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CAPÍTULO 1 – METODOLOGIA DE PESQUISA

1.7 Instrumentos e Procedimentos para coleta de registros

Para a coleta de registros e posterior análise de dados três instrumentos distintos foram utilizados: questionário semiestruturado para os alunos participantes do curso no seu início, notas de campo e checklist durante as aulas observadas e entrevista semiestruturada ao final do curso. Apresentamos na tabela a seguir os instrumentos e os objetivos pretendidos com cada um deles.

Instrumento/Procedimento Objetivo Questionário

semiestruturado23

- Identificar o perfil dos participantes;

- Verificar: necessidades e interesses com relação ao curso; expectativas acerca de um curso de IPA e seu material; compreensão sobre autonomia, seu desenvolvimento e importância em um curso de IPA; compreensão sobre o processo de ensino-aprendizagem; - Identificar o papel dos envolvidos no processo de ensino- aprendizagem;

- Identificar dificuldades relacionadas à redação de textos acadêmicos;

22 Informações obtidas a partir de entrevista semiestruturada, disponível no Apêndice B, p.215. 23 Disponível no Apêndice A, p.214.

22 - Identificar se há o reconhecimento das especificidades de um curso de IPA.

Observação de aula – Notas de campo

- Verificar envolvimento, participação e engajamento dos alunos durante as aulas focando em aspectos relacionados à autonomia do aprendiz e seu fomento;

- Verificar aspectos relacionados à interação professor-aluno, aluno- aluno e aluno-material didático.

- Verificar o papel assumido no processo de ensino-aprendizagem. Observação de aulas -

Checklist24

- Verificar: reconhecimento limitações de proficiência, revelação de limitações de proficiência, uso de estratégias de aprendizagem; - Identificar: colaboração na construção e desenvolvimento do curso/conteúdo, responsabilidades assumidas, compreensão sobre autoavaliação.

Entrevista2526 - Verificar: impressões dos participantes com relação ao curso, se as expectativas foram atingidas ou não;

- Confirmar ou não impressões durante as observações de aula; - Identificar o papel assumido no processo de ensino-aprendizagem; - Identificar se houve reconhecimento das especificidades de um curso de IPA;

- Verificar o reconhecimento de serem aprendizes autônomos; - Verificar compreensões sobre a atuação do professor; - Verificar a avaliação do material didático.

Quadro 4: Instrumento de coleta de registros e seus objetivos.

Os instrumentos de coleta de registros foram utilizados em diferentes momentos, como indicado na tabela a seguir:

Fases de coleta Instrumento de coleta

Primeira Fase – primeiro dia de aula Questionário semiestruturado aos participantes e entrevista semiestruturada com o professor. Segunda Fase – durante as aulas Observação de aula - Notas de campo e checklist. Terceira Fase – último dia de aula e dias

posteriores

Entrevista com os participantes.

Quadro 5: Fases da coleta de registros

A principal razão para a escolha de instrumentos distintos se deve à necessidade de triangulação de dados, fundamental para o desenvolvimento de qualquer estudo que busque validade e confiabilidade. Conforme afirmam Leffa (2006) e Duff (2014), a

24 Disponível no Apêndice C, p. 216. 25 Disponível no Apêndice D, p.218.

26 As entrevistas foram realizadas presencialmente com três participantes, Rafaela, Raquel e Tatiana, ao final do último encontro. As demais entrevistas foram realizadas via Skype, uma ou duas semanas após o encerramento do curso. As entrevistas foram marcadas de acordo com a disponibilidade dos participantes, por isso a variação de tempo entre o final do curso e a realização da entrevista. Não consideramos que o uso da ferramenta online tenha prejudicado a qualidade da entrevista. Entretanto, em virtude do espaçamento entre o final do curso e a data da entrevista, alguns participantes já não se lembravam de detalhes relacionados ao livro didático ou às atividades extras realizadas em sala.

23 triangulação de dados em um estudo de caso o fortalece, uma vez que auxilia a confirmar aquilo que foi observado pelo pesquisador.

Segundo Dörney (2003), os questionários são instrumentos muito utilizados em pesquisas nos campos de ciências sociais e comportamentais visto que podem ser aplicados em uma variedade de situações e para uma variedade de pessoas. Além disso, apresenta vantagens, sendo eficiente para o pesquisador devido à sua praticidade em aplicá-lo e quando bem desenvolvido, na análise dos registros coletados. O autor ressalta, entretanto, que desenvolver um questionário requer cuidado, pois pode gerar respostas superficiais ou simplistas, por exemplo.

A respeito dessa possibilidade, Vieira-Abrahão (2006, baseada em BURNS, 1998) sugere que questionários sejam pilotados a fim de que qualquer ambiguidade ou falta de

compreensão possa ser solucionada antes da aplicação definitiva (2006, p.221). Tendo considerado tais possibilidades, elaboramos um questionário piloto e, a partir das respostas coletadas desenvolvemos o questionário final.

A partir da análise do questionário piloto27 poucas alterações foram necessárias, como a reescrita de três questões a fim de torná-las mais claras e o desmembramento de uma questão em duas, visto que nas análises verificamos que quando as perguntas estão agrupadas, alguns participantes deixam de responder a primeira delas. Embora o questionário final não esteja muito diferente do questionário piloto, consideramos sua aplicação de extrema relevância, pois ela permite que falhas sejam reparadas e que a coleta de registros e posterior análise de dados não seja prejudicada. Sua organização semiestruturada permite, conforme elucida Vieira-Abrahão (2006, p. 222), explorar as

percepções pessoais, crenças e opiniões dos informantes.

