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C APÍTULO 5  D ISCUSSÃO

5.1 Mental Health Inventory (MHI-5)

É constituído por cinco itens dos 38 do MHI – três correspondem à sub-escala da dimensão distress psicológico e dois à sub-escala aspecto positivo da dimensão bem-estar psicológico. A resposta a cada item é realizada através de uma escala ordinal de cinco ou seis opções, resultando o score final do somatório dos valores brutos, com alguns itens

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cotados de modo invertido. Trata-se de uma escala em que a maior cotação corresponde a uma melhor saúde, entendendo-se por melhor saúde o indivíduo que apresenta menos ansiedade e stress, mais afecto positivo e bem estar-psicológico (Ribeiro, 2011). Yamazaki et al (2005) utilizou a escala MHI-5 para identificar a prevalência de sintomas depressivos em 4500 indivíduos da população geral do Japão, transformando os valores numa escala de 0 a 100 e um ponto de corte de 52 para a existência de sintomas graves e 60 para a existência de sintomas moderados, tendo concluído pela adequação da escala no despiste dos sintomas depressivos.

No presente estudo seguimos o indicado por Ribeiro (2011) em que o ponto de corte foi obtido a partir do desvio padrão, ou seja, entre +1 e -1 desvio padrão onde estarão os indivíduos com saúde mental positiva ou normal. Os que estão afastados 1 (ou mais) desvios padrão são os que apresentam saúde mental negativa. Ainda segundo o autor, tratando-se de uma população estudantil, é suficiente considerar um desvio padrão para mais ou para menos.

Uma revisão da literatura mostra-nos que o MHI-5 é bastante utilizado quer para a população geral quer para populações mais específicas, podendo funcionar como um teste de rastreio útil na avaliação da saúde mental (Veit e Ware, 1983), tendo esta escala uma grande capacidade discriminativa entre indivíduos com ou sem depressão (Berwick et al, 1991). O MHI-5 integra o Inquérito Nacional de Saúde e é um instrumento de saúde mental recomendado pela OMS para fazer parte dos estudos de saúde das populações cujos resultados medem a existência provável de sofrimento psicológico.

Apesar de não estar indicado para obter dados mais precisos para a estimativa ou prevalência de várias perturbações psiquiátricas é, porem, considerada mais adequada para a saúde mental positiva e ao provável sofrimento psicológico assim como indicado para o despiste da ansiedade e depressão considerados importantes pelo peso relevante que têm na saúde pública (Nosikov e Gudex, 2003). A maior parte dos utentes dos cuidados dessaúde primários não apresentam, propriamente, uma doença mental. No entanto, segundo Ribeiro (2001) tem sido evidenciada a existência de uma dimensão positiva (bem-estar positivo, estado de saúde mental positiva) e uma dimensão negativa (distress psicológico, sofrimento psicológico). Desta forma o MHI é um instrumento adequado para diferenciar níveis de saúde mental em indivíduos sem quadros psicopatológicos ou disfuncionais (Ribeiro, 2001) permitindo identificar um número substancial de indivíduos que, de outra forma, não teriam sido identificados (Gerson et al, 2004). É por isso um bom instrumento para a investigação e rastreio que tanto pode ser utilizado como teste de rastreio (screening) ou incluindo em ou com outras escalas (Ribeiro, 2001). A investigação tem demonstrado a utilidade do MHI em diferentes populações. Por exemplo Ostroff et al (1996) citados por Ribeiro (2001) efectuaram um estudo com adolescentes confirmando a validade e a fidelidade do MHI, recomendando que este questionário seja utilizado em estudos de comparação da saúde mental em populações sem diagnóstico psiquiátrico.

Sequeira et al (2013) utilizaram o MHI-5 em conjunto com outros instrumentos para estudar a vulnerabilidade mental de 980 estudantes de Enfermagem no ensino superior, cujos resultados concluíram pela existência de tensão, ansiedade e depressão que evidenciava a necessidade de implementação de programas de promoção da saúde mental.

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A mesma escala foi utilizada num estudo de Costa e Leal (2004) com 145 estudantes do Instituto Piaget de Viseu onde se estudou a relação entre as dimensões distress psicológico, ansiedade, depressão, bem-estar psicológico, laços emocionais e afecto geral positivo com estratégias de controlo, retraimento social e conversão, tendo-se revelado uma escala bastante útil para o efeito.

Verger et al (2009) num estudo com 1743 estudantes do primeiro ano de seis universidades francesas, utilizaram o MHI-5, entre outros instrumentos e concluíram pela prevalência do distress psicológico nesses estudantes relacionada com factores de stress ligados à vida académica e diferenciada quanto ao género. Concluíram ainda pela facilidade e bons resultados obtidos pela aplicação do MHI-5.

O MHI-5 é também utilizado noutras populações para além dos estudantes universitários. Lucas (2012) estudou 43 mães de famílias monoparentais femininas com o objetivo de analisar a percepção que essas mães têm das suas forças familiares, o suporte social e a sua saúde mental, utilizando entre outros instrumentos o MHI-5. A autora introduziu um ponto de corte indicado pelo 4º Inquérito Nacional de Saúde como indicador de sofrimento psicológico (valores <52 correspondem a um provável sofrimento psicológico) após a padronização linear (0 a 100).

Fernandes (2013) estudou a saúde mental em 188 indivíduos pertencentes à Polícia de Segurança Pública aplicando o MHI-5. Também aqui o autor aplicou a padronização linear (0-100) e adoptou um ponto de corte para valores <52 como indicador de sofrimento psicológico e <60 de provável sofrimento psicológico moderado.

Num outro estudo de Holmes (1998) com pacientes seropositivos em ambulatório, concluiu que o MHI-5 é o melhor instrumento para os clínicos gerais detectarem a emergência da perturbação psiquiátrica neste grupo específico.

Rumpf et al (2001) mostraram nos seus estudos que o MHI-5 tem um bom desempenho no rastreio das perturbações do humor e da ansiedade (em especial na relação com o tempo: é melhor na aplicação para os dados acerca das últimas quatro semanas que nos últimos doze meses) mas um fraco desempenho na detecção de perturbações somáticas e perturbações do uso e dependência de substâncias. Recomendam, no entanto, a utilização do MHI-5 no rastreio das perturbações do humor e perturbações da ansiedade tendo sempre o cuidado do diagnóstico definitivo depender sempre do psiquiatra.

Noutro estudo Houghton et al (2011), com 763 estudantes universitários, referem que os resultados apoiaram a utilização do MHI como medida de saúde mental valido e fiável em estudantes: as mulheres apresentaram valores mais elevados que os homens e os alunos do último ano revelaram pior saúde mental que os alunos de anos anteriores. O SLÁN (Survey of Lifestyle, Attitudes and Nutrition in Ireland - Mental Health and Social Well-being Report) (2007) é um relatório que apresenta os principais resultados sobre a saúde mental e o bem-estar entre 10.363 adultos irlandeses utilizando, entre outros, o MHI com bons resultados para o relatório (Ward et al, 2009).

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