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C APÍTULO 3  M ETODOLOGIA

3.5 INSTRUMENTOS DE RECOLHA DE DADOS

Para este estudo foram abordadas diferentes vertentes mas que têm uma base comum: o estudante do ensino superior. Assim será abordada a sua saúde mental, os comportamentos de risco que apresenta, a ansiedade e os momentos de depressão experienciados durante o seu período de estudante. Importante é também conhecer as principais características da população em estudo, como sejam o curso e ano que frequenta, que escolhas fez quanto ao curso e instituição que frequenta, se é deslocado, se tem bolsa, o género e a idade. Para obter estes dados serão aplicados os seguintes instrumentos, cuja utilização foi devidamente autorizada:

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3.5.1 Questionário Demográfico

Dados respeitantes à Instituição em que o estudante se encontra matriculado, Curso frequentado e respectivo Ano, Género, Idade, Opção de escolha do Curso, Opção

Instituição, Situação do Estudante (v.g. deslocado, residência, bolsa), assim como

situação profissional dos pais – as suas profissões foram agrupadas segundo a Classificação Nacional de Profissões, edição 2011, rendimento académico e outros dados relativos ao estudante universitário da população em estudo.

3.5.2 Mental Health Inventory (MHI, Pais Ribeiro, 2001)

O MHI foi construído por Ware, Manning, Duan, Wells e Newhouse (1984) consistindo num estudo com base na população do Rand Corporation’s Health Insurance Study (HIE) abrangendo 4444 pessoas de seis zonas de seis estados dos EUA. Os resultados obtidos evidenciaram a validade do MHI como medida de Saúde Mental (Ribeiro, 2011).

Como explicam Veit e Ware (1983), o MHI começou por ser desenvolvido, em 1975, como uma medida destinada a avaliar o distress psicológico e o bem-estar, na população em geral, e não somente nas pessoas com doença mental.

O MHI foca sintomas psicológicos de humor e ansiedade e de perda de controlo sobre os sentimentos, pensamentos e comportamentos.

Ostroff et al, (1996) num estudo comunitário com adolescentes (n=953) confirmaram a validade e fidelidade do MHI, recomendando que este questionário seja utilizado em estudos de comparação de saúde mental em população não psiquiátrica.

O MHI é um questionário de auto-resposta, que inclui itens para medir tanto o distress psicológico como o bem-estar psicológico. Os 38 itens que constituem o questionário distribuem-se por cinco subescalas: ansiedade (10 itens); depressão (5 itens); perda de controlo emocional / comportamental (9 itens); afecto positivo (11 itens); e laços emocionais (3 itens).

Estas cinco subescalas agrupam-se em duas grandes dimensões:

 Estado de saúde mental negativa (ansiedade, depressão e perda emocional / comportamental)

 Estado de saúde mental positiva (afecto positivo e laços emocionais)

A resposta a cada item é dada numa escala ordinal de 5 ou 6 posições. A nota total resulta da soma dos valores brutos dos itens que compõem cada subescala. Parte dos itens são cotados de modo invertido. Valores mais altos correspondem a melhor saúde mental. A estrutura do MHI é mantida, na versão adaptada ao nosso país, sendo as suas propriedades métricas semelhantes às propriedades do instrumento original, apresentando-se como um questionário adequado para a investigação sobre a saúde mental ou em rastreios, não sendo, no entanto, indicado para a realização de diagnósticos de perturbações mentais (Pais Ribeiro, 2007).

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Para o presente estudo, considerou-se a versão MHI-5. Esta versão reduzida do MHI-38 inclui cinco itens e tem sido considerada apropriada para identificar pessoas com sintomas depressivos (Ribeiro, 2011). McCabe et al, (1996) citados por Ribeiro (2011), compararam o General Health Questionnaire de 12 itens com o MHI-5 em 3000 participantes de ambos os sexos com idade compreendidas entre os 16 e os 64 anos e confirmaram a validade, a fidelidade e a sensibilidade de ambos os instrumentos na caracterização da saúde mental estudada, concluindo ser o MHI-5 o mais adequado para a investigação.

