. Os professores são elementos disponíveis, a quem os alunos recorrem para tirar dúvidas e pedir esclarecimentos. Acompanhando os alunos, podem fornecer informações complementares e colocar questões que estimulem os alunos nas suas observações.

As sugestões de interacção propostas, devem ser seleccionadas pelos professores, a fim de se adequarem aos alunos e às matérias curriculares que se pretendem estimular/ensinar. Assim esta ferramenta é cedida ao professor, antes de chegar ao aluno, dependendo da natureza da interacção. No entanto terá de ser adaptada a cada grupo em particular.

5.2.1. Construção do caderno de actividades e contextos de aplicação

Foram desenvolvidos instrumentos didácticos com o objectivo de potenciar as “posteriores aprendizagens” já referidas. Foi elaborado um caderno de actividades, intitulado Mãos no Laboratório, que consiste num guia experimental e cujos pressupostos científicos estão intrinsecamente relacionados com cada módulo interactivo da exposição Mãos na Massa.

Tendo em conta o nome da exposição, Mãos na Massa, e o seu carácter experimental resultante da directa interacção do visitante com os módulos interactivos, foram criados nomes sugestivos para os três temas nucleares.

“Atrair ou ser atraído”, ao nível da Mecânica surgiu o título “Gira que gira” por se encontrarem vários fenómenos associados à rotação dos corpos, e finalmente no seguimento das experiências apresentadas sobre óptica surgiu o nome “Ver com as pontas dos dedos”.

Deste caderno de actividades fazem parte um conjunto de experiências através das quais o visitante pode experimentar aspectos relacionados com a visão, cor, rotação, força ou electrostática.

Procedeu-se à pesquisa e selecção de actividades experimentais, que utilizassem recursos do quotidiano e que permitissem o contacto com conceitos e situações vividas durante a visita à exposição mas que ocorressem de um ponto de vista mais genérico. A abordagem efectuada ao caderno de actividades pode apresentar-se como uma sistematização a uma visita à exposição num contexto escolar, ou o aprofundar de um tema que de alguma maneira cativou mais o visitante, permitindo a interpretação de um fenómeno anteriormente “manipulado”, mas de outro ponto de vista. Pensando no adulto, o caderno de actividades pode também ser utilizado para uma contextualização prévia a alguns conteúdos da exposição. O adulto pode seleccionar as metodologias pretendidas em função do grupo de alunos e dos objectivos previstos. Assim um professor, por exemplo, pode planificar previamente a visita à exposição e explorar os conceitos em função dos interesses dos alunos.

A bibliografia consultada consistiu essencialmente em livros de actividades sobre ciência, observação das actividades utilizadas na Semana da Ciência e da Tecnologia de várias instituições, pesquisa em sites específicos sobre experimentação de ciência, estudo de manuais de ciência já existentes no contexto dos museus e centros interactivos de ciência, e ainda análise de situações do quotidiano que se aproximassem dos fenómenos observados na exposição. O resultado final deste caderno de actividades pode ser consultado em anexo (anexo VI).

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