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3. Metodologia de investigação

3.2. Fábrica Centro Ciência Viva, Aveiro

3.2.2. Valências existentes no Centro

“Mexer” é palavra de ordem num Centro de Ciência. Mexer, observar e reflectir. Para o tornar possível, a Fábrica preocupa-se em criar momentos ao longo da visita, que despertem nos visitantes várias hipóteses de interacção.

Os fenómenos observados num Centro de Ciência são observáveis na natureza e estão muitas vezes à mercê dos nossos olhos desatentos. Um Centro de Ciência, concentra num espaço mecanismos que replicam fenómenos naturais e criam as condições necessárias para uma observação mais atenta. A organização produtiva fica a cargo de cada um, uma vez que aqui a construção do saber é livre de regras.

Alguns Centros de Ciência dedicam-se exclusivamente a um tema, como a astronomia ou arqueologia, outros optam por integrar várias áreas. A Fábrica organizou o seu espaço em várias valências, estando cada uma delas vocacionadas para áreas mais específicas. Actualmente encontram-se distribuídos pelo centro dez diferentes espaços, correspondentes a dez valências.

Uma das valências que foi iniciada aquando da inauguração do centro é a

sala de cinema a três dimensões (3D), que conta com a projecção de dois

filmes: Viagem ao interior da célula e 5000 metros debaixo do mar. Para a observação deste filme a 3D o visitante necessita colocar uns óculos, que consistem em filtros polarizadores, e que compativelmente com os videoprojectores, permitem a visualização da “terceira dimensão”.

O manuseamento de equipamento laboratorial é promovido no laboratório

didáctico, sendo um espaço polivalente onde podem ser realizadas experiências

de diversas áreas da ciência, em função dos interesses do visitante. Actualmente as sessões disponíveis abrangem algumas áreas da biologia e da física: Faz a tua

pasta de dentes, A célula com paredes de vidro, A cor da luz e Pega-monstros.

Cada uma destas actividades possui um protocolo experimental que é orientado por um funcionário da Fábrica, mais comummente referido com monitor. Este vai dando dicas ao visitante, geralmente sob a forma de questões, da melhor metodologia a adoptar para a realização da actividade experimental. Contudo existe alguma flexibilidade para que cada visitante adopte uma metodologia com

A Cozinha é um Laboratório promove a descoberta de fenómenos de ciência do nosso quotidiano que ocorrem não só nos laboratórios, mas em espaços familiares como a cozinha das nossas casas. O visitante pode testar e experimentar processos subjacentes a transformações químicas e bioquímicas que ocorrem nos alimentos. Actualmente está disponível a sessão Do grão ao

pão, onde o visitante pode entender todo o processo bioquímico do pão,

nomeadamente como se deve misturar a massa, porque se adiciona o fermento, qual o fenómeno que permite o crescimento da massa, podendo inclusivamente fazer o seu pão. Durante o fim-de-semana está disponível a sessão O meu bolo

de chocolate está cheio de moléculas onde o convencional bolo de chocolate é

feito numa caneca, e é cozinhado no microondas.

Vocacionada para o público infantil, foi organizada a valência Na barriga

do caracol, um espaço onde os conteúdos científicos são cuidadosamente

pensados para este público. Dentro da barriga do caracol acontecem histórias com ciência, contadas de forma a promover a interacção e a experimentação, extremamente importantes para a promoção da ciência. Exemplo destas histórias interactivas é Na tacinha das natas ou As voltas que a água dá.

Uma das áreas constantemente procuradas na Fábrica é a Robótica. Esta preferência talvez se justifique pelo facto de ser permitido ao visitante montar e programar um robô, deixando esta tarefa de estar somente acessível a engenheiros ou técnicos especializados. A programação é realizada num computador, respeitando uma sequência de acções, e transferida ao robô através de radiação infra-vermelha. Para o visitante que pretenda desenvolver a sua criatividade, é sugerida a construção de um robô de uma forma mais elaborada, podendo programá-lo para realizar um largo conjunto de tarefas. Existe ainda uma valência onde é compreendido o funcionamento de alguns robôs, nomeadamente como se comportam na presença ou ausência de luz, como lhes transferimos “ordens”, como nos detectam ou como funcionam autonomamente.

A Mente bola é uma das aquisições mais recentes da Fábrica. Consiste numa interacção em jeito de competição, onde dois jogadores fazem movimentar uma bola sobre uma mesa, apenas com a “força da mente”. É posta à prova a capacidade de concentração, e o jogador que atingir o maior grau de

concentração conseguirá fazer a bola movimentar-se até ao jogador adversário. No final da competição o visitante pode analisar, sob a forma de um gráfico, o seu poder de concentração e comparar com o jogador adversário.

A matemática é uma das áreas da ciência que frequentemente intimida os jovens ao longo dos seus percursos escolares. No sentido de demonstrar que o raciocínio matemático pode possuir várias aplicações, foi criada a Sala dos jogos

matemáticos. Através do raciocínio matemático implícito, jogar os jogos

existentes nesta valência, implica o desenvolvimento de conhecimentos, aprendizagens e destrezas que se constroem quando se joga. Alguns exemplos são destrezas motoras, rapidez de decisão, velocidade de raciocínio, solidariedade, imaginação, criatividade e a capacidade de criar estratégias.

A expressão dramática é também válida para comunicar ciência. Neste sentido é possível assistir na Fábrica a uma espectáculo intitulado Química por

Tabela, onde a partir de uma sequência de reacções químicas espectaculares,

conjugadas com artes cénicas de luz e som, são proporcionados momentos lúdicos de contacto com a ciência.

Mensalmente ou com marcação prévia são ainda realizados Cafés de

Ciência, onde se debatem temas da actualidade e se promove o diálogo entre os

investigadores e o público em geral; fora da Fábrica, tendo como pretexto o pequeno-almoço do público mais infantil, existem Histórias da Ciência e da

Vida, onde cientistas contam as coisas incríveis que viveram, descobriram,

ensinaram e aprenderam ao longo das suas carreiras; é ainda possível comemorar aniversários nas Festas com Ciência, existindo muitas actividades para explorar, tendo o aniversariante a possibilidade de escolher as actividades que preferir realizar com os seus convidados.

Mais habitual nos Centros de Ciência, são as exposições interactivas de ciência onde o visitante pode experimentar um conjunto vasto de actividades, estar em contacto com vários pressupostos científicos e percorrer a exposição sem uma ordem específica, podendo seguir os seus interesses e aprofundar as experiências que mais interesse lhe tenham suscitado. A exposição interactiva permanente da Fábrica tem por nome Mãos na Massa, e é sobre ela que incide o

cerne deste trabalho. Nesse sentido será abordada em pormenor no próximo tópico.

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