O MHI-5 é uma versão rápida que tanto pode ser aplicada isoladamente como teste de rastreio (screening) como com outras escalas. Inclui os itens 11, 17, 19, 27 e 34 do MHI- 38, sendo três desses itens dedicados à escala de saúde mental negativa e dois à escala de saúde mental positiva, representando quatro dimensões da saúde mental: ansiedade; depressão; perda de controlo emocional e comportamental; e bem-estar psicológico. Segundo Ribeiro (2011) o MHI-5 tem sido evidenciado em diversas investigações como um teste de rastreio útil na avaliação da saúde mental.

3.5.3. Questionário de Comportamentos de Risco nos Estudantes Universitários (QREU; Pereira et al, 2007)

Para avaliar os comportamentos de risco mais comuns nos estudantes recorreu-se ao QREU. Este questionário, que tem por base o National College Health Risk Behavior Survey (NCHRBS/CDC, 1997) é constituído por vinte e quatro itens, avaliando seis categorias de comportamentos: uso de tabaco; consumo de álcool e outras drogas;

comportamentos sexuais de risco; hábitos alimentares; inactividade física; condução de risco. Com cinco categorias de resposta, algumas são intervalares e outras nominais.

Os autores referem que, tendo em conta a forma e o conteúdo do instrumento, a realização de uma análise das características psicométricas é difícil, nomeadamente pelo facto de ter algumas categorias de respostas nominais. Citam Brener, Billy e Grady (2003), ao mencionarem o facto de não se conhecerem estudos que analisem a validade de instrumentos que abarquem vários comportamentos.

3.5.4 Patient Health Questionnaire (PHQ-9) e Generalized Anxiety Disorder Questionnaire (GAD-7)

O Primary Care Evaluation of Mental Disorders (PRIME-MD) foi um instrumento desenvolvido e validado na década de 90 para diagnosticar, de forma eficaz, cinco dos tipos mais comuns de perturbações na população: depressão, ansiedade, perturbações somatoformes, alcoolismo e desordens alimentares (Spitzer el al, 1994).

Na última década a escala da depressão PHQ-9 (Patient Health Questionnaire) teve uma crescente utilização tanto na prática clínica como na investigação (Kroenke et al, 2001; Löwe et al, 2004). Após o sucesso do PHQ-9 surge uma nova escala para diagnosticar a perturbação de ansiedade generalizada – o GAD-7 (Generalized Anxiety Disorder)

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(Spitzer et al, 2006). Tanto o PHQ-9 como o GAD-7 são, por vezes, utilizados em determinados estudos de rastreio ou de pesquisa.

Os pontos de corte de 5, 10, 15 e 20 representam os níveis leve, moderado, moderadamente grave e grave para a depressão (PHQ-9) e 5, 10 e 15 os níveis leve, moderado e grave para a ansiedade (GAD-7). Um ponto de corte de 10 ou superior é considerado um aviso de alerta em qualquer destes testes ou seja chama a atenção para uma possível condição clínica significativa, enquanto um ponto de corte de 15 é um forte sinal de alerta em ambos os testes ou seja o(s) indivíduo(s) necessita(m) de tratamento activo para alguma das situações.

No PHQ-9 há uma pergunta final (se os problemas dificultam a relação com o trabalho, com as simples atividades domésticas ou com o convívio com outras pessoas) que não tem valor para a pontuação final. Apenas tem como objectivo perceber a impressão geral que o indivíduo tem sobre o peso dos seus sintomas na sua vida do dia-a-dia.

Em síntese, no PHQ-9 o valor é calculado através da atribuição da pontuação de 0, 1, 2 e 3 para as categorias de “nenhum”, “vários dias”, “mais de metade dos dias” e “quase todos os dias”, respectivamente. A pontuação total para os nove itens varia entre 0 e 27. As pontuações de 5, 10, 15 e 20 representam os pontos de corte para a depressão leve, moderada, moderadamente grave e grave, respectivamente. No GAD-7, escala para o despiste e a gravidade da ansiedade, o valor é calculado através da atribuição da pontuação de 0, 1, 2 e 3 para as categorias de resposta de “nenhum”, “vários dias”, “mais de metade dos dias” e “quase todos os dias”, respectivamente. A pontuação total do GAD- 7 para os sete itens varia entre o 0 e os 2. Os scores de 5, 10 e 15 representam pontos de corte para a ansiedade leve, moderada e grave, respectivamente. Este teste foi concebido essencialmente como medida de rastreio e gravidade para a perturbação de ansiedade generalizada.