A entrevista semiestruturada foi outro instrumento utilizado e, segundo a autora, por não ser fixa, possui maior flexibilidade e permite que o entrevistador a adeque se necessário, dependendo da interação com o entrevistado. De acordo com Creswell (2012) as entrevistas permitem aos participantes elucidar questões não observadas pelo pesquisador, além de possibilitar que as respostas sejam mais detalhadas do que se obtidas por meio de outro instrumento. O autor aponta algumas desvantagens da entrevista, como um possível desconforto ou timidez do participante, algo que pode levá-lo a responder aquilo que o pesquisador deseja ouvir. Por mais essa razão, confirmamos a importância

27 Disponível no Apêndice E, p.220.

24 da triangulação de dados, pois ao utilizar diferentes instrumentos é possível confrontar informações de maneira a revelar fidedignamente o que os dados apresentam.

Um último procedimento utilizado neste estudo foi a observação de aulas. Richards e Lockhart (1996) afirmam que a observação deve estar relacionada à coleta de informações relacionadas ao ensino e não um procedimento para avaliá-lo. Segundo os autores, muitos professores não se sentem confortáveis com a observação por entenderem que o pesquisador irá avaliar sua aula e não apenas coletar informações. Os autores ressaltam que o observador não deve interferir no funcionamento do contexto de coleta. Portanto, Vieira-Abrahão (2006) afirma que há dois tipos de observação: participante e não-participante. A distinção entre elas é o fato de que a observação participante, além do pesquisador observar o outro, ele também se observa, tornando-se membro do contexto, enquanto na observação não-participante, o pesquisador apenas observa o outro, mantendo-se distante dos sujeitos de pesquisa. Nesta pesquisa o procedimento selecionado por ser considerado adequado foi a observação não-participante.

As observações permitem que o contexto de pesquisa seja sistematicamente documentado por meio de alguns instrumentos, como gravações, notas de campo, diários, etc. Neste estudo, as notas de campo foram utilizadas tanto para registrar eventos e atuação e engajamento dos participantes, quanto para registrar algumas reflexões da pesquisadora a partir do contexto e das interações entre participantes. Creswell (2012) nomeia esses dois usos das notas de campo como notas de campo descritivas e notas de campo reflexivas. Com relação às notas de campo, Vieira-Abrahão (2006) afirma que essas podem ser compreendidas como uma primeira análise que será revista posteriormente, visto que as notas de campo buscam responder as perguntas quem/o

quê/onde/ quando/ como e por que (VIEIRA-ABRAHÃO, 2006, p. 226).

Além das notas de campo, um checklist foi elaborado a fim de auxiliar na sistematização dos registros, principalmente relacionados à autonomia. O instrumento foi desenvolvido por nós, baseado nas teorias acerca do tema e nas características de um aprendiz autônomo. Assim, entendemos que seu uso, assim como das notas de campo, podem ser compreendido como uma primeira análise, visto que o olhar do pesquisador foi orientado para atentar a certos aspectos relacionados com a autonomia do aprendiz.

Apresentamos na sequência um quadro no qual organizamos as perguntas de pesquisa, juntamente com os instrumentos para coleta de registros e os objetivos de cada instrumento para auxiliar na resposta das perguntas:

25 Perguntas de pesquisa Instrumentos para coleta de

registros Objetivos dos Instrumentos de Pesquisa 1.Em um curso de redação de

Inglês para Propósitos Acadêmicos (IPA):

a) Qual é a percepção dos aprendizes sobre autonomia?

- Questionário;

- Entrevista. - compreensões sobre autonomia, Questionário: buscar seu desenvolvimento e sua importância em um curso de IPA.

- Entrevista: identificar as atitudes dos aprendizes diante do aprendizado de IPA; indagar aprendizes sobre se reconhecerem autônomos e língua; refletir sobre a atuação do professor.

1.Em um curso de redação de

Inglês para Propósitos Acadêmicos (IPA): b) Como se dá a atuação dos aprendizes na construção da autonomia? - Questionário;

- Observação de aula (Notas de campo/Checklist);

- Entrevista.

- Questionário: identificar dificuldades relacionadas à redação de textos acadêmicos. - Notas de campo/ checklist: verificar se os participantes reconhecem limitações de proficiência linguística; se revelam limitações de proficiência linguística; se utilizam estratégias de aprendizagem. - Entrevista: confirmar características identificadas no

checklist e verificar questões sobre autoavaliação e tomada de iniciativa para desenvolver habilidades acadêmicas em LI. 2. Quais são os papéis de

professores, alunos e

MDs no

desenvolvimento da autonomia em um curso de IPA (foco na redação de artigos científicos)?

- Questionário;

- Observação de aula (Notas de campo/Checklist);

- Entrevista.

- Questionário: identificar a compreensão sobre o processo de ensino-aprendizagem e o papel de professores e alunos, além de verificar o tempo estimado para dedicação ao curso.

- Notas de campo/ checklist: identificar a colaboração na construção do curso/conteúdo; identificar as responsabilidades assumidas durante o curso e verificar compreensão sobre autoavaliação.

- Entrevista: retomar questões sobre o papel de professores e alunos; verificar compreensões sobre a inversão de papéis entre professores e alunos, sobre a negociação de atividades e responsabilidades entre professores e alunos.

26 Encerramos este subitem tendo apresentado os instrumentos e procedimentos para coleta de registros, bem como justificando a seleção desses. Na sequência apresentamos os procedimentos para análise de dados.

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